LIÇÕES DA
LIDERANÇA DE NEEMIAS
E
sucedeu que, ouvindo eu essas palavras, assentei-me, e chorei, e lamentei por
alguns dias; e estive jejuando e orando perante o Deus dos céus. (Ne 1.4)
A igreja do século 21 necessita
de líderes autênticos que se J’i dediquem com afinco na obra do Senhor. Pode
parecer sem sentido, em pleno século 21, buscarmos inspiração na liderança de
um homem que viveu quase quinhentos anos antes de Cristo, mas a Igreja do
Senhor Jesus, que se constitui dos que o aceitaram como Salvador carece de
modelos autênticos de liderança pautados nos princípios da sua Palavra.
Neemias, então, é um dos grandes exemplos para os nossos dias. Neste capítulo
apresentamos um resumo da sua liderança com base nos textos já comentados.
A ciência da administração
oferece subsídios que podem ser aplicados à liderança eclesiástica. Sem cair no
tecnicismo, é possível examinar o que há de interessante nos compêndios de
administração. Mas é na Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada, que os líderes devem
buscar a inspiração para exercer sua gestão à frente das igrejas locais. Muitos
modelos de igreja têm sido formulados e divulgados em publicações e editoriais
em todos os lugares. E vários desses modelos não passam de modismos que surgem,
mas que em poucos anos não se ouve mais falar neles. Quando se examinam tais
propostas dc organização de igrejas, verifica-se que não passam de tentativas
de apresentar algo inédito no que diz respeito à administração eclesiástica.
Contudo, verificando as páginas
da Bíblia, observamos modelos especiais de liderança que servem de referência
para os que desejam conduzir a igreja local conforme a vontade de Deus. O livro
de Neemias é um desses exemplos de administração que podem e devem ser
valorizados. Não obstante tratar-se de uma experiência de liderança
desenvolvida há tantos séculos, contém princípios e orientações de grande valor
para os líderes atuais.
Deus sempre Tem
alguém para Usar
Neemias era um desconhecido. De
acordo com alguns padrões estabelecidos, somente as pessoas que estão em
evidência podem ser usadas por Deus. Contudo, segundo os mandamentos bíblicos,
Deus usa quem se coloca a sua disposição. Quando quer, chama alguém que não tem
relevância aos olhos dos homens. Ainda que o cargo de copeiro, exercido por
Neemias, fosse de alta confiança, sua ação restringia-se às paredes do palácio.
Entretanto, por causa de seu caráter e relacionamento com Deus, foi chamado de
forma especial para uma grande missão.
Ele era desconhecido para os
homens, incluindo seus compatriotas que se achavam em Jerusalém sofrendo os
resultados da grande crise que se abatera sobre eles. Mas não era desconhecido
de Deus.
Diz o salmista: “Quem é como o
Senhor, nosso Deus, que habita nas alturas; que se curva para ver o que está
nos céus e na terra; que do pó levanta o pequeno e, do monturo, ergue o
necessitado, para o fazer assentar com os príncipes, sim, com os príncipes do
seu povo” (SI 113.5-8).
Ester
era uma desconhecida.
O rei Assuero, da Pérsia, tomado de um acesso de vaidade, resolveu exibir os dotes
fisicos e a beleza de sua esposa, Vasti, perante os convidados na festa
nacional celebrada com pompas e luxo. Como sua esposa recusou-se a desfilar
como uma “miss”, foi destituída do trono. Para seu lugar foi determinado que se
convocassem as mais belas moças do reino. Provavelmente, entre as “beldades”
convocadas havia jovens ricas e de elevado nível de instrução. Entretanto, Deus
entrou cm ação e fez com que uma jovem simples, órfã, criada por um primo,
fosse a escolhida pelo rei. A jovem Ester, ou Hadassa, foi usada por Deus não
apenas para ser rainha (Et 2.17), mas para ser instrumento em suas mãos a fim
de livrar o seu povo da destruição.
Davi
era um simples pastor de ovelhas. Quando o rei Saul perdeu a bênção de
Deus em sua vida por ter desobedecido ao profeta Samuel, Deus determinou que o
profeta fosse a Belém escolher um substituto para o desviado monarca. “Então,
disse o Senhor a Samuel: Até quando terás dó de Saul, havendo-o eu rejeitado,
para que não reine sobre Israel? Enche o teu vaso de azeite e vem; enviar-te-ei
a Jessé, o belemita; porque dentre os seus filhos me tenho provido de um rei”
(1 Sm 16.1). Quem seria o escolhido? Abinadabe? Samá? O que tivesse uma boa
aparência?
Não. O escolhido foi o jovem
Davi, o filho mais novo de Jessé, que cuidava das ovelhas de seu pai. Não era
conhecido entre seus concidadãos. Sua vida era apascentar ovelhas nas campinas
verdejantes, às margens de fontes de água, cuidando do rebanho de seu pai. Mas
Deus pôs os olhos nele e o escolheu para ser um dos maiores reis de Israel.
“Então, mandou em busca dele e o trouxe (e era ruivo, e formoso de semblante, e
de boa presença). E disse o Senhor:
Levanta-te e unge-o, porque este
mesmo é. Então, Samuel tomou o vaso do azeite e ungiu-o no meio dos seus
irmãos; e, desde aquele dia em diante, o Espírito do Senhor se apoderou de
Davi. Então, Sa muel se levantou e se tornou a Ramá” (1 Sm 16.13).
Poderíamos também discorrer sobre
José, o filho de Jacó. Odiado pelos irmãos, vendido a desconhecidos, caluniado
por uma mulher ímpia e lançado no cárcere, contudo exaltado por Deus para ser o
governador do Egito e salvar o seu povo da fome. Por que não falar de Elias,
que imaginou ser o único sobrevivente, mas Deus tinha sete mil para fazer sua
obra? Falaríamos também de Elizeu, Amós, Obadias, Pedro, Tiago, João e os
demais apóstolos que foram homens simples, mas com qualidades que agradavam a
Deus. Esses exemplos nos mostram que quando Deus decide usar alguém Ele não
precisa de “pistolão” ou ser famoso. Para Deus o que de fato importa é
disponibilidade do indivíduo, como já foi dito anteriormente.
Neemias um Líder
Íntegro
Ele
tinha integridade espiritual. Antes de tomar qualquer decisão, ele
buscava a Deus em oração. “E sucedeu que, ouvindo eu essas palavras,
assentei-me, e chorei, e lamentei por alguns dias; e estive jejuando e orando
perante o Deus dos céus” (Ne 1.4). Ele teve sensibilidade ao saber da realidade
em que se encontrava seu povo. Ao tomar conhecimento da triste situação em que
se encontrava Jerusalém, ele não permaneceu como estava, como se nada estivesse
acontecendo. Ele tomou uma atitude, que revela sentimento de interesse sincero
e amor por seu povo.
“Assentei-me e chorei, e lamentei.” Neemias não tinha a cultura
machista do mundo ocidental que alardeia que “homem não chora”. Ele interrompeu
o que estava fazendo e aguardou o momento adequado, e assentou-se tomado de
intensa emoção. Chorou e lamentou a situação de seu povo. Não será isso o que
está faltando em nossos dias? Homens de Deus que chorem e lamentem diante da
situação trágica do nosso povo? Quando falamos “nosso povo”, referimo-nos à
Igreja de Cristo em todo o mundo. O que estamos fazendo como líderes? Estamos
chorando e lamentando pela Igreja? Em termos gerais, parece que não.
Ele
tinha integridade moral. Dizem que três coisas podem derrubar os líderes:
dinheiro, sexo e poder. Ao observarmos a história e as experiências de Neemias
como líder, não vemos qualquer referência que desabone sua conduta.
1)
Na área do dinheiro.
Não obstante ter administrado recursos financeiros e patrimoniais na
reconstrução dos muros de Jerusalém, não usou indevidamente das contribuições.
Não foi desonesto, nem desviou recursos destinados à obra do Senhor para
proveito pessoal. Quando percebeu os desmandos cometidos por administradores da
obra, Neemias protestou: “Disse mais: Não é bom o que fazeis: Porventura, não
devíeis andar no temor do nosso Deus, por causa do opróbrio dos gentios, os
nossos inimigos? Também eu, meus irmãos e meus moços, a juro, lhes temos dado
dinheiro e trigo.
Deixemos este ganho.
Restituí-lhes hoje, vos peço, as suas terras, as suas vinhas, os seus olivais e
as suas casas, como também o centésimo do dinheiro, do trigo, do mosto e do
azeite, que vós exigis deles. Então, disseram: Restituir-lho-emos e nada
procuraremos deles; faremos assim como dizes. Então, chamei os sacerdotes e os
fiz jurar que fariam conforme esta palavra” (Ne 5.9-12). Silva acentua o
caráter de Neemias como um líder exemplar: “Neemias não deixou que nenhuma
tentação material, como a de fazer investimentos em terrenos, que lhe poderiam
render boas rendas e dividendos, o desviasse de sua meta que era a tarefa de
reconstruir o muro. Para isso Deus o houvera chamado e por isso ele teria que
responder diante de Deus”.’
2)
Na área do sexo.
À medida que lemos o livro de Neemias, não o vemos envolvido em relacionamentos
ilícitos. Era comum os líderes buscarem muitas mulheres para si, pois a cultura
da época permitia que o líder possuísse várias esposas e também concubinas, que
lhe atendiam a qualquer hora em suas necessidades sexuais. Davi teve esposas e
concubinas. Salomão perdeu-se ao formar um harém jamais visto na história de
Israel. Contudo, Neemias soube portar-se como um verdadeiro líder, não se
deixou levar pelos instintos carnais buscando aproveitar-se dos prazeres do
sexo. Hoje conhecemos dezenas de casos de líderes cristãos que se envolveram em
escândalos sexuais corrompendo até menores de idade.
3)
Na área do poder humano. Uma vez alguém declarou: “Quer saber quem é o
homem? Dê-lhe poder”. A experiência geral parece confirmar essa ideia. Há
pessoas que quando são simples congregados ou membros comportam-se de forma
ética, respeitosa e séria. Entretanto, ao assumirem um cargo na administração
da igreja local, mudam completamente. Muitos se esquecem dos princípios
bíblicos e se corrompem. Determinado líder de uma grande igreja passou a usar o
dinheiro dos dízimos e das ofertas para proveito próprio. Adquiriu terrenos,
casa, postos de gasolina, moeda estrangeira, veículos, e registrou-os em seu
nome. Contudo, esse mesmo homem era radical com a questão dos costumes.
Disciplinava os seus membros, sobretudo os jovens, por qualquer deslize, mas
era um corrupto. No entanto, Deus o fez cair do “trono”.
Neemias soube administrar o poder
que lhe f’ora conferido por Deus para ser o líder da restauração dos muros da
Cidade Santa. Neemias não se corrompeu. Lord Acton, historiador católico, fez a
seguinte declaração: “O poder corrompe e o poder absoluto corrompe
absolutamente”. A história, portanto, confirma esse pensamento, pois grandes
ditadores e líderes tornaram-se corruptos.
Neemias foi um exemplo de
integridade no período em que administrou a reconstrução dos muros: “Também
desde o dia em que fui nomeado seu governador na terra de Judá, desde o ano
vinte até ao ano trinta e dois do rei Artaxerxes, doze anos, nem eu nem meus
irmãos comemos o pão do governador. Mas os primeiros governadores, que foram
antes de mim, oprimiram o povo e tomaram-lhe pão e vinho e, além disso,
quarenta siclos de prata; ainda também os seus moços dominavam sobre o povo;
porém eu assim não fiz, por causa do temor de Deus” (Ne 5.14,15 —grifo nosso).
Eis a razão por que um homem de
Deus não se corrompe no uso do seu cargo ou função: “Por causa do temor de
Deus”. Se não houver esse temor, será grande a probabilidade da corrupção
administrativa ou moral no desenvolvimento das funções eclesiásticas ou
administrativas. Que Deus nos guarde desse péssimo exemplo.
4)
Lição para os líderes de hoje. Com o crescimento dos evangélicos,
grande parte dos líderes está comemorando. Entretanto, grandes ministérios
parecem não se importar com os muros da moral e da ética arruinados. As portas
espirituais estão queimadas em função do ecumenismo; o satanismo, por exemplo,
tem boa aceitação nas altas esferas da sociedade.
A corrupção está presente em
todos os poderes do país. A prostituição e o homossexualismo já estão
banalizados, isto é, as pessoas agem e reagem como se essas práticas fossem
normais. Escândalos praticados por líderes evangélicos são divulgados, e nós
não choramos e nem lamentamos diante de Deus. Ainda que pareça um jargão,
podemos dizer que chorar é preciso! O profeta Joel também teve que chorar e
exortar os sacerdotes de seu tempo por causa da calamidade espiritual de seu
povo: “Cingivos e lamentai-vos, sacerdotes; gemei, ministros do altar; entrai e
passai, vestidos de panos de sacos, durante a noite, ministros do meu Deus;
porque a oferta de manjares e a libação cortadas foram da Casa de vosso Deus”
(Jl 1.13).
Neemias
valorizava a vida devocional. É de fundamental importância que o
líder reserve em sua agenda momentos para o cultivo de sua vida devocionai,
pois dessa forma estreita sua comunhão com Deus. Neemias era um líder que
cuidava da sua vida secular, mas também zelava por sua vida espiritual.
1)
A oração.
“E sucedeu que, ouvindo eu essas palavras, assentei-me, e chorei, e lamentei
por alguns dias; e estive jejuando e orando perante o Deus dos céus” (Ne 1.4).
Neemias sabia onde buscar o socorro ante os desafios da liderança. Há obreiros
que são excelentes pregadores, ótimos cantores, mas são descuidados quanto à
vida de oração. A oração é a base da vida ministerial ao lado da leitura
bíblica.
O obreiro precisa orar todos os
dias. Começar um dia de trabalho sem oração é correr um grande risco de
enfrentar situações dificeis sem encontrar a solução para os elas. O exercício
diário da oração é um reforço maravilhoso para a dinamização da igreja local.
Há um ditado proferido nos púlpitos que declara: “Muita oração, muito poder;
pouca oração, pouco poder; nenhuma oração, nenhum poder”. A oração é a chave
que abre as portas do sobrenatural quando o líder está buscando a unção do
Espírito Santo. Neemias era homem de oração. Davi orava três vezes ao dia (Sl
55.17); Daniel orava três vezes ao dia (Dn 6.10); Jesus orava diariamente (Mt
26.44a).
O salmista também tinha o costume
de começar o dia orando e vigiando. Um hino antigo diz: “Bem de manhã, embora o
céu sereno pareça o dia a calma anunciar, vigia e ora o coração pequeno, que um
temporal pode abrigar”. Segundo o Pr. David Young Cho, pastor da maior igreja
pentecostal, o segredo para uma boa liderança está na oração, se possível,
feita mais de uma vez ao dia. O obreiro que ora tem ao seu dispor a energia e o
poder de Deus para desenvolver seu ministério.
2)
O estudo da Bíblia Sagrada. No sétimo mês do ano, Neemias reuniu o povo, na
praça principal da cidade, para ouvir a leitura da Palavra de Deus (Ne 8.1). “E
Esdras, o sacerdote, trouxe a Lei perante a congregação, assim de homens como
de mulheres e de todos os entendidos para ouvirem, no primeiro dia do sétimo
mês. E leu nela, diante da praça, que está diante da Porta das Águas, desde a
alva até ao meio-dia, perante homens, e mulheres, e entendidos; e os ouvidos de
todo o povo estavam atentos ao livro da Lei” (Ne 8.2,3).
Neemias era homem de Deus
dedicado à leitura e ao estudo da lei, por isso, estava entre os que ensinavam
o povo a Palavra de Deus. Após a reconstrução dos muros ele percebeu que
precisava reconstruir a vida espiritual do povo. “E leram o livro, na Lei de
Deus, e declarando e explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse. E
Neemias (que era o tirsata), e o sacerdote Esdras, o escriba, e os levitas que
ensinavam ao povo disseram a todo o povo: Este dia é consagrado ao Senhor,
vosso Deus, pelo que não vos lamenteis, nem choreis. Porque todo o povo
chorava, ouvindo as palavras da Lei” (Ne 8.8,9 — grifo nosso). Neemias era o
tirsala, ou seja, o governador da cidade. Seu tempo era ocupado nas atividades administrativas,
legais e sociais. Mas ele não se descuidava do cuidado com a Palavra de Deus.
Para ensinar, ele gastava horas lendo e estudando a Palavra do Senhor.
3)
Lição para os obreiros de hoje. Assim como Neemias, o obreiro precisa
ler e estudar a Bíblia diariamente para que tenha o que transmitir à igreja. Os
dias são maus, por isso há muitos motivos para que o obreiro dedique-se mais ao
estudo da Palavra de Deus.
Meditação: O salmista
tinha prazer em ler e meditar na Palavra de Deus: “Oh! Quanto amo a tua lei! É
a minha meditação em todo o dia!” (SI 119.97). “Antecipei-me à alva da manhã e
clamei; esperei na tua palavra” (Si 119.147). Thomas E. Trask: “Todos os dias,
das cinco às sete da manhã, estudo a Bíblia e oro” (Trask, p. 17).
Prevenção: É necessário
ter a palavra no coração para não pecar
(SI 119.11).
Consolo: “Isto é a minha
consolação na minha angústia, porque a tua palavra me vivificou” (Si 119.50).
Direção
divina:
“Lâmpada para os meus pés é tua palavra e luz, para o meu caminho” (Sl 119.105).
Ordenamento
ministerial:
“Ordena os meus passos na tua palavra, e não se apodere de mim iniquidade
alguma” (Sl 119.133).
Espelhando-se em Neemias, o
obreiro que lê a Bíblia diariamente toma-se sábio para dirigir o rebanho que
lhe confiou o supremo Pastor.
O Obreiro e a
Santificação
A vida espiritual do obreiro
requer santificação, pois ela é condição indispensável para chegar-se a Deus.
Sem santificação ninguém verá o Senhor(Hb 12.14). Já vimos, no estudo do livro
de Neemias, que ele era homem íntegro diante de Deus e do povo. A integridade é
componente indispensável à santificação.
A
santificação pessoal.
Talvez seja uma das exigências que dê mais trabalho para ser alcançada.
Normalmente, os obreiros envolvem-se tanto com as tarefas eclesiásticas e
ministeriais que se esquecem de cuidar da sua própria alma, e isso é um grande
perigo. Para santificação pessoal, o obreiro precisa considerar algumas coisas:
1)
Apresentando-se a Deus. Antes de apresentar-se à igreja, às pessoas, o
obreiro precisa ter consciência de que deve apresentar-se a Deus, e a Bíblia
nos diz como devemos fazê-lo: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como
obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a Palavra da Verdade”
(2 Tm 2.15).
2)
O cuidado de si mesmo. “Tem cuidado de ti mesmo, e da doutrina...” (1 Tm
4.16). Esse versículo enfatiza dois aspectos importantes na vida do obreiro.
Primeiro, o cuidado de si mesmo. Segundo, o cuidado com a doutrina. Esses dois
cuidados precisam andar juntos, um não pode ser bem-sucedido sem o outro. O
cuidado de si mesmo pode ser visto de modo abrangente. O obreiro precisa cuidar
de sua vida espiritual, moral, social, familiar e financeira. O cuidado com a
doutrina refere-se ao zelo na ministração da Palavra e pelo fiel cumprimento da
doutrina do Senhor. Para alcançar esse objetivo (esse cuidado), faz-se
necessário que o obreiro seja disciplinado consigo e zeloso.
Como
ter a santificação.
O líder precisa desenvolver a santificação, que é o processo para alcançar a
santidade. De acordo com a Bíblia, podemos anotar alguns cuidados a serem
observados:
l) Andar em espírito (Gi
5.16,17);
2) Não deixar o pecado reinar em
nosso corpo (Rm 6.12;
1 Ts 4.3);
3) Mortificar as obras do corpo
(Rm 8.13);
4) Apresentar o corpo em
sacrificio vivo e agradável a Deus (Rm 12.1);
5) Glorificar a Deus no corpo (1
Co 6.19,20).
6) Conservar o corpo
irrepreensível para a vinda do Senhor (1 Ts 5.23).
O apóstolo Paulo declara: “Falo
como homem, pela fraqueza da vossa carne; pois que, assim como apresentastes os
vossos membros para servirem à imundícia e à maldade para a maldade, assim
apresentai agora os vossos membros para servirem à justiça para a santificação
(Rm 6.19). “Porque não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a
santificação” (1 Ts 4.7).
A
santificação no ministério. O ministério pastoral é um dos maiores desafios na
vida de um homem. É glorioso e espinhoso ao mesmo tempo. É agradável e pesado,
de igual modo. Somos obreiros “chamados” e “separados” por Deus (Rrn 1.5,6)
para uma obra que muitos desejam, mas poucos possuem as características
exigidas por Deus. Dentre essas características, a santidade aparece em
destaque como condição indispensável para a realização da missão.
O grande problema do ministério é
que o obreiro é um “vaso de barro” que pode se quebrar a qualquer momento, e
que contém dentro dele um “tesouro” que lhe é entregue por Deus “para que a
excelência do poder seja de Deus”, não do obreiro (cf. 2 Co 4.7). Para que “o
vaso” (o obreiro) não se rache e não se quebre, é necessário que haja um
exercício contínuo e permanente de santificação. É o cuidado de si mesmo e da
doutrina (cf. 1 Tm 4.16).
O adversário do ministério, o
Diabo, está de plantão 24 horas por dia tentando derrotar obreiros, ministros e
pastores. A santificação do ministério exige do obreiro a crucificação com
Cristo, e isso implica a crucificação do eu, de forma que tudo o que fazemos na
igreja seja colocado em sacrificio santo e agradável a Deus no altar do serviço
ao Senhor. A santificação do ministério pode ser vista sob alguns ângulos das
tarefas pastorais:
A
santificação do ministério da palavra. Certamente, a missão do pastor é mais
desenvolvida através da transmissão da Palavra, da mensagem propriamente dita,
para a igreja. Um obreiro, pastor ou líder, à frente do trabalho, precisa ter
mensagens para transmitir ao rebanho. A verdadeira mensagem é aquela que vem de
cima, que flui do Espírito de Deus para o espírito do mensageiro, e passa para
a igreja, com unção e graça, de modo que todos são tocados pelo poder de Deus,
transbordando em amor, temor e alegria espiritual.
Esse tipo de mensagem só pode
existir se o obreiro buscar a presença de Deus com oração e jejum. Certo
pregador dizia que muitos lhe indagavam sobre o segredo de ter tanta unção para
transmitir mensagens ao povo. Veja a sua resposta: “O segredo é que muitos oram
cinco minutos para pregar uma hora; eu oro uma hora para pregar cinco minutos”.
Paulo, extraordinário pregador,
não confiou em sua formação privilegiada aos pés de Gamaliel. Escrevendo aos
coríntios, ele disse: “A minha palavra e a minha pregação não consistiram em
palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de
poder” (1 Co 2.4).
Ele confiava na eloquência do
poder, em vez de se firmar no poder da eloquência. O ministério da palavra é
santificado por uma vida pessoal de devoção e adoração a Deus. Sem exageros,
podemos dizer que o livro de Neemias é um verdadeiro manual de liderança para
os que têm a tarefa de estar à frente de uma igreja ou de um departamento. As
lições daquele homem de Deus são válidas para a administração eclesiástica nos
nossos dias, em que os desafios são cada vez maiores e mais dificeis de serem
confrontados. Contudo, com a graça de Deus e a unção do Espírito Santo, é
possível alcançarmos os objetivos da obra do Senhor seguindo os padrões de
liderança que emanam de sua Palavra.
Elaboração pelo:- Evangelista
Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de
Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Livro de Neemias – Integridade e
Coragem em Tempo de Crise – Elinaldo Renovato