O Ministério da Igreja
TEXTO ÁUREO
“E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para
profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores.” (Ef
4.11)
E ele
mesmo concedeu. Como evidenciado pelo cumprimento perfeito da
vontade de seu Pai, Cristo possuía autoridade e soberania para conceder dons
espirituais (vs. 7-8) àqueles que ele havia chamado para o serviço em sua
igreja, Ele não só concedeu dons, mas também homens talentosos;
Apóstolos.
Veja nota em Ef 2.20. Um termo usado
particularmente para os 12 discípulos que tinham visto o Cristo ressurreto (At
1.22), incluindo Matias, o qual substituiu Judas. Mais tarde, Paulo foi
Separado, exclusivamente, como apóstolo dos gentios (Cl
16.15-17)
E foi contado com os outros apóstolos, ele também,
milagrosamente, encontrou Jesus no caminho para Damasco (At 9.1-9; Cl
1.15-17).
Esses apóstolos foram escolhidos diretamente por
Cristo, por isso serem chamados de "apóstolos de Cristo" (CI 1.1;
1Pe 1.1).
Foram
dadas a eles três responsabilidades:
1) estabelecer o fundamento da igreja (2.20);
2) receber, declarar e escrever a palavra de Deus (Ef
3.5; At 11.28; 21.10-11); e
3) apresentar confirmações dessa Palavra por meio de
sinais, maravilhas e milagres (2Co 12.12; cf. At 8.6-7; Hb 2.3-4).
O termo "apóstolo" (no original) é usado
de um modo mais geral para os outros homens da Igreja primitiva, tais como
Barnabé, (At 14.4),
Silas, Timóteo (1Ts 2.6) dentre outros (Rm
16.7; Fp 2.25).
Eles eram chamados de "apóstolos das
igrejas" (2Co 8.23),
Em vez de "apóstolos de Jesus Cristo" como
os 13.
Eles não se autoperpetuavam nem eram substituídos
quando um dos apóstolos morria; profetas. Não os cristãos comuns que
tinham o dom da profecia, mas homens especialmente comissionados na Igreja
primitiva.
O ofício de profeta parece ter sido exclusivamente
para o trabalho na congregação local. Eles não eram "aqueles
enviados" como eram os apóstolos (veja At 13.1).
Eles, algumas vezes, contaram a revelação prática e
direta da parte de Deus para a igreja (At 11.21 -28)
Ou expuseram a revelação já dada (implícita em At
13.1).
Não foram usados para o recebimento da Escritura. A
mensagem deles tinha de ser julgada por outros profetas para ser validada (1Co
14.32)
E tinha de estar em conformidade com os ensinos dos
apóstolos (v. 37).
pastores
e mestres. Essa expressão é mais bem compreendida no contexto
como um oficio único de liderança na igreja. A palavra grega traduzida por
“e" pode significar "em particular" (veja 1Tm 5.17).
O significado comum de pastor é
"conduzir"; assim, as duas funções juntas definem o pastor-mestre.
Ele é identificado como aquele que está sob o "grande Pastor" Jesus (Hb
13.20-21; 1Pe 2.25).
Aquele que exerce esse ofício é também chamado de
"presbítero” (Tt 1.5-9) e "bispo" (veja 1Tm 3.1-7).
As passagens de At 20.28; 1Pe 5.1-2 trazem,
no original, os três termos juntos.
VERDADE PRÁTICA
Os dons ministeriais foram dados com o objetivo de
edificar a Igreja e promover a maturidade de seus membros.
Entenda a
Verdade Prática
Deus se compraz em dar presentes.
É da natureza divina a generosidade para com sua
criação, e o mesmo pode ser dito no que concerne ao relacionamento de Deus para
com sua Igreja.
Nesse caso específico, a Bíblia nos apresenta a
expressão “dom” como uma capacitação dada pelo próprio Deus para que seus
servos possam atuar de forma adequada nas esferas da igreja local.
O crescimento bíblico e piedoso da igreja resulta de
cada membro do corpo usar por completo o seu dom espiritual, em submissão ao
Espírito Santo e em colaboração com outros cristãos.
LEITURA BÍBLICA = Efésios 4.11-16
11. E ele mesmo deu uns para
apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para
pastores e doutores,
Deu uns para apóstolos – Ele
deu alguns para serem apóstolos. O “objetivo” aqui é mostrar que ele fez amplas
provisões para a extensão e edificação de sua igreja.
E outros para profetas – Ele
designou alguns para serem profetas (Rm 12.7; 1Co 12.28; 14.1.
Evangelistas – veja
At 21.8 ; compare 2 Timóteo 4.5. A palavra não ocorre em nenhum
outro lugar no Novo Testamento. Qual era o cargo exato do evangelista na igreja
primitiva, agora é impossível determinar.
O
evangelista “pode” ter sido aquele cujo negócio principal era “pregar” e que
não estava particularmente engajado no “governo” da igreja.
A
palavra significa apropriadamente “um mensageiro de boas novas”; e Robinson
(Lexicon) supõe que denota um ministro do evangelho que não estava localizado
em nenhum lugar, mas que viajou como missionário para pregar o evangelho e
fundar igrejas.
A
palavra é tão usada agora por muitos cristãos; mas não se pode provar que é tão
usado no Novo Testamento.
Uma
explicação das palavras que aqui ocorrem podem ser encontradas em Neandro, na
Igreja Primitiva, no Repositório Bíblico, vol. iv. pp. 258ff O ofício era
distinto do “pastor”, do mestre e do “profeta” e era manifestamente um ofício
no qual “pregar” era a coisa principal.
Pastores –
literalmente, “pastores” –poimenas comparam Mateus 9.36; 25.32; 26.31;
Marcos 6.34; 14.27; Lucas 2.8, 2.15, 18, 20; João 10.2, 11-12, 14, 16,
Onde é
traduzido como “pastor e pastores”; também Hebreus 13.20; 1Pedro 2.25; em
Mateus 26.31; Marcos 14.27; Hebreus 13.20; 1Pedro 2.25,
É
aplicado ao Senhor Jesus como o grande pastor do rebanho – a igreja. É prestado
“pastores” apenas no lugar diante de nós. A palavra é dada aos ministros do
evangelho com propriedade óbvia e com grande beleza. Devem exercer a mesma
vigilância e cuidar do povo sob sua responsabilidade, como um pastor faz sobre
o seu rebanho (Jo 21.15-16).
O
significado aqui é que Cristo exerceu um cuidado especial por sua igreja
nomeando “pastores” que cuidariam dela como um pastor faz sobre seu rebanho.
[Albert Barnes]
12. querendo o
aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo
de Cristo,
Aperfeiçoamento. Diz
respeito a restaurar algo à sua condição original, ou à sua forma adequada ou
perfeita. Nesse contexto, refere-se a conduzir os cristãos do pecado para a
obediência. A Escritura é a chave para esse processo (2Tm 3.16,17; Jo 15.3).
Santos. Todos
os que creem em Jesus Cristo. Santos e fiéis são aqueles a quem Deus separou do
pecado para Ele mesmo e tornou santos pela fé por eles professada em Jesus
Cristo.
Desempenho do seu serviço. O
serviço espiritual exigido de todos os cristãos, não apenas dos líderes da
igreja (ICo 15.58).
Edificação do corpo de Cristo A
edificação espiritual, a instrução e o desenvolvimento da igreja (At 20.32).
13. até que todos cheguemos
à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida
da estatura completa de Cristo,
Unidade da fé. A fé,
aqui, diz respeito ao corpo da verdade revelada que constitui o ensinamento
cristão, caracterizando, particularmente, todo o conteúdo do evangelho. A
unidade e a harmonia entre os cristãos são possíveis somente quando construídas
sobre o fundamento da sã doutrina.
Conhecimento do Filho de Deus. Não
se refere ao conhecimento da salvação, mas ao profundo conhecimento de Cristo
que o cristão vem a ter por meio da oração, do estudo fiel da sua Palavra e da
obediência aos seus mandamentos (Fp 3.8-10,12; Cl 1.9-10; 2.2; 1Jo2.12-14).
Da plenitude de Cristo. Deus
quer que cada cristão manifeste as qualidades de seu Filho, o qual é ele mesmo
o padrão para a maturidade espiritual e perfeição (Rm 8.29; 2Co 3.18; Cl
1.28-29).
14. para que não sejamos
mais meninos inconstantes, levados em roda por todo vento de doutrina, pelo
engano dos homens que, com astúcia, enganam fraudulosamente.
Levados ao redor por todo vento
de doutrina. Os cristãos espiritualmente imaturos, os quais não
estão fundamentados no conhecimento de Cristo por meio da Palavra de Deus, são
inclinados a aceitar, de modo não crítico, toda sorte de erros doutrinários
enganosos e interpretações ardilosas da Escritura anunciadas pelos falsos e
enganosos mestres na igreja. Eles devem apreender a ter discernimento (ITs
5.21-22).
Veja 3.1; 4.20. O NT
está repleto de advertências a respeito desse perigo (At 20.30-31; Rm
16.17-18; Cl 1.6-7; 1Tm 4.1-7; 2Tm 2.15-18: 2Pe 2.1-3).
15. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo
naquele que é a cabeça, Cristo,
Seguindo a verdade em amor. A
evangelização é mais efetiva quando a verdade é proclamada em amor. Ela só pode
ser realizada por um cristão maduro espiritualmente, o qual está perfeitamente
aperfeiçoado na sã doutrina. Sem maturidade, a verdade pode ser fria e o amor
não passará de um sentimentalismo.
Cresçamos... naquele. Os
cristãos devem estar totalmente rendidos ao Senhor e obedientes à vontade dele,
sujeitos ao seu poder controlador e ser semelhante a Cristo em todas as áreas
da vida (Gl 2.20; Fp 1.21).
A cabeça. Dada
a figura da igreja como um corpo cuja cabeça é Cristo, "cabeça" é
usada no sentido de líder com autoridade, e não "fonte", que exigiria
uma figura anatômica diferente (Ef 1.22; 5.23).
16. do qual todo o corpo, bem-ajustado e ligado pelo
auxílio de todas as juntas, segundo ajusta operação de cada parte, faz o
aumento do corpo, para sua edificação em amor.
De quem.
Refere-se ao Senhor. O poder para produzir cristãos maduros e aperfeiçoados não
vem apenas pelos esforços desses cristãos, mas da cabeça deles, o Senhor Jesus
Cristo (Cl 2.19).
Cooperação de cada parte. O
crescimento bíblico e piedoso da igreja resulta de cada membro do corpo usar
por completo o seu dom espiritual, em submissão ao Espírito Santo e em
colaboração com outros cristãos (cf. Cl 2.19).
INTRODUÇÃO
“E nos fez reis e
sacerdotes para Deus e seu Pai, a ele, glória e poder para todo o sempre.
Amém!” (Ap 1.6).
Muitas pessoas dizem que
desejam ter um ministério. E o que é, essencialmente, ministrar? É dar ordens,
ter prerrogativas de privilégio, ou estar em uma plataforma falando às pessoas?
Não. Ministrar é servir.
Aquele que ministra o faz
porque é servo de Deus em primeiro lugar, e servo de seus irmãos, pois assim
foi comissionado por Deus.
Nesta lição, trataremos
da importância do ministério na Igreja e do ministério de todos os crentes
diante de Deus e dos homens. Ao final, vamos concluir que o ministério da
Igreja é um lugar para os servos de Deus, visando o aperfeiçoamento dos santos.
PALAVRA-CHAVE: Ministério
Há três palavras gregas que designam o termo
ministro: leitourgos, um funcionário público que prestava um serviço ao Estado;
hūperetes, a pessoa que trabalhava em um navio de escravos, e diaconos, aqueles
que serviam às mesas. Por essas informações, podemos perceber que o ministro é
um servo, uma pessoa que, por força de suas atribuições, tem mais obrigações e
deveres do que necessariamente privilégios.
Cremos, com isso, que devemos cuidar bem daqueles
que são chamados por Deus para servir aos seus irmãos e à Igreja, pois o
serviço cristão é mútuo, uns servindo aos outros.
A produção de um plano de aula como subsídio é
trabalhoso e desgastante. Considere citar a fonte ao reproduzir o texto.
Considere também ser generoso com este ministério! |
I. O MINISTÉRIO SACERDOTAL DE TODO CRENTE
1. O
Sacerdócio no Antigo Testamento. Israel foi idealizado por
Deus para ser uma nação sacerdotal (Êx 19.6).
Essa conexão tem duas vertentes:
1- Os Dez
Mandamentos devem ser obedecidos e toda a ética do Sinai deve ser observada. Israel
precisa ser uma nação santa buscando a pureza da sua fé e a santidade do seu
viver de acordo com a lei. A santidade do povo como nação começa pela santidade
do sacerdote. A influência do líder religioso na formação da religiosidade do
povo é reconhecida pelo autor de Hebreus ao recomendar que os crentes orem
pelos seus pastores (Hb 13.17).
2- Não
haverá outra nação sacerdotal no mundo porque a única que recebeu as leis de
Deus é Israel. Como nação sacerdotal Israel cumpre a função
sacerdotal de receber os oráculos de Deus e proclamá-los a todos os povos, além
da função de redenção e preservação de todas as nações. O que aconteceu na
intercessão de Abraão por Sodoma e Gomorra nos dá um bom exemplo para
entendermos o papel sacerdotal de Israel (Gn 18.32).
Por causa da justiça de Israel, Deus poupará da
ruína todas as nações.
Assim como o sacerdote intercede pelo povo, Israel
intercede pelas nações da terra.
Sempre que Israel se desviava para a apostasia,
tornando-se igual às outras nações, Deus levantava profetas para chamar o povo
ao arrependimento.
Entendamos que o propósito de Deus não era somente
fazer de Israel o canal para a vinda do Messias, mas enquanto o aguardava
também testemunhasse às nações da justiça de YHWH. Deus estabelece sacerdotes
com funções bem definidas. Somente os indicados por Deus poderiam ser
sacerdotes.
No Sinai, Deus restringiu a função sacerdotal a Arão
e seus descendentes (Êx 28.1) com qualificações (Êx.40.12-15; Dt
33.9) e funções (Dt 18.5; Jl 2.17; Ex 28.30; Dt 17.9; Ml 2.7; Hb 7.23-28).
Era de extrema honra e importância a função do
sacerdote no Antigo Testamento, porém, a igreja do Novo Testamento aboliu a
figura do sacerdote humano devido ao aparecimento de Cristo, que estabeleceu o
sacerdócio universal dos salvos (Jr 31.34; 1 Pe 2.5; Ap 5.10).
As roupas dos sacerdotes eram ricas em ornamentos e
imponentes, como convinha à dignidade do ofício sacerdotal. Cada peça das vestimentas
tinha um significado particular. Deus ainda instruiu Moisés sobre detalhes
importantes daquelas roupas.
A beleza, o colorido e a pompa daquelas vestes
deveriam corresponder à dignidade e à importância das funções sacerdotais.
O povo deveria perceber a nobreza, a beleza e a
importância das funções dos sacerdotes. Ele carregava sobre seus ombros o peso
da responsabilidade pela liderança espiritual das 12 tribos de Israel e esse
peso estava simbolizado nas duas pedras de berilo, onde estavam gravados os
nomes das 12 tribos, que ele levava como platinas sobre o colete sacerdotal (Êx
28.12).
Um peitoral quadrado de um palmo de lado seria uma
bolsa contendo 12 pedras que representavam as 12 tribos que são 12 preciosas
joias de YHWH que valorizam o reino de Israel. As vestes sacerdotais tinham que
ser lavadas e o próprio sacerdote tinha que se banhar em água antes de
vesti-las, simbolizando a santidade da sua alma no exercício da função
sacerdotal.
2. Uma
doutrina bíblica confirmada no Novo Testamento. Hebreus
8.1 é a mensagem central do livro: o fato é que "temos" (posse atual)
um Sumo Sacerdote superior, Jesus Cristo, que é o cumprimento de tudo o que foi
prenunciado no Antigo Testamento.
Por “o sacerdócio universal de todos os crentes”,
entende-se que todo cristão tem um “serviço sacrificial”, um ofício por meio do
qual ele expressa seu louvor e obediência a Deus.
O cristão tem, além disso, um ministério de
intercessão e o “poder de apontar e julgar o que é correto e incorreto na fé”.
“A única autoridade que os pastores e mestres têm é
a que deriva da Palavra de Deus e que, em consequência, todo cristão tem a
capacidade de julgar segundo as Escrituras e de rejeitar todo ensino que contradiz
o que as Escrituras ensinam” Martinho Lutero.
- “O sacerdócio de todos os cristãos é tanto uma
responsabilidade quanto um privilégio, um serviço tanto quanto uma posição.
Deus fez-nos um corpo, um “bolo” (imagem favorita de Lutero).
Nossa unidade e igualdade em Cristo é demonstrada
por nosso amor mútuo e nosso cuidado uns pelos outros. “O fato de que somos
todos sacerdotes e reis significa que cada um de nós, cristãos, pode ir perante
Deus e interceder pelo outro.
Se eu notar que vocês não têm fé ou têm uma fé
fraca, posso pedir a Deus que lhe dê uma fé sólida.” Tudo isso implica que
ninguém pode ser um cristão sozinho. Assim como não podemos nascer de nós
mesmos, ou batizar a nós mesmos, da mesma forma não podemos servir a Deus
sozinhos.
Aqui, abordamos outra grande definição da igreja
apresentada por Lutero: communio sanctorum , uma comunidade de santos. Mas quem
são os santos? Não são supercristãos que foram elevados à glória celeste, em
cujos “méritos” podemos conseguir ajuda nos caminhos da vida. Todos os que
crêem em Cristo são santos. Conforme Paul Althaus disse: “Lutero trouxe a
comunidade dos santos do céu para a terra”.”
3. Uma
doutrina bíblica resgatada na Reforma Protestante. “maior
contribuição de Lutero à eclesiologia protestante foi a sua doutrina do
sacerdócio de todos os cristãos. Contudo, nenhum outro elemento de seu ensino é
tão mal compreendido. Para alguns, isso significa apenas que não há mais
sacerdotes na igreja; é a secularização do clero. Dessa premissa, alguns
grupos, notadamente os quacres, defenderam a abolição do ministério como ordem
distinta dentro da igreja.
Mais comumente, as pessoas acreditam que o
sacerdócio de todos os cristãos implica que cada cristão é seu próprio
sacerdote, e, assim, possui o “direito do julgamento privado” em assuntos de fé
e doutrina.
Ambos os casos constituem perversões da intenção
original de Lutero. A essência de sua doutrina pode ser expressa numa única
frase: todo cristão é sacerdote de alguém, e somos todos sacerdotes uns dos
outros.
Lutero rompeu decisivamente com a divisão
tradicional da igreja em duas classes, clero e laicato. Todo cristão é um
sacerdote em virtude de seu batismo. Esse sacerdote deriva diretamente de
Cristo: “Somos sacerdotes como ele é Sacerdote, filhos como ele é Filho, reis
como ele é Rei”.
Mais ainda, cada membro da Gemeine tem parte igual
nesse sacerdócio. Isso significa que os ofícios sacerdotais são propriedade
comum de todos os cristãos, não a prerrogativa especial de uma casta seleta de
homens santos.
Lutero enumerou sete direitos que pertencem a toda a
igreja: pregar a Palavra de Deus, batizar, celebrar a Santa Comunhão, carregar
“as chaves”, orar pelos outros, fazer sacrifícios, julgar a doutrina. Lutero
baseou sua afirmação de que todos os cristãos são sacerdotes no mesmo grau em
dois textos do Novo Testamento: “Vós [...] sois [...] sacerdócio real” (1 Pe
2.9), e “nos constituiu reino, sacerdotes” (Ap 1.6). [...] Como
Lutero relacionava o sacerdócio de todos os cristãos ao ofício do ministério?
Enquanto todos os cristãos têm parte igual nos
tesouros da Igreja, incluindo-se os sacramentos, nem todos podem ser pastores,
mestres ou conselheiros. Há um só “estado” (Stand), mas uma variedade de
ofícios (Amte) e funções.
Lutero considerava o ministério da Palavra o mais
alto ofício da Igreja. O próprio título, “sevo da Palavra divina” (minister
verbi divini), conota um papel essencialmente fundamental.
Rigorosamente falando, Lutero ensinou que todo
cristão é ministro e tem o direito de pregar.
Esse direito pode ser livremente exercido se alguém
estiver em meio a não-cristãos, entre os turcos ou encalhado numa ilha pagã.
Entretanto, numa comunidade cristã, não se deve “chamar atenção sobre si
mesmo”, assumindo tal ofício por conta própria. Antes, deve-se “deixar ser
chamado e escolhido para pregar e ensinar no lugar de outros e sob o comando
deles”. O chamado é feito pela congregação, e o ministro continua tendo de
prestar contas a ela. Lutero chegou ao ponto de dizer: “O que lhe damos hoje
podemos tirar dele amanhã”. O rito da ordenação não confere nenhum caráter
indelével à pessoa ordenada. É meramente a forma pública pela qual alguém é
comissionado mediante a oração, as Escrituras e a imposição de mãos, a fim de
servir à congregação. Argumentando curiosamente a partir da lei natural, Lutero
excluía mulheres, crianças e pessoas incompetentes do ministério oficial da
igreja, embora numa época de emergência ele pudesse chamá-los a exercer tal
ofício, em virtude de sua parcela no sacerdócio de todos os cristãos.”
II. A ESTRUTURA MINISTERIAL DO NOVO TESTAMENTO
1. O
ministério quíntuplo. Biblicamente, entende-se que todo serviço cristão
que se desempenha de modo contínuo é um ministério. Desde a liderança até
tarefas operacionais permanentes. Um trabalho eventual não pode ser assim
considerado.
O conceito do ministério quíntuplo vem de Efésios
4.11. Efésios 4.12-13 nos diz que o propósito do ministério quíntuplo é
"o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação
do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno
conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem feito, à medida da estatura
da plenitude de Cristo.” Portanto, visto que o corpo de Cristo definitivamente
não tem sido construído para a unidade na fé e ainda não atingiu a medida total
da plenitude de Cristo, assim se pensa, então os ofícios de apóstolo e profeta
ainda devem estar em vigor.
Os
ministérios de liderança apresentados no Novo Testamento são:
- Apóstolos;
- Profetas;
- Evangelistas;
- Pastores (bispos, presbíteros); e
- Mestres (Ef 4.11).
2. O
serviço de diáconos e presbíteros. A função primária dos
presbíteros é pregar a Palavra de Deus. Como os sete, os diáconos servem a
congregação em todas as necessidades práticas que possam surgir. A única
passagem que menciona as qualificações para os diáconos é 1Timóteo 3.8-13.
Os líderes espirituais primários de uma congregação
são os presbíteros, os quais são também chamados bispos ou pastores no Novo
Testamento. Presbíteros ensinam ou pregam a Palavra e pastoreiam as almas
daqueles que estão sob seus cuidados (Ef 4.11; 1Tm 3.2; 5.17; Tt 1.9; Hb
13.17).
Os diáconos também possuem uma função crucial na
vida e saúde da igreja local, mas a sua função é diferente daquela dos
presbíteros. O papel bíblico dos diáconos é cuidar das necessidades físicas e
logísticas da igreja, de modo que os presbíteros possam se concentrar no seu
chamado primário.
III. AS QUALIFICAÇÕES PARA O MINISTÉRIO
1.
Qualificações de natureza moral. Os presbíteros e
diáconos devem, diariamente, trabalhar para o aperfeiçoamento do caráter.
Vivemos em um contexto onde a liderança e a igreja estão sob suspeita. O mundo
está observando suas ações. Quando ocorre deslize dos líderes e de suas
respectivas igrejas, eles se tornam alvo de descrédito. Paulo escreveu a
Timóteo: "Se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja" (1Tm
3.1). Que obra excelente é esta?
(a) Pastorear o rebanho com o pastor, que também é
presbítero (At 20.17-18; I Pe 5.1-3).
(b) Ensinar a Palavra (ITm 3.2; 5.17).
(c) Refutar os que contradizem a Verdade (Tt
1.9,11).
(d) Governar, presidir, liderar (ITm 3.4-5;
5.17).
(e) Orar com e pelos doentes (Tg 5.14).
Com base em Atos 6, os diáconos cuidam da
beneficência da igreja, um trabalho tão importante e difícil, que o texto
menciona a necessidade de serem os diáconos "homens de boa reputação,
cheios do Espírito e de sabedoria" (v.3). Estêvão, um daqueles primeiros 7
diáconos, era "homem cheio de fé e do Espírito Santo" (v.5).
Alguns diáconos receberam também o dom da profecia
e/ou do ensino, e o talento natural para discursar, de modo que, além da
beneficência, exerciam também o ministério da Palavra.
Foi o caso de Estêvão (At 6.8-7.53) e de
Filipe (At 8.5ss).
2.
Qualificações de natureza social. As similaridades entre
as qualificações para diáconos e presbíteros/bispos em 1Timóteo 3 são notáveis.
Assim como as qualificações para os presbíteros, um diácono não pode ser dado
ao vinho (v. 3), avarento (v. 3), irrepreensível (v. 2; Tt 1.6), marido
de uma só mulher (v. 2), e um hábil governante de seus filhos e de sua casa
(vv. 4-5).
Além disso, o foco das qualificações é o caráter
moral da pessoa que há de preencher o ofício: um diácono deve ser maduro e
acima de reprovação. A principal diferença entre um presbítero e um diácono é
uma diferença de dons e chamado, não de caráter. “Paulo identifica nove
qualificações para os diáconos em 1Timóteo 3.8-12:
1.
Respeitáveis (v. 8): Esse termo normalmente se refere a algo que é
honorável, digno, estimado, nobre, e está diretamente relacionado a
“irrepreensível”, que é dado como uma qualificação para os presbíteros (1 Tm
3.2).
2. De uma
só palavra (v. 8): Aqueles que têm a língua dobre dizem uma coisa a
certas pessoas, mas depois dizem algo diferente a outras, ou dizem uma coisa,
mas querem dizer outra. Eles têm duas faces e são insinceros. As suas palavras
não podem ser confiadas, então eles carecem de credibilidade.
3. Não
inclinados a muito vinho (v. 8): Um homem é
desqualificado para o ofício de diácono se for viciado em vinho ou outra bebida
forte. Tal pessoa carece de domínio próprio e é indisciplinada.
4. Não
cobiçosos de sórdida ganância (v. 8): Se uma pessoa ama o
dinheiro, não está qualificado para ser um diácono, especialmente porque os
diáconos com freqüência lidam com questões financeiras da igreja.
5.
Sólidos na fé e na vida (v. 9): Paulo também indica que
um diácono deve “conservar o mistério da fé com a consciência limpa”. A
expressão “o mistério da fé” é simplesmente um modo de Paulo falar do evangelho
(cf. 1Tm 3.16).
Conseqüentemente, essa afirmação se refere à
necessidade de os diáconos manterem-se firmes no verdadeiro evangelho, e não
oscilantes. Contudo, essa qualificação não envolve apenas as crenças de alguém,
pois o diácono também deve manter essas crenças “com a consciência limpa”. Isto
é, o comportamento de um diácono deve ser consistente com suas crenças.
6. Irrepreensíveis
(v. 10): Paulo escreve que os diáconos devem ser
“primeiramente experimentados; e, se se mostrarem irrepreensíveis, exerçam o
diaconato” (v. 10). “Irrepreensíveis” é um termo genérico, que se refere ao
caráter geral de uma pessoa. Embora Paulo não especifique que tipo de teste
deve ser feito, no mínimo, deve-se examinar a vida pessoal, a reputação e as
posições teológicas do candidato. Mais do que isso, a congregação não deveria
examinar apenas a maturidade moral, espiritual e doutrinária do diácono em
potencial, mas deveria também considerar o histórico de serviço da pessoa na
igreja.
7. Esposa
piedosa (v. 11): É discutível se o versículo 11 se refere à esposa
do diácono ou a uma diaconisa. No que interessa a esta discussão, vamos assumir
que o versículo esteja falando das qualificações da esposa de um diácono. De
acordo com Paulo, as esposas dos diáconos devem ser “respeitáveis, não
maldizentes, temperantes e fiéis em tudo” (v. 11). Como o seu marido, a esposa
deve ser respeitável ou honorável. Em segundo lugar, ela não deve ser
maldizente, uma pessoa que espalha fofocas.
A esposa de um diácono deve também ser temperante ou
sóbria. Isso é, ela deve ser apta a fazer bons julgamentos e não deve estar
envolvidas em coisas que possam embaraçar tal julgamento. Por fim, ela deve ser
“fiel em todas as coisas” (cf. 1Tm 5.10).
Esse é um requerimento genérico que funciona
semelhantemente ao requerimento para que os presbíteros e diáconos sejam
“irrepreensíveis” (1Tm 3.2; Tt 1.6; 1Tm 3.10).
8. Marido
de uma só mulher (v. 12): A melhor interpretação dessa passagem difícil
consiste em entendê-la como a fidelidade do marido para com sua esposa. Ele
deve ser “um homem de uma única mulher”. Isso é, não deve haver qualquer outra
mulher em sua vida com a qual ele se relacione em intimidade, seja
emocionalmente, seja fisicamente.
9.
Governe bem seus filhos e a própria casa (v. 12): Um
diácono deve ser o líder espiritual de sua esposa e filhos.
De modo geral, se uma qualificação moral é listada
para presbíteros, mas não para diáconos, aquela qualificação ainda se aplica a
estes. O mesmo ocorre para aquelas qualificações listadas para diáconos, mas
não para presbíteros.
Por exemplo, um diácono deve ser um homem de “uma só
palavra” (v. 8). Paulo não afirma explicitamente o mesmo acerca dos
presbíteros, mas não há dúvida de que tal se aplica a eles, uma vez que Paulo
disse que os presbíteros devem ser “irrepreensíveis”, o que incluiria essa
injunção.
Ainda assim, nós deveríamos observar as diferenças nas
qualificações, uma vez que ou elas significam um traço peculiarmente adequado
ao oficial para que cumpra seus deveres, ou são algo que era problemático no
lugar para onde Paulo escreveu (no caso, Éfeso). Isso deve ficar mais claro à
medida que passemos a considerar as responsabilidades de um diácono”.
CONCLUSÃO
O princípio do sacerdócio universal dos crentes nos
fala do grande privilégio que temos como filhos de Deus: cada cristão é um
sacerdote, cada cristão tem livre e direto acesso à presença de Deus, tendo
como único mediador o Senhor Jesus Cristo. Pela ideia do sacerdócio universal
dos crentes queremos dizer que todos aqueles que já experimentaram a salvação
são chamados a servir ao Senhor como sacerdotes, como mediadores da mensagem da
salvação.
Essa premissa, baseada em 1 Pedro 2.9 foi
criada na Reforma Protestante, e é atribuída a Lutero, para contrapor a ideia
de que apenas os sacerdotes da igreja romana eram detentores da salvação e da
autoridade divina. Por ocasião da Reforma, Lutero ensinou que Deus chama a
todos para que sejam sacerdotes do Deus Altíssimo.
Essa definição não deve ser confundida com o
ministério pastoral de nossas igrejas. Lutero nunca disse que não poderia haver
pastores, ou que todas as pessoas seriam pastores na igreja, pois o ministério
pastoral é para pessoas com vocação e formação para ministrar ao rebanho de
Cristo. Deus chama pastores para que possam ser responsáveis pelo rebanho do
Senhor, e eles são nossos sacerdotes.
Isso não significa que todos os crentes são
pastores! Nem todos possuímos a vocação ao ministério pastoral, de conduzir o
rebanho do Senhor. Esse ministério é reservado a pessoas que Deus chama com
essa finalidade específica.
Entretanto, diante dos homens, somos sacerdotes, ou
seja, representamos a Deus neste mundo que carece da salvação. Por isso,
pregamos e oramos pelos que ainda não conhecem Jesus.
Deus chamou cada um de nós para edificarmos a igreja
dEle. Deus chamou a cada um de nós para falar das boas novas para os perdidos,
para passar a outros aquilo que Ele tem nos ensinado, para cuidar uns dos
outros, para plantar novas igrejas. Que nós possamos dizer SIM a Ele.
Boa aula
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