sábado, 8 de janeiro de 2011

O SERMÃO DE PEDRO, APÓS O PENTECOSTE

O SERMÃO DE PEDRO, APÓS O PENTECOSTE

TEXTO ÁUREO = “Arrependei-vos, pois e convertei-vos. para que sejam apagados os vossos pecados e venham, assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor” (At 3.19).

VERDADE PRÁTICA = A pregação que não menciona o nome de Jesus e nem tem consistência bíblica, será apenas um discurso social e não de Cristo.

LEITURA BÍBLICA - ATOS 3.11-26

INTRODUÇÃO

Esta é a segunda pregação de Pedro, a qual teve como ponto de partida a cura do coxo. A primeira foi como conseqüência da descida do Espírito Santo.

I. O ESPANTO DO POVO

1. Pregação no pórtico de Salomão. O coxo, ao ser curado, entendeu que agora devia fazer parte dessa nova família que despontava no horizonte. Reconheceu que recebera algo mais valioso que ouro e prata. “Apegou-se a Pedro e João”.
Isso não quer dizer que ele necessitasse de apoio físico, para se manter em pé, como afirmam alguns expositores da Bíblia, mas que se unira aos apóstolos.

2. Objetivo de Pedro. A cura do coxo foi um sinal que deixou o povo “atônito”, isto é, estupefato pela magnitude do milagre. O objetivo de Pedro, como o dos pregadores ao longo dos séculos, era trazer os pecadores a Cristo. A atenção do povo estava voltada para Pedro e João. Todos acabaram de testemunhar uma operação sobrenatural. Todos conheciam o coxo. Viam-no agora “saltando e louvando a Deus.” Estranho aquela comunidade não poder discernir a fonte desse poder.

II. ESTRATÉGIA DE PEDRO

1. “O Deus de Abraão...” (v.13). Essa estratégia também foi usada por Paulo. Os judeus se interessam quando se começa a falar de seus antepassados.
Mateus, no seu evangelho, usou também a mesma estratégia: “Livro das gerações de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão” (Mt 1.1).

O Cristianismo está intimamente ligado ao Judaísmo. O Deus que Pedro pregava era o mesmo dos judeus: “Deus de Abraão, e de Isaque, e de Jacó, o Deus de nossos pais”. Terminou com a ressurreição de Jesus, que é a coluna vertebral do Cristianismo (I Co 15.17-19); mostrando, assim, o seu poder e a sua glória, além de provar que Jesus é o Cristo (v. 26).

2. Fonte do milagre. Ninguém podia negar o milagre ocorrido. Quem operou tal milagre? O próprio Pedro, o instrumento para tal obra, afirma que foi Jesus.
O apóstolo declara também que este é o Filho do Deus, adorado pelo povo de Israel, o qual o glorificou, mostrando, assim, a natureza divina de Cristo. Ele chama Jesus de “o Santo... o Justo...” Essa declaração está em Isaías 53.11. Chama também de “o Príncipe da vida”. Expressão que só aparece aqui, em Atos 5. 31 e Hebreus 2.10; 12.2, que significa “autor da vida”, e fala da ressurreição de Cristo. Assim Pedro estava desfazendo o escândalo da cruz com a mensagem da ressurreição.

3. O Filho de Deus. O próprio Deus reconhecia ser Cristo seu Filho amado (Mt3.l7; 17.5). Os judeus recusam admitir que Jesus é Filho de Deus, como, da mesma forma, os muçulmanos. O apóstolo João afirma: “Qualquer que confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus está nele e ele em Deus” (I Jo 4.15).

4. A gravidade do pecado. Nesse sermão Pedro mostrou o poder e a glória de Jesus, e ao mesmo tempo, era a prova de que o Espírito Santo operava naquelas vidas, pois, enquanto ele pregava, seus ouvintes se conscientizavam de sua culpa.

O pecado deles era quádruplo: a) “traístes” (v. 13 - ARA); b) “entregastes perante a face de Pilatos” (v. 13); c) “negastes o Santo e o Justo” (v.14); d) “matastes o Príncipe da vida” (v. 15).
Pilatos foi o procurador romano da Judéia entre 26 e 36 d.C.

5. O perdão. Longe de isentar o povo da responsabilidade da morte de Jesus, pois a multidão conhecia o princípio dos pecados por “ignorância” e voluntariedade, prescritos na lei de Moisés (Nm 15.27-30). O apóstolo agiu dessa maneira, para mostrar que Deus estava oferecendo o perdão, pois não quer que ninguém se perca (I Tm 2.4).

III. A SALVAÇÃO É PROCLAMADA

1. Arrependimento e conversão. “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos” (v. 19). O arrependimento é um dos passos que leva o pecador a receber o perdão de seus pecados. A palavra hebraica, usada no Antigo Testamento, é nashuv, que significa “voltar”. Alguém descobre que está na direção errada, resolve voltar, procurando tomar o caminho correto.

Diz o apóstolo Pedro: “... e vos desviasse, a cada um, das vossas maldades” (v. 26). No Novo Testamento, o seu significado é mais profundo. A palavra grega metanoia vem de dois vocábulos metá, “passagem”, “mudança” e nous, que significa “mente”. E uma mudança radical do comportamento e da mente humana pelo poder do Espírito Santo.


2. “Tempos de refrigério”. Diz respeito à Dispensação da Graça ou do Espírito Santo. Aos que receberem o perdão dos pecados nessa Dispensação, o Espírito Santo trará o refrigério pela presença do Senhor. Isto é, consolo, derramamento do Espírito Santo, bênçãos espirituais e toda a sorte de milagres que os crentes em Jesus recebem. Isso tem acontecido na Igreja ao longo de sua história.

3. “Tempos da restauração de todas as coisas” (v. 21). Uma referência ao Milênio (Is 1-13). A palavra grega para “restauração” é apostatasis, que só aparece nessa passagem, no Novo Testamento. E interessante notar que a restauração de todas as coisas devia começar pelos filhos dos homens.

IV. APRESENTANDO PROVAS NO ANTIGO TESTAMENTO

1. O Profeta semelhante a Moisés (vv. 22, 23). O Antigo Testamento é o negativo da foto de Cristo que ainda faltava revelar. A vida de Jesus, juntamente com suas obras, estava prevista na lei de Moisés e nos profetas. Desde o seu nascimento até a sua ascensão ao Céu, estava tudo previsto nas Escrituras Sagradas. Pedro, nesse discurso e no do dia de Pentecoste, apresenta o perfil de Cristo no Antigo Testamento, provando assim que os últimos acontecimentos eram o cumprimento das Escrituras.

2. Os demais profetas também falaram de Cristo. A Bíblia hebraica constitui-se apenas do Antigo Testamento. Ela está dividida em três partes: Lei, Profetas e Escritos. “Escritos” são uma referência aos hagiógrafos, que quer dizer “escritos sagrados”.

Essa divisão já existia na época de Cristo (Lc 24.44), onde “Salmos” representa a categoria dos hagiógrafos. A expressão “todos os profetas” (v. 24) não significa todo o Antigo Testamento (isso acontece em outro lugar das Escrituras:
Atos 10.43, pois Pedro é específico, quando diz: “desde Samuel” (v. 24) e, além disso, anteriormente, fala de Moisés e depois volta a citá-lo: “Na tua descendência, serão benditas todas as famílias da terra” (v. 25), que é uma citação de Gênesis 12.3.

3. Profecias messiânicas cumpridas em Jesus. Os profetas falaram do Messias, principalmente, Isaías, que é reconhecido como o profeta messiânico. Vejamos algumas profecias:

Semente da mulher (Gn 3.15; Gl 4.4); descendente de Abraão, Isaque e Jacó (Gn 12.3; 17.19; 24.14; Lc 3.33, 34); descendente de Judá (Gn 49.10; Mt 1.2,3); nasceria de uma virgem (Is 7.14; Mt 1.18; Lc 1.34); em Belém de Judá (Mq 5.2; Mt 2.1-5; Lc 2.9-11); da linhagem de Davi (Jr 23.5,6; Mt 2.1); fugiria para o Egito (Os 11.1; Mt 1.16); as crianças de Belém seriam assassinadas (Jr 31.15; Mt 2.7); habitaria em Naftali, nos confins de Zebulom (Is 9.1-4; Mt 4.17); entraria triunfalmente em Jerusalém, montado em um jumento (Zc 9.9; Mt 21.1-11); seria traído por um amigo (Sl 41.9; Mt 26.14- 16); seria condenado pelos nossos pecados (Is 53.8-11; 1 Co 15.3); seria crucificado (Sl 22.1; Mt 19.17-19); ressuscitaria dentre os mortos (Sl 16.10; Mt 28.1-5); retornaria ao Céu (Sl 24; At 2.9- 11); seria Sumo Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque (Sl 110.4; Hb 5.5,6; 6.20; 7.15-17).

4. Jesus tinha consciência de sua identidade. O próprio Jesus declarou: “Convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos Profetas, e nos Saimos” (Lc 24.44). Pedro procurava mostrar isso aos seus contemporâneos, para que ninguém pudesse duvidar da messianidade de Cristo.

V. LEMBRANDO O PACTO ABRAÂMICO

Pedro tomou a lembrar o pacto abraâmico e a ressaltar a ressurreição de Jesus (vv. 25,26). O pacto que Deus fez com Abraão envolvia a nação de Israel, pois a bênção diz respeito aos seus descendentes (Gn 13.14, 17; 15.18; 24.34,35), através de seu descendente. Essa promessa não era restrita à casa de Israel:
“Em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3). Isso diz respeito ao Messias (Gn 3.16).

CONCLUSÃO

A pregação, sem mencionar a morte e a ressurreição de Cristo, está incompleta. Pedro começava suas pregações no nome de Jesus e concluía nesse mesmo nome. Isso também foi usado pelos demais apóstolos. Essas pregações de Pedro são o modelo das mensagens cristãs ao longo desses vinte séculos de Cristianismo.


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Lições bíblicas CPAD 1996

Um comentário:

  1. A paz do Senhor!
    Ao procurar um comentário/estudo a respeito da pregação de Pedro em Pentecostes, encontrei este, foi uma benção, e muito edificante!! Que o Senhor continue lhe dando sabedoria para ensinar a igreja.

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