quinta-feira, 24 de maio de 2012

APOCALIPSE CAPÍTULO 1 3


APOCALIPSE CAPÍTULO 1 3

Temos, nesse capítulo, outra descoberta e descrição dos inimigos da igreja; não de outros inimigos além dos que são mencionados anteriormente, mas descritos de outra maneira, para que os métodos de sua inimizade possam aparecer de forma mais completa. São representados por duas bestas; da primeira você tem um relato nos versículos 1-10, da segunda, nos versículos 11-18. A primeira é interpretada por muitos como sendo a Roma pagã, e a segunda, como a Roma papal; mas outros entendem que a Roma papal é representada por essas duas bestas, pela primeira no seu poder secular pela segunda no seu poder eclesiástico.

A Primeira Besta == vv. 1-10

Temos aqui um relato do surgimento, da figura e do avanço da primeira besta; e observe: 1. De que ponto de vista o apóstolo viu esse monstro. Ele imaginava estar parado sobre a “.. . areia do mar”, embora provavelmente ainda estivesse arrebatado; mas ele se considerava estar na ilha de Patmos, e se no corpo ou fora do corpo ele não sabia dizer. 2. De onde veio essa besta — “. .. do mar”; e mesmo assim, pela descrição dela, poderia parecer mais um monstro da terra; mas quanto mais monstruoso fosse tudo acerca dela, mais ela se tornava o emblema para estabelecer o mistério da iniqüidade e da tirania. 3. Qual era a aparência e forma dessa besta. Em grande parte, era “...semelhante ao leopardo”, mas “.. os seus pés, como os de urso, e a sua boca, como a de leão”; tinha “. . sete cabeças e dez chifres, e, sobre os chifres, dez diademas, e, sobre as cabeças, um nome de blasfêmia”.

Um monstro dos mais terríveis e horrendos! Em alguma parte dessa descrição parece haver uma alusão à visão de Daniel dos quatro animais, que representavam as quatro monarquias (Dn 7.1-3ss.). Um desses animais era como um leão, outro como um urso, e outro como um leopardo; esta besta aqui era um tipo de composição daqueles três, com a ferocidade, a força e a rapidez de todos eles; as sete cabeças e os dez chifres parecem designar os seus diversos poderes; as dez coroas, seus príncipes vassalos; a palavra blasfêmia na sua testa anuncia sua direta inimizade e oposição à glória de Deus, ao promover a idolatria. 4. A origem e fonte de sua autoridade — “... e o dragão deu-lhe o seu podes e o seu trono, e grande poderio”. Ela foi estabelecida pelo Diabo, e apoiada por ele para fazer a sua obra e promover seus interesses; e o Diabo lhe prestou toda a assistência que pôde. 5. Uma ferida perigosa lhe foi dada, mas, que foi inesperadamente curada (v. 3). Alguns pensam que devemos entender por essa cabeça ferida a abolição da idolatria pagã; e pela cura da ferida a introdução da idolatria papista, a mesma em essência com a primeira, só que em novos trajes, e que de forma igualmente eficaz atende ao propósito do Diabo como o fez aquela. 6.
A honra e adoração prestada a esse monstro infernal: Todos admiraram o seu poder, e política, e sucesso, e “... adoraram o dragão que deu à besta o seu poder; e adoraram a besta”; eles prestaram honra e sujeição ao Diabo e seus agentes, e pensaram que não havia poder que pudesse fazer oposição a eles; tão grandes eram a escuridão, a degeneração e a loucura do mundo! 7.

Como exerceu seu poder infernal e conduziu sua política: “E foi-lhe dada uma boca para proferir grandes coisas e blasfêmias”; e depois “...abriu a boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar do seu nome, e do seu tabernáculo, e dos que habitam no céu”; e ainda “. . foi-lhe permitido fazer guerra aos santos e vencê-los”, e assim conquistou um tipo de império universal no mundo. Sua maldade foi apontada principalmente contra o Deus do céu, e seus assistentes celestiais; contra Deus, ao fazer imagens daquele que é invisível; contra o tabernáculo de Deus, isto é, alguns dizem, contra a natureza humana do Senhor Jesus Cristo, no qual Deus habita como em um tabernáculo; isso é desonrado por meio da sua doutrina da transubstanciação, que não permite que o seu corpo seja um verdadeiro corpo, e coloca na mão de cada sacerdote o poder de preparar um corpo para Cristo; e contra todos os que habitam no céu, os santos glorificados, ao colocá-los no lugar dos demônios pagãos, e ao orar a eles, que, aliás, os santos estão tão distantes de se sentirem satisfeitos com isso que verdadeiramente se consideram injustiçados e desonrados por isso.

Assim, a maldade do Diabo se expressa contra o céu e os abençoados habitantes do céu. Esses estão acima do alcance do seu poder. Tudo que ele pode fazer é blasfemar contra eles; mas os santos na terra estão mais expostos à sua crueldade, e às vezes ele tem permissão para triunfar sobre eles e pisá-los. 8. A limitação do poder e do sucesso do Diabo, e os dois aspectos em relação ao tempo e às pessoas. Ele é limitado no tempo; o seu reinado deve durar “... quarenta e dois meses” (v. 5), em concordância com as outras figuras do reinado do Anticristo. Ele também está limitado em relação às pessoas e o povo que ele vai sujeitar inteiramente ao seu poder e vontade; serão somente aqueles “... cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro”.

Cristo tinha um remanescente escolhido, redimido por seu sangue, registrado no seu livro, selado por seu Espírito; e embora o Diabo e o Anticristo possam até vencer a sua força física, e tirar a sua vida natural, nunca poderiam vencer a alma deles, nem persuadi-los a abandonar o seu Salvador e amotinar-se com os seus inimigos. 9. Aqui há a exigência de atenção para o que é descoberto dos grandes sofrimentos e dificuldades da igreja, e a garantia de que quando tiver realizado sua obra no monte Sião, sua obra de purificação, então Ele vai voltar sua mão contra os inimigos do seu povo, e aqueles que mataram com a espada cairão eles mesmos pela espada (v. 10), e os que levaram o povo de Deus para o cativeiro serão feitos cativos eles mesmos. Aqui está agora o que vai ser o exercício apropriado para . .. a paciência e a fé dos santos” — paciência da perspectiva de tão grandes sofrimentos, e fé da perspectiva de tão gloriosa libertação.

A Segunda Besta == vv. 11-18

Os que entendem a primeira besta como sendo a Roma pagã, tomam a segunda besta como sendo a Roma papal, que promove idolatria e tirania, mas de maneira mais suave e dócil. Os que entendem a primeira besta como sendo o poder secular do papado tomam a segunda besta como significando seu poder espiritual e eclesiástico, que agem sob o disfarce da religião e da caridade à alma dos homens. Observe aqui:
A aparência e forma dessa segunda besta: “.. . tinha dois chifres semelhantes aos de um cordeiro”, mas uma boca que “. ..falava como o dragão”. Todos concordam em que isso necessariamente é um grande impostor, que, sob uma religião simulada, iria enganar a alma dos homens. Os papistas pensavam que fosse Apolônio Tianeu; mas o Dr. More rejeitou essa opinião, e associa a besta aos poderes eclesiásticos do papado. O papa mostra os chifres de um cordeiro, finge ser o vicário de Cristo na terra, e assim estar investido do seu poder e autoridade; mas a sua fala o trai, pois ele promulga aquelas falsas doutrinas e cruéis decretos que mostram que ele pertence ao dragão, e não ao cordeiro.

O poder que ele exerce: “... todo o poder da primeira besta” (v. 12); ele promove os mesmos interesses, persegue o mesmo propósito em essência, que é afastar os homens de adorar o verdadeiro Deus para adorar aqueles que por natureza não são deuses, e sujeitar a alma e a consciência dos homens à vontade e autoridade dos homens, e não à vontade de Deus. Esse propósito é promovido tanto pelo papado quanto pelo paganismo, e tanto pelas habilidades e pela astúcia como pelo braço secular, ambos servindo os interesses do Diabo, embora de maneiras diferentes.

Os métodos pelos quais essa segunda besta é levada a satisfazer seus interesses e atingir seus propósitos são de três tipos: 1. Maravilhas enganosas, milagres forjados, pelos quais eles seriam enganados, e persuadidos a adorar a primeira besta nessa nova imagem ou forma que era agora feita para ela; eles fingiriam fazer descer fogo do céu, como Elias fez; e Deus permite que seus inimigos, como o fizeram os mágicos do Egito, façam coisas que pareçam muito maravilhosas, e por meio das quais pessoas imprudentes podem ser iludidas. Sabe-se muito bem que o reino papal tem sido apoiado há muito por milagres forjados. 2.

Excomunhões, anátemas, censuras severas pelas quais dizem cortar os homens de Cristo, e os lançam nas mãos e no poder do Diabo, mas na verdade os entregam aos poderes seculares, para que sejam mortos; e assim, não obstante a sua vil hipocrisia, eles são justamente acusados de matar aqueles a quem não conseguem corromper. 3. Pela privação de direitos, não permitindo que ninguém que não adore essa besta papal, isto é, a imagem da besta pagã, usufrua dos direitos naturais, civis ou municipais. Torna-se então um requisito para comprar e vender os direitos da natureza, como também de lugares de lucro e crédito, que eles tenham “. . . um sinal na mão direita ou na testa” e “... o número do seu nome”.

E provável que o sinal, e nome e o número da besta signifiquem todos a mesma coisa — que façam uma profissão declarada da sua sujeição e obediência ao papado, o que é receber o sinal na sua testa, e que se comprometam em usar todo a sua influência, poder e esforços para promover a autoridade papal, que é receber o sinal na sua mão direita. Somos informados de que o papa Martin g na sua bula papal, acrescentada ao Concílio de Constância, proíbe que os católicos romanos tolerem qualquer herege a morar nos seus territórios, a fazer qualquer acordo, ou usar qualquer oficio ou ocupar qualquer posição civil, o que é uma clara interpretação dessa profecia.

Temos aqui o “número da besta”, dada de tal maneira que mostre a infinita sabedoria de Deus, e que vai exercer de forma suficiente toda a sabedoria e retidão dos homens: “... é número de homem”, computado segundo os cálculos comuns dos homens, e é 666.
Não está certo se esse é o número de erros e heresias contidas no papado, ou, antes, como outros sugerem, o número de anos desde o seu surgimento até a sua queda, muito menos o que é o período descrito por esses números proféticos. A dissertação mais admirada acerca dessas questões complexas é a do Dr. Potter, na qual os curiosos encontrarão entretenimento suficiente. Parece-me que seja uma dessas estações que Deus reservou no seu próprio poder; sabemos somente isto: Deus escreveu Mene, Tequel, sobre todos os seus inimigos; Ele contou os seus dias, e serão encerrados, mas o seu próprio Reino vai durar para sempre.


Comentário Bíblico Mathew Henry  - Novo Testamento Edição Completa

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