segunda-feira, 21 de março de 2011

O RELACIONAMENTO ENTRE OS DONS E O FRUTO

O RELACIONAMENTO ENTRE OS DONS E O FRUTO

Qual o relacionamento entre os dons e o fruto do Espírito? O fruto tem a ver com o crescimento e o caráter; o modo da vida é o teste fundamental da autenticidade. O fruto, em Gálatas 5.22,23, consiste nas “nove graças que perfazem o fruto do Espírito — o modo de vida dos que são revestidos pelo poder do Espírito que neles habita”. Jesus disse: “Por seus frutos os conhecereis” (Mt 7.16-20; ver também Lc 6.43-45). Os aspectos do fruto estão entrelaçados de modo delicado nas três passagens que falam dos dons. Tanto em Gálatas quanto nos textos que definem os dons, as qualidades do fruto fluem horizontalmente entre sino ministério (1 Co 13; Rm 12.9,10; Ef 4.2). O tema principal de Gálatas não é a justificação pela fé, embora pareça predominar. O fato é que o propósito da justificação pela fé é o andar no Espírito.

A mesma ênfase no andar (ou vida) no Espírito prevalece nas lições às igrejas na Asia Menor (Efeso), na Acaia (Corinto) e na Itália (Roma).

Examinemos agora as qualidades do fruto citadas em Gálatas 5.22,23 e como estão entrelaçadas com o exercício dos dons, segundo Paulo.

AMOR

A palavra grega agapê é mais freqüentemente usada no tocante ao amor (“caridade”) com grande lealdade, visto no seu grau mais elevado como uma revelação da própria natureza de Deus. E o amor inabalável, concedido livre e gratuitamente. O amor é o âmago em cada um desses textos bíblicos (Rm 12.9-21; 1 Co 13; Ef 4.25 —5.2). Realmente, o amor é o princípio ético, a força motivadora e a metodologia correta para todos os ministérios. Sem o amor, há pouco benefício ao próximo e nenhum para quem exerce o dom. Os desentendimentos surgem, e a Igreja fica dividida; as pessoas saem magoadas. O amor forma o alicerce para o ministério com os dons e o contexto em que estes devem ser recebidos e entendidos.

Gozo

A palavra grega chara, que traduzimos por “gozo” ou “alegria”, inclui a idéia de um deleite ativo. Paulo fala em regozijar-se na verdade (1 Co 13.6). O termo também está estreitamente ligado à esperança. Paulo fala em regozijar-se
na esperança (Rm 12.12). E a expectativa positiva de que Deus está operando na vida dos nossos irmãos na fé, uma celebração da nossa futura vitória total em Cristo. A alegria é o âmago da adoração. Os deveres pesados são transformados em deleite, o ministério é elevado a um plano mais alto e a operação dos dons torna-se cintilante com essa alegria.



PAZ

A palavra grega eirênê inclui a idéia de harmonia, saúde, integridade e bem-estar. Em nossos relacionamentos, devemos viver em paz com todos (Rm 12.18); no exercício dos dons, Deus não é um Deus de desordem, mas de paz (1 Co 14.33); e, na assembléia, devemos esforçar-nos por manter a unidade do Espírito no vínculo da paz (Ef 4.3). A paz é condição fundamental para progredirmos na união, para acolhermos os ministérios de outras pessoas e para aprendermos, ainda que através dos fracassos. O exercício dos dons deve levar à maior união e paz. Reconhecemos a necessidade que temos uns dos outros, sabemos que as bênçãos divinas fluem através das outras pessoas, pois nenhum dom é exercido numa manifestação perfeita, e todos cometemos enganos. Por isso, é fundamental aprendermos a tratar com ternura uns aos outros e a buscar o sumo bem de todos.

LONGANIMIDADE

A palavra grega makrothumia refere-se à paciência que temos com nosso próximo. Ser longânime é tolerar a má conduta dos outros contra nós, sem nunca buscar vingança. Dentro em breve, os cristãos em Roma passariam por perseguições. Sob tensão e sofrimento, os cristãos podem vir a ter menos paciência uns com os outros, de modo que Paulo conclama: “Sede pacientes na tribulação” (Rm 12.12). Ao ensinar sobre os dons, Paulo inicia tratando da paciência com as pessoas e termina com a paciência nas circunstâncias (1 Co 13.4, 7). Para nós, que formamos a Igreja, leva tempo amadurecermos através de todas as diferenças que provêm das nossas culturas, educacionais e personalidades. Por isso, Paulo nos conclama a ser completamente humildes e mansos, “com longanimidade” (Ef4.2).

Para um ministério pleno no Espírito, precisamos aprender juntos e juntamente cometer enganos, crescer, perdoar e confrontar-nos com amor, sem qualquer atitude de crítica. Tudo isso, só com paciência! Sempre que o poder de Deus é manifesto é importante olharmos para Ele, e não para nossas próprias insuficiências. Assim, não agiremos precipitadamente nem iremos a extremos prejudiciais à Igreja.

BENIGNIDADE

A palavra grega chréstotês nos faz lembrar Cristo, exemplo supremo da benignidade. Paciência e benignidade estão juntas na primeira linha da descrição do amor de Deus (1 Co 13.4). Paulo nos conclama a seguir o exemplo de Cristo, a sermos benignos e compassivos, perdoando uns aos outros (Ef4.32). A severidade não é o modo de agir do corpo de Cristo. A mútua estima e respeito, sim. A benignidade é o bálsamo que nos une, à medida que aprendemos a dar valor uns aos outros. Até mesmo os dons são resultado da benignidade de Deus para conosco.
Não merecemos os dons nem fazemos por merecer a benignidade dos outros. Recebemos ambos com o coração agradecido, e passamos então a compartilhar ambos incondicionalmente.

BONDADE

O significado essencial de agathõsunê, traduzido por “bondade”, é a generosidade que flui de uma santa retidão dada por Deus.44 Paulo recomenda: “Comunicai [reparti] com os santos nas suas necessidades, segui a hospitalidade” (Rm 12.13), para “repartir com o que tiver necessidade” (Ef 4.28).
A razão básica dos dons é ser uma bênção ao próximo. A bondade, ou generosidade, nos leva à preocupação com as pessoas de modo prático e dinâmico, onde quer que estas se encontrem. A Igreja Primitiva sabia praticar a mútua generosidade, sem medo de exagerar nos cuidados.


Embora a generosidade descu dada não seja mordomia eficiente, nosso motivo é sermos sempre generosos. O único perigo é demonstrarmos generosidade com o fim de nos gabarmos. Em tudo que fizermos ao próximo, devemos ter amor; de outra forma, não haverá benefl’cios (1 Co 13.3).

FÉ (ou FIDELIDADE)

A palavra grega pistis freqüentemente significa a confiança expressa numa vida de fé. Nesse contexto, significa “fidelidade”. A fidelidade reflete a natureza do nosso Pai celeste. Ele é fidedigno. Sua paciência para conosco nunca se esgota, por mais vezes que o tenhamos decepcionado. Ele tem um compromisso conosco, à altura do seu grande plano de redenção! Devemos refletir diante dos outros as características divinas. E ser fidedignos. Se tivermos fiel compromisso uns com os outros, Deus poderá derramar toda a abundância das bênçãos do Espírito. A fé, a esperança e o amor (1 Co 13.13) são qualidades que usamos para edificar relacionamentos. Mediante a unidade da fé, podemos alcançar a medida total da plenitude de Cristo (Ef 4.13). A medida que esse fruto amadurece em nós, nossa confiança em Deus é fortalecida. Pode ser um degrau para alcançar o dom da fé. O dom da fé é o primeiro na categoria dos cinco dons de poder, em 1 Coríntios 12.8-10, relacionados ao mútuo ministério entre os membros do corpo de Cristo.

MANSIDÃO

A palavra grega prautês transmite o conceito de ternura humilde que tem mais solicitude pelo próximo que consigo mesmo. Jesus disse: “Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra” (Mt 5.5). A palavra cognata praus significa “meigo”, “humilde”, “manso”, “suave”. Aristóteles a descreve como o meio-termo entre a disposição excessiva à ira e a incapacidade de irar-se. A pessoa meiga tem o espírito disciplinado.
Potencialmente, todas as bênçãos espirituais estão à disposição de tal pessoa. Esse espírito meigo, apesar de a própria palavra “mansidão” não ser empregada em Romanos, é descrita em 12.12-14 — a capacidade de perseverar na aflição e na perseguição, servindo fielmente na oração e nos cuidados práticos com o próximo. A mansidão sabe que Deus está cuidando de tudo, e por isso não toma a vingança nas próprias mãos (Rm 12.17-21; Ef 4.26). Ao invés de sermos grosseiros, egoístas e facilmente provocados à ira, demonstremos mansidão, protejamos o próximo e perseveremos (1 Co 13.5,7). Nossa atitude uns para com os outros deve ser completamente humilde, suave, sem arrogância (2 Co 10.1; Ef 4.2).

Com demasiada freqüência, as manifestações espirituais têm sido expressas de modo rigoroso e absolutista, manipulação das pessoas. Esse método, ao invés de encorajar o próximo no ministério dos dons, chega mesmo a sufocá-lo, mormente o ministério que provém do Corpo inteiro. Quão importante é aprendermos a resguardar a dignidade e os brios morais uns dos outros! Seja meigo!

TEMPERANÇA

A palavra grega egkra teia significa “temperança” ou “domínio próprio” até sobre as paixões sensuais. Inclui, portanto, a castidade.46 Essa ênfase não aparece nos textos de Romanos 12 e 1 Coríntios 12—14. Por outro lado, o contexto anterior oferece um tratamento completo do assunto. Em Efésios 4.17-22, a vida nova é contrastada nitidamente com a antiga. A imoralidade não tem lugar na vida de uma pessoa que procura ser vaso de bênçãos nas mãos de Deus. Se o viver santo não acompanhar os dons, o nome de Cristo é envergonhado, O ministério verdadeiramente eficaz perde seu impacto. Os milagres talvez continuem durante algum tempo, mas Deus não recebe nenhuma glória. Os milagres não garantem a santidade, porém a santidade é vital para o verdadeiro ministério espiritual.

Os dons e os frutos estão cuidadosamente intercalados entre si. Quando os dons são enfatizados ao custo do abandono do fruto, a perda é grande demais! O caráter cristão, viver santo e os relacionamentos com os irmãos na fé são deixados de lado com a fraca desculpa de que Deus nos abençoa com poder. Assim, dilui-se a obra do Espírito Santo. Não devemos nos desvencilhar do poder da santidade. Deus nos purifica para nos transformar em vasos de bênçãos. Os cristãos cuja vida é consistente e livre dos grilhões da carnalidade ficarão livres da condenação. Terão uma boa reputação. Serão poderosos.

Embora nem a idade nem a experiência sirvam de garantia de maturidade espiritual, o fruto do Espírito a produz. A maturidade espiritual envolve melhor entendimento do Espírito de Deus e das necessidades das pessoas. Nessas condições, poderemos melhor exercer os dpns. A maturidade aumenta nossa sensibilidade diante do Espírito Santo, a fim de compreendermos como operam os dons e quando são necessários.
Perceberemos o equilíbrio, sem irmos a extremos. Procuraremos resultados a longo prazo, e não apenas bênçãos para o momento, Buscaremos um reavivamento que perdurará até à vinda de Jesus.

A maturidade espiritual ajuda-nos a ter bons relacionamentos com as pessoas. Passamos a compreendê-las melhor e a reconhecer a melhor maneira de ministrar a elas. Devemos esforçar-nos para alcançar a união. As pessoas, ao observarem o nosso caráter e conduta, passarão a ter confiança em nós. A Igreja Primitiva escolheu seus sete primeiros diáconos com base na sua “boa reputação” (At 6.3). Uma boa reputação confirmada pelo próximo é crucial à plena liberação do Espírito no ministério aos outros e ao crescimento da Igreja.

O fruto é a maneira de se exercer os dons. Cada fruto vem acondicionado no amor, e qualquer dom, mesmo na sua mais plena manifestação, nada é sem o amor. “Por outro lado, a plenitude genuína do Espírito Santo forçosamente produzirá também frutos, por causa da vida renovada e enriquecida da comunhão com Cristo”.47 Conhecer o amor, poder e graça de Deus, inspiradores de reverente temor, deve fazer de nós vasos de bênçãos cheios de ternura. Não merecemos os dons. Nem por isso Deus se nega a nos revestir de poder. E passamos a ser obreiros do Reino, prontos para trazer a colheita. Subimos a um novo domínio.

O EXERCÍCIO DOS DONS

A liderança desempenha o papel vital de conduzir congregação até o ponto de exercer os dons. As sugestões abaixo podem revelar-ser úteis:

1. Ofereça oportunidades. Nas reuniões de conselho e de dirigentes, bem como nos retiros de obreiros, reserve tempo suficiente para que todos ouçam o Espírito e compartilhem as impressões de Deus sobre os seus corações. Verifique se
Deus está dizendo coisas semelhantes a várias pessoas e se o que está sendo dito encaixa-se à situação da assembléia naquele momento. Ore pelos enfermos, continue exercendo solicitude e, se não houver cura imediata, ore de novo.

2. Produza consciência espiritual. Dê testemunho dos milagres que ocorrem entre os membros da sua congregação. Permita que os dons se manifestem espontaneamente; os force nem os exija. Não estamos visando o curto, nt o longo prazo. O Espírito pode ministrar num culto, reunião de grupo familiar ou na conversa pessoal.

3. Cultive a disposição de compartilhar com os outros. Os dons são manifestos quando as pessoas têm a expectativa de ouvir um recado de Deus, quer através das Escrituras, dos cânticos ou de um sussurro suave. Ensine-as a ouvir a voz de Deus. Ofereça aplicações práticas com exemplos pessoais e da vida de outras pessoas. Quando os dirigentes determinam um horário para compartilhar os dons, eles mesmos devem ter uma bênção para contar.
Não deixe que ninguém diga, depois de longo período de silêncio: “Ninguém ouviu um recado de Deus”. Pelo contrário, devemos dizer: “Permaneçamos na presença do Deus que nos inspira reverência, e, se alguém tiver uma bênção para contar, fale”. Chegue, então, a um término positivo, contando aos demais as impressões de Deus sobre você. Como líder, esteja disposto a compartilhar, Seja um exemplo de semelhante expectativa.

4. Crie um espírito de receptividade. Os membros da congregação não devem se sentir acanhados, nem achar que estão sendo criticados por outras pessoas. Comece com grupos pequenos. Use um tom natural de voz. Não se preocupe com a possibilidade de cometer enganos, mas ensine com mansidão e amor. A igreja é uma escola, e nós, os alunos.

5. Avalie. Faça um comentário depois de três ou quatro pessoas terem compartilhado um corinho, textos bíblicos, exortações ou até mesmo testemunhos. Tudo isso aplica-se à sua assembléia local? Ensine os membros a acolher com sensibilidade o que Deus estiver dizendo durante o culto inteiro e realizando na comunidade. Aplique as Escrituras ao que é dito. E crucial o reforço positivo oferecido por você. Se você nada disser, as pessoas ficarão confusas ou desanimadas no exercício contínuo dos dons. Afirme o que pode ser afirmado, e deixe de lado como provisório tudo que exige avaliação. Procure evitar as críticas e avaliar com amor. A avaliação dá às pessoas um senso de segurança, um arcabouço dentro do qual possam ministrar os dons.
6. Dedique tempo à oração. Edifique a igreja na oração. Nada substitui o tempo gasto na presença de Deus. Pratique a presença de Deus durante o dia inteiro. Deus falará com você e através de você. Os membros só orarão se nós, líderes, orarmos também.

Compreenda as diferenças culturais, A igreja que pastoreio é multicultural. A maneira de eu pregar às pessoas de cultura chinesa e às de cultura inglesa é diferente, embora o conteúdo básico seja o mesmo. Em anos recentes, visto muitas diferenças no modo de adoração e nas expectativas das pessoas quando lhes falamos, antes de orar por elas. No culto, alguns gostam de hinos, outros preferem corinhos e outros querem músicas que reflitam a sua cultura e tradição. Alguns promovem entrevistas complexas com cada pessoa antes de orar por ela, outros fazem uma só oração generalizada, abrangendo um grupo grande de pessoas. Seja singelo. Os dons compartilhados num tom de voz natural encorajam outras pessoas a compartilhar. Além disso, encorajamos maior participação dinâmica. Não precisamos forçar cada assembléia a seguir o mesmo estilo de adoração ou a mesma forma de manifestar os dons.

A adoração robusta libera os dons. A adoração leva à expectativa de um encontro com Deus, que é digno de reverente temor. E nesse ambiente que milagres podem facilmente ocorrer. Leve a congregação a atingir um ou dois pináculos de adoração. Se os membros souberem que há uma ocasião melhor para compartilhar os dons, assim farão.
Mas a pausa depois de cada corinho é menos eficaz, pois deixa a incerteza quanto a compartilhar ou não. A adoração deve seguir padrões semelhantes, dar às pessoas um senso de segurança e plena liberdade para adorar naquele contexto. Mudar o padrão todas as semanas não é tão eficaz. Inclua salmos, hinos e cânticos espirituais. Deixe a congregação inteira sentir-se à vontade para entrar em comunhão com Deus através da adoração.

9. Freqüentemente, ouço o recado de Deus em primeiro lugar; depois, dou aos outros a oportunidade de compartilhar e então afirmo o que Deus já me disse. Assim, os outros ficam encorajados. As vezes digo: “Deus tem tocado no meu
coração com três pensamentos, mas antes de compartilhá-los, quero lhes dar a oportunidade de ministrar uns aos outros”, E assim, quando as pessoas que nunca antes exerce ram dons se conscientizam de que estão em harmonia com
Deus, da mesma forma que a liderança, são encorajadas a compartilhar melhor.

10. A via de comunicação para os dons espirituais é o ministério. Marcos 16.17 indica os sinais que seguirão aos que crêem. A medida que formos ativos em alcançar o mundo, ministrando onde Deus nos coloca, tornamo-nos vasos que podem ser usados. Muitos milagres, em Atos, aconteceram no decurso do cotidiano. Os cristãos estavam a caminho do Templo, para testemunhar e sofrer por amor a Cristo. Se tivermos a disposição de estender as mãos
necessitados, passaremos a levar-lhes os dons de Deus, mo em ocasiões e situações incomuns, Os dons surgem enquanto os cristãos estão “a caminho” do serviço do Senhor.

11. Evidencie o processo global. Os dons fluem através das pessoas. O que Deus está fazendo na vida delas? Além disso, as palavras são importantes. O que realmente está sendo dito? O contexto é vital. As mensagens compartilha das têm relação com a vida da igreja ou com o andamento do culto? O modo de corresponder é importante. Como devemos receber o que foi compartilhado? Lembre-se sempre: o alvo é edificar a Igreja e ganhar os perdidos para Cristo. A missão da Igreja é a suprema prioridade. Os dons devem ser considerados à luz da obra global que Deus está realizando entre o seu povo. Quando não compreendemos a natureza e o propósito dos dons, centralizamos a atenção nos problemas errados.

Não é o principal saber quais são os meus dons, mas como exercê-los para a edificação da Igreja. Ao invés de considerarmos que a manifestação dos dons indica o nosso nível de espiritualidade, apreciemos e procuremos a contribuição de todos, fortes ou fracos. Ao invés de pressupormos os dons cem por cento sobrenaturais e, portanto, infalíveis, reconheçamos que os dons são ministrados através de seres humanos falíveis e precisam ser testados. Crescemos à medida que aprendemos a exercê-los. Ao invés de perguntar se as mulheres têm um lugar no ministério público, perguntemos quais as metodologias corretas para o ministério.

Ao invés de debatermos qual o maior ou o menor entre os dons, precisamos compartilhar com amor os dons que Deus nos dá. A igreja que desconsidera a dinâmica do ministério dirigido pelo Espírito está alheia à obra de Deus neste mundo. Permitir o fluxo saudável dos dons, pio nisso, é a alternativa bíblica ao temor dos extremos.

Se os dons são exercidos somente no culto de domingo, decerto não são considerados essenciais ao crescimento da igreja. Se focalizarmos somente os dons mais espetaculares, serão meras opções espirituais. Por outro lado, se considerarmos os dons um elemento essencial à vida diária e crucial para o ministério eficaz, poderemos nos tornar tão sensíveis ao Espírito que ficaremos liberados para ministrarmos todos os dons. Nenhum deles é opção adicional para nos tornar superiores ao nosso próximo.

Os evangelhos não chegam a um fim formal. Mateus registra a grande comissão que a Igreja ainda terá de cumprir, com a autoridade que Jesus lhe outorgou. Marcos termina abruptamente, deixando o leitor em reverente e silencioso temor, na expectativa da atuação do Senhor onipotente e todo-suficiente, que pode irromper no meio de qualquer situação, por mais desesperadora que seja. Lucas e Atos são realmente “uma só obra integrada”.48 Lucas 24 não é término do relato. A Igreja Primitiva levou adiante a missão e a obra realizada por Crista na Terra.

E nem Atos dos Apóstolos encerra a história. João, ao registrar no seu evangelho a comissão dada pessoalmente por Jesus a Pedro, após a ressurreição Øo 21), deixa claramente entendido que a Igreja continuará a obra até a volta de Cristo.
Todas as epístolas de Paulo foram escritas para proclamar a morte do Senhor “até que Ele venha”, Os dons do Espírito foram dados como penhor, “uma primeira prestação, entrada”, um antegozo da herança integral que a Igreja receberá. A Epístola aos Hebreus encoraja-nos a “correr com perseverança a carreira que nos está proposta” (Hb 12.1). O Apocalipse termina com as palavras: “Amém! Ora, vem Senhor Jesus!” (Ap 22.20). Conforme já observado, jamais uma nova revelação ultrapassará ou deixará de lado a Bíblia. Ao mesmo tempo, Deus continua falando aos seus fiéis revestidos pelo poder do Espírito e proclamando sua mensagem através deles.

Todo pastor precisa escutar o que o Espírito quer lhe dizer a respeito do ministério dos dons na assembléia, Cada assembléia deve avançar agressivamente para dentro da área dos dons espirituais. Tudo que os cristãos fazem nessa área é parte da sua adoração a Deus. Ele é o auditório, e a nossa vida é o palco da redenção onde, em adoração, nos expressamos. O pregador não labuta na Palavra a fim de impressionar a sua congregação, mas com o fim de apresentá-la como oferenda ao Senhor. Não agimos de modo cristão com o nosso próximo se trabalhamos na assembléia para impressionar os outros com nossa espiritualidade e dinamismo eclesiástico. Faça-se tudo para adorar a Deus.

Agindo assim, teremos um ministério livre. Já não estaremos amarrados pelo medo das opiniões humanas, mas procuraremos apenas ser fiéis à nossa vocação em Cristo. No transbordar da adoração, receberemos a capacitação sobrenatural proveniente de Deus. Seremos protegidos do esgotamento mental, graças ao repouso dado pelo Senhor e encorajamento dos outros crentes. Os santos serão vivificados e se animarão. Os dons fluirão como parte da vida normal da assembléia que edifica e evangeliza.

Cada membro de semelhante ekldêsia poderá ser uma testemunha poderosa (At 1.8), tendo profunda afeição filial ao Senhor e temendo entristecê-lo ou magoá-lo. A demonstração do poder de Deus será a função normal da sua comunidade (At 4.33), que gozará do favor e respeito de todos, e ao seu número haverá um incremento diário, à medida que as almas forem sendo salvas (At 2.47),
Amém! Assim seja. Que a Igreja realize o seu potencial e alcance o mundo!

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Teologia Sistemática – Stanley M. Horton

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