quarta-feira, 28 de março de 2012

Apocalipse, a revelação de Jesus Cristo

Apocalipse, a revelação de Jesus Cristo 

Texto áureo = “Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o fim esta próximo” (Ap 1.3)

Introdução 

O livro de Apocalipse, escrito por João o discípulo amado, possui em seus escritos as maiores revelações sobre Cristo e a sua Igreja no Novo Testamento. Caracteriza-se por apresentar uma série de eventos de grande magnitude, composto por visões, revelações e profecias. A lição deste trimestre traz mais luz sobre este assunto fascinante. A vitória da Igreja nestes últimos dias depende exclusivamente de estar apercebida e preparada para aquele grande dia (Lc 12.40; Mt 24.44).

1 - O Autor do livro 

       Para se entendermos o momento histórico no qual viveu o nobre apóstolo, é preciso compreender que após a diáspora judaica, do ano 70 da nossa era, pouco é revelado nos textos bíblicos sobre os governos daquele período. Na trajetória histórica dos imperadores romanos podemos identificar um pouco da vida do apóstolo João. O apóstolo sofreu o desterro para ilha de Patmos onde ele teve a revelação do livro de apocalipse. Do ano 70 até ao ano 95 o império romano teve muitos imperadores, e cada um teve papel importante na história da igreja. 
       
      1.2 Tito Flávio Vespasiano  (Vespasiano)

       Após a morte de Nero surge no comando do império romano Vespasiano, que se tornaria imperador entre os anos de 69-79. Importante imperador romano nascido em Falacrina, também grafado na forma latina como Caesar Vespasianus Augustus, o fundador da dinastia Flávia, e que através de uma enérgica política pôs fim às guerras civis que assolaram Roma após a morte de Nero e promoveu a unidade interna do império. Foi designado por Nero para reprimir uma rebelião dos hebreus na Judéia (67). Conquistou toda a Judéia, exceto Jerusalém.
 
Com a morte de Nero (68) voltou a Roma, deixando seu filho Tito no cerco a Jerusalém. A cidade de Roma perde estabilidade política e fica perto de uma guerra civil. Proclamado imperador (69) pelas legiões egípcias, seguidas pelas da Síria e da Judéia e com o apoio de Muciano, combateu e venceu as forças de Vitélio, que foi derrotado e assassinado. Devido à sua origem humilde, operosidade e simplicidade, tornou-se muito popular e, em função deste prestígio, o Senado lhe delegou poderes excepcionais. Promoveu a estabilidade política e revitalizou a economia imperial por meio de rigorosa reforma tributária, desenvolveu um vasto programa de obras públicas como a restauração do Capitólio e o início da construção do Coliseu.

            1.3 Tito Flávio Vespasiano (Tito)

           Imperador romano nos anos de 79-81, provavelmente nascido em Roma, filho mais velho e sucessor de Tito Flávio Vespasiano, que terminou a construção do Coliseu, obra iniciada por seu pai. Foi indicado comandante de uma das legiões comandadas por seu pai na Judéia. Demonstrou notável bravura, e assumiu o comando da guerra quando seu pai foi proclamado imperador (69) adquirindo grande prestígio militar, após sufocar a Revolta Judia. Foi responsabilizado pelos judeus pela destruição de Jerusalém (70). Durante o reinado de Vespasiano, participou do poder imperial, ocupou sete consulados e comandou a guarda pretoriana. Morreu em Roma e durante seu curto reinado ocorreu à catástrofe do Vesúvio (79) e Roma sofreu um grande incêndio e foi atacada pela peste. 

     1.4 Tito Flávio Domiciano Augusto ( Domiciano)

         Imperador romano (81-96) nascido em Roma, considerado o último imperador da Dinastia Flávia e cuja política centralizadora e a atitude tirânica, semeou o terror entre os habitantes de Roma, e tornaram seu governo extremamente impopular. Segundo filho de Tito Flávio Vespasiano, e sucessor do irmão mais velho Tito Flávio Vespasiano, o filho, limitou os poderes do Senado, irritando ainda mais os senadores ao acumular os títulos de cônsul (82-88) e de censor perpétuo (85-96). No campo militar obteve grandes vitórias como a conquista da Grã-Bretanha. Construiu uma fronteira fortificada ao longo do Danúbio e firmou uma paz vantajosa com os dácios

Negativamente desenvolveu a repressão política e as perseguições contra Cristãos e Judeus que aterrorizaram toda a população. Foi no período do governo de Domiciano, segundo a tradição, que o apóstolo João foi desterrado para a ilha de Patmos. Domiciano morreu assassinado (96), vítima de uma conspiração palaciana da qual aparentemente participou sua própria mulher.

       1.5 Marcus Cócio Nerva (Nerva) 

            Imperador romano entre os anos de 96-98 nascido em Umbria, eleito pelo senado após o assassinato de Domiciano, em apenas dois anos de governo notabilizou-se como administrador justo e introduziu reformas liberais tornando-se um dos governantes mais queridos da história imperial, embora não tenha tido apoio militar. Sua carreira política sustentou-se na lealdade e respeito ao senado. Não se conhecem experiências militares ou nomeações para governos provinciais em sua carreira, ele permaneceu decididamente leal ao Senado. Por sua idade, sua dignidade e o fato de não ter filhos, não havendo, pois, perigo de que ele fundasse uma dinastia ou adotasse os métodos autocráticos, foi escolhido imperador provisório (96) em substituição a Domiciano. Em suas reformas liberais, permitiu que os exilados voltassem e foi proclamada a liberdade, a libertas. Segundo John Fox, em o Livro dos Martires, foi no governo de Nerva que o apóstolo João ganhou a liberdade e pode sair da ilha de Patmos.

2.0 O livro de Apocalipse

Considerado um livro profético, o livro de Apocalipse, torna-se o único entre os do novo testamento. Escrito numa época de grandes mudanças, o livro escrito por João, o discípulo amado, tem muitas características próprias. Valendo-se de uma linguagem um pouco diferente das utilizadas nos seus escritos anteriores, o livro é marcado por uma série de eventos futuros e utiliza vários elementos figurados.
Para maioria dos leitores da Bíblia, o livro de Apocalipse é de difícil compreensão e interpretação nos dias hodiernos. Levando em consideração o texto escrito por João, para aquele período, a escrita proposta era de fácil percepção para os cristãos.

  É evidente que muitos teóricos, que utilizam este livro em seus comentários criaram várias interpretações sobre seu conteúdo. Mas para isso a lição deste trimestre ira nos revelar muitas e maravilhosas bênçãos sobre nossas vidas (Dt 29.29). Revelado ao apóstolo João ainda em Patmos, o livro trata de uma serie de visões e revelações que estavam acontecendo, que aconteceria num futuro próximo e viriam a acontecer (Ap 1.1,19; 22.6).  

O versículo chave da lição de hoje diz; “Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o fim esta próximo” (vers.3). Ao começar relatar a sua carta, pois o este livro assim pode ser definido, a preocupação do SENHOR é justamente voltadas às pessoas que poderia ser alcançar por aquelas palavras. Numa sociedade pobre, onde João vivia, predominava a oralidade. O texto diz bem aventurado aquele que lê, numa referência aos que alcançasse a oportunidade de ter em suas mãos os seus escritos, estes por sua vez, seriam provavelmente uns números muito reduzidos de crentes e também a escassez de exemplares. Por conseguinte os ouvintes seriam maioria, e a divulgação da palavra era constante e não era contida pelas prisões e perseguições (2 Tm 2.9). Sabemos que foi diante das grandes perseguições que o evangelho alcançou os lugares mais distantes. E ainda um terceiro grupo de pessoas, que são os que guardam as palavras em seus corações e as cumprem (Tg 1.22). 

Escrito entre os anos de 90 e 96 d.C, o livro é muito fascinante. Coberto por um tema escatológico o seu conteúdo tem levado a muitas interpretações e considerações, muitas vezes errôneas sobre o seu conteúdo. Escrito num período conturbado, no princípio do cristianismo, o livro é composto por uma serie de figuras, imagens, visões e revelações. Ao tempo que existe na sua composição uma série de eventos de grande magnitude esses por sua vez segue certa ordem cronologia. A proposta do livro é revelar à humanidade as coisas que vão para acontecer, tanto na terra o mundo físico, como nos céus, mundo espiritual. 

O livro do apocalipse é também considerado o único livro profético em o Novo Testamento. A palavra grega utilizada por João (αποκαλυψις) definida como revelação, traz em seu bojo toda uma carga profética  revelada pelo próprio Cristo para sua igreja.


3.0  Esboço do conteúdo do livro 

O livro tem início com a visão do Cristo ressurreto, enviando uma mensagem as sete igrejas que estão localizadas na Ásia; Éfeso, Esmirna, Pergamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia,( cap. 1-3) todas estavam sobre o governo romano. Todas estas igrejas são repreendidas pelo SENHOR nos pontos em que falharam, mas todas são encorajadas a procurarem a restauração. 

O livro pode também ser dividido em quatro visões de João;
Primeira visão;
Cristo e a Igreja, 1:9-3:22
A representação as presença Sacerdotal, 1; 9-20
Cartas as Sete Igreja, 2: 1-3:22
Segunda visão
Cristo e o mundo, 4:1-16:21
Comissão do Cordeiro, 4: 1-5:14
Quebrando os Sete Selos, 6:1-17; 8:1-5
Parêntese, 7: 1-17
A selagem dos 144.000, 7: 1-8
A multidão Incontável, 7: 9-17
As Sete Trombetas, 8:6-11:19
O toque das Trombetas, 8:7-9:21; 11:15-19
Um parêntese o Livrinho, 10: 1-11
A medição do Templo, 11:1,2
As duas Testemunhas, 11:3-14
Os Sinais, 12: 1-4:20
A Mulher, 12: 1-3,6,14-16
O Dragão, 12: 3,4,7-13,15-17
O Menino, 12:5
Miguel, o Arcanjo, 12:7
A Besta saída do Mar, 13: 1-10
A Besta saída da Terra, 13:11-18
O Cordeiro no Monte Sião e Seus Seguidores, 14:1-5
Parêntese: os Anúncios Angelicais, 14: 6-20
As Sete Taças, 15:1-16:21
Os Santos que Cantam, 15:1-4
Julgamento, 15: 5-16:21
Terceira visão
A queda da Babilônia, 17:1-18:24
A Resposta do Céu, 19: 1-10
A vitoria sobre as Bestas, 19:11-21
O Reino Milenar, 20:1-6
Conflito e Juízo Finais, 20:7-15
Novos Céus e Nova Terra, 21:1-8
Quarta Visão
Cistos e a Eternidade, 21: 9-21
Uma Nova Vida com Deus e o Cordeiro, 21: 22-22:5
EPÍLOGO: A chamada de Cristo, 22:6-21
Chamada a obediência, 22: 6-11
Chamada ao Trabalho, 22:12-15
Chamada ao Amor, 22: 16-20
Benção, 22:21 (Bíblia de estudos Vida Nova 1996)

4.0 A Ilha de Patmos

Sobre a Ásia os gregos, no sec. III a.C,  poderia ser o continente asiático, centralizada em torno de Éfeso uma das cidades mais proeminente do continente naquele período. Em 133 a.C caiu sobre o governo do império Romano, e toda esta área foi subsequentemente organizada como província e todas as ilhas ao seu entorno, que incluía toda a costa ocidental da Ásia Menor.  

No período do Novo Testamento, as principais cidades gregas, que outrora haviam sofrido com as opressões romanas, agora encontram novo ambiente para seu crescimento no governo de Augusto. A organização dessa região política estava diretamente ligada a Roma. O cristianismo foi somente estabelecido neste período, e nos grandes centros políticos como Pergamo, Esmirna e Éfeso, e encontram-se vestígios históricos também nas cidades citadas no livro em estudo. 

            Patmos uma pequena ilha do Dodecaneso, que ficava cerca de 50 km afastada da Ásia Menor. Segundo alguns escritores, o apóstolo João tenha sido banido para esta ilha por alguns meses, próximo ao ano de 95 dC, tendo estado anteriormente em Éfeso. Tudo levar a acreditar que ele escreveu o Apocalipse nesta ilha (Ap 1.9). A ilha tem cerca de 13 km de comprimento com largura de aproximadamente 5,5 km. Tendo em sua paisagem colinas vulcânicas e mares circundantes. Essa ilha era usada para receber os presos do império romano. Atualmente a ilha pertence à Grécia.

5.0 As várias interpretações sobre o livro de Apocalipse
.
Existem pelo menos quatro principais interpretações a serem consideradas em relação ao livro de Apocalipse. 

5.1 O ponto de vista Preterista.

Considera o livro como acontecimentos passados. Entendem que devido às condições dentro do império romano e seus governantes no primeiro século. Consideram o uso das visões tidas por João, argumentando que direcionavam para o império daquele período como senda a forma do mal. E usando uma linguagem simbólica protesta contra o mesmo mostrando o descontentamento de Deus e que Ele intervinha diretamente. Eles manipulam as datas para tudo, tornando as profecias bíblicas em história, mas No livro ainda existem muitas para cumprirem ( Ap 1.3; 22.7,10,18,19.)

5.2 O ponto de vista Histórico.

Refuta o livro como escrito dentro dum panorama histórico daquele período. Usando o próprio tempo do autor com um tempo final. Existe a indicação desses autores de interrupções nos episódios que ocorrem no livro. Outros necessariamente oferecem uma história continua. Essas opiniões eram aceitas por muitos reformadores aos quais identificava Roma como a besta. No entanto acreditam que grande parte dessas profecias já se cumpriram e que  outras ainda estão se cumprindo neste tempo. 

5.3 O ponto de vista futurista.

Asseguram que a partir do capitulo quarto, o livro se refere apenas aos acontecimentos do fim dos tempos. Neste ponto o livro não faria referência ao tempo vivido pelo autor, ocupando apenas os eventos relacionados à segunda vinda de Cristo. 

 Consideram que o arrebatamento da igreja pode ser a qualquer momento, vindo após a grande Tribulação sobre Israel e as nações da terra. Dentre os futuristas existem aqueles que acreditam que a igreja passará pela Tribulação. E conta a seu favor que os acontecimentos levaram ao inegavelmente governo final de Deus, e ao menos parte do livro se refere aos últimos dias.

5.4 O ponto de vista idealista ou poético.

Este ponto insiste que o livro diz respeito aos cristãos sofredores que deverão suportar até o fim os sofrimentos. Entende o uso de simbolismo no livro de Apocalipse, e acretidam que essas visões, revelações, são descrições imaginativas sobre o triunfo de Deus sobre as forças de satanás. 

Contudo nenhum destes argumentos teóricos completa em si só a necessidade que compreende verdadeira interpretação do texto escrito. Não distante, o bom discernimento para o entendimento das profecias bíblicas vê o livro como um farol que alumia a igreja através da sua história. A sua linguagem simbólica que mantém na escuridão ainda boa parte de todos os escritos de João, torna a igreja compromissada com a palavra de Deus e uma constante busca pela santificação, lembrando sempre que o fim esta muito próximo ( Ap 3.11).

Conclusão

A lição deste trimestre tem muito a nos ensinar. Que o bom Espírito Santo nos faça entender as verdades reveladas nas cartas escritas as Sete Igreja da Ásia. Somente um coração fervoroso que almeja entender as preciosas promessas deste livro pode desfrutar do seu conteúdo. 

Evang. Juarez Alves Perira

Bibliografia

BOYER Orlando, Pequena Enciclopédia Biblica. Rio de Janeiro, CPAD.
FOX John, O Livro dos Martires, Trad. Marta Doreto de Andrade e Degmar Ribas Júnior. Rio de Janeiro, CPAD 2001.
JOSEFO Flavio, Historia dos Hebreus. Trad. De Vicente Pedroso. Rio de Janeiro, CPAD, 199O. 
HENRY Matteu, Comentário Bíblico, Trad. Degmar Ribas Júnior. Rio de Janeiro, CPAD 2002.
Novo Testamento Interlinear Grego-Português, Sociedade Bíblica do Brasil. São Paulo 2004.

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