domingo, 27 de junho de 2010

DIREÇÃO ATRAVÈS DE PROFECIA

DIREÇÃO ATRAVÈS DE PROFECIA

Atualmente quando a Igreja está redescobrindo o maravilhoso ministério dos dons espirituais, muitos cristãos têm lido a experiência de alguém profetizar para eles. Isto usualmente ocorre durante uma reunião de oração, ou em reuniões de pequenos grupos quanto ao futuro doutro crente. Aquele que fala pode iniciar sua predição por dizer: “Assim diz o Senhor”, e então prosseguir dizendo aquilo que ele ou ela crê Deus lhe está revelando que fale para outrem.

Compreensivamente, isto é um momento muito solene e crítico na vida dum cristão. Se é verdadeiramente Deus que nos fala, seja por quem quer que seja, nós não devemos ignorar ou desobedecer-lhe. Às vezes, irmãos novos convertidos nos perguntam: “Como podemos ter certeza de que é realmente Deus quem está nos falando? Deus nos dirige (pessoalmente) por profecia na atualidade?”

Primeiramente devemos reafirmar que Deus fala a seu povo através do ministério dos dons espirituais. Ele não está confinado à sabedoria e aos talentos naturais dos homens. Ele quer comunicar-se direta e sobrenaturalmente conosco pela inspiração do Espírito Santo e deste modo fortalecer-nos espiritualmente. Ele nos dá instrução específica nas Escrituras como isto pode acontecer, particularmente em 1 Coríntios capítulos 12 e 14.

Mas, mesmo sendo isto verdade, têm havido trágicos casos em que cristãos têm sinceramente seguido a direção que lhe foi dada por profecia e têm obtido resultados desastrosos. Locais de residências e empregos têm sido mudados, sociedades têm sido estabelecidas e outras cruciais decisões têm sido feitas que se têm provado fora da vontade de Deus. Como reconciliar tais fracassos com a frase inicial: “Assim diz o Senhor?”

Nós devemos primeiramente entender o que é profecia. Usualmente pensamos com respeito ao dom da profecia e do ministério de profeta como tendo o que fer com predição do futuro. No Velho Testamento, particularmente encontramos expressivo acervo de predições sobre eventos futuros nos escritos dos profetas. E a veracidade daquilo que eles predisseram, é a expressa confirmação da origem divina de suas mensagens e da Bíblia como um todo. Jesus fez muitas predições dramáticas e excitantes, e outras partes do Novo Testamento também contêm profecias concernentes a eventos futuros.

No entanto, no conteúdo geral das Escrituras, o elemento profético com sentido de predição do futuro é relativamente a menor parte. A mensagem dos profetas do Velho Testamento era primariamente uma mensagem de edificação para o momento, do que uma predição quanto ao futuro. Eles repetidamente chamavam os filhos de Israel a lembrarem-se de Deus, de sua lei e de seu concerto com eles, e a se arrependerem de seus pecados, se voltarem ao amor original e a servirem a seu Deus.

Quando chegamos ao conhecimento do modo como a profecia deve funcionar atualmente, em nossas igrejas, temos como fonte primária de ensino 1 Coríntios capítulo 14, onde Paulo nos diz que a profecia é dada para edificação, exortação e consolação (v. 3). Deste modo, quando alguém profetiza, o pecador presente é convencido, e os segredos de seu coração são manifestos (v.25). Em verdade, não há ensino expresso neste capítulo indicando que uma das funções do dom de profecia seja predizer o futuro.

O único incidente de profecia predizendo o futuro, existente no Novo Testamento, à parte do ministério de Jesus e dos apóstolos, aparece próximo ao fim do ministério de Paulo (Atos 21.10-14). Um genuíno e reconhecido profeta de nome Á- gabo, avisou a Paulo que em Jerusalém lhe esperavam prisão e julgamento. Os amigos de Paulo concluíram que esta profecia era um claro aviso divino, dirigindo o apóstolo a não subir a Jerusalém. Mas Paulo conhecera desde os primeiros dias de sua vida cristã, que Deus tinha planejado para ele a missão de testemunhar de sua parte perante os governantes gentios, mesmo que isto significasse sofrimentos e mesmo a própria morte física.

Sempre há alguém sugerindo que Paulo houvesse saído da vontade de Deus por aparentemente ignorar a mensagem profética. Mas, não há absolutamente justificativa para tal conclusão. Se Paulo houvesse errado, não havia possibilidade para que Deus lhe permitisse permanecer no ministério apostólico tão aprovado por Deus como claramente indicado no relato histórico de Lucas. Deste modo, Paulo reconheceu a profecia de Ágabo como um sinal e segurança de que Deus estava consigo. Nada lhe aconteceria fora do controle de Deus. A profecia de Ágabo era verdadeira. Mas Paulo estava certo em rejeitar a conclusão de seus amigos, quando lhe afirmavam que Deus não queria que ele subisse a Jerusalém. Para Paulo, assim como para Jesus, a vontade de Deus envolvia sofrimento. Portanto, a oração de seu. amigos foi respondida: “Faça-se a vontade do Senhor”.

A segunda verdade que sempre devemos ter em mente, é o fato de que há somente uma infalível fonte para nos indicar a verdadeira vontade de Deus, e esta fonte a Bíblia Sagrada. Qualquer profecia enunciada por um irmão não importa quão sincera ou autoritativa ela possa soai, não deve ser aceita indiscriminadamente como genuína mensagem de Deus. A Bíblia é absolutamente clara em insistir que essas mensagens devem ser julgadas. Nós devemos “provar os espíritos se são de Deus, porque muitos falsos profetas têm saido pelo mundo”, (1 Jo 4.1). Paulo nos instrui em 1 Co 14.29:

“Falem dois ou três profetas e os outros julguem”.

Na Bíblia nós temos “a mais segura palavra profética de Deus” para guiar as nossas vidas: 2 Pe 1.18,19. Paulo prossegue dizendo-nos neste decisivo capítulo sobre a profecia: “Se alguém se considera profeta ou espiritual, reconheça ser mandamento do Senhor o que vos escrevo” (v.37).

Podemos propriamente admitir, com base neste texto, que todas as manifestações dos dons espirituais, especifica- mente o de profecia, devem ser avaliados à luz da inspirada revelação escrita. Outras revelações se provam dignas de confiança e são autorizadas à medida que estiverem em harmonia com a Bíblia. Nenhuma outra comunicação, seja escrita ou falada, pode reclamar infalibilidade, mesmo quando seus autores comecem por dizer: “Assim diz o Senhor”.

Isto nos conduz a outro importante assunto: “O discernimento de espíritos”, um dos nove dons espirituais da relação de 1 Co 12.8-10. À luz daquilo que tem sido observado, eu creio que este ministério deve ser exercido onde quer que a inspiração seja manifesta, tal como no exercício dos dons espirituais. “O discernimento pode ser visto em ação através de diferente. formas, às vezes como nada mais do que um amém” da parte dos outros congregados quando há um testemunho interno ou a convicção de que a manifestação que observamos é genuinamente vinda de Deus. Ocasionalmente, pode simplesmente ser uma expressão de acordo dum pastor ou dum cristão amadurecido que aquilo que foi dito está ou não de acordo com a Bíblia. Em cada caso a Pai 4. Deus ê a suprema autoridade. Como regra a direção dada por Deus, seja por profecia ou outro dom espiritual, deve ser considerada como a divina confirmação de sua vontade. Se Deus está guiando-nos a subir um degrau mais alto, que vai mudar a direção de nossa vida, deverá haver várias indicações para guiar- nos nesse rumo. O estudo da Bíblia, a oração, circunstâncias especiais, o aviso de um conselheiro piedoso, são alguns dos meios que Deus pode usar. A mais disto, ele pode usar algumas indicações proféticas concernentes a sua direção para nossas vidas. Mas tais pronunciamentos nunca devem ser tomados por si mesmos como a infalível fonte da revelação da vontade de Deus.

O Dr.Kenneth B. Birch é presidente do CENTRAL PENTECOSTAL COLLEGE de Saskatoon, Saskatchewan, Canadá. O artigo acima foi originalmente publicado pelo PENTECOSTAL TESTIMONY, órgão das Assembléias canadenses e transcrito pela revista PARACLETE das Assembléias de Deus dos Estados Unidos, versão que nos serviu de base a esta tradução.

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus

Revista Obreiro CPAD 1982

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