Advertências Contra Falsos Mestres
2 Pedro 2.1-22
Há muitas razões para darmos total atenção à inspirada Palavra de Deus. Uma das mais importantes é a presença de falsos mestres que nos querem privar de estarmos preparados mediante a obediência à verdade. Este capítulo enfatiza que o juízo de Deus está, e estará sobre estes, e sobre os que por eles são enganados. Deus sabe o que os falsos mestres farão (2 Pe 2.1-3), mas já demonstrou que também sabe como resgatar o santo, e julgar o incrédulo (2 Pe 2.4-9). Mostra-nos, por isso, o que ocorre quando os cristãos são confundidos (2 Pe 2.20-22).
1 - Deus Sabe o que Farão os Falsos Mestres
Os santos profetas de Israel tiveram de contender com os falsos profetas que surgiam no meio do povo (Mq 2.11; Ir 14.13-15; 5.31; 23.9-22; 29.9). Eles gritavam: “Assim diz o Senhor”, talvez mais alto que os mensageiros de Jeová. Incitavam o farisaísmo e o mundanismo. Negavam a mensagem divina. Mas os fatos provavam estarem eles completamente errados. Haja vista o que se deu em relação à Jerusalém. Diziam os falsos profetas que a cidade jamais seria destruída. No entanto, veio Nabucodonosor, e deitou-a por terra, demonstrando que a mensagem divina, na boca de Jeremias e de quantos haviam predito tal desgraça, era realmente a verdade.
Não devemos ficar surpresos se falsos mestres encontram-se entre nós. Pois os maiores inimigos de nossa fé não se acham entre os ateus e comunistas Estes atacam- nos de fora para dentro, mas os que se dizem cristãos, e não o são, o fazem de dentro para fora. Buscam introduzir secretamente na casa de Deus, heresias e opiniões que têm como alvo a perdição eterna. Não era o que se dava com as várias seitas e cultos surgidos nos primeiros séculos do Cristianismo? Hoje, além das seitas, estamos às voltas com os chamados modernistas, ou liberais, cujo criticismo destrutivo da Bíblia vem induzindo a muitos a negar o Senhor e Mestre que nos resgatou mediante o Calvário. Mas, ao negarem-no, trazem sobre si mesmos súbita destruição - a perdição eterna no lago de fogo. Embora julguem-se a salvo, não hão de escapar no dia do Juízo Final.
Pedro logo percebeu (2 Pe 2.2) que os falsos mestres teriam vasta influência. Muitos seguiriam seus caminhos perniciosos - conduta ultrajante e baixos padrões morais. Com os seus ensinamentos, zombam da verdade. Em sua linguagem abusiva e blasfema, desonram o nome de Deus. Os falsos mestres e profetas não se preocupam com o que pode acontecer aos seus seguidores. São movidos (2 Pe 2.3) não por Deus, nem, pelo Espírito Santo, mas pela cobiça - ignoram os direitos alheios. Com palavras falsas, forjadas em suas próprias mentes, fazem comércio de seus seguidores.
São profissionais que geram lucrativos negócios a partir de seus ensinamentos nocivos. Tudo o que fazem é para o próprio ganho. Sua sentença, porém, já está lavrada. Sua condenação não descansará; certamente virá.
II - Deus Sabe Como Resgatar o Justo e Julgar o Pecador
Os falsos mestres negam a idéia do inferno e da punição eterna. Mas o Juízo Final não é nenhum pesadelo ou sonho, mas algo que Deus preparou para julgar a humanidade. Três ilustrações são usadas aqui (2 Pe 2.5-8), não apenas para mostrar que o julgamento dos falsos mestres e profetas certamente virá, como também para trazer conforto e certeza aos que por eles são atacados. O Senhor livra da provação os piedosos, e reserva sob custódia o injusto até que o dia do julgamento traga sua punição (2 Pe 2.9).
Levemos em conta que Deus (2 Pe 2.4) não poupou nem mesmo os anjos que pecaram, mas lançou-os no inferno, e os pôs em cadeias - poço de trevas - onde aguardam o Julgamento Final. Alguns estudiosos, indevidamente, buscam relacionar tais anjos com os filhos de Deus mencionados em Gênesis 6. Só que os filhos de Deus, aqui mencionados, nada têm a ver com os anjos; eram os descendentes de Sete que se haviam desviado da verdade. Voltando ao assunto, deixamos claro que, se Deus tem um julgamento à espera dos anjos caídos, não há de ignorar os falsos mestres e profetas.
Deus também não isentou o mundo antigo da punição (2 Pe 2.5), embora o haja criado e declarado que tudo era bom (Gn 1.3 1). Antes enviou o dilúvio para punir os injustos (ver Gn 6.6,7). Noé, porém, o proclamador da justiça divina, foi preservado pelo Justo Senhor. Deus soube como salvá-lo e protegê-lo.
O mesmo se deu em Sodoma e Gomorra (2 Pe 2.6). Ambas as cidades foram condenadas à ruína, demonstrando a certeza do juízo divino sobre todos os que vivem de forma injusta e irreverente. Mas Ló (2 Pe 2-2.7) era justo.
Achava-se atormentado em conseqüência da conversa imunda e do viver ultrajante, indecente e lascivo daquela gente. Jamais se acostumara àquele estilo de vida. Sua alma piedosa era torturada constantemente por tudo aquilo (2 Pe 2.8). Todavia, Deus o resgatou, pondo- o a salvo da destruição que logo se abateria sobre Sodoma, Gomorra e outras cidades vizinhas. Estejamos certos de uma coisa: Deus sabe como nos resgatar da opressão do mal, da imundície e das pressões que nos fazem “os homens perversos e impostores que irão de mal a pior, enganando e sendo enganados” (2 Tm
3.13).
III - Falsos Mestres e Seus Métodos
Sim, os falsos mestres e profetas serão julgados. Pedro, agora, passa a descrevê-los (2 Pe 2.10). Vivem os tais segundo a carne e em imundas paixões; menosprezam as autoridades, sejam estas divinas ou humanas.
Em sua presunção, não temem falar do mal e blasfemar das gloriosas forças angelicais. Como sua vida não tem freios, sentem-se livres para escarnecer da santidade divina, dos anjos e das demais coisas espirituais que jamais lograram entender.
Quão diferente é a atitude dos anjos (2 Pe 2.11). Embora maiores em força, não ousam fazer acusações afrontosas contra os tais diante de Deus. Miguel, por exemplo, mesmo sendo o arcanjo, não proferiu juízo infamatório ao contender com o diabo (Jd 9). Em lugar de maldizer o tentador, uma só palavra é encontrada em seus lábios: “O Senhor te repreende” (Zc 3.2).
A falta de entendimento (como o grego de 2 Pe 2.12 indica) é gerada por uma ignorância obstinada. Os falsos mestres e profetas não tinham conhecimento pessoal das coisas espirituais, por haverem rejeitado a eficácia do sangue de Cristo. Embora se declarem líderes espirituais, sua real preocupação é com as coisas materiais; seu único desejo é satisfazer os apetites da carne. Dizem-se intelectuais, mas agem como animais irracionais; são bestas brutas sujeitas à captura e à destruição. Eis o seu lema: “Comamos e bebamos, que amanhã morreremos” (1 Co 15.32). Em sua corrupção, destruir-se-ão a si mesmos, recebendo a recompensa de sua iniqüidade, “porque o salário do pecado é a morte” (Rm 6.23).
IV - Como Balaão
Os falsos mestres também (2 Pe 2.15) abandonam a senda dos justos, e afastam-se da verdade. Trilham assim o caminho de Balaão, que resolveu apegar-se ao galardão da iniqüidade. Seus intentos, porém, foram desmascarados (2 Pe 2.16), sendo ele repreendido pela jumenta. Voltemos ao capítulo 22 de Números. Os israelitas, na fase final de sua viagem à Terra Prometida, circundando Moabe, acamparam-se no vale do Jordão, defronte a Jericó. Desse lugar, movimentaram-se rumo ao norte, e conquistaram Seom, rei dos amorreus, em Gileade; e Ogue, rei de Basã. O rei Balaque, de Moabe, ao assistir toda essa movimentação, teve o bom senso para perceber que Israel obtinha suas vitórias não por causa da excelência de seus exércitos, mas porque Deus os abençoava, conduzindo-os de triunfo em triunfo.
Balaque temia que Moabe fosse a próxima conquista de Israel. Mas os seus temores eram infundados, porque Deus havia instruído a Israel que o deixasse em paz (Dt 2.9). Como Balaque não sabia disso, resolveu lutar contra Israel. Todavia, como vencer o povo de Deus? Havia somente um jeito. Encontrar alguém que pudesse desviar os favores divinos de Israel. Assim, ordenou trouxessem, da região do Eufrates, a Balaão. Em seguida, exigiu que o profeta amaldiçoasse o arraial hebreu. Através da jumenta, porém, o Senhor advertiu a Balaão que o não fizesse (Nm 22.35).
Embora dissesse ser Yahweh o seu Deus (Nm 22.18), ele demonstrou ser ainda levado por atitudes pagãs. Pois instruiu a Balaque a oferecer vários sacrifícios, em lugares predeterminados, como o faziam os idólatras. O que ele buscava, desde o início, era de fato forçar a Deus a amaldiçoar a Israel. Mas, ao invés de amaldiçoar os israelitas, o Senhor os abençoou ainda mais. Aliás, foi o próprio Balaão quem proferiu a belíssima profecia acerca da estrela que procederia de Jacó (Nm 24).
Não obstante, Balaão arranjou uma maneira de amaldiçoar a Israel e, assim, arrancar dinheiro a Balaque. Ele induziu a este a introduzir prostitutas moabitas no arraial hebreu, para que seduzissem aos israelitas. E, dessa forma, a maldição cairia sobre eles. E o relato subseqüente mostra que Balaão estava certo (Nm 25.1-5; 3 1.16). Ele, pois, usou o conhecimento que tinha da natureza de Deus para obter vantagens pessoais (1 Tm 6.5).
V - Meros Profissionais
Pedro descreve ainda os falsos mestres como meros profissionais, pois nada têm a oferecer de real ao rebanho de Cristo. Eles são fontes sem água (2 Pe 2.17). Todavia, nós possuímos os “rios de água viva” (Jo 7.38). Eles não possuem a verdadeira fé, nem podem transmitir a vida que nos vem do Espírito Santo. São também nuvens impelidas por súbitas borrascas, por isto lhes estão reservadas as trevas exteriores. Eles proferem palavras arrogantes a fim de cativar seguidores (2 Pe 2.18). Usam como atrativo a sensualidade da carne. Suas vítimas prediletas são os novos convertidos.
Mas a este respeito a advertência de Cristo é severa: “E quem receber urna criança, tal como esta, em meu nome, a mim me recebe. Qualquer, porém, que fizer tropeçar a um destes pequeninos que crêem em mim melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço urna grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar” (Mt 18.5,6).
A liberalidade é a grande promessa que os falsos mestres e profetas fazem aos incautos (2 Pe 2.19). Entretanto, eles mesmos são escravos da corrupção. Afinal, daquele “de quem alguém é vencido, do tal faz-se também servo”. Paulo enfatiza que a liberdade cristã não significa indulgência para com a carne, O Senhor espera que andemos “em novidade de vida”, reconhecendo que a velha natureza já está crucificada com Cristo, e que, doravante, não mais sirvamos ao o pecado (Rm 6.4,6).
Já naqueles dias, os falsos profetas ensinavam ser graça de Deus tão admirável que os crentes podiam andar como melhor lhes agradasse, sem que isso afetasse seu relacionamento com Cristo. Noutras palavras: usavam a graça de Deus como justificativa para as suas imoralidades, esquecidos de que a Palavra de Deus recomenda: “Aparte-se da injustiça todo aquele que professa o nome do Senhor” (2 Tm 2.19).
Eis o que recomenda ainda Paulo: “Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?” (Rm 6.1-16). O salário do pecado continua sendo a morte, e Deus espera que seus servos produzam o fruto da santidade (Rm 6.22,23; Is 59.2 e 20.21).
Muitos dos que hoje se dizem crentes, alegam que é melhor não vivermos vidas santas para que jamais venhamos a confiar nas boas obras. Um escritor chegou a dizer que, se realmente confiamos na graça de Deus, devemos cometer algum pecado grave, de vez em quando, para fazermos o diabo reconhecer que Deus é capaz de purificar-nos. Tal idéia é falsa, pois a Bíblia nos ensina a “negar a impiedade e as paixões mundanas”, para que vivamos no presente século “sensata, justa e piedosamente” (Tt 2.12).
Ministros evangélicos chegam ao absurdo de aprovarem publicamente o homossexualismo e o sexo pré-marital. Por certo eles se esqueceram de que há um lugar reservado, no lago do fogo, para os que persistirem na imoralidade (Ap 22.8; Rm 1.26-37). Outros mostram-se mais sutis, dizendo que não há perigo algum nesses peca- dos, e até insinuam que devemos diminuir um pouco nossos padrões, um pouco aqui e um pouco ali. Mas verdade é esta: “Não sabeis que aquele a quem vos ofereceis como servos para obediência, desse mesmo a quem obedeceis sois servos, seja do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?” (Rm 6.16).
VI - O Estado dos Crentes que se Misturam com os Falsos Mestres
O pecado é verdadeiramente uma servidão, e traz consigo o próprio castigo. Haja vista o que acontece com os falsos profetas e suas vítimas. Terminam num estado simplesmente lastimável; pior que antes (2 Pe 2.20). Os pecadores que jamais ouviram o Evangelho, têm maior esperança de arrependimento do que aqueles que, embora tendo-o um dia conhecido, apostataram da fé. São cães que voltaram ao próprio vômito (2 Pe 2.22). Essa ilustração pode não ser agradável, mas descreve muito bem o estado de quem abandona a verdade de Cristo. Pedro insta-nos a que nos afastemos dos falsos mestres, para que não sejamos vítimas de suas manobras. Estejamos, pois, sempre prontos para apresentarmos as razões da esperança que há em nós.
Por:- Ev. Isaias Silva de Jesus
Comentário Bíblico 1 e 2 Pedro Stanley M. Horton
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