quinta-feira, 8 de julho de 2010

O NASCIMENTO DE JOÃO BATISTA

O NASCIMENTO DE JOÃO BATISTA

Lucas escreve sua história, depois de se informar “minuciosamente de tudo desde o princípio’ v.1. Foi seu alvo levar seus leitores a ter plena certeza da Mensagem divina, v.4. Começa, portanto, narrando os acontecimentos na ocasião do nascimento do precursor de Cristo, João Batista, cuja vinda foi profetizada pelo último profeta do Velho Testamento, cap. 1.1-4.

1. O PREFÁCIO DE LUCAS AO SEU EVANGELHO, 1.1-4.

Essa introdução é uma verdadeira jóia da língua grega, em que o livro foi escrito, e merece a nossa solene meditação. E como se entrássemos no gabinete de um célebre historiador que nos mostrasse importantes documentos, preciosos manuscritos, livros raros e tudo que empregasse para produzir uma obra verídica, útil, prática e que há de adquirir grande fama através dos séculos.

1.1- “Tendo, pois, muitos empreendido pôr em ordem a narração dos fatos que entre nós se cumpriram,

2 - “segundo nos transmitiram os mesmos que os presenciaram desde o princípio e foram ministros da palavra,

3 - “pareceu-me também a mim conveniente descrevê-los a ti, ó excelentíssimo Teófilo, por sua ordem, havendo-me já informado minuciosamente de tudo desde o princípio

4 - “para que conheças a certeza das coisas de que já estás informado.

Todo, pois, muitos empreendido... (v.1): Havia findado uma vida extraordinária e gloriosa, por morte trágica. O Morto ressuscitara. Aconteciam coisas sensacionais que não somente ocupavam a mente do povo, mas levavam muitas pessoas a narrar tudo por escrito. Mas o que escreviam não era suficiente - não incluía tudo que era essencial, ou não o registrava corretamente, ou, certamente, não tinha o Elemento indispensável que somente a inspiração do Espírito Santo pode suprir. Se havia tantas obras apócrifas, isto é, não autênticas, no tempo de Lucas, não é de admirar se ainda existem algumas.

Segundo nos transmitiram os mesmos que o presenciaram... (v.2): Jesus ressuscitado “foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos’ 1 Co 15.6. Os apóstolos testificaram do que ouviram com seus ouvidos, do que viram e contemplaram com seus olhos, do que apalparam com suas mãos, 1 Jo 1.1,2. Essas coisas não acontecem em um canto escondido e muitos fiéis servos de Deus queriam narrá-las em ordem. Homens santos da antigüidade falaram inspirados pelo Espírito Santo (2 Pe 1.21), esses homens da nova dispensação falaram inspirado pelo Cristo vivo entre eles. A grande salvação, que no inicio foi anunciada pelo Senhor, foi- nos confirmada pelos que a ouviram, Hb 2.3.

Se estas coisas foram aceitas como verídicas no tempo de Cristo e dos apóstolos, qual a base para rejeitá-las atualmente? Se foram provadas na fornalha do tempo em que foram feitas, fornalha que ardia sete vezes mais do que hoje, qual a desculpa para desprezá-las

O excelente Teófilo (v.3): Conforme o original, Lucas deu o mesmo titulo a Teófilo que deu depois a Festo, At 26.25. Isto indica que “Teófilo” não era apenas uma expressão que usou, querendo dirigir sua obra a um “amigo de Deus”. É mais provável que Teófilo era uma personagem de posição e influência, talvez um governante romano

Havendo-me já informado minuciosamente de tudo... (v.4); Não têm razão os que ficam contra a instrução das coisas ensinadas nas Escrituras. A ignorância não é “a mãe da santidade.” A instrução, quando feita no poder do Espírito Santo, não extingue o Espírito Santo, mas fornece a verdadeira base para a obra do Espírito Santo. O Evangelho oferece-nos tanto a certeza como a salvação. Contudo quantos crentes conhecem a certeza das coisas em que foram instruídos?“Irmãos, procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição.” 2 Pe 1.10.

II. PREDIÇÕES REFERENTES AO PRECURSOR DO MESSIAS, 1.5-23.

Fora do reino de Deus nunca houve homem maior que João Batista. Lucas inicia seu Evangelho dando sua biografia abreviada, mas pitoresca. A preciosa história, cheia de encanto e mistério, começa antes de nascer a criança destinada a ser o precursor de Cristo.

1.5 - “Existiu, no tempo de Herodes, rei da Judéia, um sacerdote, chamado Zacarias, da ordem de Abias, e cuja mulher era das filhas de Arão; o nome dela era Isabel.

6 - “E eram ambos justos perante Deus, vivendo irrepreensivelmente em todos os mandamentos e preceitos do Senhor.

7 - “E não tinham filhos, porque Isabel era estéril, e ambos eram avançados em

idade.

8 - “E aconteceu que, exercendo ele o sacerdócio diante de Deus, na ordem da

sua turma,

9 - “segundo o costume sacerdotal, coube-lhe em sorte entrar no templo do Senhor para oferecer o incenso.

10 - “E toda a multidão do povo estava fora, orando, à hora do incenso.

11 “Então, um anjo do Senhor lhe apareceu, posto em pé, à direita do altar do

incenso.

12 - “E Zacarias, vendo-o, turbou-se, e caiu temor sobre ele.

13 - “Mas o anjo lhe disse: Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João.

14 - “E terás prazer e alegria, e muitos se alegrarão no seu nascimento,

15 - “porque será grande diante do Senhor, e não beberá vinho, nem bebida forte, e será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe.

16 - “E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus,

17 - “e irá adiante dele no espírito e virtude de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos e os rebeldes, à prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto.

18 - “Disse, então, Zacarias ao anjo: Como saberei isso? Pois eu já sou velho, e minha mulher, avançada em idade.

19 - “E, respondendo o anjo, disse-lhe: Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado a falar-te e dar-te estas alegres novas.

20 - “Todavia ficarás mudo e não poderás falar até ao dia em que estas coisas aconteçam, porquanto não creste nas minhas palavras, que a seu tempo se hão de cumprir.

21 - “E o povo estava esperando a Zacarias e maravilhava-se de que tanto se demorasse no templo.

22 - “E, saindo ele, não lhes podia falar; e entenderam que tivera alguma visão no templo. E falava por acenos e ficou mudo.

23 - “E sucedeu que, terminados os dias de seu ministério, voltou para sua casa.

No tempo de herodes (v.5): Este foi Herodes, o Grande, rei da Judéia, de 39 a 4

AC. Herodes, o Grande, era o pai de Herodes Antipas, tetrarca da Galiléia de 4

AC a 29 AD. (degolou João Batista), e avô de Herodes Agripa 1, rei de 37 a 44 AD (mencionado em At 12.

Acerca de Herodes, o Grande, vede também os comentários sobre Mateus

2.1: o Evangelho do Rei.

Lucas faz menção de Herodes, rei da Judéia, para salientar o fato de que o cetro se havia apartado de Judá, e que era, portanto, o tempo de Siló, conforme a profecia de Jacó, Gn 49.10.

No tempo de Herodes (v.5): Fazia cerca de quatrocentos anos que Deus deixara de falar diretamente ao povo, isto é, não mais falara depois do tempo de Malaquias, o último profeta do Velho Testamento. Deus não falou mais, não porque não quisesse, mas porque o povo deixou de ouvir. Da mesma maneira, muitos em nossa época pensam que Deus Não faia mais porque não acreditam nem ouvem. Mas a profecia só desaparecerá na segunda vinda de Cristo, 1 Co

13 .8-10.

Um sacerdote chamado Zacarias (v.5): Não era sumo sacerdote, mas um que pertencia a uma das vinte e quatro turmas de sacerdotes. A turma de Abia era a oitava, 1 Cr 24.10. Cada turma exercia diante de Deus as funções sacerdotais no templo em Jerusalém, durante oito dias e duas vezes no curso de um ano. Os cabeças das vinte e quatro turmas são os “principais sacerdotes” mencionados repetidamente no Novo Testamento. Note-se o grande contraste entre o caráter do sacerdote, Zacarias, e os demais sacerdotes mencionados nos Evangelhos, os quais eram geralmente formalistas e perseguidores.

O pai de João Batista era da descendência de Arão. Jamais houve família honrada como a de Arão e a de Davi. Deus fizera promessa a Arão quanto ao sacerdócio, a Davi acerca do trono. Mas os descendentes, tanto de um como do outro, estavam completamente afastados das promessas. Nos últimos dias, porém, a honra foi restaurada na casa de Arão, com o nascimento de João Batista, e na casa de Davi, com o nascimento de Jesus Cristo.

Cuja mulher era das filhas de Arão (v.5): Os sacerdotes, conforme o historiador Josefo, casavam-se, somente, entre “as filhas de Arão, para conservar o prestígio do sacerdócio e guardá-lo sem mistura”.

Eram ambos justos perante Deus (v.6): Esse casal vivia irrepreensivelmente perante Deus. E uma das muitas provas da Bíblia que é possível viver irrepreensivelmente perante o Senhor. Sem dúvida, Zacarias e Isabel, não eram perfeitos em tudo, mas seu procedimento era como de filhos bem amados, e Deus não via neles coisa alguma para repreender. Felizes são as famílias que se esforçam por ter sempre consciência pura diante de Deus e diante dos homens

Havia, neste tempo, em redor de Zacarias e Isabel, a mais flagrante e profunda corrupção do matrimônio, como se descobre em Herodes e Herodias, e em Agripa e Berenice. Deus, contudo, podia dizer, como dissera de Noé: “Porque te hei visto justo diante de mim nesta geração’ Gn 7.1. Lembremo-nos de que “Quem pratica justiça é justo’ l Jo 3.7. Note-se, também, que Zacarias e Isabel não eram justos somente no seu modo de pensar, nem apenas diante dos olhos dos homens, mas diante de Deus

É grandemente significativo que neste lar, ambos os pais eram piedosos. A mãe não chorava a maneira de o pai viver desfazendo toda a sua santa instrução e bom exemplo; o pai não se penalizava pelos sentimentos mundanos da mãe que endurecia o coração do filho. Feliz é aquele que tem pais como os de João Batista e que se cria em tal lar. E de tais famílias que vêm os maiores vultos da obra de Deus.

Os jovens crentes não podem achar maiores riquezas e felicidades do que casar-se no Senhor, 1 Co 9.5; etc

E não tinham filhos (v.7): Ser privado de ter filhos é grande provação para qualquer família entre o povo de Deus. Os cônjuges não somente desejam filhos para amar, mas também andam filhos para a obra de Deus. (Vede v.25; Gn 15.2; 30.1,2,22,23; 1 Sm 1.2,10,11).

Note-se que não houve qualquer desavença entre Zacarias e Isabel por causa desta falta. Quando há falta no marido, ou na esposa, não há nisso desculpas para contenda entre os dois. Ser justo diante de Deus não é garantia de não se sofrerem grandes desapontamentos na obra de Deus.

Muitos dos heróis mais ilustres da Bíblia nasceram de mães que tinham passado longos anos sem ter filhos: Isaque, Jacó, José, Sansão, Samuel e João Batista.

Parece que Deus queria tornar o nascimento mais notável e a Sua bênção mais rica. Quando Deus deixa um filho esperar muito tempo a bênção pedida, é porque Ele tem uma lição especial para lhe comunicar.

A FELICIDADE DE UM LAR PIEDOSO:

“Ambos eram justos...”

1) Este casal judaico reconhecia a mão de Deus em todos os acontecimentos da vida, v.8.

2) Naturalmente isto foi porque oravam por tudo, v.13.

3) Era um lar livre da miséria produzida por bebida forte e que assola tantos lares atualmente, v.15.

4) Suas vidas eram irrepreensíveis. Eram aplicados a observar os preceitos das Escrituras, v.6. Deve distinguir-se entre ser irrepreensível e ser perfeito. O aluno que se aplica sinceramente para recitar corretamente as lições, não é repreendido pelo professor, apesar das imperfeições

5) Como suportavam com paciência em oração o desapontamento, assim transbordavam com hinos de louvor, quando Deus por fim deu o filho. O louvor de Zacarias mostra que a mente do velho era embebida da palavra de Deus.

6) A influência do lar piedoso. Quantas pessoas foram grandemente abençoadas pelo contato com o lar de Zacarias e Isabel

7) Deus tem planejado a vida inteira de todas as pessoas, v.17. Todos temos carreira marcada, At 20.24. 8 - O filhinho neste lar era cheio do Espírito Santo, desde o começo, v.15.

E aconteceu que, exercendo ele o sacerdócio... (v.8): Podem-se receber visões, quando se trabalha fielmente, apesar de o serviço ser humilde: Moisés apascentava o rebanho de Jetro, quando recebeu a chamada de Deus na sarça ardente, Ex 3.1. Gideão malhava trigo, quando o anjo lhe apareceu e o enviou a libertar Israel,Jz 6.11. Eliseu arava com doze juntas de bois, quando a capa profética caiu sobre ele, 1 Rs 19.19. Davi estava no aprisco cuidando das ovelhas, Sl 78.70. Mateus cumpria seus deveres na coletoria, Mt 9.9

Coube-lhe em sorte... oferecer o incenso (v.9): Duas vezes por ano Zacarias subia a Jerusalém para executar o seu termo de funções sacerdotais. (Compare 2 Cr 8.14). Nesta ocasião, tinha chegado para ele o privilégio de que o sacerdote podia gozar só uma vez na vida: “Coube-lhe em sorte” entrar no Santo lugar, no Templo, na hora de oração e oferecer incenso sobre o altar de ouro perante o véu, na própria presença de Deus.

Foi um grande dia da vida do sacerdote, e especialmente para Zacarias porque foi levado até a presença de Deus, onde recebeu a bênção, desejada, ardentemente, por tantos anos, um filho para libertar o povo de Deus

Orando... à hora do incenso (v.10): O incenso que Zacarias queimava no altar de ouro, era símbolo de oração, louvor e adoração dos crentes, SI 141.2; Ap 5.8. Quando o sacerdote o oferecia, tocava-se uma campainha, como sinal para o povo no átrio, fora, e todos permaneciam orando. O incenso subindo do altar servia como símbolo das orações subindo do coração para o trono de Deus. Ao mesmo tempo indicava que era necessário algo além das orações, que eram em si mesmas, incompletas. Nossas orações, muitas vezes, têm tanto da natureza humana, que é necessário algo para aperfeiçoá-las.

E um anjo do Senhor lhe apareceu (v. 11): Zacarias, o profeta, era o último citado no Velho Testamento a quem apareceram anjos; Zacarias, o sacerdote, é o primeiro mencionado no Novo Testamento que tinha experiência com um anjo.

Os olhos de Zacarias foram abertos para perceber o anjo, “posto em pé, à direita do altar’ A presença de anjos não é coisa extraordinária, O que é fora do comum é ter os olhos abertos para ver os anjos sempre presentes. (Compare 2 Rs 6.17).

E Zacarias, vendo-o, turbou-se (v.12): As Escrituras mostram que os homens sempre temem quando têm comunicações com o mundo invisível. (Vede Jz 13.20-22; Dn 10.7-9; Ez 1.28; Mc 16.8; Ap 1.17.) Quando esse é o efeito nos homens irrepreensíveis, que se dará com os descrentes, quando Deus mandar Seus anjos ajuntá-los para o juízo?

Zacarias... a tua oração foi ouvida (v.13): Entre os judeus o ritualismo e o

formalismo tomaram o lugar da verdadeira comunhão com o Criador.

A glória de Deus tinha-se afastado do Templo e os sacerdotes cumpriam maquinalmente seus exercícios diante de Deus. Os cultos nas sinagogas eram secos e monótonos. Mas, como nos dias de Elias, apesar da grande apostasia, havia sete mil homens que não dobraram joelhos diante de Baal (Rm 11.4), assim havia no tempo do nascimento de João Batista, os fiéis que conheciam intimamente a Deus. Zacarias acompanhava seu ato de oferecer o incenso no Templo, com intercessão tão fervorosa que lhe foi enviado o anjo Gabriel para assegurar-lhe que sua oração por um filho, para libertar o povo de Deus, foi ouvida. Quando os céus nos parecem fechado, é quando devemos clamar com fé mais viva. Ele é galardoador dos que O buscam, Hb 11.6.

E lhe porás o nome de João (v. 13): O nome “João” é o mesmo de “Joanã” que se encontra freqüentemente no Velho Testamento e quer dizer, “a graça, a dádiva, ou a misericórdia de Jeová’ O próprio nome da criança foi escolhido entre os mais significativos do povo de Deus. Quais eram os filhos de promessa? Isaque, Sansão, Samuel, o filho da Sunamita, João e Jesus.

Porque será grande diante do Senhor (v. 15): Apesar de sermos todos pequenos há alguns que Deus reconhece como grandes. E Sua avaliação de grandeza não é a avaliação do mundo. São os príncipes e os soberanos, conquistadores e os militaristas, os estadistas e os filósofos, os pintores e os escritores que o mundo chama “grandes”. Esta sorte de grandeza não se reconhece nos céus. Os anjos reconhecem como grandes aqueles que alcançam grandes coisas para Deus. Os que fazem pouco para Deus são considerados pequenos.

Descobrem-se em João Batista as características daqueles que são verdadeiramente grandes

1)João não era grande perante os homens. Não havia alguém mais obscuro que ele, nascido de casal obscuro na região montanhosa da Judéia. Que diriam Herodes, Pilatos, César, os filósofos de Atenas, os rabis de Jerusalém, se alguém lhes tivesse dito que João Batista era o maior entre os homens?!

2) João era, como seus pais (v.6), justo perante Deus. Ninguém pode ter o favor de Deus sem andar irrepreensivelmente em todos os mandamentos e preceitos do Senhor.

3) Era corajoso e fiel até à morte. João Batista não era “uma cana agitada pelo vento’ Mt 11.7. Não somente trovejava contra o pecado (Mt 3.7-10), selou seu testemunho com seu próprio sangue, Mt 14.1-10

4) Vivia separado do mundo. Não se vestia “de roupas finas” (Mt 11.8), isto é, não tini-ia interesse no mundo ocioso e pomposo, mas se vestia de pêlo de camelo e comia gafanhotos e mel silvestre. Assim, não precisava de salário, andando livre dos embaraços deste mundo, livre para fazer toda a vontade de Deus.

5) Comportava-se humildemente. Não se mostrava orgulhoso com seu ministério, iluminado com a glória dos céus, Mt 33.5,6. (Vede Mt 3.11). Pregava de tal maneira que o povo se esquecia dele e ouvia somente uma “voz”, e aquela “voz” era a voz dos céus, Mt 3.3.

6) Era cheio do Espírito Santo, Lc 1.16,17. Não era cheio da grandeza da sua própria vontade, de seus planos, de sua justiça, mas da grandeza de Deus que habitava nele - isto é, do amor, da paz, da bondade, da sabedoria de Deus que permeavam seu ser. (Compare Lc 24.49; At 1.8; Ef 5.18.

7) Produziu fruto para Deus. O homem verdadeiramente grande, “converterá muitos ao Senhor seu Deus” (Lc 1.16), da ignorância ao conhecimento, de uma vida remissa a uma vida útil, de pecado à justiça. O maior prazer do homem grande perante Deus é o de ir adiante do Senhor anunciando Sua vinda, é o de habilitar para o Senhor um povo preparado, v. 17. Oremos dia e noite pedindo ao Senhor da seara que levante mais e mais desses ceifeiros.

São as verdadeiras colunas da Igreja, o verdadeiro sal da terra, a verdadeira luz do mundo. Sem tais homens, a educação, os títulos, as grandes contribuições, os imponentes edifícios e os templos não valem coisa alguma. E só com homens como João Batista na Igreja que haverá salvação de almas e crescimento da obra de Deus.

Não beberá vinho, nem bebida forte (v.15): João ia ser um “nazireu’ isto é, “um separado para o Senhor’ Nm 6.2. Era vedado ao nazireu ingerir bebida forte, cortar os cabelos ou tocai em corpo morto. O leproso era símbolo vivo do pecado, assim como o nazireu era a personificação da santidade. A separação do nazireu era voluntaria; somente Sansão (Jz 13.7), Samuel (1 Sm 1.11) e João Batista eram nazireus de nascimento. O nazireu não vivia para agradar à carne mas para satisfazer à alma, justamente como devem fazer aqueles que almejam ser verdadeiramente grandes - devia fugir das concupiscências da carne e encher-se do Espírito Santo.

Será cheio do Espírito Santo já desde o ventre de sua mãe (v.15): Nossos filhos nunca são demasiado novos para receber a graça de Deus. A criança “desde o ventre de sua mãe” recebe virtude de Deus por intermédio dos pais verdadeiramente cheios do Espírito Santo. Nossos filhinhos são influenciados pelos anelos do coração dos pais e por seu comportamento muito antes de entender as nossas palavras. E converterá muitos (v. 16): Deus não abençoou a João somente pelo amor que tinha por ele, mas porque tinha em vista a muitos outros igualmente queridos por Ele, e que desejava alcançar por intermédio dele. Que o Senhor nos ajude a ver e lembrarmo-nos de que Ele nos abençoa porque quer abençoar por intermédio de nós, a muitos em redor. (Compare 2 Co 1.4)

E irá adiante dele no espírito e virtude de Elias (v.17): João Batista, tanto como Elias, vestia-se de pêlos de camelo e usava cinto de couro; vivia retirado do mundo; pregava o arrependimento, com fruto digno de arrependimento, a uma geração corrupta; reprovava aberta e incansavelmente o pecado; e foi por causa disto, odiado e perseguido por Herodes e Herodias, como foi Elias por Acabe e Jezebel. Não há dois vultos nas Escrituras mais verdadeiramente irmãos de espírito do que João Batista e Elias, o tisbita. Mas João Batista não era Elias reencarnado,Jo 1.2 1.

Com o fim de preparar ao Senhor um povo disposto (v.17): Isto foi o alvo da missão de João, a de “habilitar para o Senhor um povo preparado” (ARA), de “preparar para o Senhor um povo dedicado” (Bras.). Fazia quatrocentos anos que o povo dizia que passara a época de Deus querer falar diretamente ao povo, O formalismo dominava tudo. (Vede Mt 3.9; Is 1.10-18; etc.) Deus quer um povo a Ele dedicado, um templo a Ele dedicado, uma alma a Ele dedicada, uma vida a Ele dedicada, esforços a Ele dedicados, dinheiro a Ele dedicado, dias a Ele dedicados...

Como saberei isto?... (v. 18): Zacarias sabia do nascimento de Isaque a Abraão e Sara quando os dois eram de idade avançada, Hb 11.11,12; Gn 15.4; 17.5,15-19; 21.1,2. Assim se tornaram os pais de uma grande nação, Gn 22.17,18. Mas Zacarias tinha orado durante tantos anos que não podia acreditar no momento em que veio a resposta. Quantas vezes já oramos pedindo uma coisa essencial e ficamos surpreendidos ao recebê-la? (Compare At 12.5-16.)

Note-se a grande diferença entre esta pergunta de Zacarias e a de Maria, v. 34. A pergunta de Zacarias indica dúvida de tudo acerca do nascimento dum filho. A de Maria mostra que ela desejava somente saber a maneira de a resposta ser cumprida.

Eu sou o Gabriel... (v. 19): Foi o mesmo anjo que interpretou a Daniel o sentido da visão dum carneiro e dum bode, e que foi voando rapidamente para esclarecer a Daniel acerca das setenta semanas, Dn 8.16; 9.21. Foi o mesmo anjo que foi enviado a Maria, Lc 1.26. Sem dúvida, Zacarias se lembrava depois do triste contraste entre sua fé enquanto ministrava sossegadamente no Templo, e a fé de Daniel no cativeiro em Babilônia enquanto, o Templo em Jerusalém estava em ruínas.

E eis que ficarás mudo (v. 20): Convinha a Zacarias, ao ouvir tudo o que o anjo disse, baixar a cabeça e adorar, dizendo: “Eis aqui o servo do Senhor; cumpra-se em mim segundo a Tua Palavra’ Zacarias, em vez de fazer como Abraão que “não vacilou por desconfiança’ duvidou. E porque não se tornou forte pela fé, foi severamente castigado. Descobre-se nisso como é grave o pecado de incredulidade diante de Deus. O castigo foi tanto um sinal como repreensão da sua incredulidade. Zacarias perdera a audição e a fala, tanto que foi necessário conversar com ele por meio de acenos, v. 62.

E eis que ficarás mudo (v. 20): A desconfiança jamais se regozija; a incredulidade nunca tem cântico. Quantos crentes são mudos, não têm mensagem para os perdidos, porque não crêem na virtude do Espírito Santo.

O povo... maravilha-se de que tanto se demorasse no templo (v. 21): Os sacerdotes do Velho Testamento temiam demorar na presença de Deus. Mas Deus nos convida, a nós, do “sacerdócio real” (1 Pe 2.5,9), a chegarmo-nos com confiança ao trono da graça..., Hb 4.16; Ef3.12.

Zacarias demorou na presença de Deus. Contudo, quando apareceu diante do povo, eles perceberam que tivera uma visão, v. 22. Há mais bênção, para os que anunciam a Mensagem ao próximo, em permanecer um dia com o criador do que trabalhar cinqüenta anos sem Ele.

III. A CONCEPÇÃO DEJOÃO BATISTA, 1.24,25

1.24 - “E, depois daqueles dias, Isabel, sua mulher, concebeu e, por cinco meses, se ocultou, dizendo:

25 - “Assim me fez o Senhor, nos dias em que atentou em mim, para destruir o meu opróbrio entre os homens.

Por cinco meses se ocultou (v.24): Isabel ocultou-se até quando o evento se tornou evidente? Ou se ocultou para orar e adorar?!

IV. PREDITO O NASCIMENTO DEJESUS, 1.26-38

Foi no Éden que Deus prometeu à humanidade caída um Libertador, Gn

3.15. A promessa foi repetida a Abraão, Gn 22.18. A mesma promessa foi dada novamente por intermédio de Jacó, na hora da sua morte, Gn 49.10. Através dos séculos foi repetida pelos profetas, Is 11.1-5; Mq 5.2; Dn 9.25; etc. Lucas narra, com palavras santas, o anúncio a Maria da concepção e do nascimento de Jesus, o Libertador. Esta narrativa é importantíssima, a coroa de toda a profecia. Nela se descobre o supremo mistério da fé cristã, isto é, a natureza do Cristo humano e divino

1.26 - “E, no sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré,

27 - “a uma virgem desposada com um varão cujo nome era José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria.

28 - “E, entrando o anjo onde ela estava, disse: Salve, agraciada; o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres.

29 - “E, vendo-o ela, turbou-se muito com aquelas palavras e considerava que saudação seria esta.

30 - “Disse-lhe, então, o anjo: Maria, não temas, porque achaste graça diante

de Deus,

31 - “E eis que em teu ventre conceberás, e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus.

32 - “Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai,

33 - “e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu Reino não terá fim.

34 - “E disse Maria ao anjo: Como se fará isso, visto que não conheço varão?

35 - “E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; pelo que também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus.

36 - “E eis que também Isabel, tua prima, concebeu um filho em sua velhice; e é este o sexto mês para aquela que era chamada estéril.

37 - “Porque para Deus nada é impossível.

38 - “Disse, então, Maria: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo ausentou-se dela

Lucas, muito mais que qualquer outro dos Evangelistas, recorda o ministério altamente amoroso e variadíssimo de mulheres.

E no sexto mês (v.26): No sexto mês depois de conceber a envelhecida Isabel, vv. 24,36. Os acontecimentos da terra são atenciosamente cuidados por Deus.

Foi o anjo Gabriel enviado por Deus (v.26): Nem a mulher para ser a mãe do Cristo, nem o casal para ser os pais do Seu precursor, foram escolhidos pelas autoridades religiosas. Reconheçamos que o direito pertence a Deus de escolher os que devem ocupar os primeiros lugares na Sua Igreja. (Compare At 1.24,25.)

A uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré (v.26): O anjo Gabriel levou sua mensagem com tanto gozo à Maria, na desprezada cidade de Nazaré, como a Zacarias no Templo em Jerusalém.

O nome da virgem era Maria (v.27): O nome “Maria”, no hebraico “Miriã” (Ex 15.20), quer dizer “exaltada”. E o nome lhe convinha, a humilde e desconhecida virgem sendo exaltada acima de todas as outras filhas da casa de Davi.

Salve agraciada (v.28): A oração que começa: “Ave Maria...” é grande perversão das Escrituras. Note-se que o anjo saudou a Maria, não orou a ela. Gabriel saudou-a como uma filha de Deus, não orou a ela como uma deusa.

A tradução, “Deus te salve, cheia de graça...” não é tão fiel ao sentido original. Além disso, dá lugar a uma grande perversão da verdade. Maria não estava “cheia de graça” que nos pudesse conceder mas de graça que recebera nesta ocasião. (Vede “achaste graça’ v.30.) Não recebia a honra porque a merecia, mas pela graça divina. Não Maria, mas o Senhor merece o louvor pela graça que Ele concedeu à virgem Maria. Ela era “bendita entre as mulheres’ mas afinal de contas, era ainda uma mulher. Apesar de tudo que recebeu do Senhor, permaneceu Sua serva, v.38.

Bendita és tu entre as mulheres (v.28): Orígenes diz que isso significa que foi acrescentada a Maria a graça extraordinária antes do seu nascimento. Mas mesmo que fosse verdade, nem por isso teria Maria nascido sem pecado. João Batista recebeu o Espírito Santo antes de nascer, contudo não nasceu imaculado. Tanto a imaculada concepção de Maria como sua assunção aos céus, têm base, somente nas declarações dos homens, nunca da Palavra de Deus.

Se Maria subiu aos céus como Elias (2 Rs 2), as Escrituras não nos informam. Portanto, tudo que se ensina sobre isso é baseado na tradição. Certamente não sabemos onde Maria foi sepultada. É difícil para alguns crerem, que o corpo de Maria, em cujo ventre o corpo do Filho de Deus tomara a forma humana, viu a corrupção no túmulo. Mas tais argumentos, para provar que Maria morreu, ressuscitou e ascendeu aos céus, são apenas tentativas de glorificá-la com a glória que pertence a Cristo.

Faz-se menção de Maria quinze vezes na Bíblia, depois dos acontecimentos em Belém. Depois de Jesus completar doze anos, ela foi com Ele ao templo. Nessa ocasião não compreendia a Jesus, Lc 2.48,49. Quando assistia ao casamento em Caná, não compreendia os pensamentos profundos de Jesus, Jo 2.4. Depois, quando queria salvar Jesus da multidão (Mt 12.46), Ele a reprovou, apontando ao povo de Deus e dizendo: “Eis aqui minha mãe.”

Depois de Jesus subir aos céus, Maria se achava entre o grupo de crentes, At 1.14. Mas os apóstolos são mencionados primeiro, então as outras mulheres, e por fim a mãe de Jesus. Parece que ocupava o lugar mais humilde de todos. Os apóstolos, ao pregarem no Pentecoste, ou em qualquer ocasião, não a mencionam. Paulo, que recebeu seu evangelho direto de Jesus (Gl 1.12), não se refere a ela. Não lhe é imputada qualquer honra em Atos, nem nas Epístolas.

Jesus, em todas as palavras que proferiu acerca de Sua mãe, jamais deu a entender que ela fosse adorada. Vede Lc 2.48,49;Jo 2.3,4; Lc 8.20,21; 11.27,28;Jo 19.25-27. Deve-se adorar unicamente a Deus, Lc 4.8; Ap 19.10; etc. No nascimento de Cristo nem os anjos, nem os pastores, nem os magos, nem Simeão, nem Ana adoraram a Maria. Todo seu culto e louvor foi prestado ao Filho de Maria, não a ela. Vede Lc 2.8-20; Mt 2.1,2,11; Lc 2.25-38. A mãe de Jesus nunca se declarou pessoa para ser adorada. Ao contrário, nem se lembrava de si mesma, sempre contemplando seu Filho. Maria deu apenas um mandamento, mas é mandamento que nos convém obedecer: “Farei tudo quando ele Jesus) vos disser”. Jo 2.5.

Lembremo-nos sempre que há parentesco com Jesus Cristo muito mais chegado do que o de carne e sangue. Ele mesmo diz: “Qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, e minha irmã e minha mãe”, Mc 3.35. Quando certa mulher exclamou, da multidão: “Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos em que mamaste”, Jesus disse: “Antes bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam”, Lc 11.2728. Grande é a felicidade daqueles que não somente evitam a mariolatria, mas ouvem, como discípulos amados, toda a Palavra de Deus, entesourando-a no coração e dando o fruto que o mestre espera. (Vede Hb 5.11 a 6.3.)

Lhe dará o trono de Davi, seu pai (v.32): “O trono de Davi” não se refere ao cargo do Salvador nem “a casa de Jacó” e nem quer dizer a Igreja de Cristo. Mas o anjo Gabriel falava de um reino prometido por Deus, e não limitado a um povo nem a uma época, mas a todos os povos por todo o sempre

O último rei sobre o trono de Davi era Zadequias, que foi levado a Babilônia no tempo da destruição de Jerusalém, 2 Cr 36. Até hoje nunca houve outro rei no trono de Davi. A aliança de Deus com Davi, acerca do trono (2 Sm 7.8-16), não pode falhar, e é ainda mais certa pela reafirmação em Lc 1.32; At 2.29-32; 15.14-17; Ap 11.15. O reino de que o anjo falou é o glorioso reino predito em Dn 7.27, o qual subverterá todos os outros remos, na segunda vinda de Cristo

Os judeus, com toda a razão, reclamam contra o assumido direito dos crentes em ensinar tais passagens como Lc 1.32,33, dando interpretação espiritual. Não há razão de dar o sentido próprio a todas as Escrituras que favorecem os gentios, mas uma interpretação espiritual as claras afirmações acerca do povo judaico

Este será grande (v.32): Mas, durante a Sua vida na Terra, tudo parecia contra o cumprimento desta profecia: Nasceu como uma criancinha em uma família humilde. Aprendeu depois a arte de carpinteiro. Era tão pobre que não tinha onde reclinar a cabeça. Foi rejeitado por Sua igreja, crucificado publicamente e sepultado em túmulo de outrem. Porém as palavras de Gabriel são fiéis; mesmo o materialismo O chama grande. E o cumprimento do resto da profecia de Gabriel, acerca de Ele ocupar o trono de Davi, apesar de parecer impossível, terá, igualmente, pleno cumprimento.

O seu reino não terá fim (v.33): Quantos remos, desde então, formados e estabelecidos pela força, se desvaneceram Mas Jesus Cristo estabeleceu Seu reino por amor e esse reino jamais terá fim

Como selará isto? (v.34): A resposta de Deus ao problema de Maria é: “O Espírito Santo”. Como se revelará Teu Filho em mim? Gl 1.16. A nossa súplica, Deus responde: “Descerá sobre tio Espírito Santo.” Não é do homem, nem da carne, nem das obras, nem pela força, ou por violência, mas pelo Espírito Santo, diz o Senhor. Aquele que se movia sobre a criação da antigüidade nos deve envolver. E o Espírito que dá vida.

Descerá sobre tio Espírito Santo... (v.35): Foi assim que o Verbo se fez carne (Jo 1.14), que um corpo Lhe foi preparado (Hb 10.5), que Ele participou da carne e do sangue (Hb 2.14), que o Filho de Deus nasce de mulher (Gl 4.4), mas não de homem. Foi pela virtude do Espírito Santo que Jesus nasceu. Foi pelo Espírito Santo que foi ungido no jordão, Mt 3.16; At 10.38. Foi pelo Espírito Santo que recebeu poder para sofrer na cruz, Hb 9.14. Foi pelo Espírito Santo que foi ressuscitado da morte, Rm 8.11. Foi pelo Espírito Santo que deu preceitos aos discípulos depois da ressurreição, At 1.2. Foi com o Espírito Santo que batizou os discípulos no Pentecoste, At 2.33. Conserva-se à destra do Pai ungindo Seu povo com o mesmo Espírito Santo até hoje.

Para Deus nada é impossível (v.37): Foi a Abraão que Deus dissera acerca de Sara, já velha e a quem “havia cessado o costume das mulheres” (Gn 18.11):

“Haveria coisa alguma difícil ao Senhor?” Gn 18.14. Parece que Deus, operando milagrosamente em Sara, na esposa de Manoá (Jz 13.2), em Ana (l Sm 1), na sunamita (2 Rs 4.14), em Israel (Lc 1.7), preparava Seu povo para o maior milagre de todos, na virgem Maria.

Para Deus nada é impossível (v.37): Não há pecado tão negro e tão vil que Deus não possa perdoar; o sangue de Cristo nos purifica de todo o pecado, ijo 1.7. Não há coração demasiado endurecido para Ele transformar; o Senhor tirará nosso coração de pedra e nos dará um coração de carne, Ez 36.26. Não há obra demasiado difícil para o crente; podemos fazer tudo nAquele que nos fortalece, Fp 4.13. Não há provação demasiado dura para não suportá-la; Deus é fiel em não nos deixar ser tentados além das nossas forças, 1 Co 10.13.

Não há promessa demasiado grande na Bíblia; o céu e a terra passarão, mas as palavras de Cristo nunca hão de passar, Mt 24.35. Não há inimigo que possa ficar em pé diante de nós; se Deus é por nós quem será contra nós? Rm 8.31. Para os que andam com Deus, a cordilheira torna- se em planície, a fraqueza humana em onipot&ncia divina.

Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra (v.3 8): Descobre-se muito mais fé nesta resposta de Maria do que parece à primeira vista. Ia ser a mãe do Messias, do Filho do homem, do Salvador do mundo, mas não antes de sofrer o opróbrio dos seus conhecidos, mesmo de José, Mt 1.19. Ia gozar a maior glória entre as mulheres de todas as épocas, mas não sem sofrer a sua própria alma traspassada como de uma espada, Lc 2.35.

V. MARIA WSITA A ISABEL, 1.39-45

Esta interessante entrevista de duas mães, Isabel e Maria, ensina-nos o transcendente valor da doce comunhão de um ardente servo de Deus com outro discípulo igualmente fervoroso.

1.39 - “E, naqueles dias, levantando-se Maria, foi apressada às montanhas, a uma cidade de Judá,

40 - “e entrou em casa de Zacarias, e saudou a Isabel.

41 - “E aconteceu que, ao ouvir Isabel a saudação de Maria, a criancinha saltou no seu ventre; e Isabel foi cheia do Espírito Santo,

42 - “e exclamou com grande voz, e disse: Bendita és tu entre as mulheres, e é bendito o fruto do teu ventre!

43 - “E de onde me provém isso a mim, que venha visitar-me a mãe do meu

Senhor?

44 - “Pois eis que, ao chegar aos meus ouvidos a voz da tua saudação, a criancinha saltou de alegria no meu ventre.

45 - “Bem-aventurada a que creu, pois hão de cumprir-se as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas!

E naqueles dias, levantando-se Maria (v.39): Naqueles dias, quando o anjo Gabriel lhe anunciou que ia dar à luz o Cristo. Deixou seus muitos deveres em casa e apressou-se para chegar à casa da sua prima onde, livre do ambiente em Nazaré, e na casa do sacerdote Zacarias, podia melhor ficar em comunhão com Deus. Não foi visitar parentes para se divertir, como fazem os jovens, mas para se preparar para o pleno cumprimento da promessa a ela feita pelo anjo. As palavras de Isabel, “Bem-aventurada a que creu, pois hão de cumprir-se as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas” (v.45), dão a entender que foi lá, visitando a Isabel, em “uma cidade de Judá”, que Maria “concebeu pela virtude do A1tíssimo’ v.35.

Foi apressada às montanhas, a uma cidade de Judá (v.39): Talvez Hebrom, que fica “na região montanhosa de Judá’ e que pertencia aos sacerdotes, aos “filhos de Arão”,Js 21.9-11. Foi para lá que Maria se apressou, apesar de ser uma longa viagem de mais de 150 quilômetros. Hebrom é o lugar onde Abraão morou por muito tempo (Gn 13.18), o lugar onde Sara morreu (Gn 23.2) e o lugar onde foram sepultados Abraão, Sara, Isaque, Rebeca,Jacó e Léia, Gn 49.31; 50.13. Foi lá onde Davi foi primeiramente aclamado rei, 2 Sm 2. Poucos lugares na Palestina foram honrados tanto como Hebrom.

Ao ouvir Isabel a saudação de Maria, a criança saltou no seu ventre (v.41): Antes, talvez, de Maria ter a oportunidade de informar a Isabel de como o anjo lhe aparecera, foi revelado sobrenaturalmente pelo Espírito a Isabel. O ato de a criança inconsciente dar saltos de alegria foi extraordinário (v.44); a criança ficou comovida pela presença da mãe de seu Senhor. Assim começou a ter cumprimento em João Batista as palavras que o anjo predissera a seu pai: “E será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe’ v.15.

Note-se como a felicidade compartilhada se multiplica. O pesar encoberto, cresce; o gozo manifesto, aumenta. Observe-se também, como Isabel, ao saber que Maria havia de ter a honra de ser a mãe do anelado Mestre, e, apesar de ela mesma ser mais velha e esposa dum sacerdote, não despreza e nem tem inveja de sua jovem parenta que lhe é inferior em tudo. (Compare Jo 1.27). -

E Isabel foi cheia do Espírito Santo, e exclamou com grande voz... (vv.41,42): E a fé que canta, a incredulidade não tem cântico. O Espírito Santo leva o povo de Deus a adorar, às vezes, em voz bem alta ou até com grandes brados. Compare Lc 19.37-40; Ed 3.11-13; Nm 9.4; 2 Cr 15.8-15; 20.18,19; Ap 7.9,10.

E donde me provém isto a mim... (v.43): O filho de Isabel disse, depois, palavras do mesmo sentido ao Filho de Maria, Mt 3.14. Os que estiverem cheios do Espírito Santo não percebem em si mesmos qualquer merecimento. Fitam e falam naquilo que Deus lhes faz.

A mãe do meu Senhor (v.43): Isto é, a mãe do Messias. E uma confissão igual à de Pedro quando disse: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo’ Mt 16.16. (Vede 1 Co 12.3; Fp 2.11). Nem o título, “Mãe de Deus” e nem a doutrina dos que usam esse termo não se encontram na Bíblia.

Ao chegar aos meus ouvidos a voz da tua saudação, a criança saltou de alegria no meu ventre (v.44): Sem dúvida a fé de Maria foi grandemente fortalecida, não somente ao ver a maneira de Deus confirmar Suas promessas a Isabel, mas também, ao ver o começo do cumprimento das Escrituras que haveria regozijo universal perante a face do Senhor, na Sua vinda. (Vede SI 98.8,9).

Bem-aventurada a que creu... (v.45): Falou desta maneira porque conhecia as Escrituras e sabia das grandes proezas da fé entre o povo de Deus. E infinitamente melhor ser rico na fé, do que rico em ouro

VI. O CÂNTICO DE MARIA, 1.46-56.

Como o servo de Abraão, que, apesar do cansaço da viagem não quis comer nem descansar antes de saber o resultado de sua visita (Gn 24.33), assim foi Maria. Depois da longa e árdua viagem, só queria que sua piedosa parenta compartilhasse do transcendentíssimo segredo de seu coração. A profecia de Isabel foi em resposta à saudação de Maria; o cântico de Maria, o eco da profecia de Isabel. Maria foi, então, tão cheia do Espírito Santo como Isabel e, apesar da fadiga da viagem, cantava, renovada tanto, parece, em corpo como em alma e espírito. Já aprendemos a encher-nos do Espírito Santo, para falar uns aos outros em salmos, hinos e cânticos espirituais? (Vede Ef 5.18,19.)

1.46 - “Disse, então, Mana: A minha alma engrandece ao Senhor,

47 - “e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador,

48 - “porque atentou na humildade de sua serva; pois eis que, desde agora,

todas as gerações me chamarão bem-aventurada.

49 - “Porque me fez grandes coisas o Poderoso; e Santo é o seu nome.

50 - “E a sua misericórdia é de geração em geração sobre os que o temem.

51 - “Com o seu braço, agiu valorosamente, dissipou os soberbos no pensamento de seu coração,

52 - “depôs dos tronos os poderosos e elevou os humildes;

53 - “encheu de bens os famintos, despediu vazios os ricos,

54 - “e auxiliou a Israel, seu servo, recordando-se da sua misericórdia

55 - “(como falou a nossos pais) para com Abraão e sua posteridade, para sempre.

56 - “E Maria ficou com ela quase três meses e depois voltou para sua casa.

Disse então Maria (v.46): Maria falava sob a unção do Espírito Santo como falara Isabel (v.41), mas não “com grande voz’ v.42.

A minha alma engrandece ao Senhor (v.46): Chama-se este cântico, O

Magnifcat, nome adotado da primeira linha, da forma em latim: Magnificat anima Dominum. As palavras de Maria exprimem o louvor extático que transbordou de sua alma ao receber a manifestação da bondade de Deus. Somente os que têm provado podem compreender bem o que é tal louvor. O cântico não foi dirigido a Isabel nem ao Senhor, mas foi antes uma expressão do gozo profundíssimo, que encheu todo o seu ser ao meditar sobre a graça e a misericórdia de Deus para com ela. Quantas vezes é o gozo da salvação interesseiro, mas o de adoração sempre glorifica a Deus.

A minha alma... o meu espírito se alegra em Deus (vv. 46,47): Isto é, “tudo o que há em mim” (Sl 103.1) “Se alegra em Deus”. “Engrandecei ao Senhor comigo, e juntos exaltemos o seu nome”, Sl 34.3.

Este cântico lembra o de Ana, que seu coração exultava pela promessa, também, de ter um filho, 1 Sm 2.1-10. A virgem tinha grandes recursos de Escrituras entesourados (vede Sl 119.11) e falou da abundância do seu coração. (vede Lc 6.45.) Seu cântico é um mosaico perfeito de expressões tiradas dos Salmos. Movida pelo Espírito Santo, rompeu em louvor, empregando linguagem já usada e consagrada pelo Espírito Santo em tempos mais antigos. Leiamos a Palavra diariamente, estudemos a Palavra, decoremos a Palavra, oremos sobre a Palavra, meditemos a Palavra, examinemos a Palavra, entesouremos a Palavra; façamos tudo para que a Palavra habite em nós abundantemente (Cl 3.16), até que nos transborde, como se deu com Maria.

Maria é mãe que serve como exemplo vivo para todas as mães. Só uma mãe podia ser mãe do Messias, mas todas as mães podem encher-se do Espírito Santo, como Maria, para criar seu filho na admoestação e no gozo do Senhor.

Pergunta-se: “Maria foi escolhida para ser mãe do Messias porque andava mais perto de Deus que qualquer outra mulher?” O pouco que é revelado acerca da sua piedade e fé, da sua comunhão com Deus, da sua compreensão espiritual e do seu conhecimento dos planos divinos, indica que tinha as qualificações mais que qualquer outra filha de Deus.

E o meu espírito alegra em Deus meu Salvador (v.47): Seria difícil achar resposta mais completa, do que estas palavras de Maria, para aqueles que perguntam se Maria realmente tinha sido levantada a um grau de santidade superior à de todas as criaturas. Ela falou, parece, do Messias, do qual ia ser mãe. Chamou-O “Deus meu Salvador”, pois o anjo lhe dissera que seria “o Filho do Altíssimo” e que seu nome seria “Jesus” isto é, “Salvador”. Maria precisava dum Salvador e O achou. Ele era “o Filho do Altíssimo”, concebido nela pelo poder do Espírito Santo. Há outro lugar, há outra maneira de achá-Lo, a não ser dentro de nós mesmos? Senhor meu, e Deus meu. Cristo habita em nós pela fé. Os que têm Cristo como Deus seu Salvador têm toda a razão de se regozijar em seu espírito, como fez Maria. (Compare cap. 10.21). Somente os que em espírito se regozijam em Deus têm razão de dizer que conhecem a Deus. Gloriamo-nos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, Riu 5.11

Porque atentou na baixeza de sua serva (v.49): Não há uma palavra em todo o cântico de Maria indicando que ela se considerava a si mesma sem pecado e imaculada. Ao contrário, ela falava como os demais que sentem seus pecados e reconhecem a necessidade de um Salvador da sua alma. Como Gideão

(Jz 6.115), Maria reconhecia sua “baixeza”. Como ele, não somente sua família era a mais pobre em Judá, mas parecia que ela se considerava a menor na casa de seu pai; como se sofresse desprezo injusto da parte de seus parentes e que Deus a honrou assim para contrabalançar essa injúria. Compare o caso de Lia (Gn 29.3 1), a de Ana (1 Sm 1.19). Enquanto porfiamos na determinação de não orar a Maria, como mediadora (1 Tm 2.5), convém-nos imitar sua humildade. A humildade é uma das maiores graças que pode ornar a natureza humana. E a graça ao alcance de todas as pessoas convertidas.

Todas não são ricas. Todas não são instruídas. Todas não são talentosas. Todas não são eminentes. Mas todos os filhos de Deus podem vestir-se de humildade.

Com o seu braço... (v.5 1): Os que experimentam o gozo do Senhor, conhecem também, como conhecia Maria Seu braço poderoso para dissipar os soberbos, para depor os poderosos, para despedir vazios os ricos, para encher de bens os famintos. São os famintos e os sedentos que ficarão fartos, Mt 5.6. Cristo não despede ninguém vazio a não ser aqueles que estão cheios de si mesmos.

Auxiliou a Israel seu servo... (vv. 54,55): Maria findou seu cântico de louvor reconhecendo que Deus ia cumprir nela Sua promessa feita a Abraão e a sua descendência de, por intermédio dele, abençoar todas as nações. Aprendamos dessa santa filha de Deus a reclamar as promessas do Senhor. Suas promessas são o maná com que nos devemos alimentar diariamente e estancar a sede, na travessia do deserto deste mundo.

E Maria ficou com ela quase três meses (v.56): Quem pode descrever a glória celestial que pairava sobre as duas primas durante estes três meses, uma esperando dar à luz o prometido Messias, a outra o Seu precursor?!

E depois voltou para sua casa (v.5 6): Maria voltou para sua casa em Nazaré, onde se realizaram os acontecimentos registrados em Mt 1.18-25.

VII. O NASCIMENTO DEJOÃO BATISTA, 1.57-66.

A história do nascimento de João Batista é o relato dos acontecimentos na ocasião do nascimento de uma “candeia que ardia e alumiava” a Igreja de Deus.

1.57 - “E completou-se para Isabel o tempo de dar à luz, e teve um filho.

58 - “E os seus vizinhos e parentes ouviram que tinha Deus usado para com ela de grande misericórdia e alegraram-se com ela.

59 - “E aconteceu que, ao oitavo dia, vieram circuncidar o menino e lhe chamavam Zacarias, o nome de seu pai.

60 - “E, respondendo sua mãe, disse: Não, porém será chamado João.

61 - “E disseram-lhe: Ninguém há na tua parentela que se chame por este nome.

62 - “E perguntaram, por acenos, ao pai como queria que lhe chamassem.

63 - “E, pedindo ele uma tabuinha de escrever, escreveu, dizendo: O seu nome

é João. E todos se maravilharam.

64 - “E logo a boca se lhe abriu, e a língua se lhe soltou; e falava, louvando a

65 “E veio temor sobre todos os seus vizinhos, e em todas as montanhas da

Judéia foram divulgadas todas essas coisas.

66 - “E todos os que as ouviam as conservavam em seu coração, dizendo:

Quem será, pois, este menino? E a mão do Senhor estava com ele.

Que tinha Deus usado para com ela de grande misericórdia (v.58): Foi grande misericórdia para com Isabel porque:

1) Ela ficou livre do “opróbrio entre os homens” de não ter filhos,

2) Sua família foi engrandecida, especialmente sendo família de sacerdotes dedicados a Deus,

3) Isabel era velha. Se uma jovem mãe, com o primogênito nos braços louva a Deus com gozo indizível, quanto mais a idosa Isabel com seu filhinho, o precursor do Messias. Felizes são as famílias que assim reconhecem a misericórdia de Deus em conceder-lhes o nascimento de filhos.

O seu nome é João (v.63): Zacarias, por causa de sua incredulidade, ficou mudo, v.20. Mas, ao confessar publicamente sua fé, declarando que o seu filho devia ter o nome dado pelo anjo, “logo a boca lhe abriu’ v.64. E com a nossa manifestação de fé que Deus nos pode abençoar com gozo mais sublime e testemunho mais largo. No caso de Zacarias, ele foi cheio do Espírito Santo e proferiu palavras tão sublimes que são contadas depois, através dos séculos, pelo povo de Deus.

VIII. O CÂNTICO DE ZACARIAS, 1.67-80.

O canto de Zacarias é cântico de fé, de esperança, de gratidão; é hino de salvação pelo amor de Deus em Jesus Cristo, nosso Senhor.

1.67 - “E Zacarias, seu pai, foi cheio do Espírito Santo e profetizou, dizendo:

68 - “Bendito o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e remiu o seu povo!

69 - “E nos levantou uma salvação poderosa na casa de Davi, seu servo,

70 - “como falou pela boca dos seus santos profetas, desde o princípio do mundo,

71 - “para nos livrar dos nossos inimigos e das mãos de todos os que nos aborrecem

72 - “e para manifestar misericórdia a nossos pais, e para lembrar-se do seu santo concerto

73 - “e do juramento que jurou a Abraão, nosso pai,

74 - “de conceder-nos que, libertados das mãos de nossos inimigos, o servíssemos sem temor,

75 - “em santidade e justiça perante ele, todos os dias da nossa vida.

76 - “E tu, ó menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque hás de ir ante a face do Senhor a preparar os seus caminhos,

77 - “para dar ao seu povo conhecimento da salvação, na remissão dos seus pecados,

78 - “pelas entranhas da misericórdia do nosso Deus, com que o oriente do alto nos visitou,

79 - “para alumiar os que estão assentados em trevas e sombra de morte, a fim de dirigir os nossos pés pelo caminho da paz.

80 - “E o menino crescia, e se robustecia em espírito, e esteve nos desertos até ao dia em que havia de mostrar-se a Israel.

Chama-se o cântico de Zacarias o Benedictus, da primeira palavra do canto no latim. E uma expressão extática da gratidão do pai de João Batista, na face da superabundante bondade de Deus.

Foi cheio do Espírito Santo (v.67): Zacarias nesta ocasião, foi cheio até transbordar. Deus não somente lhe perdoara o pecado da incredulidade; honrou-o maravilhosamente na Sua grande misericórdia.

Zacarias... profetizou (v.67): Naquele tempo, os dons do Espírito Santo foram “emprestados” apenas a alguns dos filhos de Deus mais abençoados. Todos nós, porém, depois do Pentecoste (At 2), podemos profetizar, 1 Co 14.3 1. Mas nos convém que seja, todas as vezes, como nestes exemplos de Isabel, Maria e Zacarias, para magnificar o nome de Deus e jamais para engrandecer a nós mesmos.

Libertados.., o serviríamos... (v. 74): Enganam-se muito os que pensam que Deus os salvou meramente para se sentirem satisfeitos e contentes. Tais sentimentos não são dignos da graça de Deus. Os que vivem somente para comer são egoístas e glutões, são adoradores de seus próprios estômagos. Comemos para viver diante de Deus, para amar o próximo, para trabalhar por Cristo em prol de Sua causa. Somos salvos para servir, libertados.., o serviríamos., todos os dias da nossa vida, vv. 74,75.

E tu, ó menino... (v.76): Zacarias não disse: “E tu, meu filho...” O velho sacerdote tomado pela grandeza de Deus, reconhecia somente seu parentesco Àquele maior que qualquer dos dois.

Hás de ir ante a face do Senhor (v.76): Os que andam ante a face do Senhor pregam como moribundos prevenindo moribundos. Certo pregador foi informado, pelo diretor da penitenciária onde devia pregar, que dois dos ouvintes, ocupando cadeiras enlutadas tinham de cumprir sentença de morte, logo após ouvir seu sermão. O pregador, certamente, não falou com leviandade nem se elogiou a si mesmo. Lembremo-nos de que há ouvintes, em muitos de nossos cultos, ocupando cadeiras cobertas de luto.

O Oriente do alto (v. 78): O sol nascente das alturas (ARA). O Messias é o Sol da justiça (Ml 4.2); A Estrela da alva (2 Pe 1.19); a resplandecente Estrela da manhã (Ap 22.16). Todas são expressões figuradas, que salientam o glorioso fato de Ele ser a Luz do mundo Jo 8.12. Observem-se seis nomes de Cristo no primeiro capitulo de Lucas: Senhor, vv. 17,43 e 76. Jesus, v.31. Filho do Altíssimo, v.32. Filho de Deus, v.35. Altíssimo, v.76. O Oriente do alto, v.78.

O menino crescia e se robustecia em espírito (v.80): Encontra-se neste versículo a história abreviadíssima de meninice de João Batista. Desenvolvia-se tanto em espírito como em corpo.

E esteve nos desertos (v.80): Apesar de ser filho de sacerdote não foi ao templo para ministrar perante o Senhor, como fizera Samuel. Foi destinado a preparar

caminho para sacerdócio melhor. Nos desertos havia oportunidade de ter íntima comunhão com Deus.

Não cremos que vivia como eremita, separado de toda a convivência dos homens, mas que residia em uma das casas isoladas, em um deserto como o de Maom, mencionado na história de Davi, no deserto, 1 Sm 23.24,25.

Todos nós não podemos morar no deserto, como João, mas podemos passar tempo, diariamente, sozinho, com o Senhor. Acerca de oração nos desertos, lede cap. 5.16; 6.1; 9.28; 22.39-46; At 16.13; Ex 33.7; Dt 9.15-10.

Até ao dia em que havia de mostrar-se a Israel (v.80): Vivia nos desertos, com Deus, até a idade de tinta anos (compare cap. 3.23) quando lhe veio a palavra de Deus e a Voz começou a clamar no deserto.

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

Espada Cortante volume 2 – Orlando Boyer

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