terça-feira, 27 de julho de 2010

Não sejas demasiadamente justo

“Não sejas demasiadamente justo”

A BIBLIA TEM A RESPOSTA

“O que significa as palavras de Salomão ‘Não sejas demasiadamente justo, nem demasiadamente sábio; por que te destruirias a ti mesmo?’ (Ec 7.16,17)?”

Analisemos essas recomendações divinas ponto a ponto.

1) “Não sejas demasiadamente justo”. Ser “demasiadamente justo” é o que chamamos popularmente no Brasil de “ser santarrão”, algo bem diferente de ser santo. Essa recomendação divina que aqui está em foco fala do equilíbrio que deve existir nas pessoas e nas coisas. Tanto a vida humana como a espiritual são uma seqüência: quem se atrasa, fica; quem se adianta, passa. A orientação divina mostra o lado ideal da vida, apontando o caminho correto do viver humano, quando diz: “Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para a direita nem para a esquerda”, Is 30.21b.

Jesus comparou Sua Igreja ao sal e à luz: “Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, ser pisado pelos homens”, Mt 5.13. Com tais figuras, o Senhor mostra-nos o modelo ideal da vida, O sal é considerado como dotado de uma propriedade distinta e importante, ou seja, a de conservar ou condimentar. Jesus, quando falou sobre isso, falou com conhecimento de causa, e advertiu: “Tende sal em vós mesmos”, Mc 9.50. A Igreja do Senhor é comparada a “verdadeiro sal” porque, do ponto de vista divino de observação, é o que ela é. O sal fala também do sabor da graça divina que tem a Igreja. Somente reclamamos dos alimentos de que contém sal quando ele está insípido ou salgado demais. Na dosagem certa, que significa equilíbrio, não há reclamação. Assim, o sal fala de equilíbrio: de menos, não apresenta sabor; de mais, pode matar.

A luz na medida certa é benéfica; de mais, cega. Tem cristão que tudo o que faz é com exagero. Por exemplo: a oração é uma bênção, mas há cristãos que só oram, não fazem mais nada. Falar é bom, mas há outros que falam demais, como falam. Jejuar é bom, mas há quem queira jejuar como Moisés, Elias e Jesus. E ainda quer que todo mundo seja como ele (ou ela)! Pedro recomendou a todos os santos a linha do equilíbrio, quando disse: “Crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”, 2 Pe 3.18. O equilíbrio deve estar pré sente em todos os aspectos de nossa vida.

Há pessoas que só enveredam para um lado das coisas e desprezam o outro lado que faz a complementação. Freqüentam Círculo de Oração, vigília, culto de libertação, dentre outros, e desprezam Escola Dominical, Culto de Doutrina, reunião de obreiros, ensino teológico e outras coisas do gênero. Assim, sem perceberem, estão enveredando para o lado esquerdo do caminho — o do fanatismo.

Outras já fazem um sentido inverso e enveredam para o lado direito do caminho — o da teoria. Jesus nos advertiu que fôssemos equilibrados: “Deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas”, Mt 23.23b.

2) “Não sejas demasiadamente sábio”. Trata-se de tornar-se escravo da sabedoria. Quem é assim anda estressado, cansado e revoltado. “Porque na muita sabedoria há muito enfado; e o que aumenta em conhecimento, aumenta em dor”, Ec 1.18. Salomão ensina que a sabedoria deve ser buscada em sentido racional. Mas há pessoas que criaram psicose aguda pelos estudos, seguida de estresse, depressão e loucura; e como conseqüência, às vezes, o suicídio. E importante que sejamos sábios, contudo dentro dos nossos limites de racionalidade, para que não cheguemos ao patamar da irracionalidade.

Quanto a não ser “demasiadamente ímpio”, fala de não sermos bobos, mas também não sermos cruéis. Ímpio é aquele que não tem piedade, que se deleita em fazer o mal e prejudicar a si mesmo e aos outros. Nos dois primeiros casos, que envolvem o justo e o sábio, a pessoa pode se destruir pelo excesso.

Severino Pedro da Silva é pastor na AD em Belenzinho, São Paulo

(SP); escritor e membro da Casa de Letras Emílio Conde.

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