segunda-feira, 23 de junho de 2014

A Necessidade de Paciência



A Necessidade de Paciência (5:7-11)

A condenação do ímpio (5:1-6) intro­duz e consiste em uma parte do alicerce para as exortações à paciência constantes neste parágrafo, e a íntima relação entre estas duas seções é indicada pelo uso de portanto no verso 7.
A afirmação central da necessidade de paciência está presente no decorrer de todo este texto; ela é enfatizada por argumentos tirados da analogia encon­trada na agricultura (v. 7, 8) e de exemplos tirados da tradição judaica (v. 10, 11).
"Sede vós também pacien­tes, fortalecei o vosso coração, porque já a vinda do Senhor está próxima" (Tg 5.8).
A paciência, que é segundo a Bíblia, é atitude essencial no relacionamento com Deus e com os outros; é sinal de amor e maturidade espiritual.
Tiago nos exorta a perseverar-mos diante das injustiças e prova­ções e, também, permanecermos firmes e constantes até a vinda de nosso Senhor. Segundo a visão do apóstolo, a paciência pode ser con­siderada sob dois aspectos, a saber: " condição de resistir as aflições com resignação e a capacidade de supor­tar as ofensas alheias. "A paciên­cia é a virtude de suportar a injus­tiça, o sofrimento, as aflições, confiando a nossa vida na mão de Deus para corrigir todas as coisas na sua vida"
Vivemos num mundo de pressa e de mudanças constantes, a ponto de haver elevado número de pesso­as neuróticas, principalmente nas grandes cidades. Contudo, a Palavra de Deus nos exorta a sermos paci­entes, tanto nos momentos de alegria quanto nas tribulações. O texto bí­blico em estudo nos desperta para o valor da paciência, aguardando a vinda do Senhor, que, certamente, está mais perto do que pensamos,

Conceitos de paciência
1. Sentido comum. A palavra paciência vem do latim patientia, significando "qualidade de paciente; virtude que consiste em suportar as dores, incômodos, infortúnios, sem queixas e com resignação".
2. A paciência cristã. Para o cristão, a paciência, além de ser a ca­pacidade de suportar com resigna­ção, dores e infortúnios, é a virtude que o capacita a suportar as falhas e ofensas alheias. É também a "tran­qüila espera por algum acontecimen­to, que venha a alterar as circunstân­cias incômodas. Trata-se da capaci­dade de esperar por mudanças, sem demonstrar ansiedade exagerada" (Champlim). É sinônimo de longanimidade, que é uma das manifesta­ções do fruto do Espírito (cf. Gl 5.22).
3. A paciência divina. Deus é paciente. É a nossa sorte, pois, se o Senhor não tivesse paciência conos­co, ante as falhas e pecados, certa­mente não estaríamos hoje estudan­do esse assunto.
a) No Antigo Testamento. "O Se­nhor é longânimo e grande em bene­ficência, que perdoa a iniqüidade e a transgressão..." (Nm 14.18). Moisés, orando a Deus, disse: "Jeová, o Se­nhor, Deus misericordioso e piedoso, tardio em iras..." (Êx 34.6b). Ele su­portou os pecados de Israel no deser­to durante quarenta anos!
b) No Novo Testamento. A paci­ência é destacada em vários textos. Em Rm 5.3,4 lemos: "E não somen­te isto, mas também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a paciência; e a paci­ência, a experiência; e a experiência, a esperança".

A necessidade da paciência

1. Na espera da vinda do Se­nhor. Tiago ao exortar os crentes a serem pacientes "até a vinda do Se­nhor" (v.7), tinha em mente que a volta do Senhor seria iminente, exor­tando, assim, os crentes de sua épo­ca a se manterem pacientes na fé. Ele tomou como exemplo o lavrador, que "espera o precioso fruto da ter­ra, aguardando-o com paciência..." (v.7b).
a) Ante a impaciência e incredu­lidade. Naquele tempo, havia uma certa impaciência e descrença quan­to à vinda do Senhor. O apóstolo Pedro escreveu aos irmãos, exortando-os a esperar a volta de Jesus, alertando para os escarnecedores, que diziam: "Onde está a promessa da sua vinda? Porque desde que os pais dormiram todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação" (2 Pe 3.4).
b) Ante a cronologia de Deus. Pedro lembra que a cronologia de Deus é diferente da nossa. "Mas, amados, não ignoreis uma coisa: que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos, como um dia" (2 Pe 3.8). Ele assevera que Deus é fiel, e que "o Dia do Senhor virá como o ladrão" (2 Pe 3.10). Sendo assim, precisamos ser pacientes, não só na espera, mas na fidelidade, de modo que sejamos "achados imaculados e irrepreensíveis em paz" (2 Pe 3.14). Se no tempo de Tiago, a vinda do Senhor já estava próxima (cf. v.8), quanto mais agora, quando os sinais dos fins dos tempos são bem evidentes!
2. No amor fraternal. Tiago, antevendo a vinda do Senhor, exor­ta-nos a sermos pacientes, não nos queixando "uns contra os outros", para não sermos condenados, pois "o juiz está à porta" (v.9). Naquele tempo, como hoje, infelizmente, é comum a existência de queixas entre os irmãos. Isso é próprio da nature­za falha do homem. Contudo, se desejamos ter nossos "espírito, alma e corpo (...) plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nos­so Senhor Jesus Cristo" (1 Ts 5.23), precisamos demonstrar paciência no amor fraternal, pois a caridade (amor em ação), "é benigna, é sofredora (...), tudo espera, tudo suporta" (1 Co 13.7).
3. Na proclamação do Evange­lho. Tiago recorre ao exemplo do lavrador, que "espera o precioso fru­to da terra, aguardando-o com paci­ência, até que receba a chuva tem­porá e serôdia" (v.7b). A proclamação do evangelho é comparada à ação do lavrador (cf. Mt 13.44; Mc 4.1 -20), ora plantando uma pequena semente, ora semeando em terrenos os mais diversos. Mas é muito im­portante, na evangelização, seguir o exemplo do lavrador, cuja caracte­rística mais marcante é a da paciên­cia. No livro de Eclesiastes temos uma solene orientação sobre isto: "Lança o teu pão sobre as águas, por­que, depois de muitos dias, o acharás (...) Pela manhã, semeia a tua se­mente e, à tarde, não retires a tua mão, porque tu não sabes qual pros­perará; se esta, se aquela ou se ambas igualmente serão boas" (Ec 11.1,6). As igrejas que mais têm prosperado são aquelas que trabalham diuturnamente, sem desânimo, evangelizando, discípulando e integrando os crentes.

Exemplos de paciência e constância

Na Bíblia, encontramos exem­plos notáveis de servos de Deus, que se destacaram no cultivo da paciên­cia em suas vidas. Por isso, em meio às vicissitudes, eles venceram tudo.
1. Jeremias. Chamado "o pro­feta das lágrimas", teve um ministério de quarenta anos (626-586 a.C), tendo sofrido intensa e pacientemente, ao ver que a "Palavra de Deus ia Sendo repudiada por seus familiares e amigos, pelos sacerdotes e reis, e pela totalidade do povo de Judá. Embora fosse solitário e rejeitado durante toda a sua vida, Jeremias não deixou de ser um dos mais ousados e corajosos profetas".
2. O patriarca Jó. Este servo de Deus tornou-se, sem dúvida, no exemplo mais marcante de paciên­cia e constância. Sem saber que por trás de seu sofrimento estava a per­missão de Deus para que o Diabo o atingisse de maneira cruel, Jó per­maneceu fiel ao Senhor, mesmo ten­do perdido as riquezas (Jó 1.14-17) e os filhos mortos num só dia (Jó 1.18,19). Ante tal tragédia, Jó exclamou: "O Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Se­nhor" (Jó 1.21). Se não bastasse isso, o Diabo atingiu sua saúde, ferindo-o de uma "chaga maligna, desde a planta do pé até o alto da cabeça" (Jó 2.7). Ainda assim, Jó superou tudo e todos, incluindo falsos amigos, e pôde dar o brado de vitória, quando disse: "Porque eu sei que o meu Re­dentor vive, e que por fim se levan­tará sobre a terra" (Jó 19.25).
3. Davi. Chamado para servir a Deus, desde a sua mocidade, quan­do era apenas um simples pastor de ovelhas, teve marcantes experiênci­as em sua vida, sofrendo a inveja dos irmãos (1 Sm 17.28) e a inveja do rei Saul, a ponto de ser ameaçado de morte (1 Sm 18.7-11). Tendo sido perseguido sem tréguas por aquele rei ímpio (1 Sm 22 - 24), pôde can­tar: "Esperei com paciência no Se­nhor, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor" (SI 40.1).
4.O exemplo de Paulo. Aos coríntios, ele exortou que "...se somos atribulados, é para vossa consolação é salvação; ou, se somos consolados, para vossa consolação é, a qual se opera, suportando com paciência as mesmas aflições que nós também padecemos" (2 Co 1.6). Em outro texto, diz o apóstolo que devemos, "como ministros de Deus, tornando-nos recomendáveis em tudo: na mui­ta paciência, nas aflições, nas neces­sidades, nas angústias" (2 Co 6.4). Ele não só pregou, mas soube ser paciente nas mais diversas e difíceis situações, sofrendo trabalhos, açoi­tes, prisões, perigos de morte, apedrejamento, naufrágio, perigos de salteadores, dos gentios e "perigos entre falsos irmãos", passando fome, sede, frio, jejum e nudez (cf. 2 Co 11.24-27). Esse gigante da fé, pró­ximo da morte, afirmou: "Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé" (2 Tm 4.7).
5. O exemplo de Jesus. Foi tão extraordinário quanto à paciência, que o escritor aos Hebreus, ensina-nos que devemos correr "com paci­ência a carreira que nos está propos­ta, olhando para Jesus, autor e consumador de nossa fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, supor­tou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus", e que devemos considerar esse exemplo, para que não venha­mos a desfalecer em nosso ânimo (cf Hb 12.1-3). Nosso Senhor, pregado na cruz, teve extrema paciência, suportando a afronta dos que "blasfemavam dele, meneando(Mover de um para outro lado) a cabeça"; que desafiava-o a salvar-se a si mesmo, se era o Filho de Deus (Mt 27.39,40) e ouvindo o escárnio dos príncipes de sacerdotes e até dos sal­teadores ao seu lado (Mt 27.41-44). Ap 1.9 "fala da paciência de Jesus Cristo".
E necessário que sejamos paci­entes para com todos (2 Tm 2.24). Jesus exortou que na paciência pos­suamos nossas almas (Lc 21.19). Por não seguirem esses conselhos, mui­tos têm ficado doentes, inválidos ou até morrido antes do tempo. Por isso, devemos praticar o conselho de Pau­lo: "Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sa­bendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor" (1 Co 15.58). Podemos adquirir paciência e constância, me­ditando na Palavra de Deus, sendo possuído pelo Espírito, exercendo a prática do amor para com os outros, através da longanimidade e na ora­ção constante. Que Deus nos ajude não só a falar ou pregar sobre paci­ência, mas praticá-la no dia-a-dia, tanto na igreja quanto no trabalho e, principalmente, no lar, onde nossos ensinos são provados de modo bem marcante.

            Bibliografia De Lima

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