O QUE É A TENTAÇÃO
Conceito. Tentação é
"ato ou efeito de tentar; disposição de ânimo para a prática de coisas
diferentes ou censuráveis" (Dicionário Aurélio). Biblicamente, podemos
dizer que é o convite ao pecado.
O significado na
epístola. Em Tiago, tentações têm o significado de perseguições, lutas e
provações pelas quais o crente pode passar.
ORIGEM DA TENTAÇÃO
A tentação tem três
origens ou fontes:
1. Da parte da carne.
a) Tentação humana. A
Bíblia nos diz que "não veio sobre vós tentação, senão humana" (1 Co
10.13). Neste texto, podemos entender que "tentação humana" quer
dizer a que é própria da natureza carnal do homem (ver Rm 7.5-8; Gl 5.13,19).
Ela tem seu aspecto mal, pernicioso, incitador ao pecado.
b) O significado da
carne. A carne, é o "centro dos desejos pecaminosos" (Rm 13.14; Gl
5.16,24). Dela vem o pecado e suas paixões (Rm 7.5; Gl 5.17-21). Na carne não
habita coisa boa (Rm 7.18). Devemos
salientar que o termo carne, aqui, não se refere ao corpo, que não tem nada de
mal em si mesmo, mas à natureza carnal, herdada de nossos pais. O corpo
do crente é templo do Espírito Santo (1 Co 6.19,20).
2. Da parte do mundo. O
mundo, como fonte de tentação, não é o mundo físico, criado por Deus. O Dicionário
da Bíblia, de Davis, diz que "a palavra mundo emprega-se freqüentemente
para designar os seus habitantes", como em SI 9.8, Is 13.11 e Jo 3.16. O
Dicionário Teológico (CPAD), referindo-se ao mundo, diz que "No campo da
teologia, porém, é o sistema que se opõe de forma persistente e sistemática ao
Reino de Deus". João exorta a que não amemos "o mundo, nem o que no
mundo há". "Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da
carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do
mundo" (1 Jo 2.15,16). Tudo isso é fonte de tentação.
3. Da parte do Diabo. É
a fonte mais cruel da tentação. Seu caráter é sempre destrutivo.
a) Jesus foi tentado. É
a fonte mais terrível e avassaladora da tentação. Dela, não escapou nem mesmo
nosso Senhor Jesus Cristo. Após o batismo em água, Ele foi conduzido
"pelo Espírito para ser tentado pelo diabo" (Mt 4.1; Mc 1.13; Lc
4.2). Foi o único que não caiu em pecado (Hb 4.15).
b) Homens de Deus foram
tentados. Homens de Deus, do porte de Abraão, Sansão, Davi, e tantos outros,
foram tentados pelo Adversário (Satanás) a fazerem o que não era da vontade de
Deus, com sérios prejuízos para suas vidas.
c) Os homens comuns são
tentados. Os homens são tentados a praticar toda espécie de males, crimes, violência,
estupros, brigas, ciúmes, guerras, mentiras, calúnias, roubos, etc.
d) Os crentes são
tentados. Até os crentes em Jesus são vítimas da ação do maligno, quando causam
prejuízos à Igreja do Senhor, com escândalos, calúnias, invejas, divisões,
rebeliões, busca pelo poder, politicagem religiosa, e tantas outras coisas
ruins.
O PROCESSO DA TENTAÇÃO
A tentação se constitui
num processo, que tem os seguintes passos:
1. Atração do desejo
(v.l4a). "Mas cada um é tentado, quando atraído..." Primeiro, vem a
atração pelos sentidos: visão (1 Jo 2.16); audição (1 Co 15.33); olfato; gosto,
e tato (Pv 6.17).
2. Engodo (isca). A
pessoa é atraída, seduzida e "engodada pela própria concupiscência"
(v,14b).
3. Concepção do desejo
(da concupiscência). Na mente, nos pensamentos (cf. Mc 7.21-23), o desejo é
concebido. Só se faz o que se pensa (v.l5a). Nesse ponto, ainda se pode evitar o pecado.
4. O pecado é gerado.
"Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado"
(v.15). Ainda na mente, já nasce o pecado. Alguém pode adulterar só na mente (Mt 5.27,28).
5.
A consumação do pecado (v.l5b). "...e o pecado, sendo consumado,
gera a morte." A morte, aqui, é espiritual. Nesse ponto, só há solução se
houver arrependimento, ainda, em vida.
E importante
entendermos esse terrível processo, a fim de que nos resguardemos dele. Alguém já disse que ninguém pode
impedir que um pássaro voe sobre sua cabeça, mas pode impedi-lo de fazer um
ninho nela. Isso ilustra o processo da tentação. Esta, em si, não é
pecado. Pecado é praticar
o que a tentação sugere.
DIFERENÇA ENTRE
TENTAÇÃO E PROVAÇÃO
A tentação, conforme
estudamos, é sempre uma
indução ao mal, ao pecado. A provação, no entanto, não tem esse sentido.
Quando a Bíblia diz que Deus tentou alguém, devemos entender que Deus o provou, e isso tem
objetivos muito elevados, conforme descrevemos a seguir. Tiago nos diz que
"Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode
ser tentado pelo mal e a ninguém tenta" (v.13).
Quando a Bíblia diz que
alguém foi tentado por Deus, isso pode ser entendido como provação, Abraão só
foi considerado o pai de todos os que crêem, porque creu e foi
"tentado", ou seja, "provado" por Deus (ver Gn 22.1-18). A
prova da fé é essencial para "louvor, honra, e glória na revelação de
Jesus Cristo" (1 Pe 1.7).
Tiago exorta os crentes
a terem "grande gozo", quando caírem em "várias tentações",
sabendo que "a prova da vossa fé produz a paciência" (vv.2,3). Ele
considera uma bem-aventurança o crente sofrer a tentação, porque, quando for
provado, receberá a coroa da vida (v.12).
SETE PASSOS PARA A
VITÓRIA NA TENTAÇÃO
1. Saber utilizar a
Palavra de Deus. Nosso Senhor Jesus Cristo, quando foi tentado, não deu chance
ao Diabo para conversar
muito com Ele. A cada insinuação do maligno, ele usava a "espada do
Espírito, que é a Palavra de Deus" (Ef 6.17b), dizendo: "Está
escrito..." (Mt 4.4b, 7a, 10b). Por isso, é preciso ler a Bíblia, para usar a Palavra na hora certa.
2. Através da oração.
Jesus nos mandou orar sem cessar para não cairmos em tentação (Lc 22.40; 1 Ts
5.17). A maioria dos crentes, hoje, não ora. Certo pregador disse: "O Diabo ri da nossa
sabedoria, zomba das nossas pregações, mas treme diante de nossas
orações".
3. Através da
vigilância. Jesus enfatizou a importância da vigilância para não cairmos em
tentação (cf. Mt 26.41a).
4. Através da
disciplina pessoal. Falando sobre o "atleta cristão", Paulo diz que
"aquele que luta, de tudo se abstém" (1 Co 9.25a). Em seguida,
afirma: "Antes,
subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu
mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado" (1 Co 9.27).
Muitos caem, por exemplo, na tentação do sexo, porque não sabem controlar seus
instintos.
5. Resistindo ao Diabo.
O inimigo sabe qual é o ponto fraco de cada crente. Mas, com determinação e
resistência, no Espírito, é possível ser vitorioso (cf. 1 Pe 5.8,9; Tg 5.17).
José, jovem hebreu, mesmo pagando terrível preço, não se deixou vencer pelo
pecado do adultério. Foi vencedor e exaltado por Deus.
6. Buscando a
santificação. É preciso que o crente viva a separação integral para Deus (Hb
12.14; 1 Pe 1.15).
7. Ocupando a mente com
as coisas espirituais. Isso se consegue através da oração, jejum, estudo da
Bíblia e leitura de bons
livros; servindo, evangelizando, louvando, participando da obra do
Senhor, santificando a mente, a vida e o corpo (ver 1 Ts 4.3-7).
A tentação, no seu
sentido mais comum, é um processo terrível, da parte do homem, do mundo e do Diabo,
cuja finalidade é destruir a fé, a santidade, a comunhão com Deus, levando o
crente a pecar. Para vencer, é preciso fazer como Jesus, que usou a
"Espada do Espírito" - a Palavra. É preciso usar as armas que Deus
colocou à disposição de Seus servos. Em Cristo, "somos mais que
vencedores" (Rm 8.37).
Bibliografia Elinaldo
Renovato
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