segunda-feira, 23 de junho de 2014

O QUE É A TENTAÇÃO



O QUE É A TENTAÇÃO

Conceito. Tentação é "ato ou efeito de tentar; disposição de âni­mo para a prática de coisas diferen­tes ou censuráveis" (Dicionário Au­rélio). Biblicamente, podemos dizer que é o convite ao pecado.
O significado na epístola. Em Tiago, tentações têm o significado de perseguições, lutas e provações pe­las quais o crente pode passar.

ORIGEM DA TENTAÇÃO

A tentação tem três origens ou fontes:
1. Da parte da carne.
a) Tentação humana. A Bíblia nos diz que "não veio sobre vós ten­tação, senão humana" (1 Co 10.13). Neste texto, podemos entender que "tentação humana" quer dizer a que é própria da natureza carnal do ho­mem (ver Rm 7.5-8; Gl 5.13,19). Ela tem seu aspecto mal, pernicioso, incitador ao pecado.
b) O significado da carne. A car­ne, é o "centro dos desejos pecami­nosos" (Rm 13.14; Gl 5.16,24). Dela vem o pecado e suas paixões (Rm 7.5; Gl 5.17-21). Na carne não habi­ta coisa boa (Rm 7.18). Devemos salientar que o termo carne, aqui, não se refere ao corpo, que não tem nada de mal em si mesmo, mas à nature­za carnal, herdada de nossos pais. O corpo do crente é templo do Espíri­to Santo (1 Co 6.19,20).
2. Da parte do mundo. O mun­do, como fonte de tentação, não é o mundo físico, criado por Deus. O Di­cionário da Bíblia, de Davis, diz que "a palavra mundo emprega-se freqüentemente para designar os seus habitantes", como em SI 9.8, Is 13.11 e Jo 3.16. O Dicionário Teológico (CPAD), referindo-se ao mundo, diz que "No campo da teologia, porém, é o sistema que se opõe de forma persistente e sistemática ao Reino de Deus". João exorta a que não ame­mos "o mundo, nem o que no mun­do há". "Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a so­berba da vida, não é do Pai, mas do mundo" (1 Jo 2.15,16). Tudo isso é fonte de tentação.
3. Da parte do Diabo. É a fonte mais cruel da tentação. Seu caráter é sempre destrutivo.
a) Jesus foi tentado. É a fonte mais terrível e avassaladora da ten­tação. Dela, não escapou nem mes­mo nosso Senhor Jesus Cristo. Após o batismo em água, Ele foi conduzi­do "pelo Espírito para ser tentado pelo diabo" (Mt 4.1; Mc 1.13; Lc 4.2). Foi o único que não caiu em pecado (Hb 4.15).
b) Homens de Deus foram tenta­dos. Homens de Deus, do porte de Abraão, Sansão, Davi, e tantos ou­tros, foram tentados pelo Adversá­rio (Satanás) a fazerem o que não era da vontade de Deus, com sérios pre­juízos para suas vidas.
c) Os homens comuns são tenta­dos. Os homens são tentados a prati­car toda espécie de males, crimes, vi­olência, estupros, brigas, ciúmes, guer­ras, mentiras, calúnias, roubos, etc.
d) Os crentes são tentados. Até os crentes em Jesus são vítimas da ação do maligno, quando causam prejuízos à Igreja do Senhor, com escândalos, calúnias, invejas, divi­sões, rebeliões, busca pelo poder, politicagem religiosa, e tantas outras coisas ruins.

O PROCESSO DA TENTAÇÃO

A tentação se constitui num pro­cesso, que tem os seguintes passos:
1. Atração do desejo (v.l4a). "Mas cada um é tentado, quando atraído..." Primeiro, vem a atração pelos sentidos: visão (1 Jo 2.16); audição (1 Co 15.33); olfato; gosto, e tato (Pv 6.17).
2. Engodo (isca). A pessoa é atraída, seduzida e "engodada pela própria concupiscência" (v,14b).
3. Concepção do desejo (da concupiscência). Na mente, nos pensamentos (cf. Mc 7.21-23), o de­sejo é concebido. Só se faz o que se pensa (v.l5a). Nesse ponto, ainda se pode evitar o pecado.
4. O pecado é gerado. "Depois, havendo a concupiscência concebi­do, dá à luz o pecado" (v.15). Ainda na mente, já nasce o pecado. Alguém pode adulterar só na mente (Mt 5.27,28).
5. A consumação do pecado (v.l5b). "...e o pecado, sendo con­sumado, gera a morte." A morte, aqui, é espiritual. Nesse ponto, só há solução se houver arrependimento, ainda, em vida.
E importante entendermos esse terrível processo, a fim de que nos resguardemos dele. Alguém já disse que ninguém pode impedir que um pássaro voe sobre sua cabeça, mas pode impedi-lo de fazer um ninho nela. Isso ilustra o processo da tenta­ção. Esta, em si, não é pecado. Peca­do é praticar o que a tentação sugere.

DIFERENÇA ENTRE TENTAÇÃO E PROVAÇÃO

A tentação, conforme estudamos, é sempre uma indução ao mal, ao pecado. A provação, no entanto, não tem esse sentido. Quando a Bíblia diz que Deus tentou alguém, deve­mos entender que Deus o provou, e isso tem objetivos muito elevados, conforme descrevemos a seguir. Tiago nos diz que "Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta" (v.13).
Quando a Bíblia diz que alguém foi tentado por Deus, isso pode ser entendido como provação, Abraão só foi considerado o pai de todos os que crêem, porque creu e foi "tentado", ou seja, "provado" por Deus (ver Gn 22.1-18). A prova da fé é essencial para "louvor, honra, e glória na re­velação de Jesus Cristo" (1 Pe 1.7).
Tiago exorta os crentes a terem "grande gozo", quando caírem em "várias tentações", sabendo que "a prova da vossa fé produz a paciên­cia" (vv.2,3). Ele considera uma bem-aventurança o crente sofrer a tentação, porque, quando for prova­do, receberá a coroa da vida (v.12).

SETE PASSOS PARA A VITÓRIA NA TENTAÇÃO

1. Saber utilizar a Palavra de Deus. Nosso Senhor Jesus Cristo, quando foi tentado, não deu chance ao Diabo para conversar muito com Ele. A cada insinuação do maligno, ele usava a "espada do Espírito, que é a Palavra de Deus" (Ef 6.17b), di­zendo: "Está escrito..." (Mt 4.4b, 7a, 10b). Por isso, é preciso ler a Bíblia, para usar a Palavra na hora certa.
2. Através da oração. Jesus nos mandou orar sem cessar para não cairmos em tentação (Lc 22.40; 1 Ts 5.17). A maioria dos crentes, hoje, não ora. Certo pregador disse: "O Diabo ri da nossa sabedoria, zomba das nossas pregações, mas treme di­ante de nossas orações".
3. Através da vigilância. Jesus enfatizou a importância da vigilân­cia para não cairmos em tentação (cf. Mt 26.41a).
4. Através da disciplina pesso­al. Falando sobre o "atleta cristão", Paulo diz que "aquele que luta, de tudo se abstém" (1 Co 9.25a). Em seguida, afirma: "Antes, subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma manei­ra a ficar reprovado" (1 Co 9.27). Muitos caem, por exemplo, na ten­tação do sexo, porque não sabem controlar seus instintos.
5. Resistindo ao Diabo. O ini­migo sabe qual é o ponto fraco de cada crente. Mas, com determinação e resistência, no Espírito, é possível ser vitorioso (cf. 1 Pe 5.8,9; Tg 5.17). José, jovem hebreu, mesmo pagan­do terrível preço, não se deixou ven­cer pelo pecado do adultério. Foi vencedor e exaltado por Deus.
6. Buscando a santificação. É preciso que o crente viva a separa­ção integral para Deus (Hb 12.14; 1 Pe 1.15).
7. Ocupando a mente com as coisas espirituais. Isso se consegue através da oração, jejum, estudo da Bíblia e leitura de bons livros; ser­vindo, evangelizando, louvando, participando da obra do Senhor, santificando a mente, a vida e o corpo (ver 1 Ts 4.3-7).
A tentação, no seu sentido mais comum, é um processo terrível, da parte do homem, do mundo e do Di­abo, cuja finalidade é destruir a fé, a santidade, a comunhão com Deus, levando o crente a pecar. Para ven­cer, é preciso fazer como Jesus, que usou a "Espada do Espírito" - a Pa­lavra. É preciso usar as armas que Deus colocou à disposição de Seus servos. Em Cristo, "somos mais que vencedores" (Rm 8.37).

Bibliografia Elinaldo Renovato


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