sexta-feira, 29 de abril de 2011

A PROVIDÊNCIA DIVINA


A PROVIDÊNCIA DIVINA

Gn 45.5 “. . . não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos por me haverdes vendido para cá, porque, para conservação da vida, Deus me enviou diante da vossa face.”

Depois de o Senhor Deus criar os céus e a terra (1.1), Ele não deixou o mundo à sua própria sorte. Pelo contrário, Ele continua interessado na vida dos seus, cuidando da sua criação.

Deus não é como um hábil relojoeiro que formou o mundo, deu-lhe corda e deixa acabar essa corda lentamente até o fim; pelo contrário, Ele é o Pai amoroso que cuida daquilo que criou.

O constante cuidado de Deus por sua criação e por seu povo é chamado, na linguagem doutrinal, a providência divina.

ASPECTOS DA PROVIDÊNCIA DIVINA.

Há, pelo menos, três aspectos da providência divina.

(1) Preservação. Deus, pelo seu poder, preserva o mundo que Ele criou. A confissão de Davi fica clara: “A tua justiça é como as grandes montanhas; os teus juízos são um grande abismo; SENHOR, tu conservas os homens e os animais” (Sl 36.6).

O poder preservador de Deus manifesta-se através do seu filho Jesus Cristo, conforme Paulo declara em Cl 1.17:

Cristo “é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por Ele”. Pelo poder de Cristo, até mesmo as minúsculas partículas de vida mantêm-se coesas. –

( 2 ) Provisão. Deus não somente preserva o mundo que Ele criou, como também provê as necessidades das suas criaturas.

Quando Deus criou o mundo, criou também as estações (1.14) e proveu alimento aos seres humanos e aos animais (1.29,30).

Depois de o Dilúvio destruir aterra, Deus renovou a promessa da provisão, com estas palavras: “Enquanto a terra durar, sementeira e sega, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite não cessarão” (8.22).

Vários dos salmos dão testemunho da bondade de Deus em suprir do necessário a todas as suas criaturas (e.g., SI 104; 145).

O mesmo Deus revelou a Jó seu poder de criar e de sustentar (Jó 38—41),

E Jesus asseverou em termos bem claros que Deus cuida das aves do céu e dos lírios do campo (Mt 6.26-30; 10.29).

Seu cuidado abrange, não somente as necessidades físicas da humanidade, como também as espirituais (Jo 3.16, 17).

A Bíblia revela que Deus manifesta um amor e cuidado especiais pelo seu próprio povo, tendo cada um dos seus em alta estima (e.g.. S1 91; ver Mt 10.3 1 nota).

Paulo escreve de modo inequívoco aos crentes de Filipos: “O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus” (ver Fp 4.19 nota).

De conformidade com o apóstolo João, Deus quer que seu povo tenha saúde, e que tudo lhe vá bem (ver 3 Jo 2 nota).

( 3 )Governo. Deus, além de preservar sua criação e prover- lhe o necessário, também governa o mundo.

Deus, como Soberano que é, dirige, os eventos da história, que acontecem segundo sua vontade permissiva e seu cuidado.

Em certas ocasiões, Ele intervém diretamente segundo o seu propósito redentor. 

Mesmo assim, até Deus consumar a história, Ele tem limitado seu poder e governo supremo neste mundo.

As Escrituras declaram que Satanás é “o deus deste século” [mundo] (2 Co 4.4)

E exerce acentuado controle sobre a presente era maligna (ver 1 J0 5.19 nota; Lc 13.16; GL 1.4; Ef 6.12; Hb 2.14).

Noutras palavras, o mundo, hoje, não está submisso ao poder regente de Deus, mas, em rebelião contra Ele e escravizado por Satanás.

Note, porém, que essa autolimitação da parte de Deus é apenas temporária; na ocasião que Ele já determinou na sua sabedoria, Ele aniquilará Satanás e todas as hostes do mal (Ap 19—20).

A PROVIDÊNCIA DIVINA E O SOFRIMENTO HUMANO.

A revelação bíblica demonstra que a providência de Deus não é uma doutrina abstrata, mas que diz respeito à vida diária num mundo mau e decaído.

(1) Toda pessoa experimenta o sofrimento em certas ocasiões da vida e daí surge a inevitável pergunta “Por quê?” (cf. Jó 7.17-21; Si 10.1; 22.1; 74.11,12; Jr 14.8,9,19).

Essas experiências alvitram o problema do mal e do seu lugar nos assuntos de Deus.

(2) Deus permite que os seres humanos experimentem as conseqüências do pecado que penetrou no mundo através da queda de Adão e Eva. José, por exemplo, sofreu muito por causa da inveja e da crueldade dos seus irmãos.

Foi vendido como escravo pelos seus irmãos e continuou como escravo de Potifar, no Egito (37; 39).

Vivia no Egito uma vida temente a Deus, quando foi injustamente acusado de imoralidade, lançado no cárcere (39)

E mantido ali por mais de dois anos (40.1—41.14).

Deus pode permitir o sofrimento em decorrência das más ações do próximo, embora Ele possa soberanamente controlar tais ações, de tal maneira que seja cumprida a sua vontade.

Segundo o testemunho de José, Deus estava agindo através dos delitos dos seus irmãos, para a preservação da vida (45.5; 50.20).

 (3) Não somente sofremos as conseqüências dos pecados dos outros, como também sofremos as conseqüências dos nossos próprios atos pecaminosos. Por exemplo: o pecado da imoralidade e do adultério, freqüentemente resulta no fracasso do casamento e da família do culpado.

O pecado da ira desenfreada contra outra pessoa pode levar à agressão física, com ferimentos graves ou até mesmo o homicídio de uma das partes envolvidas, ou de ambas.

O pecado da cobiça pode levar ao furto ou desfalque e daí à prisão e cumprimento de pena.

(4) O sofrimento também ocorre no mundo porque Satanás, o deus deste mundo, tem permissão para executar a sua obra de cegar as mentes dos incrédulos e de controlar as suas vidas (2 Co 4.4; Ef 2.1-3).

O NT está repleto de exemplos de pessoas que passaram por sofrimento por causa dos demônios que as atormentavam com aflição mental (e.g., Mc 5.1-14)

Ou com enfermidades físicas (Mt 9.32,33; 12.22; Mc 9.14-22; Lc 13.11,16;).

Dizer que Deus permite o sofrimento não significa que Deus origina o mal que ocorre neste mundo, nem que Ele pessoalmente determina todos os infortúnios da vida. Deus nunca é o instigador do mal ou da impiedade
(Tg 1.13).

Todavia, Ele, às vezes, o permite, o dirige e impera soberanamente sobre o mal a fim de cumprir a sua vontade, levar a efeito seu propósito redentor e fazer com que todas as coisas contribuam para o bem daqueles que lhe são fiéis (ver Mt 2.13 nota; Rm 8.28 nota;).

O RELACIONAMENTO DO CRENTE COM A PROVIDÊNCIA DIVINA.

O crente para usufruir os cuidados providenciais de Deus em sua vida, tem responsabilidades a cumprir, conforme a Bíblia revela.

(1) Ele deve obedecer a Deus e à sua vontade revelada. No caso de José, por exemplo, fica claro que por ele honrar a Deus, mediante sua vida de obediência, Deus o honrou ao estar com ele (39.2,3,2 1,23).

Semelhantemente, para o próprio Jesus desfrutar do cuidado divino protetor ante as intenções assassinas do rei Herodes, seus pais terrenos tiveram de obedecer a Deus e fugir para o Egito (ver Mt 2.13 nota).

Aqueles que temem a Deus e o reconhecem em .todos os seus caminhos têm a promessa de que Deus endireitará as suas veredas (Pv 3.5-7).

(2) Na sua providência, Deus dirige os assuntos da igreja e de cada um de nós como seus servos.

O crente deve estar em constante harmonia com a vontade de Deus para a sua vida, servindo-o e ajudando outras pessoas em nome dEle (At 18.9,10; 23.11; 26.15-18; 27.22-24).
(3) Devemos amar a Deus e submeter-nos a Ele pela fé em Cristo, se quisermos que Ele opere para o nosso bem em todas as coisas (ver Rm 8.28 nota).

Para termos sobre nós o cuidado de Deus quando em aflição, devemos clamar a Ele em oração e fé perseverante. Pela oração e confiança em Deus, experimentamos a sua paz (Fp 4.6,7),

Recebemos a sua força (Ef 3.16; Fp 4.13),

A misericórdia, a graça e ajuda em tempos de necessidade (Hb 4.16; ver Fp 4.6 nota).

Tal oração de fé, pode ser em nosso próprio favor ou em favor do próximo (Rm 15.30-32; ver Cl 4.3 nota ).

A BIBLIA — O ALIMENTO ESPIRITUAL

A BIBLIA — O ALIMENTO ESPIRITUAL

Mateus 4: 1 — 4
Ezeguiel 3:1—3

Apocalipse 10: 9

INTRODUÇÃO: Assim como nossa vida física precisa de alimento para sustentá-la também espiritualmente, nossa vida cristã é sustentada por alimentos espirituais que se encontram na Bíblia Sagrada.

Somos seres físicos, mas somos também seres espirituais.
Ambos aspectos precisam de alimentos próprios.
A Palavra de Deus é a fonte de nossa alimentação espiritual.

1— DEUS PROVEU O ALIMENTO DA CRIAÇÃO

1- Deus proveu para cada classe de vida, os alimentos próprios = Gn 1: 29,30
2- Deus prometeu sementeira e sega para o sustento da criação = Gn 8: 22
3. A Bíblia fala de vários tipos de alimentos básicos como sejam pão, carne,
frutas, raízes, mel, leite, manteiga, vinho, etc — II Sm 16: 2; = II Sm 6: 19;
17.29; = Is 7: 15; = Rt 2: 14

II— DEUS PROVEU ALIMENTOS PARA SEUS SERVOS

1- Pão (maná) carne (codornizes) e água para Israel na sua peregrinação no deserto—Dt2: 7

a)Pão—Ex 16: 3-5,8
b) água Ex 15: 23 -27
c)carne—Ex 16: 12-13

2- Azeite e farinha não faltaram à viúva que sustentou a Elias =1 Rs 17: 9,11-16

3- Deus sustentou a Elias com pão e carne trazidos diariamente pelos corvos
1 Rs 17: 4 - 6

4- Deus fez aumentar o azeite da viúva pobre através de Elizeu = II Rs 4: 2-7

5- Deus visitou o seu povo em tempo de fome na terra nos dias de Rute e não
faltou pão ao povo—Rt 1: 1,6

6- Neemias dá testemunho da provisão divina nas necessidades materiais do povo de Israel Ne 9: 25

III — DEUS PROVEU O ALIMENTO ESPIRITUAL PARA SEU POVO

1- Assim como Deus dá a provisão material, também dá a provisão espiritual.

2- Assim como há diferentes tipos de vida, há diferentes tipos e classes de alimentos Dt 8: 3; Mt 4: 4

3- Para o homem natural o pão da terra; para o homem espiritual o pão do céu que é a Palavra de Deus Jo 6: 63

4- O alimento espiritual é superior ao natural que é transitório, limitado, perecível.

a) O alimento natural atende as necessidades orgânicas imediatas e não exerce qualquer influência de valor eterno.

b) O alimento espiritual tem valor eterno — Jo 6: 27

IV — TIPOS DESTACADOS DE ALIMENTOS NA BÍBLIA

O Alimento Universal — pão

a) Pão é o alimento universal, ou que representa todos os demais alimentos vitais para o ser humano — Mt6: 11

b) Jesus tipificou o pão como seu CORPO oferecido no calvário — Mt 26: 26; At20:7;= 1 Co 11: 23-24

c) Jesus disse de Si mesmo como O PÃO VIVO que desceu do céu J0 6:33,35 d) “NEM SÓ DE PÃO” viverá o homem” fala do pão material.

1- No deserto, ao ser tentado pelo Diabo, Jesus disse estas palavras para destacar que muito mais que pão material o homem precisa do pão celestial — Le 4: 2 -4

2- O pão material por ser transitório é insuficiente para saciar a fome espiritual.

2- O Alimento Desejável — Mel.

a) A Palavra de Deus é doce como o mel SI 19: 10; = 119: 103
b) A doçura do mel envolve sabor assim a Bíblia tem sabor agradável na vida
espiritual.

c) Israel saiu para uma terra onde “mana leite e mel”, isto é, quê tinha abundância e paz—Ez3: 8;=Dt8: 8

d) O Egito amargo pela doçura de Canaã; o mundo amargo pela doçura das moradas celestes Jo 14: 3

c) MEL simboliza prazer, doçura felicidade; alimento e saciamento II Sm 17: 29

3- O Alimento Básico Leite

a) Outro alimento básico para o organismo— Ct 4: 11

b) Leite é símbolo do alimento básico para fazer desenvolver a vida

c) A Palavra de Deus é leite oferecido sem dinheiro = Is 55: 1

d) É o primeiro alimento para o recém-nascido o novo convertido lCo3:2;=lPe2:2

e) O “leite racional” é próprio para aqueles que não tem condição para ingerir alimentos mais sólidos 1 J0 2: 14; = Is 40: 31

4. O Alimento Sólido

a) A mudança de alimentação acontece conforme o crescimento desenvolvimento espiritual para alimentos sólidos (mais pesados)

b) Um crente adulto deve se alimentar de alimentos para adultos, não de recém nascido— 1 Co 3:2

CONCLUSÃO: Devemos fazer como os três homens da Bíblia que comeram a Palavra de Deus, e devemos fazer isto diariamente, constantemente.


AMÉM

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Evidência Física Inicial do Batismo no Espírito Santo

Evidência Física Inicial do Batismo no Espírito Santo


Uma importante questão é saber se a pessoa foi realmente batizada no Espírito Santo. Seria ideal que o crente cheio do Espírito Santo apresentasse muitas evidências de sua condição. Entretanto, não estamos discutindo os resultados a longo prazo do batismo no Espírito, mas o testemunho imediato da própria experiência.

Tem Deus provido tal indicador? Se o livro de Atos não é somente descritivo, mas possui um propósito teológico, e se a experiência da Igreja Primitiva, com seus registros, é realmente normativa (ver Roger Stronstad, The Cbarismatic Theology of St. Luke, Peabody, Mass.: Hendrickson Publishers, 1984) para a Igreja de todos os séculos, então a resposta é um retumbante
“SIM!”

SINAIS DO DERRAMAMENTO

No dia de Pentecoste, dois sinais antecederam o derramamento do Espírito Santo. Ouviu-se “um som, como de um vento veemente e impetuoso” e “foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles” (At 2.2,3). Esses sinais particulares não se repetiram em experiências posteriores de batismo no Espírito Santo. Um sinal, entretanto, fazia parte real do batismo pentecostal: todos quantos foram cheios com o Física Espírito Santo “começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (At 2.4).

Essas “línguas” eram idiomas que eles nunca tinham aprendido, distribuídas individualmente, à parte da compreensão de cada um. Alguns dos presentes, que compreendiam os idiomas, reconheceram que eles estavam declarando “as grandezas de Deus” (At 2.11), Esse sinal foi o mais espetacular dos fenômenos do dia de Pentecoste, e repetiu-se por várias vezes, duas das quais são registradas no livro de Atos(10.46 e 19.6).

E de especial importância o episódio ocorrido na casa de um centurião romano, Cornélio. Ali, por causa dos entranhados preconceitos dos judeus contra os gentios, fazia-se necessária uma evidência convincente. E somente uma evidência demonstrou que aqueles gentios haviam recebido “o dom do Espírito Santo”: os espantados crentes judeus ouviram-nos “falar em línguas e magnificar a Deus” (At 10.46), exatamente como acontecera no dia de Pentecoste (At 2.4,11).

Mais tarde, ao ser criticado por haver entrado na casa de um gentio e comido com eles, tendo comunhão em torno da mesa, Pedro explicou: “E, quando comecei a falar, caiu sobre eles o Espírito Santo, como também sobre nós ao princípio. E lembrei-me do dito do Senhor quando disse:
João certamente batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo. Portanto, se Deus lhes deu o mesmo dom que a nós, quando cremos no Senhor Jesus Cristo, quem era, então, eu, para que pudesse resistir a Deus?” (At 11.15-17). O versículo seguinte mostra-nos que os apóstolos e outros crentes judeus aceitavam o falar em línguas como evidência convincente do batismo no Espírito Santo:

“E, ouvindo estas coisas, apaziguaram-se e glorificaram a Deus, dizendo: Na verdade, até aos gentios deu Deus o arrependimento para a vida” (At 11.18). Por certo, numa época em que muitos pensam, esperam, acreditam e se maravilham com o batismo no Espírito, uma evidência convincente continua sendo necessária.

Alguns anos mais tarde, em Efeso, os gentios receberam Evidência a experiência pentecostal, e “falavam em línguas e profetiza- vam” (At 19.6). Reperte-se, mais urna vez, a completa experiência do batismo no Espírito Santo. O grego normalmente subentende que eles continuaram a falar em línguas e a profetizar.

“O falar em línguas... continua a trazer enriquecimento ao crente individualmente, em suas devoções pessoais, e à congregação, quando acompanhado pela interpretação de línguas” (Where We Stand, Springfield, Mo.: Gospel Publishing House, 1990, pág. 147).

Com a morte de Estêvão, iniciou-se a perseguição, espalhando os crentes (excetuando os apóstolos) e as chamas do Evangelho em muitas direções (At 8.1). Um bom exemplo do avanço do Evangelho é a pregação de Filipe em Samaria, às pessoas que tinham estado sob a influência de Simão, o mágico. Elas creram e foram batizadas em águas, mas o Espírito Santo não desceu sobre nenhum deles. Talvez porque tivessem percebido que estavam errados acerca de Simão, bem como sobre muitas de suas doutrinas samaritanas, e acharam difícil dar o próximo passo de fé para receber o batismo no Espírito Santo (Stanley Horton, O que a Bíblia Diz Sobre o Espírito Santo, Rio de Janeiro, CPAD, 1993, pág. 166).

Dias depois, Pedro e João foram enviados a Samaria, oraram por eles e impuseram-lhes as mãos; então, receberam o Espírito Santo (At 8.15-17). Simão, o mágico, sentindo remorso por seus antigos caminhos, ofereceu-lhes dinheiro pela autoridade de impor as mãos para que as pessoas recebessem o Espírito Santo. Como era óbvio, havia algo evidentemente sobrenatural no recebimento do Espírito. Simão já vira os milagres de Filipe. Obviamente, Simão deve ter ouvido a profecia em seu próprio idioma, mas com certeza foi no falar em línguas que reconheceu algo sobrenatural. Lucas, entretanto, concentra sua atenção sobre a atitude do mágico, e assim não menciona as línguas.
Física Há ainda um outro episódio no livro de Atos que certamente implica em línguas. Paulo, ao ser surpreendido por Jesus, na estrada para Damasco, ficou cego por causa da glória divina.
Foi levado a Damasco, à casa de Judas, na rua Direita, onde recebeu a visão de que um homem chamado Ananias colocaria as mãos sobre ele e o faria tornar a ver. Aquele bom discípulo, ato contínuo, veio e disse que o Senhor lhe havia enviado a fim de que Paulo pudesse enxergar novamente e ser cheio do Espírito Santo (At 9.17). As línguas não são mencionadas especificamente nessa ocasião; porém, mais tarde, Paulo testifica: “Dou graças ao meu Deus, porque falo mais línguas do que vós todos” (1 Co 14.18). Pelo que aconteceu nas outras ocasiões em que pessoas eram batizadas no Espírito Santo, podemos inferir que a experiência inicial de Paulo em falar noutras línguas ocorreu naquele seu encontro com Ananias.

Se todas as referências à concessão pentecostal, no livro de Atos, forem reunidas em um único bloco, não haverá mais dúvidas de que as línguas são a evidência inicial e física do batismo no Espírito Santo. Visto que reconhecemos nas descrições históricas do livro de Atos um propósito teológico e a intenção de ser exemplo para a Igreja hoje, temos nele um forte fundamento para acreditar que os crentes que eram cheios do Espírito Santo esperavam a evidência do falar em línguas. Alguns escritores afirmam que as doutrinas devem estar baseadas sobre claras afirmações das epístolas, e não na história, no livro de Atos.

Entretanto, o Espírito Santo inspirou Paulo a escrever: “Toda Escritura divina- mente inspirada é proveitosa” (2 Tm 3,16). Outrossim, “tudo quanto dantes foi escrito para nosso ensino foi escrito” (Rm 15.4). A Bíblia, ao desenvolver a doutrina da justificação pela fé, em Romanos 4, volta à passagem histórica de Gênesis sobre Abraão; ao demonstrar a origem da graça divina, retrocede à outra passagem histórica, sobre Davi. “A palavra traduzida por ‘línguas’, no livro de Atos, é  mesma usada em 1 Coríntios, e refere-se a idiomas reais de homens e anjos (1 Co 13.1). Não há justificativa para interpretar a palavra como ‘sons estranhos ou próprios de êxtase’. Nos tempos do Novo Testamento, tal como em nosso tempo, havia pessoas que ouviam e compreendiam o falar cm línguas” (Where We Stand, pág. 147).

FUNÇÕES DO FALAR EM LÍNGUAS

Pode-se indagar se o falar em línguas serve apenas como evidência do batismo no Espírito Santo. A resposta é não, pois o fenômeno das línguas tem pelo menos duas outras importantes funções. Antes de citá-las, é válido lembrar que uma pessoa pode receber as línguas como a evidência do batismo no Espírito Santo e só mais tarde receber o dom das línguas, que pode manifestar-se nas devoções pessoais ou nos cultos públicos (Smith Wigglesworth, Ever Increasing Faith, rev. ed. Springfield, Mo.: Gospel Publishing House, 1971, pág. 114; e Frank M. Boyd, The Spírit Works Today. Springfield, Mo,: Gospel Publishing House, 1970, págs. 83- 86).


As línguas pessoais, ou seja, o dom de falar em línguas desconhecidas, têm, nas devoções particulares, o valor de edificar quem estiver ocupado na oração. Orar em uma língua desconhecida é forma exaltada de adoração (1 Co 14.4). Orar em línguas é uma prática útil, e deveria ser cultivada na vida diária do crente, pois assim a pessoa é edificada em sua fé e na vida espiritual. Paulo parece tomar como automático, em suas epístolas, o fato de que os crentes eram normalmente batizados no Espírito Santo e que as línguas eram parte comum de sua experiência diária. Ele mesmo falava em línguas mais do que os crentes coríntios, embora o fizesse em particular (1 Co 14.18,19).

Há também outro uso para as línguas. Embora seja o mesmo em essência, o dom de línguas empregado nos cultos públicos visa um propósito distinto. As línguas mencionadas no livro de Atos são evidenciais e privadas; as mencionadas nas epístolas são públicas, e visam a edificação geral. As línguas particulares não precisam ser interpretadas, visto que o indivíduo é edificado mesmo à parte de seu entendimento. Não obstante, as disciplinas acerca do emprego das línguas em reuniões públicas enfatizam a necessidade de interpretação, para que o culto seja abençoado (1 Co 14.2- 20).

QUESTÕES SOBRE O FALAR EM LÍNGUAS

Um certo número de perguntas têm surgido no tocante ao falar em línguas. Algumas bem podemos considerar aqui (o material seguinte é adaptado de Where We Stand, págs. 150-154):

1. Pode uma doutrina estar baseada sobre menos do que afirmações declarativas? Embora uma doutrina não deva estar baseada sobre fragmentos isolados das Escrituras, pode basear-se numa verdade substancial, implícita. A doutrina da Trindade não está alicerçada sobre uma afirmação declarativa, mas numa comparação de passagens bíblicas relativas à deidade. Semelhantemente, a doutrina das línguas como evidência do batismo no Espírito Santo está baseada em porções substanciais das Escrituras.

2. O falar em línguas é um fenômeno pertencente somente ao período apostólico? Nada, nas Escrituras, indica que o falar em línguas tenha vigorado apenas durante o período apostólico, ou até o cânon do Novo Testamento estar completo. Paulo, ao declararar que as línguas cessariam (1 Co 13.8), indica o tempo em que tal iria acontecer: “Mas, quando vier o que é perfeito, então, o que é em parte será aniquilado” (1 Co 13.10) - “perfeição” talvez seja uma referência ao tempo da volta de Cristo (cf. 1 Jo 3.2).

Paulo indica também que, no tempo em que as línguas cessassem, o conhecimento e as profecias também cessariam (1 Co 13.8). O contexto deixa claro que o tempo de cessarem as línguas ainda é futuro, e que outras coisas como o conhecimento e a profecia mudarão, simultaneamente e de modo significativo. Até esse tempo, as palavras de Jesus terão plena aplicação:
 “E estes sinais seguirão aos que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas...” (Mc 16.17; ver Donald F. Stamps, editor, Fuil Life Study Bible. Grand Rapids: Zondervan Bible Publishers, 1990, págs. 106 e 232).

3. Quando Paulo escreveu: “Falam todos diversas [em outras] línguas?” (1 Co 12.30), não estaria fazendo uma pergunta retórica, que requeria uma resposta negativa? Para compreendermos a pergunta de Paulo, é necessário reconhecer as várias funções do dom de línguas: falar em línguas serve de evidência inicial do batismo no Espírito Santo (At 10.46; 11.15); falar ou orar em línguas, em particular, visa a edificação pessoal (1 Co 14.2,4); e falar em línguas na igreja - acompanhadas de interpretação - visa a edificação do corpo local (1 Co 14.5).

Não há contradição entre o desejo de Paulo - de que todos falassem em línguas (1 Co 14.5) - e a sua pergunta. Todos os crentes, por ocasião do batismo no Espírito Santo, começam a falar em línguas e podem prosseguir falando nas orações pessoais com vistas à edificação pessoal. Entretanto, nem todos servem de agentes do Espírito Santo na congregação, onde o Espírito Santo distribui as manifestações conforme sua própria determinação (1 Co 12.11). Longe de haver contradição, o desejo e a pergunta de Paulo se complementam.

4. Por que houve três períodos, na história da Igreja, em que o fenômeno das línguas parecia ausente? Existe a possibilidade de uma doutrina bíblica ser negligenciada. De fato, grandes renovações espirituais são acompanhados, com freqüência, de reavivamentos doutrinários. Para exemplificar, a doutrina da justificação havia se perdido quase completamente até a Reforma protestante, quando Martinho Lutero e outros a reenfatizaram.  

A doutrina da santificação fora negligenciada até o reavivamento dirigido por João Wesley, quando, uma vez mais, foi trazida à atenção da Igreja. Embora a verdade do batismo no Espírito Santo e do falar em línguas tenha aparecido, através da história eclesiástica, em certo número de reavivamentos, parece nunca ter recebido uma ênfase como a do presente reavivamento (R. P. Spittler, “Glossolalia”, em Dictionary of Pentecostal and Charismatjc Movements, Regency Reference Library, 5. M. Burgess e G. B. McGee, editores, Grand Rapids: Zondervan Publishing House, 1988, págs. 339 e 340).

5. Haverá perigo de as pessoas procurarem as línguas, em lugar do batismo real no Espírito Santo? Infelizmente, essa é uma possibilidade, mas o abuso contra uma doutrina não a invalida, Os abusos e falsificações, longe de desaprovarem uma doutrina, ajudam a estabelecer as genuínas (a Bíblia de Estudo Pentecostal faz uma boa abordagem sobre o falso falar em línguas e testes quanto ao genuíno batismo no Espírito Santo).

6. As pessoas que falam em línguas não são tentadas ao orgulho espiritual?
A compreensão verdadeira do batismo no Espírito Santo resulta em humildade, não em orgulho.
Os crentes são batizados no Espírito Santo, não por causa de seu valor pessoal, mas para que sejam dotados para um serviço humilde e uma vida mais significativa.

7. Que dizer das pessoas verdadeiramente nascidas de novo que têm realizado grandes coisas para o Senhor, e, no entanto, não falam em línguas?
Não há que se duvidar de crentes dedicados que não falam em línguas mas são habitados pelo Espírito e têm realizado grandes coisas para Deus. Ao considerar a questão, entretanto, todo estudante da Bíblia deve determinar se baseará suas doutrinas sobre a Palavra de Deus ou nas experiências dos crentes, mesmo os mais devotos. Visto que Bíblia indica que todos os crentes podem falar em línguas, na suas devoções pessoais e na congregação, é preciso que cada um decida se deve aceitar ou rejeitar a provisão de Deus. As Escrituras deixam claro que os crentes devem reconhecer-se responsáveis diante de Deus ao invés de avaliar suas experiências cristãs à base de comparações entre seres humanos. Escreveu o apóstolo: “Porque não ousamos classificar-nos ou comparar-nos com alguns que se louvam a si mesmos; mas esses que se medem a si mesmos e se comparam consigo mesmos estão sem entendimento” (2 Co 10.12).


Doutrinas Biblicas – Willian W. Menzies e Stanley M. Horton