CARTA DE PAULO AOS
EFÉSIOS
A cidade de Éfeso
Era uma das maiores cidades do Império Romano, capital da província
chamada Ásia Menor, cujo território pertence hoje à Turquia. Localizava-se às
margens do rio Caístro. Entre suas construções, destacava-se o templo da deusa
Diana, também conhecida como Artêmis. Os cultos ali realizados incluíam a
prostituição em seus rituais. Tal edifício estava entre as sete maravilhas do
mundo antigo. O templo foi incendiado no dia em que nasceu Alexandre Magno.
Posteriormente, o próprio Alexandre ofereceu-se para reconstruí-lo. Contudo,
sua oferta foi recusada pelos efésios, os quais reconstruíram o santuário,
tornando-o mais esplêndido do que antes. Quando escreveu a primeira carta aos
coríntios, Paulo estava em Éfeso. Talvez por isso, diante da grandiosidade
daquela construção, o apóstolo fala sobre a igreja de Cristo, comparando-a a um
edifício. Ele menciona o processo de edificação, o fundamento, os construtores
e o material utilizado (I Cor.3.9-17). Mais tarde, quando escreve aos Efésios,
Paulo volta a essa comparação (Ef.2.19-22).
Havia em Éfeso uma grande biblioteca e um teatro com lugares para 25 mil
pessoas assentadas. A cidade possuía o principal porto da Ásia, colocando-se,
assim, na rota comercial do Império. Foi construído naquela cidade um templo
para a realização de cultos ao imperador romano. Hoje, existem apenas ruínas
daquele grande centro urbano, entre as quais se destaca a fachada da antiga
biblioteca.
Fundação da igreja
Paulo fundou a igreja em Éfeso por ocasião da sua primeira visita,
durante a segunda viagem missionária (At.18.19). Na segunda vez em que foi à
cidade (At.19.1), permaneceu lá durante um período superior a dois anos. Éfeso
tornou-se o centro dos trabalhos missionários do apóstolo. Naquele período,
toda a Ásia Menor foi evangelizada (At.19.10). Pode ser que nessa ocasião
tenham sido fundadas as sete igrejas mencionadas no Apocalipse (2 e 3).
A permanência de Paulo em Éfeso foi interrompida por uma grande
perseguição. Através de suas pregações, muitos se converteram a Cristo. Com
isso, o comércio das imagens da deusa Diana estava se enfraquecendo. Tomados de
ira, os fabricantes de ídolos provocaram grande tumulto, tentando fazer com que
Paulo fosse publicamente condenado por pregar uma doutrina que estaria
"prejudicando" a cidade (At.19.21-40; I Cor.15.32). Afinal, o turismo
e o comércio estavam estabelecidos sobre a idolatria. Diante de disso, Paulo se
retira. Depois de algum tempo, mandou chamar os líderes da igreja de Éfeso para
se encontrarem com ele em outra cidade, Mileto. Ali, Paulo se despede deles,
dizendo que não mais o veriam (At.20.16-38).
Timóteo, Apolo, Áquila e Priscila trabalharam na igreja de Éfeso
(At.18.18,19,24; I Tm.1.3; II Tm.4.19). De acordo com a tradição, o apóstolo
João também exerceu ministério naquela cidade e ali morreu. A bíblia não
confirma isso. O que temos de concreto é que João escreveu uma carta à igreja
de Éfeso assim como fez a outras seis igrejas da Ásia (Apc.2.1).
A EPÍSTOLA AOS EFÉSIOS
Local de origem: Roma.
Data: entre 60 e 61 d.C.
Portador: Tíquico (Ef.6.21-22).
Tema: a unidade da igreja.
Texto chave – Ef.4.13.
Seqüência chave – Ef.1.10; 2.6, 14-22; 4.3-16.
Palavras e expressões em destaque: Mistério; "em Cristo";
graça; salvação; riqueza; igreja; unidade; vida; armadura.
ESBOÇO
1 – A igreja e o plano de salvação – 1.1-23
Saudação – 1.1-2
A origem divina da igreja – 1.3-6.
O plano de salvação – 1.7-23.
2 – A ressurreição espiritual e a exaltação do salvo – 2.1-6.
Salvação pela fé e não por obras – 2.7-10.
Os gentios estão incluídos no propósito de Deus – 2.11-13.
Não há barreiras entre judeus e gentios – 2-14-22.
3 – Os mistérios e as revelações divinas – 3.1-13.
A oração de Paulo e o amor de Cristo – 3.14-21.
4 – A unidade dos cristãos – 4.1-16.
A vida cristã prática – 4.17-21.
Velha vida x Nova vida – 4.22-32.
5 – Valores da vida cristã – 5.1-21
Amor, pureza, luz, zelo, plenitude do Espírito.
Deveres da vida cristã – 5.22 a 6.9.
6 – A luta espiritual – 6.10-18.
7 – Palavras finais e bênção – 6.19-24.
COMENTÁRIO
A carta que hoje conhecemos como "Epístola de Paulo aos
Efésios", parece ter sido uma correspondência circular destinada às
diversas igrejas da Ásia Menor. Seu conteúdo não é pessoal nem trata de
questões ou problemas específicos de uma comunidade em particular. Não possui
saudações pessoais, como seria natural em uma carta dirigida a um grupo
determinado. De acordo com os estudiosos dos manuscritos do Novo Testamento, a
expressão "que vivem em Éfeso" (1.1) não aparece em todas as cópias
antigas. Supõe-se então que poderia se tratar de uma carta circular e que,
eventualmente, alguém tenha acrescentado essas palavras quando endereçou uma
cópia para os efésios. Alguns comentaristas sugerem que essa epístola possa ser
a mesma que Paulo menciona em Colossenses 4.16, quando fala da carta enviada
aos Laodicenses e que deveria ser lida também em Colossos.
Motivo de envio da carta
As igrejas cristãs estavam se estabelecendo em diversas cidades do
Império Romano, começando dos principais centros, onde Paulo procurava
concentrar suas atividades evangelísticas. Nesses mesmos centros,
encontravam-se colônias judaicas, já que, por motivos diversos, milhares de
judeus estavam espalhados por vários lugares. Eles se estabeleciam com mais
freqüência nas principais cidades, como seria natural, uma vez que nesses
locais se concentravam as atividades comerciais, culturais e religiosas, sendo
os melhores campos para o trabalho e o enriquecimento.
Desse modo, em todos os lugares Paulo encontrava uma sinagoga e ali
pregava para os judeus. Assim, apesar dos protestos e perseguições, alguns se
convertiam. Logo estava estabelecida a igreja e sua formação incluía gentios e
judeus. Percebe-se então uma dicotomia imediata na comunidade. Além disso, como
era natural, a igreja era formada por homens e mulheres, servos e senhores,
escravos e livres, ricos e pobres. Bem sabemos que esse cenário não era uma
particularidade de Éfeso, mas característica comum a diversas igrejas. Essa
diversidade de componentes da igreja, faz com que ela seja um organismo
bastante eclético. Essa variedade se tornava, muitas vezes, causa de divisão,
partidarismo, dentro das igrejas. Por isso, Paulo escreve aos efésios, tendo
como principal tema a unidade da igreja. Seu foco está principalmente sobre a
questão entre judeus e gentios. Por um lado, os judeus se consideravam como a
"nata" religiosa do mundo. Então, os gentios eram vistos por eles
como uma segunda categoria, até mesmo dentro da igreja. Os gentios, por sua
vez, poderiam se sentir inferiorizados. Contudo, nas cidades fora da Palestina,
os gentios eram os "donos da casa". Então, os judeus poderiam ser
vistos como estrangeiros arrogantes que se achavam superiores aos próprios
cidadãos do lugar.
Tudo isso nos mostra que era fácil que a igreja se dividisse internamente
entre o grupo dos judeus e o grupo dos gentios. Então, Paulo insiste na
doutrina da unidade da igreja. Afinal, Cristo chamou pessoas tão diferentes e
as uniu em um corpo para que aprendessem o amor que supera todas as
desigualdades e até mesmo ajuda a minimizá-las ou eliminá-las quando possível.
Unidade da igreja
Paulo menciona a localização de gentios e judeus dentro do plano de
salvação e da igreja. Seu objetivo é demonstrar que no corpo de Cristo, esse
tipo de diferença é irrelevante. Ele tenta fazer com que seus leitores vejam
que, no passado, todos eles eram pecadores (Ef.2.1-3) e que agora todos são
salvos. Estes são os adjetivos que importam. Não interessa saber quem é judeu e
quem é gentio. Essas verificações só serviam para dividir a igreja. Paulo diz
que agora, após a conversão, ninguém era mais estrangeiro, como se tivesse um
tratamento diferente dentro da igreja. Somos todos concidadãos (Ef.2.19). Dizer
isso para gentios e judeus era mostrar que não mais importava o lugar onde
nasceram nem a sua origem genealógica. Agora, somos cidadãos na mesma cidade, a
Nova Jerusalém. Afinal, nascemos de novo. Agora somos parte da mesma família.
Precisamos deixar de lado muitos conceitos plurais, que destacam nossas
diferenças, e voltar para afirmações singulares. Por isso, Paulo usa tanto a
palavra "um" e seus derivados na epístola aos Efésios:
- "de ambos (judeus e gentios) fez um" (Ef.2.14);
- "um novo homem" – Ef. 2.15.
- "um só corpo" – Ef.2.16.
- "um Espírito" – Ef.2.18.
- "unidade do Espírito"- Ef.4.3.
- "um corpo" – Ef.4.4.
- "um Espírito" – Ef.4.4.
- "numa só esperança" – Ef.4.4.
- "um só Senhor" – Ef.4.5.
- "uma só fé" – Ef.4.5.
- "um só batismo" – Ef.4.5.
- "um só Deus e Pai" – Ef.4.6.
- "unidade da fé" – Ef.4.13.
- "comunidade" - Ef.2.12.
- "unirá" - Ef.5.31.
- "uma só carne" - Ef.5.31 (fala sobre o casal e sobre Cristo e a igreja).
A palavra "todos" também demonstra o desejo pela unidade ou
fala de uma situação comum: 1.15; 2.3; 3.8,9,18; 4.6,13; 6.18,24
A palavra "congregar" em 1.10, a preposição "com", o
advérbio "juntamente" e outros termos semelhantes reforçam a doutrina
da unidade dos irmãos em torno da pessoa de Cristo. Ele é a base da nossa
unidade.
"Com" - 1.15; 2.5,6; 2.16; 3.18; 4.25; 4.28 ("com o que
tiver..."); 6.9.
Em 5.7, a preposição aparece mostrando "com" quem não devemos
nos associar. Não existe unidade entre o cristão e o mundano. Convivência, sim.
Unidade, não.
"Co-herdeiros" e "co-participantes" - 3.6.
"Juntamente" - 2.5,6,22.
"Juntas" - 4.16.
A expressão "em Cristo", bastante freqüente nos escritos de
Paulo, mostra a centralidade do Senhor Jesus no plano de Deus, na igreja e na
vida do cristão. Observe esta e outras expressões similares em Efésios:
"Em Cristo" - 1.1,3,6,10,12,15,20; 2.6,7,10,13; 3.11,21; 4.32.
"Em Jesus" - 4.21.
"Com Cristo" - 2.5.
Observe a relação entre 2.12 ("sem Cristo") e 2.13 ("em
Cristo"), demonstrando a situação antes e depois da conversão.
A igreja - edifício de Deus
Continuando sua doutrina, Paulo mostra que somos parte do edifício
de Deus, a igreja (Ef.2.20-22). Não podemos criar divisões, como se o tijolo
quisesse ser superior à pedra, ou a areia melhor do que o cimento. Se formos
fazer uma classificação por valor ou por importância na construção, veremos
que, separado, cada item tem um preço diferente. Contudo, enquanto não for
utilizado na obra, cada tipo de material corre o risco de se contaminar,
tornar-se inútil e se perder. Depois de construído o prédio, este tem um valor
único e muito elevado. Quando se pergunta o preço de um prédio, ninguém quer
saber o valor da areia ou do cimento. A construção vale mais do que a soma dos
valores nela aplicados. Juntos valemos mais do que separados. Juntos fazemos
mais do que faríamos isoladamente.
Na construção, os elementos que parecem ser os mais fortes, encontram-se
absolutamente dependentes dos que são reputados como inferiores. O cimento é
visto como aquele que dá firmeza. Contudo, o que faríamos com ele se não
tivéssemos a areia, que muitas vezes é vista como frágil e inconstante? Um vai
suprir a fraqueza do outro e juntos vão formar o sólido concreto. A pedra
poderia se gabar de ser a mais forte. Contudo, não se constrói um prédio usando
apenas pedras. Os tijolos, apesar de mais frágeis, podem ser trabalhados com
mais facilidade, podem ser quebrados, cortados e posicionados com mais
flexibilidade. Sua fragilidade será superada pelo uso da areia, do cimento e da
água. Os tijolos, para que fiquem mais resistentes, são submetidos à ação do
fogo, o qual pode ser comparado às dificuldades, tribulações e sofrimentos da vida,
que vão nos tornando mais fortes e mais resistentes (I Pd.4.12).
Depois de pronto o prédio, não se fala mais em areia, em cimento, em
tijolos. Fala-se em um prédio. Apesar de estarem ali presentes as
características de cada material, todos eles "perderam" sua própria
identidade e são agora conhecidos como prédio. Até mesmo aquele ínfimo
grãozinho de areia, agora é prédio. Assim somos nós na igreja. Ainda que você
se veja como o menor, como insignificante, como fraco, Deus o vê como igreja,
como corpo de Cristo. Nessa condição, consciente disso e vivendo de modo
coerente, você estará revestido de uma armadura (Ef.6.10-18) e, mesmo sendo
fraco, você será invencível "Quando sou fraco, então é que sou
forte" (II Cor.12.10). As forças espirituais do mal não poderão tocá-lo (I
Jo.5.18).
Quando o prédio está pronto, o que mais aparece não é o mais importante.
Então, temos em posição de honra aqueles elementos que mais precisam dela e não
os que já a possuem naturalmente. Deus coloca em destaque os mais humildes,
enquanto que muitos que se julgam elevados, ficam encobertos. Isso não muda o
valor de nenhum deles, apenas a aparência. A tinta, que até não está entre os
itens fundamentais, é a que mais aparece e torna-se importante. A pedra, que é
mais forte, torna-se invisível, colocada em lugares inferiores, fazendo parte
do alicerce. Estaria ela esquecida? Talvez sim, mas desvalorizada jamais.
Em toda construção em que se usem pedras, areia, tijolos e cimento,
deverá ser usada a água, que é um símbolo da Palavra de Deus (Ef.5.26). A água
não fica retida na construção. Ela não faz parte do prédio, embora seja
utilizada desde o alicerce até o acabamento. Da mesma forma, a bíblia não faz
parte da igreja, mas sem ela a igreja não existiria.
Unidade e individualidade
Apesar de ser comparado a um edifício, a igreja não tem a mesma rigidez.
As pedras vivas que compõem a igreja (I Pd.2.5) nem sempre querem ficar na
posição e na função que receberam. O autor roga, suplica, aos irmãos de Éfeso
que eles adotem uma postura de humildade, mansidão, e amor uns para com os
outros. Com tantas diferenças dentro da igreja, essas atitudes eram
imprescindíveis para que a igreja não se extinguisse (Ef.4.1-6).
Muitas vezes, os irmãos começam a promover disputas e contendas entre
si. Isso, além de ser destrutivo, desvia o cristão de seu papel espiritual.
Paulo diz que "a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra
os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso e
contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestiais" (Ef.6.12). Se
os irmãos guerrearem entre si, estarão dando trégua na guerra contra Satanás e,
assim, só ele ficará satisfeito.
A unidade deve ser buscada mesmo que mediante o esforço.
"Esforçai-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no
vínculo da paz" (Ef.4.3). A palavra vínculo significa nó ou tudo o que
estabelece ligação. Nós, como cristãos, precisamos enfatizar os nossos vínculos
acima das nossas diferenças. O mesmo Senhor, o mesmo Espírito, o mesmo batismo,
a mesma fé, a mesma esperança, tudo isso são vínculos que nos unem. São os
fundamentos do cristianismo. Não devemos nos separar por causa de questões tão
menores do que o amor de Cristo. Seria correto uma igreja se dividir por causa
da forma de culto, ou por causa do tipo de roupa ou por causa da comida e
outras coisas semelhantes?
Em uma família, cada membro é diferente. Contudo, não vamos dispersar o
grupo familiar por causa disso.
Apesar de unidos, não somos iguais. As diferenças existem e sempre
existirão. Vivemos em unidade sem anular a individualidade. Por isso Paulo
fala, no capítulo 4.7-16, dos dons ministeriais: "uns para apóstolos,
outros para profetas..." Não devemos confundir unidade com igualdade.
"A graça foi concedida a cada um de nós segundo a proporção do dom
de Cristo" (Ef.4.7). Afinal, a unidade existe para que as diferentes
partes se auxiliem e se completem (Ef.4.16).
Assim, Paulo passa a usar o corpo humano como ilustração para a igreja.
Cada cristão é chamado de membro, tendo posição e função definidas.
O tema da unidade nos chama a atenção para a ajuda mútua. O tema
da individualidade nos lembra da responsabilidade pessoal. A obra de
Deus é missão da igreja. Contudo, cada tarefa deve estar designada
individualmente, pois se um serviço é de todos, normalmente ninguém o executa.
Na igreja existem homens, mulheres, servos, senhores, etc. A doutrina da
unidade poderia levar a crer que agora todos são iguais. Até certo ponto, a
afirmação é correta. Contudo, Paulo, no final da carta, fala diretamente às
mulheres, aos maridos, aos filhos, aos pais, aos servos e aos senhores,
mostrando que cada um tem um papel definido e que a situação individual deve
ser respeitada (Ef.5.22 a 6.9).
Observe os textos de Efésios que tratam da individualidade por meio da
expressão "cada um" ou "uns":
Ef.4.7 - Oportunidade individual.
Ef.4.11 - Dom individual.
Ef.4.25 e 5.33 - Deveres individuais.
Ef.6.8 - Recompensa individual.
Efésios – espiritualidade em alta
Havendo unidade dentro dos padrões divinos, haverá ambiente para
que se desenvolva a espiritualidade. Esta palavra caracteriza bem a epístola
aos Efésios. Enquanto que, aos coríntios, Paulo não pode falar como a
espirituais, visto que eram carnais (I Cor.3.1), com os efésios foi diferente.
O apóstolo falou sobre:
- Os mistérios de Deus – Ef.1.9; 3.3; 4.9; 6.19.
- Lugares celestiais – Ef.1.3,20; 2.6; 3.10; 6.12.
- A graça de Cristo – Ef.1.6,7; 2.5,7,8; 3.2,7; 4.7,29; 6.24
- As riquezas da sua graça – Ef.1.7; 2.7.
- As riquezas de Cristo – Ef.3.8.
- As riquezas da glória – Ef.1.18; 3.16.
- A armadura de Deus – Ef.6.12-17.
A prática da doutrina
A espiritualidade deve se expressar na vida prática. Paulo tinha em
mente essa preocupação. Vemos em algumas de suas epístolas essa divisão: em
primeiro lugar ele fala da doutrina, depois ele dá conselhos práticos. A parte
espiritual (Ef.1 a 3) se relaciona ao verbo "ser". A parte prática
(Ef. 4 a 6) se relaciona aos verbos "andar" e "combater".
Embora não sejamos salvos pelas obras (Ef.2.8-9), fomos designados para
executá-las (Ef.2.10).
A posição espiritual de qualquer pessoa vai produzir evidências
visíveis. Ninguém poderia se esquivar dos ensinamentos do apóstolo dizendo que
não tinha entendido a aplicabilidade de suas palavras. Depois de falar de fatos
espirituais e regiões celestiais, Paulo parte para situações do dia-a-dia.
Se ele dissesse apenas que os efésios deveriam se revestir do novo homem
(Ef.4.24), eles poderiam questionar o sentido dessas palavras. Mas o próprio
Paulo explica na seqüência do texto, de 4.25 até 5.21: "Deixando a
mentira, fale cada um a verdade." "Aquele que furtava não furte mais;
antes trabalhe." "Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe".
"Não vos embriagueis com vinho". A seguir, o autor fala sobre as
relações entre marido e mulher, pais e filhos, servos e senhores. Seu último
assunto é a armadura de Deus, que é composta por convicções interiores e
práticas exteriores, (fé e obras). Ele adverte que tomemos
"toda" a armadura de Deus (Ef.6.11). Tomar apenas uma parte é inútil.
De que adianta ao guerreiro proteger o coração e deixar a cabeça exposta? Que
adiantará se, estando a cabeça e o coração protegidos, as pernas forem
quebradas pelo inimigo? Assim, precisamos da verdade, da justiça, do evangelho,
da fé, da salvação, da Palavra de Deus e da oração em Espírito. Se faltar um
desses elementos, esta pode ser a brecha por onde o inimigo tentará nos
destruir.
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