O
livro do Apocalipse de João consiste em duas partes principais:
1. Relata “as
coisas que são”, isto é, o estado da Igreja da época, e contém a epístola de
João às sete igrejas, o seu relato sobre a manifestação do Senhor Jesus e sua
ordem para que o apóstolo escrevesse o que havia visto (Ap 1.9-20). Contém os
sermões ou epístolas às sete igrejas da Asia, que referem-se ao estado das
respectivas igrejas como existiam na época. Essas cartas contêm excelentes
preceitos, exortações, recomendações, repreensões, promessas e ameaças aptas
para instruir a Igreja cristã de todos os tempos.
2. Contém uma
profecia das coisas que breve devem acontecer, e descreve o futuro estado da
Igreja, desde a época em que o apóstolo contemplou as visões aqui registradas.
Foi concebida para o nosso aperfeiçoamento espiritual, para advertir o pecador
descuidado, para mostrar o caminho da salvação ao que, despertado, pergunta
para edificar o crente fraco e consolar o cristão aflito e tentado; podemos
acrescentar especialmente que este livro fortalece os mártires de Cristo
submetidos às cruéis perseguições e sofrimentos infligidos por Satanás e seus seguidores.
CAPÍTULO
1
Versículos 1-3: A
origem, o desígnio divino e a importância deste livro; 4-8. O apóstolo João
saúda às sete igrejas da Ásia; 9-11: Declara quando, onde e como recebeu a
revelação; 12- 20: A visão, na qual viu Cristo aparecer.
Vv. 1-3. Este livro é a revelação de Jesus
Cristo; toda a Bíblia o é, porque toda a revelação vem de Cristo e tudo se
relaciona a Ele. Seu tema principal é expor os propósitos de Deus acerca dos
assuntos da Igreja e das nações, segundo se relacionam com ela, e do fim do
mundo. Tudo isto acontecerá com toda certeza, e começarão a acontecer dentro de
pouco tempo. O próprio Cristo é Deus e tem luz e vida em si, mas como Mediador
entre Deus e o homem, recebe instruções do Pai. A Ele devemos o conhecimento do
que temos que esperar de Deus e do que Ele espera de nós. O tema desta
revelação são as coisas que em breve devem acontecer. E pronunciada uma benção
para todos os que lêem ou escutam as palavras desta profecia. Aqueles que
investigam a Bíblia têm uma boa ocupação. Não basta ler e ouvir; devemos manter
em nossa memória, afetos e na prática as coisas que aqui estão escritas, e
seremos abençoados na obra. Até os mistérios e as dificuldades deste livro, que
estão unidos às revelações de Deus, são adequados para imprimir na mente um
temor reverente e para purificar a alma do leitor, ainda que este não discirna
o significado profético. Nenhuma Outra parte das Escrituras expõe mais
plenamente o Evangelho, e adverte melhor contra o mal que é trazido pelo
pecado.
Vv. 4-8. Não pode haver verdadeira paz onde
não há verdadeira graça; onde a graça for será seguida pela paz. Esta benção é
concedida no nome de Deus, da santa Trindade, um ato de adoração. Primeiro
nomeia-se ao Pai, descrito como Senhor, que é, que era e que há de vir, eterno
e imutável. O Espírito Santo é chamado de “os sete espíritos”, o perfeito
Espírito de Deus, em quem há diversidade de dons e operações. O Senhor Jesus
Cristo foi, desde a eternidade, uma testemunha de todos os conselhos de Deus.
Ele é o Primogênito dos mortos, que por seu poder ressuscitará o seu povo. Ele
é o Príncipe dos reis da terra; por Ele os conselhos destes são derrogados, e
diante dEle os homens são responsáveis por prestar contas.
O pecado deixa uma
mancha de culpa e contaminação na alma. Nada pode tirar esta mancha, senão o
sangue de Cristo, e Cristo derramou o seu próprio sangue para satisfazer a
justiça divina e comprar o perdão e a pureza para o seu povo.
Cristo faz dos
crentes reis e sacerdotes para Deus, o seu Pai. Como tais eles vencem ao mundo,
mortificam o pecado, governam os seus próprios espíritos, resistem a Satanás,
prevalecem com Deus em oração e julgarão o mundo. Ele os tem feito sacerdotes,
lhes deu acesso a Deus, capacita-os para oferecer sacrifícios espirituais
aceitáveis; por estes favores, eles lhe dão domínio e glória para sempre.
Ele julgará ao
mundo. O apóstolo chama atenção a esse dia no qual todos veremos a sabedoria e
a felicidade dos amigos de Cristo e a loucura e a desgraça de seus inimigos.
Pensemos freqüentemente na Segunda Vinda de Cristo. Ele virá para terror
daqueles que o ferem e o crucificam de novo em sua apostasia; Ele virá para assombro
de todos os ímpios. Ele é o Princípio e o Fim; todas as coisas são dEle e para
Ele; Ele é Todo-Poderoso; é o mesmo, Eterno e Imutável. Se desejamos ser
contados com os seus santos na glória eterna devemos nos submeter agora
voluntariamente a Ele, recebê-lo e honrá-lo como Salvador, pois cremos que virá
a ser o nosso juiz. Oh! Há muitos que desejariam nunca morrer e que não
houvesse um dia de juízo!
Vv. 9-11. O consolo do apóstolo é que não
sofreu como malfeitor, mas pelo testemunho de Jesus, por testemunhar de Cristo
como Emanuel, o Salvador; o Espírito de glória e de Deus repousou sobre este
perseguido apóstolo. O dia e a hora desta visão foi o dia do Senhor, o dia do
repouso cristão, o primeiro dia da semana, observado em memória da ressurreição
de Cristo. Nós que o chamamos “Senhor nosso”, deveríamos honrá-lo em um dia próprio. O
nome mostra como este dia sagrado deveria ser observado; o dia reservado ao
Senhor deveria ser dedicado absolutamente a Ele, e nenhuma de suas horas
deveria ser empregada de forma sensual, mundana ou em diversões.
Ele estava em uma
atitude séria, celestial e espiritual, sob a influência da graça do Espírito de
Deus. Os que desejam desfrutar da comunhão com Deus em um dia dedicado ao
Senhor, devem procurar tirar os seus pensamentos e afetos das coisas terrenas.
Se os crentes são impedidos de observar um santo dia dedicado ao Senhor, as
ordenanças públicas e a comunhão dos santos, por necessidade e não por própria
opção, podem buscar consolo na meditação e nos deveres secretos da influência
do Espírito; ouvindo a voz e contemplando a glória de seu amado Salvador, e de
cujas palavras de graça e poder confinamento algum ou alguma circunstância
exterior os pode separar. E dado um alarme com o som da trombeta, e logo o
apóstolo ouviu a voz de Cristo.
Vv. 12-20. As igrejas recebem a luz de Cristo e
do Evangelho, e mostram-na a outros. Elas são os castiçais de ouro; devem ser
preciosas e puras; não somente os ministros, mas os membros delas; assim a
nossa luz deve brilhar diante dos homens, para que possamos levar outros a dar
glória a Deus. O apóstolo viu o Senhor Jesus Cristo aparecer em meio aos
castiçais de ouro. Ele sempre está com suas igrejas, até o fim do mundo,
enchendo-as com luz, vida e amor. Estava vestido com um manto até os seus pés,
talvez representando a sua justiça e o seu sacerdócio, como Mediador. Esta
vestimenta estava cingida com um cinto de ouro, que pode denotar quão preciosos
são o seu amor e afeto por seu povo. Sua cabeça e cabelos brancos como a lã e a
neve podem representar a sua majestade, pureza e eternidade.
Seus olhos como
chamas de fogo podem representar seu conhecimento dos segredos de todos os
corações e dos acontecimentos mais distantes. Seus pés, como de bronze
reluzente que arde em um forno, podem denotar a firmeza de seus desígnios e a
excelência de seus procedimentos. Sua voz, como o som de muitas águas, pode
representar o poder de sua palavra para resgatar ou destruir. As sete estrelas
simbolizavam os ministros das sete igrejas às quais o apóstolo deveria
escrever, e a quem Cristo sustentava e comandava. A espada representa a sua
justiça e a sua palavra, que alcança até a divisão da alma e do espírito (Hb
4.12); seu rosto era como o sol, quando brilha clara e fortemente; a sua força
é extremamente brilhante e capaz de cegar os olhos mortais que tentam
contemplá-la.
O apóstolo estava
surpreendido com a grandeza do brilho e da glória em que Cristo lhe apareceu.
Devemos estar contentes em andar por fé enquanto estivermos aqui na terra. O Senhor
Jesus disse palavras de consolo: Não temas. Palavras de instrução, dizendo quem
era o que havia aparecido daquela maneira. Sua natureza divina: o Primeiro e o
Último. Seus sofrimentos anteriores: esteve morto, e os seus discípulos o viram
na cruz. Sua ressurreição e vida: venceu a morte e é a vida eterna. Seu ofício
e autoridade: o domínio soberano sobre o mundo invisível, como juiz de tudo, de
cuja sentença não há apelação. Ouçamos a voz de Cristo e recebamos as dádivas
de seu amor; por que Ele se ocultaria daqueles por cujos pecados morreu? Então,
obedeçamos a sua Palavra e entreguemo-nos totalmente àquEle que dirige todas as
coisas retamente.
CAPÍTULO
2
Versículos 1-7:
Epístolas às igrejas da Ásia, com advertências e exortações. À igreja de Éfeso;
8-11: À igreja de Esmirna; 12-17: À de Pérgamo; 18-29: À de Tiatira.
Vv. 1-7. Estas
igrejas estavam em tão diferentes estados de pureza de doutrina e poder da
piedade, que as palavras de Cristo para elas sempre servirão bem para o caso de
outras igrejas e crentes. Cristo conhece e observa o estado delas; mesmo
estando no céu, anda em meio às suas igrejas na terra, observando o que está
mau nelas e o que lhes falta.
A igreja de Éfeso é
elogiada pela diligência em relação ao seu dever. Cristo leva em consideração
cada hora de trabalho que seus servos fazem para Ele na terra, e o trabalho
deles não será vão no Senhor. Porém, não é suficiente ser diligentes; deve
haver paciência para suportar e paciência para esperar. Ainda que devamos
mostrar mansidão a todos os homens, também devemos mostrar justo zelo contra
seus pecados. O pecado de que Cristo acusa a esta igreja não é que houvesse
deixado e abandonado ao objeto do amor, mas de ter perdido o grau de fervor que
teve no princípio. Cristo fica descontente com seu povo quando o vê relaxado e
frio para com Ele. E certo que esta menção na Escritura, sobre os cristãos que
abandonam o seu primeiro amor, é uma reprovação para aqueles que falam sobre
isto com negligência e procuram assim escusar a indiferença e a preguiça neles
mesmos e em outros. Nosso Salvador considera esta indiferença como pecaminosa.
Eles devem se arrepender, condoer- se e envergonhar-se por sua pecaminosa
inclinação, e confessá-la humildemente ante os olhos de Deus. Devem se propor a
recuperar o seu primeiro zelo, ternura e fervor, e devem orar tão
fervorosamente e vigiar tão diligentemente como quando entraram ao princípio
nos caminhos de Deus. Se a presença da graça e do Espírito de Cristo for por
nós descuidada, podemos esperar o seu desagrado. E feita uma alentadora menção
do que era bom neles.
A indiferença para
com a verdade e o erro, para com o bem e o mal, pode ser chamada de caridade e
mansidão, mas não é assim considerada por Cristo, e tem o seu desagrado. A vida
cristã é uma guerra contra o pecado, contra Satanás, contra o mundo e a carne.
Nunca devemos ceder diante de nossos inimigos espirituais, pois teremos um
glorioso triunfo e recompensa. Todos os que perseverarem, receberão de Cristo,
como a árvore da vida, a perfeição e a confirmação da santidade e a felicidade,
não no paraíso terreno, mas no celestial.
Esta é uma
expressão figurada, tomada do relato do jardim do Éden, que significa os gozos
puros, satisfatórios e eternos do céu; e a espera deles neste mundo por fé, em
comunhão com Cristo e com as consolações do Espírito Santo. Crentes, lutai aqui
a vossa vida de luta, e esperai e aguardai uma vida tranqüila no além; a
Palavra de Deus nunca promete que aqui teremos tranqüilidade e liberdade
completa quanto aos conflitos.
Vv. 8-18. Nosso Senhor Jesus é o primeiro
porque por Ele foram feitas todas as coisas; Ele estava com Deus antes de todas
as coisas, e é o próprio Deus. Ele é o último porque será o juiz de todos. Como
Primeiro e Ultimo, que foi morto e reviveu, é o Irmão e Amigo do crente. Este
deve ser rico na mais profunda pobreza, digno de honra em meio à mais profunda
humilhação e sentir-se feliz quando submetido à mais pesada tribulação, como a
igreja de Esmirna. Muitos dos ricos deste mundo são pobres quanto ao vindouro;
e alguns que são pobres por fora, são ricos por dentro em fé, boas obras,
privilégios, ricos em dons e em esperança. Onde há abundância espiritual, a
pobreza externa pode ser suportada; quando o povo de Deus é empobrecido quanto
a esta vida por amor à Cristo e à boa consciência, Ele os compensa em tudo com
riquezas espirituais. Cristo nos dá forças contra as tribulações iminentes. Não
temais nenhuma destas coisas; não somente proibais o temor servil, mas
submetei-o, proporcionando fortaleza e valor à alma. Será para prová-los, não
para destruí-los.
Observe a certeza
da recompensa: “Te darei”; eles receberão a recompensa da própria mão de
Cristo. Além disso, quão adequada é: “a coroa da vida”; a vida gasta a seu
serviço ou entregue à sua causa será recompensada como uma vida muito melhor,
aquela que será eterna. A segunda morte é indizivelmente pior do que a
primeira, tanto em suas agonias quanto por ser eterna: sem dúvida é espantoso
morrer e continuar morrendo para sempre. Se um homem for livrado da segunda
morte e da ira vindoura, poderá suportar com paciência o que quer que encontre
neste mundo.
Vv. 12-17. A Palavra de Deus é uma espada, capaz
de cortar pecados e pecadores. Gira e corta por todas as partes, porém o crente
não deve temer esta espada; mesmo sabendo que a confiança não pode receber
respaldo sem uma obediência constante. Como o nosso Senhor vê todos os
benefícios e oportunidades que temos para cumprir o nosso dever nos lugares
onde habitamos, assim também vê as nossas tentações e desalentos pelas mesmas causas.
Em uma situação de prova, a igreja de Pérgamo não negou a fé, nem por franca
apostasia, nem por ceder a fim de evitar a cruz. Cristo elogia a sua firmeza,
porém repreende as suas faltas pecaminosas. Uma visão equivocada sobre a
doutrina do Evangelho e da liberdade cristã, era a raiz de amargura da qual
surgiram maus costumes. O arrependimento é o dever das igrejas e dos homens, de
todas as pessoas em particular: aqueles que pecam juntos, devem arrepender-se
juntos.
Aqui está a
promessa de favor para os que vencerem. As influências e as consolações do
Espírito de Cristo
descem do céu à alma, para apoiá-la. Isto está oculto ao resto do mundo. O novo
nome é o nome da adoção: quando o Espírito Santo mostra a sua obra na alma do
crente, ele compreende o novo nome e a sua verdadeira importância.
Vv. 18-29. Mesmo
que o Senhor conheça as obras de seu povo, que são feitas em amor, fé, zelo e
paciência, os repreenderá, corrigirá ou castigará se seus olhos, que são como
chamas de fogo, os virem cometendo ou permitindo o que é mau.
Aqui há um elogio
ao ministério e ao povo de Tiatira por parte daquele que conhecia os princípios
pelos quais eles agiam. Eles se comportaram de modo melhor e mais sábio, Todos
os cristãos devem desejar fervorosamente que as suas últimas obras sejam as
melhores. Porém, esta igreja convivia com alguns malvados sedutores. Deus é
conhecido pelos juízos que executa; por isto, sobre os sedutores, mostra que é
perfeitamente conhecedor dos corações dos homens, de seus princípios,
desígnios, disposições e temperamentos. Dá-se alento aos que se mantinham puros
e incontaminados.
E perigoso
desprezar o mistério de Deus, tão perigoso quanto receber os mistérios de
Satanás. Acautelemo-nos das profundidades do Diabo, das quais os que menos as
conhecem são os mais felizes. Quão terno é Cristo com seus servos fiéis! Ele
não coloca carga sobre seus filhos, senão o que é para o bem deles. Há promessa
de uma ampla recompensa para o crente perseverante e vitorioso; também
conhecimento e sabedoria apropriados para seu poder e domínio. Cristo traz
consigo à alma o dia, a luz da graça e a glória em sua presença e seu gozo, seu
Senhor e Salvador. Depois de cada vitória prossigamos com nossa superioridade
contra o inimigo, para que possamos vencer e manter as obras de Cristo até o
fim.
CAPÍTULO
3
Versículos 1-6
Epístola à igreja de Sardo; 7-13: À de Filadélfia; 14-22: À de Laodicéia.
Vv. 1-6. O Senhor Jesus é aquEle que tem o
Espírito Santo com todos os seus poderes, graças e operações. A hipocrisia e a
lamentável deterioração da fé são os pecados de que o Senhor Jesus acusa a
igreja de Sardo. As coisas exteriores pareciam bem para os homens, porém, ali
havia somente uma piedade aparente, não o poder; uma fama de que vive, não um
princípio de vida. Havia grande mortandade em suas almas e em seus serviços;
muitos eram totalmente hipócritas, e outros estavam vivendo de forma
desordenada e morta. Nosso Senhor os chamou a colocarem-se alertas contra os
seus inimigos, e ativos e fervorosos em seus deveres; a se portarem dependendo
da graça do Espírito Santo, a renovar e fortalecer a fé e os afetos espirituais
dos que estavam vivos para Deus, ainda que em decadência. Perdemos terreno cada
vez que baixamos a guarda.
Suas obras são ocas
e vazias; as orações não estão cheias de desejos santos, as esmolas não são
obras cheias de caridade verdadeira, os dias de repouso não estão cheios de
devoção da alma que se comporta de maneira adequada para com Deus. Não há
afetos internos adequados para os atos e expressões exteriores; quando falta o
espírito, a forma não permanece por muito tempo.
Ao procurar um
avivamento para a nossa alma ou para a dos demais, devemos comparar o que
professamos com a maneira como vivemos, para sermos humilhados e vivificados, e
tomarmos firmemente o que resta. Cristo enfatiza o seu conselho com uma temível
ameaça, se fosse desprezado.
Contudo, o nosso
amado Senhor não deixa estes pecadores sem alento. Faz uma honrosa menção do
remanescente fiel de Sardo e formula uma promessa de graça para eles. O que
vencer será vestido com vestes brancas; a pureza da graça será recompensada com
a perfeita pureza da glória. Cristo tem seu livro da vida, um registro de todos
os que herdarão a vida eterna; o livro de memórias de todos os que vivem para
Deus e mantêm a vida e o poder da piedade nos tempos maus. Cristo tomará este
livro da vida e mostrará os nomes dos fiéis, diante de Deus, e diante de todos
os anjos no grande dia.
Vv. 7-13. O próprio Senhor Jesus tem a chave do
governo e da autoridade na Igreja e sobre ela. Abre uma porta de oportunidade
às suas igrejas; abre uma porta de pregação aos seus ministros; abre uma porta
de entrada, abre o coração. Ele fecha a porta do céu ao néscio que dorme no dia
da graça, e aos que cometem iniqüidades por serem vãos e confiados.
Elogia a igreja de
Filadélfia, mas com uma suave reprovação. Mesmo que Cristo aceite um pouco de
vigor, contudo os crentes não devem ficar satisfeitos com um pouco, mas devem
esforçar-se para crescer em graça, para ser fortes na fé dando glória a Deus.
Cristo pode mostrar esse favor ao seu povo, de modo que seus inimigos se vejam
forçados a reconhecê-lo. Pela graça de Jesus isto abrandará os seus inimigos,
dando-lhes o desejo de ser admitidos à comunhão com o seu povo. Cristo promete
preservar a graça em épocas de maior prova, como prêmio pela fidelidade
passada: ao que tem lhe será dado. Aqueles que sustentam o Evangelho em épocas
de paz, serão sustentados por Cristo na hora de tentação, e a mesma graça
divina que os tem feito frutificar em tempos de paz os fará fiéis em tempos de
perseguição. Cristo promete uma gloriosa recompensa ao crente vitorioso. Este
será uma coluna monumental no templo de Deus; um monumento à poderosa graça de
Deus; um monumento que nunca será eliminado nem arrebatado. Sobre esta coluna
será escrito o novo nome de Cristo, por isto se manifestará sob o crente que
lutou a boa batalha e saiu vitorioso.
Vv. 14-22. Laodicéia era a última e a mais
frágil das sete igrejas da Asia. Aqui nosso Senhor Jesus apresenta-se como “o
Amém”: alguém constante e imutável em todos os seus propósitos e promessas.
Se a religião tem
valor, podemos dizer que possui o maior valor. Cristo espera que os homens
sejam fervorosos. Quantos há que professam a doutrina do Evangelho e não são
frios nem quentes, salvo se forem indiferentes em relação às coisas
necessárias, e quentes e vigorosos nos debates de coisas de menor importância;
promete-se um severo castigo. Eles darão uma falsa impressão do cristianismo,
como se fosse uma religião ímpia, enquanto outros concluirão que esta não dá
uma satisfação real; caso contrário os seus professos não poriam tão pouco o
coração nela, ou não estariam dispostos a buscar prazer ou felicidade no mundo.
Uma causa desta indiferença e incoerência na religião é o orgulho e o engano de
si mesmo: “Como dizes”. Que grande diferença há entre o que eles pensam de si
mesmos e o que Cristo pensa deles.
Quanto cuidado
devemos ter para não enganar a nossa própria alma No inferno há muitos que
pensaram estar bem adiantados no caminho ao céu. Roguemos a Deus para que não
sejamos entregues a adularmos e a enganarmos a nós mesmos. Os professos se
orgulhavam à medida que tornavam-se carnais e formais. O estado deles era
miserável por si mesmo. Eram realmente pobres, porém, diziam e pensavam que
eram ricos. Não podiam enxergar o estado em que se encontravam, nem seu
caminho, nem seu perigo, mas pensavam que sim. Não tinham o manto da
justificação nem da santificação: estavam nus ao pecado e à vergonha; a justiça
deles era um trapo de imundícia, trapos que não os cobririam, mas que os
contaminavam. Estavam nus, sem casa nem teto, porque estavam sem Deus, o único
em quem a alma pode encontrar repouso e segurança.
Cristo aconselhou
bem esta gente pecadora. Felizes são aqueles que aceitam o seu conselho, porque
todos os que não os aceitam perecerão em seus pecados. Cristo mostra-lhes onde
podem ter verdadeiras riquezas e como podem obtê-las. Devem deixar algumas
coisas, porém nada de valor; e isto é somente para dar lugar a receber riquezas
verdadeiras. Abandonando-se o pecado e a confiança em si mesmo para que possam
ser cheios com o seu tesouro que está reservado e oculto. Têm que receber estas
vestes brancas de Cristo, as quais Ele comprou e providenciou para eles: sua
própria justiça imputada para justificação e as vestes da santidade e da
santificação.
Que eles se
entreguem à sua Palavra e ao seu Espírito; então os seus olhos serão abertos
para que vejam o seu caminho e o seu fim. Examinemo-nos pela regra de sua
Palavra e oremos com fervor pelo ensino de seu Espírito Santo, para que tire de
nós a soberba, os preconceitos e as concupiscências carnais. Os pecadores
deveriam tomar as repreensões da Palavra e da vara de Deus como sinais de seu
amor por suas almas. Cristo ficou do lado de fora; Ele chama pelos tratos da
providência, das advertências e dos ensinos de sua Palavra e da obra de seu
Espírito. Cristo, com sua Palavra e Espírito, e por sua graça ainda continua
vindo à porta do coração dos pecadores. Os que a abrirem desfrutarão de sua presença.
Se aqueles a quem Ele encontra servem-no somente para uma pobre festa, Ele a
tornará rica. Ele dará uma nova provisão de graça e consolo.
Na conclusão
encontra-se a promessa para o crente vencedor. O próprio Cristo sofreu
tentações e conflitos; venceu a todos e foi mais do que vencedor. Aqueles que
são como Cristo em suas provas, serão feitos como Ele em glória. Termina tudo
com o pedido de atenção geral. Estes conselhos, ainda que aptos para as igrejas
às quais foram dirigidos, são profundamente interessantes para todos os homens.
CAPÍTULO
4
Versículos 1-8: Uma
visão de Deus em seu glorioso trono, ao redor do qual havia vinte e quatro anciãos
e quatro seres viventes; 9-11: O apóstolo ouviu os seus cânticos e os dos
santos anjos.
Vv. 1-8. Depois que
o Senhor Jesus instruiu o apóstolo para que escrevesse “as coisas que são” às
igrejas, houve outra visão. O apóstolo viu um trono posto no céu, um emblema do
domínio universal de Deus. Viu um ser glorioso no trono, impossível de ser
descrito por expressões humanas, e de ser representado por uma semelhança ou
imagem, mas somente por seu fulgor sem igual. Estes pareciam símbolos da
excelência da natureza divina e da temível justiça de Deus.
O arco-íris é um
símbolo apropriado do pacto de promessas que Deus tem feito com Cristo, como
Cabeça da Igreja e com todo o seu povo nEle. A cor dominante era um verde
aprazível, demonstrando a natureza renovada e refrescante do novo pacto.
Havia vinte e
quatro assentos ao redor do trono, onde estavam vinte e quatro anciãos, que,
provavelmente, representam toda a Igreja de Deus. Estarem sentados significa
honra, repouso e satisfação, e ao redor do trono significa a proximidade a
Deus, a visão e o deleite que têm dEle. Os anciãos vestem roupas brancas, a
justiça imputada aos santos, e a sua santidade: em suas cabeças tinham coroas
de ouro, significando a glória que têm com Ele. Do trono saiam raios e vozes;
as temíveis declarações que Deus faz à sua Igreja acerca de sua soberana
vontade e prazer.
Haviam sete
lâmpadas de fogo ardendo diante do trono, os dons, as graças e as operações do
Espírito de Deus nas igrejas de Cristo, dispensadas conforme a vontade e o
prazer do que se assenta no trono. Na Igreja do Evangelho, a lavagem para a
purificação é o sangue do Senhor Jesus Cristo, que limpa de o todo pecado.
Neste, todos devem ser lavados para que, pela graça, sejam admitidos na
presença de Deus na terra e diante de sua gloriosa presença no céu.
O apóstolo viu
quatro seres viventes entre o trono e o círculo dos anciãos, postos entre Deus
e o povo. Estes pareciam representar os verdadeiros ministros do Evangelho, por
seu lugar entre Deus e o povo. Isto também mostra a descrição dada, que
significa sabedoria, valor, diligência e discrição, e os afetos pelos quais
sobem ao céu.
Vv. 9-11. Todos os crentes verdadeiros atribuem
sua redenção e conversão, seus privilégios presentes e esperanças futuras, ao
Eterno e Santo Deus. Assim sobem ao céu os cânticos de gratidão, e para sempre
harmoniosos dos redimidos. Na terra, façamos como eles, que os nossos louvores
sejam constantes, ininterruptos, unidos, indivisíveis, agradecidos, não frios
nem formais; humildes e não confiados em si mesmos.
CAPÍTULO
5
Versículos 1-7: Um
livro selado com sete selos, que não poderia ser aberto por ninguém, senão por
Cristo, que toma o livro e abre-o; 8-14: Toda a honra é atribuída a Ele, como
digno de abri-lo.
Vv. 1-7. O apóstolo viu na mão do que estava
assentado no trono um rolo de pergaminhos, da forma habitual daqueles tempos, e
selado com sete selos. Representava os propósitos secretos de Deus que seriam
revelados. Os desígnios e os métodos da providência divina para a Igreja e o
mundo estão estabelecidos, determinados e escritos.
Os conselhos de
Deus estão inteiramente ocultos dos olhos e do entendimento das criaturas. O
selo não é retirado, nem as diversas partes do rolo são abertas de imediato,
mas uma parte depois da outra, até que todo o mistério do conselho e conduta de
Deus seja consumado no mundo.
As criaturas não
podem abri-lo nem lê-lo; somente o Senhor pode fazê-lo. Aqueles que mais vêem
de Deus, desejam ver ainda mais; os que têm visto a sua glória desejam conhecer
a sua vontade, e os homens bons podem estar extremamente anelantes e apressados
por esquadrinhar os mistérios da conduta divina. Tais desejos convertem-se em
lamento e pesar se não forem respondidos prontamente.
]Se João chorou
muito porque não podia ler o livro dos decretos de Deus, quantas razões muitos
têm para derramar rios de lágrimas por sua ignorância sobre o Evangelho de
Cristo, do qual depende a salvação eterna!
Não temos que
chorar por não conseguir prever acontecimentos futuros acerca de nós mesmos
neste mundo; a ansiosa expectativa das perspectivas futuras ou a previsão de
calamidades vindouras nos faria igualmente inaptos para nossos deveres e
conflitos presentes ou tornariam inquietantes os nossos dias de prosperidade.
Porém, podemos desejar saber, pelas promessas e profecias das Escrituras, qual
será o acontecimento final para os crentes e para a Igreja; o Filho encarnado
tem prevalecido para que aprendamos tudo o que necessitamos saber. Cristo está
como Mediador entre Deus, os ministros e o seu povo. É chamado de Leão, porém
aparece como Cordeiro imolado.
Aparece com as
marcas de seus sofrimentos para mostrar que intercede por nós no céu, em
virtude da satisfação que realizou. Aparece como Cordeiro, com sete chifres e
sete olhos: o poder perfeito para executar toda a vontade de Deus, e a
sabedoria perfeita para entendê-la e realizá-la da maneira mais eficaz. O Pai
colocou o livro de seus eternos conselhos nas mãos de Cristo, e Cristo o tomou
rápida e alegremente em suas mãos: Ele deleita-se em dar a conhecer a vontade
de seu Pai, e dá o Espírito Santo para revelar a verdade e a vontade de Deus.
Vv. 8-14. É motivo de gozo para todo o mundo
ver que Deus trata os homens com graça e misericórdia por meio do Redentor. Ele
governa o mundo, não só como Criador, mas como o nosso Salvador. As harpas eram
instrumentos de louvor; os vasos estavam cheios de perfume ou incenso, que
representam as orações dos santos: o louvor e a oração sempre devem ser
oferecidos juntos. Cristo redimiu o seu povo da escravidão do pecado, da culpa
e de Satanás. Não só tem comprado liberdade para eles, mas também a honra e a
mais alta preferência; os têm feito reis e sacerdotes; reis para que reinem
sobre os seus próprios espíritos e para vencerem o mundo e o maligno; os faz
sacerdotes dando-lhes acesso a Ele mesmo, e liberdade para oferecerem
sacrifícios espirituais.
Que palavras
poderiam declarar mais plenamente que Cristo é, e deve ser adorado de modo
igual ao Pai, por todas as criaturas, por toda a eternidade! Felizes são
aqueles que o adorarão e louvarão no céu, e que para sempre bendirão ao
Cordeiro que os livrou e os separou para si por seu sangue. Quão digno és tu, ó
Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, de nossos mais excelsos louvores! Todas as
criaturas devem proclamar a tua grandeza e adorar a tua majestade.
CAPÍTULO
6
Versículos 1-8: A
abertura dos selos— O primeiro, o segundo, o terceiro e o quarto selo; 9-11: O
quinto; 12-17: O sexto.
Vv. 1-8. Cristo, o
Cordeiro, abre o primeiro selo. Observe que um cavaleiro sai em um cavalo
branco. Parece que a intenção da saída deste cavalo branco é um tempo de paz,
ou o adiantado progresso da religião cristã; sua saída com pureza no tempo em
que o seu Fundador celestial mandou os seus apóstolos a ensinar a todas as
nações, acrescentando: E eis que estou convosco até a consumação dos séculos.
A religião divina
sai coroada tendo o favor divino sobre ela, armada espiritualmente contra os
seus inimigos, e destinada a ser vitoriosa ao final.
Ao abrir o segundo
selo, aparece um segundo cavalo; este é vermelho e significa os juízos que
fazem estragos. A espada da guerra e da perseguição é um juízo temível; tira a
paz da terra, que é uma das maiores bênçãos; e os homens que deveriam amar-se e
ajudar-se uns aos outros, dedicam-se a matar-se uns aos outros. Tais cenas
também seguiram a pura era do cristianismo temporão, quando desprezando a
caridade e o vínculo da paz, os lideres cristãos se dividiram entre si,
apelaram à espada e se enredaram na culpa.
Ao abrir o terceiro
selo, apareceu um cavalo negro, cor que denota luto e ais, trevas e ignorância.
Aquele que o montava tinha um jugo (balança, na versão de 1960 da Bíblia) em
sua mão. Houve tentativas de se colocar um jugo de observâncias supersticiosas
sobre os discípulos. Conforme a corrente do cristianismo foi fluindo e
afastando-se de sua pura fonte, foi se corrompendo mais e mais. Durante o
avanço deste cavalo negro, as necessidades da vida estariam a preços exagerados
e as coisas mais custosas não deveriam ser danificadas. Conforme a linguagem
profética, estes artigos significavam o alimento do saber religioso, pelo qual
as almas dos homens são sustentadas para a vida eterna; tais como nós que somos
convidados a comprar (Is 55.1).
Porém, quando as
nuvens negras da ignorância e da superstição, denotadas pelo cavalo negro, se
esparramam sobre o mundo cristão, o conhecimento e a prática da religião verdadeira
tornam-se escassos. Quando o povo odeia seu alimento espiritual, Deus pode
privá-los, com justiça, de seu pão diário. A fome de pão é um juízo terrível,
mas a fome da Palavra o é muito mais. Ao abrir o quarto selo, saiu outro
cavalo, de cor amarela, pálido. O cavaleiro era a morte, o rei dos terrores.
Os assistentes ou
seguidores deste rei dos terrores, são o inferno, e o estado da miséria eterna
para todos os que morrem em seus pecados; nas épocas da destruição geral,
multidões vão à cova sem estar preparadas. O período do quarto selo é um
período de grande matança e devastação, que destrói tudo que possa trazer
felicidade à vida, assolando a vida espiritual do. homens. Assim, o mistério de
iniqüidade foi contemplado e seu poder estendido sobre -a vida e a consciência
dos homens. Não se pode discernir as datas exatas destes quatro selos, porque
as mudanças foram graduais.
Deus lhes deu
poder, isto é, os fez instrumentos de sua ira ou de seus juízos: todas as
calamidades públicas estão sob seu comando; só avançam quando Deus ordena, e
não vão além do que Ele permite.
Vv. 9-11. A visão do apóstolo ao abrir-se o
quinto selo foi impressionante. Viu as almas dos mártires debaixo do altar do
céu, aos pés de Cristo. Os perseguidores só podem matar o corpo; depois disto,
não podem fazer mais nada; a alma vive para sempre. Deus tem providenciado um
bom lugar no mundo melhor, para aqueles que são fiéis até a morte. O que lhes
dá o acesso ao céu não é a sua própria morte, mas o sacrifício de Cristo. A
causa pela qual sofreram foi a Palavra de Deus: o melhor que todo homem pode
fazer é dar a sua vida por ela; ter fé na Palavra de Deus, e confessar essa fé
que não pode ser removida. Eles encomendam as suas causas àquEle a quem a
vingança pertence. O Senhor é o consolador de seus servos angustiados, e
precioso é o sangue deles diante de seus olhos.
Como a medida do
pecado de seus perseguidores está se enchendo, assim também o número dos servos
perseguidos e martirizados de Cristo. Quando esta se encher, Deus enviará
tribulação aos que os perturbam, e felicidade e repouso sem interrupção aos que
são perturbados.
Vv. 12-17. Quando o sexto selo foi aberto, houve
um grande terremoto. Os fundamentos das igrejas e dos governos serão abalados
de forma terrível. Tais descrições figuradas, tão ousadas das grandes mudanças,
são abundantes nas profecias das Escrituras porque estes acontecimentos são
emblemas e declaram o fim do mundo e o dia do juízo. O espanto e o terror
afetarão todas as classes de homens. Nem as grandes riquezas, a coragem nem a
força poderão sustentar aos homens naquele momento. Eles se sentirão felizes de
não serem mais vistos; sim, de não mais existirem.
Mesmo que Cristo
seja um Cordeiro pode irar-se, e a ira do Cordeiro é excessivamente espantosa;
porque se nosso inimigo for o próprio Redentor, que apazigua a ira de Deus,
onde encontraremos um amigo que interceda por nós? Como os homens têm seus
momentos de oportunidade e seus períodos de graça, assim Deus tem seu dia de
justa ira. Parece que aqui é apresentada a queda do paganismo do Império
Romano. Os idólatras são descritos ocultando-se em suas covas e cavernas
secretas, buscando inutilmente escapar da destruição. Em tal dia, quando os
sinais dos tempos mostrarem aos que crêem na Palavra de Deus, que o Rei dos
reis se aproxima, os cristãos serão chamados a um rumo decidido e a confessar
ousadamente a Cristo e a sua verdade diante de seus semelhantes. Seja o que for
que tenham que suportar, devem preferir suportar o desprezo do homem, que é de
curta duração, ao invés da vergonha, que será eterna.
CAPÍTULO
7
Versículos 1-3: Uma
pausa entre dois grandes períodos; 4-8: A paz, a felicidade e a segurança dos
santos, representadas pelos 144 mil que são selados por um anjo; 9-12: Um
cântico de louvor; 13-17: A benção e a glória dos que sofreram o martírio por
Cristo.
Vv. 1-8. Os quatro ventos soprando juntos
significa, na linguagem figurada das Escrituras, uma terrível destruição geral.
Porém, a destruição é retardada. Os selos eram usados para que cada pessoa
marcasse os seus pertences. Esta marca é o testemunho do Espírito Santo
impresso nos corações dos crentes. O Senhor não permitirá que o seu povo seja
afligido antes de serem marcados, para que possam estar preparados contra todos
os conflitos. Observe que os que foram selados pelo Espírito possuem tal selo
na frente, para ser visto por amigos e inimigos igualmente, porém não pelo
próprio crente, salvo quando este olha firmemente no espelho da Palavra de
Deus. O número dos que assim foram selados pode ser entendido como
representando o remanescente de pessoas que Deus preserva. Ainda que a Igreja
de Deus seja apenas um pequeno rebanho quando comparada com o mundo mau, não
obstante é uma sociedade realmente grande e que crescerá ainda mais. Aqui está
figurada a Igreja universal sob a tipificação de Israel.
Vv. 9-12. As primícias de Cristo, que abriram o
caminho aos gentios convertidos, mais tarde são os que seguem e atribuem com
triunfo a sua salvação a Deus e ao Redentor.
Nos atos de
adoração religiosa nos aproximamos de Deus e devemos ir a Ele por intermédio de
Cristo; os pecadores não podem aproximar-se do trono de Deus senão através de
um Mediador. Eles estavam vestidos com as vestes da justificação, da santidade
e da vitória; e tinham palmas em suas mãos, como costumavam apresentar-se os
vencedores em seus triunfos. Os fiéis servos de Deus farão uma gloriosa
aparição ao final, quando tiverem pelejado a boa batalha da fé e terminado a
sua carreira. Com forte voz davam a Deus e ao Cordeiro o louvor pela grande
salvação. Os que esperam desfrutar da felicidade eterna devem bendizer e
bendirão ao Pai e ao Filho; o farão em público e com fervor. Vemos qual é a
obra do céu, e devemos começá-la agora, colocando nela os nossos corações, e
anelar aquele mundo, onde os nossos louvores e a nossa felicidade serão
aperfeiçoados.
Vv. 13-17. Os cristãos fiéis merecem nossa
atenção e respeito; devemos observar o justo. Aqueles que desejam obter
conhecimento não devem se envergonhar ao procurar instrução de quem a possa dar.
O caminho ao céu é repleto de tribulações; porém, a tribulação, por maior que
seja, não nos separará do amor de Deus. Ela faz com que o céu seja mais bem
vindo e mais glorioso. Não é o sangue dos mártires, mas o sangue do Cordeiro, o
que pode lavar o pecado, este é o único sangue que branqueia e limpa as vestes
dos santos.
Eles são felizes em
seu exemplo; o céu é um estado de serviço, mas sem sofrimento; é um estado de
repouso, não de preguiça; é um repouso que louva e deleita. Eles têm tido
sofrimentos e derramado muitas lágrimas por causa dos pecados e das aflições,
mas o próprio Deus, com sua mão de graça, enxugará todas essas lágrimas. Ele os
trata como um terno pai. Isto sustenta o cristão sob suas aflições. Como todos
os redimidos devem a sua felicidade totalmente à misericórdia soberana, assim a
obra e a adoração a Deus seu Salvador é seu fundamento; sua presença e favor
completam a alegria deles, não podem conceber outro gozo. Que todo o seu povo
recorra a Ele; que dEle recebam toda a graça de que necessitam; e que a Ele
ofereçam todo o louvor e toda a glória.
CAPÍTULO
8
Versículos 1,2: O
sétimo selo é aberto e aparecem sete anjos com sete trombetas, prontos para
proclamar os propósitos de Deus; 3-5: Outro anjo lança fogo à terra, o que
produz terríveis tormentas de vingança; 6: Os sete anjos se preparam para tocar
as suas trombetas; 7-12: Quatro as tocam; 13.’ Um outro anjo anuncia grandes
ais vindouros.
Vv. 1-6. Abre-se o sétimo selo. Houve um
profundo silêncio no céu por um espaço de tempo; todos estavam calados na
Igreja, porque cada vez que a Igreja da terra grita pela opressão, esse grito
chega ao céu; ou é um silêncio de expectativa. Foram dadas trombetas aos anjos,
que deveriam tocá-las. O Senhor Jesus é o Sumo Sacerdote da Igreja, e tem um
incensário de ouro e muito incenso, plenitude de mérito em sua gloriosa pessoa.
E desejável que os
homens queiram conhecer a plenitude que há em Cristo e se proponham a
familiarizar-se com a sua excelência. Que eles sejam verdadeiramente
persuadidos de que Cristo tem o ofício de Intercessor, e que o desempenha com
profunda simpatia. Nenhuma oração assim recomendada jamais deixou de ser ouvida
e aceita. Estas orações, assim aceitas no céu, produziram grandes mudanças na
terra.
A adoração e a
religião cristã, puras e celestiais em origem e natureza, quando são enviadas à
terra e entram em conflito com as paixões e os projetos mundanos dos homens
pecadores, produzem notáveis tumultos, aqui expressos em linguagem profética,
como declarou o próprio Senhor Jesus (Lc 12.49).
Vv. 7-13. O primeiro anjo tocou a primeira
trombeta, e houve granizo e fogo misturado com sangue. Uma tormenta de
heresias, uma mistura de erros espantosos caiu sobre a Igreja ou uma tempestade
de destruição.
O segundo anjo
tocou, e uma grande montanha, ardendo com fogo, foi lançada ao mar; e a terça
parte do mar converteu-se em sangue. Alguns entendem que a montanha representa
os líderes das perseguições; outros, a Roma saqueada pelos godos e pelos
vândalos, com grande matança e crueldade.
O terceiro anjo
tocou, e caiu uma grande estrela do céu. Alguns consideram que isto é um
governador eminente; outros, que é uma pessoa com poder que corrompeu as
igrejas de Cristo. As doutrinas do Evangelho, a fonte da vida, do consolo e do
vigor espiritual para as almas dos homens, estão corrompidas e amargadas pela
mistura de perigosos enganos, de modo que as almas dos homens encontrem ruína
onde antes encontravam refrigério.
O quarto anjo tocou
e caíram trevas sobre os grandes corpos celestes do céu que iluminam o mundo: o
sol, a lua e as estrelas. Os líderes e os governantes estão em postos mais
altos do que as pessoas comuns, e devem dispensar luz e boas influências sobre
estas. Onde o Evangelho chega a um povo e não produz os efeitos apropriados sobre
os seus corações e vidas, é seguido por terríveis juízos. Deus adverte a
humanidade através da Palavra escrita, pelos ministros, pelas próprias
consciências dos homens e pelos sinais dos tempos, de modo que se as pessoas
forem surpreendidas, será por suas próprias faltas. A ira de Deus amarga todos
os benefícios, e até a própria vida se torna uma carga. Porém Deus, neste
mundo, coloca limites aos juízos mais terríveis. A corrupção da doutrina e da
adoração na Igreja são grandes juízos, e também são as causas e os sinais
habituais de outros juízos futuros para um povo.
Antes que as outras
três trombetas fossem tocadas, houve uma advertência solene do quão terríveis
seriam as calamidades que se seguiriam. Se os juízos menores não produzirem
efeito, a igreja e o mundo deverão esperar por outros maiores; e quando Deus
vier castigar o mundo, seus habitantes tremerão diante dEle. Que os pecadores
tomem as devidas precauções para fugir da ira vindoura; que os crentes aprendam
a valorizar e agradecer por seus privilégios; e que continuem com paciência
fazendo o bem.
CAPÍTULO
9
Versículos 1-12: A
quinta trombeta é seguida pela visão de outra estrela que cai do céu e que abre
o abismo insondável do qual saem exércitos de gafanhotos; 13-21: A sexta trombeta
é seguida pela libertação dos quatro anjos presos junto ao grande rio Eufrates.
Vv. 1-12. Ao toque da quinta trombeta caiu uma
estrela do céu na terra. Havendo deixado de ser um ministro de Deus, aquele que
está representado por esta estrela torna-se um ministro do Diabo, e solta as
potestades do inferno contra a Igreja de Cristo.
Ao abrir-se o
abismo sem fundo, dali sai muita fumaça. O Diabo executa seus desígnios cegando
os olhos dos homens, apagando a luz e o conhecimento e aumentando a ignorância
e o engano. Desta fumaça sai um exército de gafanhotos, simbolizando os agentes
de Satanás, que aumentam a superstição, a idolatria, o engano e a crueldade. As
árvores e a erva, os crentes verdadeiros, novos ou mais experientes, serão
intocáveis.
Porém, um veneno e
uma infecção secreta da alma roubará a pureza de muitos, e depois a paz. Os
gafanhotos não tinham poder para ferir os que possuíam o selo de Deus. A graça
distintiva e toda poderosa de Deus resguardará o seu povo da apostasia total e
final. O poder está limitado a um curto período de tempo, mas será agudo. Em
tais acontecimentos, os fiéis provavelmente poderão compartilhar a calamidade
comum, mas estarão a salvo da pestilência do engano. Pelas Escrituras
entendemos que tais enganos estavam ali provando e examinando os cristãos (1 Co
11.19). Os primeiros escritores se referem a isto como a primeira grande hoste
de corruptores que se espalharam pela Igreja cristã.
Vv. 13-21. O sexto anjo tocou sua trombeta, e
parece que aqui o tema é o poder dos turcos. Seu tempo é limitado. Não só
mataram na guerra, mas também trouxeram uma religião destruidora e venenosa. A
geração anticristã não se arrependeu com estes espantosos juízos. Da sexta
trombeta devemos aprender que de um inimigo da Igreja, Deus pode fazer um açoite,
e de outro, uma praga. A idolatria dos remanescentes da igreja oriental e de
todas as partes, e os pecados dos cristãos professos, tornam essa profecia e
seu cumprimento maravilhosos. O leitor atento das Escrituras e da história
perceberá que a sua fé e esperanças são fortalecidas pelos acontecimentos que
em outros aspectos enchem seu coração de angústia e os seus olhos de lágrimas,
enquanto vê que os homens que escapam destas pragas não se arrependem de suas
más obras; antes prosseguem na idolatria, na maldade e na crueldade, até que a
ira venha sobre eles de modo máximo.
CAPÍTULO
10
Versículos 1-4: O
anjo do pacto apresenta um livrinho aberto seguido por sete tronos; 57. Ao
final das seguintes profecias, o tempo não mais existirá; 8-10: Uma voz manda o
apóstolo comer o livrinho; 11: E dito a ele o que mais deve profetizar.
Vv. 1-7. O apóstolo teve outra visão. A pessoa
que comunica este fato provavelmente era o nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo, ou era para mostrar a sua glória. Ele coloca um véu sobre a sua glória,
grande demais para que os olhos humanos a contemplem; e coloca um véu sobre as
suas dispensações. Um arco íris estava sobre a sua cabeça; o nosso Senhor
sempre se interessa por seu pacto. Sua surpreendente voz teve o eco de sete
tronos, forma solene e terrível para revelar a mente de Deus. Não conhecemos os
motivos dos sete tronos nem as razões para não serem escritos. Há grandes
acontecimentos na história, talvez relacionados com a Igreja cristã, que não
são observados na profecia revelada. A salvação final do justo, e o êxito final
da verdadeira religião da terra, são apresentados pela Palavra do Senhor que
não falha. Embora ainda não seja o tempo, todavia não pode estar longe. Para
nós, o tempo logo não existirá; porém, se somos crentes, seguirá uma feliz
eternidade; do céu contemplaremos os triunfos de Cristo e de sua causa na
terra, e nos regozijaremos neles.
Vv. 8-11. A maioria dos homens se comprazem
observando os acontecimentos futuros, e todos os homens bons gostam de receber
uma palavra de Deus. Porém, quando este livro da profecia foi completamente
digerido pelo apóstolo, seu conteúdo resultou amargo; havia tantas coisas
terríveis e espantosas, e perseguições tão dolorosas para o povo de Deus, que
ver e saber antecipadamente de tais estragos seria doloroso para a sua mente.
Procuremos ser ensinados por Cristo e obedeçamos as suas ordens; meditemos
diariamente em sua Palavra para que nutra as nossas almas, e logo declaremo-la
conforme os nossos diversos prazos e lugares onde estamos. A doçura das
contemplações estará muitas vezes mesclada com amargura, quando comparamos as
Escrituras com o estado do mundo e da Igreja ou até com o de nossos próprios
corações.
CAPÍTULO
11
Versículos 1,2. O
estado da Igreja está representado com afigura de um templo medido. 3-6. Duas
testemunhas profetizam vestidas de saco. 7-13. São mortas, porém depois
ressuscitam e sobem ao céu. 14-19. Após o toque da sétima trombeta, todos os
poderes anticristãos serão destruídos e haverá um glorioso estado do reino de
Cristo na terra.
Vv. 1,2. Esta passagem profética sobre a
medição do templo parece referir-se à visão de Ezequiel. O desígnio desta
medição parece ser a preservação da Igreja em tempos de perigo público; ou para
seu juízo ou para seu conserto. Os adoradores devem ser medidos para que se
saiba se fazem da glória de Deus a sua finalidade, e de sua Palavra sua regra
em todos os seus atos de adoração. Os do átrio externo adoram de maneira falsa,
ou com corações não afetados, e serão contados com os inimigos. Deus terá um
templo e um altar no mundo até o final dos tempos. Ele observa cuidadosamente o
seu templo. A cidade santa, a Igreja visível, está pisoteada, cheia de
idólatras, infiéis e hipócritas. Porém, as desolações da Igreja são limitadas e
ela será liberta de todos os seus problemas.
Vv. 3-13. Na época conhecida, Deus sustentou
muitas de suas testemunhas fiéis para dar testemunho da verdade de sua Palavra
e adoração, e da excelência de seus caminhos. O número destas testemunhas sem
dúvida é pequeno. Elas profetizam vestidas de saco. Isto mostra o seu estado
afligido, perseguido e a profunda angústia pelas abominações contra as quais
protestam. São sustentadas durante sua grande e difícil obra até que esta
termine. Quando tiverem profetizado vestidas de saco pela maior parte dos 1260
dias, o Anticristo, o grande instrumento do Diabo, fará guerra contra elas com
força e violência por um tempo. Os rebeldes decididos contra a luz se regozijam
como em um feito feliz, quando podem silenciar, afastar ou destruir os servos
fiéis de Cristo, cuja doutrina e conduta os atormenta.
Não parece que o
período já tenha expirado, e as testemunhas não estão no presente, expostas a
suportar tais sofrimentos exteriores tão terríveis como nas épocas anteriores.
Porém, tais coisas podem voltar a acontecer e há muitos motivos para
profetizarem vestidas de saco, por causa do estado da religião. O estado
deprimido do cristianismo verdadeiro pode ser relacionado somente com a igreja
ocidental. O Espírito de vida de Deus vivifica as almas mortas, e ressuscitará
os corpos mortos de seu povo, e seu interesse moribundo no mundo. O avivamento
da obra e das testemunhas de Deus produzirá terror nas almas dos inimigos. Onde
há culpa há medo; e o espírito perseguidor, ainda que cruel, é um espírito
covarde.
Não será parte
pequena do castigo dos perseguidores neste mundo verem, no grande dia, os
servos fiéis de Deus honrados e elevados. As testemunhas do Senhor não devem se
cansar de sofrer e servir, nem tomar precipitadamente o prêmio; devem
permanecer quietas até que o seu Senhor as chame. A conseqüência de serem assim
enaltecidas foi um tremendo golpe e convulsão para o império do Anticristo,
Somente os fatos podem mostrar o significado disto. Porém, cada vez que a obra
e as testemunhas de Deus revivem, a obra do Diabo e de suas testemunhas caem
ante Ele. Parece provável que a matança das testemunhas será um acontecimento
futuro.
Vv. 14-19. Antes que a sétima e última trombeta
soem, é feito o habitual pedido de atenção. Os santos anjos do céu sabem que a
destra de nosso Deus e Salvador manda em todo o mundo. Porém, as nações saem
com sua própria ira ao encontro da ira de Deus. Foi um tempo que Ele estava
começando a recompensar os serviços fiéis e os sofrimentos de seu povo, e seus inimigos
estavam nervosos com Deus, aumentando assim a sua culpa e apressam a sua
destruição. A abertura do templo de Deus no céu, talvez signifique que houvesse
mais comunicação livre entre o céu e a terra; a oração e os louvores subiam
mais livre e freqüentemente; as graças e as bênçãos desciam com mais
abundância. No entanto parece referir-se à Igreja de Deus na terra. No reino do
Anticristo, a lei de Deus foi lançada de lado e esvaziada com tradições e
decretos; as Escrituras foram fechadas para as pessoas, mas agora são colocadas
à vista de todos. Como a arca, este é um símbolo da presença de Deus que se
volta para o seu povo, e seu favor para com eles, em Jesus Cristo, como a
Propiciação por seus pecados. A grande benção da Reforma foi acompanhada por providências
muito temíveis; e Deus respondeu com atos terríveis de justiça as orações apresentadas
em seu santo templo, agora aberto.
CAPÍTULO
12
Versículos 1-6:
Descrição da Igreja de Cristo e da de Satanás, sob as figuras de uma mulher e
de um grande dragão vermelho; 7-12: Miguel e seus anjos lutam contra o diabo e
seus anjos, os quais são derrotados; 13,14; O dragão persegue a Igreja; 15-17’
Seus vãos intentos para destruí-la — Renova sua guerra contra a semente da
mulher.
Vv. 1-6. A Igreja,
representada por uma mulher, a mãe dos crentes, foi vista no céu pelo apóstolo
em uma visão. Ela estava vestida de sol, justificada, santificada e brilhando
pela união com Cristo, o Sol da justiça. A lua estava debaixo de seus pés; ela
era superior à luz refletida e mais fraca que a revelação feita por Moisés.
Tinha em sua cabeça uma coroa de doze estrelas; a doutrina do Evangelho pregada
pelos doze apóstolos é uma coroa de glória de todos os crentes verdadeiros.
Estava com dores para dar à luz a uma santa família; desejosa que a convicção
dos pecadores pudesse resultar em sua conversão, O dragão simboliza o conhecido
Satanás e seus principais agentes, ou os que governam por ele na terra, como
naquela época do Império pagão de Roma, a cidade edificada sobre sete colinas.
Tendo dez chifres, dividida em dez remos. Ter sete coroas representa sete
formas de governo. Com a sua cauda arrastava a terça parte das estrelas do céu,
e as lançava à terra; perseguia e seduzia os ministros e mestres. Vigiando para
esmagar a religião cristã, porém, apesar da oposição dos inimigos, a Igreja
enviou adiante a um grupo varonil de professos, fiéis e verdadeiros, em quem
Cristo foi verdadeiramente formado de novo; o mistério de Cristo, o Filho de
Deus, que governará as nações e cuja destra seus membros participam da mesma
glória. Esta bendita semente foi protegida por Deus.
Vv. 7-11. Os intentos do dragão foram
infrutíferos contra a Igreja, e fatais para seus próprios interesses. A sede
desta guerra era o céu; e a Igreja de Cristo, o reino do céu na terra. As
partes eram Cristo, o grande Anjo do pacto e seus fiéis seguidores; e contra
Ele Satanás e seus instrumentos. A força da Igreja está em ter ao Senhor Jesus
como o Capitão da sua salvação.
A idolatria pagã,
que era a adoração aos demônios, foi lançada do império pela difusão do
cristianismo. A salvação e a força da Igreja só devem ser atribuídas ao Rei e
Cabeça da Igreja. O Inimigo vencido odeia a presença de Deus, mas está disposto
a comparecer para acusar o povo do Senhor. Guardemo-nos para não dar-lhe
motivos de nos acusar; se pecarmos apresentemo-nos diante do Senhor,
condenemo-nos a nós mesmos e encomendemos a nossa causa a Cristo como nosso
Advogado. Os servos de Deus vencem Satanás pelo sangue do Cordeiro; vencem pela
Palavra de seu testemunho, pois a poderosa pregação do Evangelho é potente por
meio de Deus, para derrubar fortalezas,
Por sua coragem e
paciência nos sofrimentos: eles não amaram tanto as suas vidas, mas
renderam-nas pela causa de Cristo. Estes eram os guerreiros e as armas pelas
quais o cristianismo destituiu o poder da idolatria pagã; se os cristãos
continuassem pelejando com estas armas e com outras como estas, suas vitórias
teriam sido muito mais numerosas e gloriosas, e seus efeitos mais duradouros.
Os redimidos
venceram por sua simples confiança no sangue de Cristo, como a única base de
suas esperanças. Neste aspecto também devemos ser como eles. Não devemos
mesclar nada mais com isto.
Vv. 12-17. A Igreja e todos os seus amigos podem
ser convocados para louvar a Deus por libertá-los da perseguição pagã, ainda
que outras angústias lhes esperem. O deserto é um lugar desolado e cheio de
serpentes e escorpiões, incômodo e desprovido de alimentos, mas seguro para uma
pessoa poder estar só. Porém, estar assim isolada não é algo que protegeria a
mulher. Muitos explicam a corrente de águas como as invasões dos bárbaros,
pelos quais o império ocidental foi derrubado, porque os pagãos fortaleciam os
seus ataques esperando destruir o cristianismo. Porém, os homens ímpios protegeram
a Igreja em meio a estes tumultos, devido aos seus interesses mundanos, e a
derrota do império não contribuiu com a causa da idolatria. Isto pode
significar uma corrente de enganos pela qual a Igreja de Deus correu o risco de
ser derrubada e desviada. O Diabo, derrotado em suas intenções contra a Igreja,
volta a sua fúria contra pessoas e lugares. Ser fiel a Deus e a Cristo em sua
doutrina, adoração e prática, expõe-nos à ira de Satanás, e assim será até que
o último Inimigo seja destruído.
CAPÍTULO
13
Versículos 1-10:
Uma besta selvagem sai do mar, e a esta o dragão dá o seu poder; 11-15: Outra
besta que tem dois chifres, como um cordeiro, mas fala como dragão; 16-18:
Obriga a todos a adorarem sua imagem, e a receberem sua marca como pessoas consagradas
a ela.
Vv. 1-10. O apóstolo, estando na praia, viu uma
besta selvagem sair do mar; um poder tirânico, idólatra, perseguidor, que surge
dos transtornos que tiveram lugar. Era um monstro aterrorizador. Parece
significar o domínio mundano opressor que por muitos séculos, desde os tempos
do cativeiro babilônico, havia sido hostil à Igreja.
Então, a primeira
besta começou a perseguir e a oprimir os justos por amor à justiça; porém, eles
sofreram mais com a quarta besta de Daniel (o Império Romano) que tem afligido
os santos com muitas perseguições cruéis.
A fonte deste poder
foi o dragão. Foi estabelecido pelo Diabo e apoiado por ele. A ferida da cabeça
pode ser a abolição da idolatria pagã; e a cura da ferida seria a introdução da
idolatria papista, a mesma em essência, só que com nova roupagem, mas que
corresponde muito efetivamente ao desígnio do Diabo. O mundo admirou seu poder,
política e êxito. E todos os ímpios renderam honras e sujeição ao Diabo e a
seus instrumentos. Exerceu um poder e uma política infernal exigindo que os
homens rendessem às criaturas a honra que só pertence a Deus. Porém, o poder e
o êxito de Satanás são limitados. Cristo tem um remanescente escolhido,
redimido por seu sangue, registrado em seu livro, selado por seu espírito; e
ainda que o Diabo e o Anticristo possam vencer o corpo e tirar a vida natural,
não podem vencer a alma, nem prevalecer contra os crentes verdadeiros, para que
estes abandonem ao seu Salvador e unam-se aos seus inimigos. A. perseverança na
fé do Evangelho e na verdadeira adoração a Deus, nesta grande hora de prova e
tentação que enganará a todos, exceto os escolhidos, é a marca dos registrados
no livro da vida. Este motivo e alentos poderosos à constância, constituem o
grande objetivo de todo o livro de Apocalipse.
Vv. 11-18. Os que entendem que a primeira besta
significa uma potência mundial, tomam também a segunda como um poder
perseguidor e usurpador, que age com o disfarce da religião e da caridade para
com as almas dos homens. É um domínio espiritual que professa derivar de
Cristo, e atua primeiramente de forma suave, mas logo falará como dragão. A sua
fala engana, porque estabelece falsas doutrinas e decretos cruéis que mostram
que pertence ao dragão, e não ao Cordeiro. Exerceu todo o poder da besta anterior,
e persegue o mesmo objetivo: apartar os homens da adoração ao Deus verdadeiro e
submeter suas almas à vontade e ao controle de homens.
A segunda besta
executa as suas intenções com métodos que enganam aos homens para que adorem a
primeira besta em sua nova forma ou semelhança, criada para isto com prodígios
mentirosos, pretensos milagres e por severas censuras. Ela também não permitirá
o gozo de direitos naturais ou civis àqueles que não adorarem à primeira besta.
E feito algo que dá autorização para se comprar e vender e para ganho e
confiança, o que os obriga a usar todo o seu interesse, poder e trabalho no
fomento do domínio da besta, o que é representado por receberem a sua marca.
Fazer uma imagem à besta cuja ferida mortal foi curada, seria dar forma e poder
à sua adoração, ou requerer obediência às suas ordens. Adorar essa imagem
implica submeter-se às coisas que demonstram o caráter da marca, e a
transformam na imagem da besta.
O número da besta é
dado para mostrar a sabedoria infinita de Deus e exercitar a sabedoria dos
homens. O número é o numero do homem, calculado da maneira habitual dos homens,
e é 666. Permanece como mistério o que ou quem está representado por isto. Este
número tem sido aplicado em quase todas as disputas religiosas e há dúvidas se
o seu significado já foi descoberto. Quem tem sabedoria e entendimento verá que
todos os inimigos de Deus estão numerados e marcados para a destruição; e que o
prazo de seu poder breve expirará, e que todas as nações se submeterão ao nosso
Rei de justiça e paz.
CAPÍTULO
14
Versículos 1-5: Os
fiéis a Cristo louvam a Deus; 6-13: Três anjos: um proclama o Evangelho eterno;
outro, a queda da Babilônia; e o terceiro a temível ira de Deus sobre os
adoradores da besta. A benção dos que morreram no Senhor; 14-16: Uma visão de
Cristo acompanhada de uma grande voz, e de uma seara madural; 17-20: O símbolo
de uma colheita totalmente madura, pisada no lagar da ira de Deus.
Vv. 1-5. O monte Sião é a Igreja do Evangelho.
Cristo está com sua Igreja em meio a todas as suas angústias, portanto não é
consumida. Sua presença assegura a perseverança. Seu povo apresenta-se
honradamente. Eles têm o nome de Deus escrito em suas frontes, podem fazer uma
profissão ousada e aberta de sua fé em Deus e em Jesus, e isto é acompanhado
por atos apropriados. Nas épocas mais tenebrosas existiram pessoas que se
arriscaram e renderam suas vidas pela adoração e pela verdade do Evangelho de
Cristo. Mantiveram-se limpas da perversa abominação dos seguidores do
Anticristo. Seus corações mantiveram-se bem com Deus e foram gratuitamente
perdoados em Cristo; Ele é glorificado neles e eles nEle. Que a nossa oração, o
nosso esforço e a nossa ambição seja ser achados nesta honrosa companhia. Aqui
estão representados todos os que realmente são santificados e justificados,
porque nenhum hipócrita, por mais veraz que pareça, pode considerar-se sem
faltas diante de Deus.
Vv. 6-13. Aqui parece manifestar-se o progresso
da reforma. As quatro proclamações são evidentes em seus significados: que
todos os cristãos sejam exortados a serem fiéis ao seu Senhor no tempo da
prova. O Evangelho é o grande meio pelo qual os homens são levados a temer a
Deus e dar-lhe glória.
A pregação do
Evangelho eterno estremece os fundamentos do Anticristo no mundo, e apressa a
sua queda. Se alguém persiste em sujeitar-se à besta e em fomentar a sua causa,
deve esperar ser miserável em corpo e alma para sempre. O crente deve
arriscar-se ou sofrer qualquer coisa por obedecer aos mandamentos de Deus e
professar a fé em Jesus. Que Deus nos conceda esta paciência.
Observe a descrição
dos que são e serão abençoados: os tais morrem no Senhor, pela causa de Cristo
e em união com Cristo; os tais são achados em Cristo quando a morte chega.
Descansam de todo pecado, tentação, sofrimento e perseguição, porque ali o mal
pára de atormentá-los; ali os cansados repousam. Suas obras os acompanham: não
vão adiante deles como títulos, ou como aquisições, mas os seguem como provas
de terem vivido e morrido no Senhor; a lembrança deles será agradável, e a
recompensa muito superior a todos os seus sofrimentos e aos serviços que
prestaram a Deus. Isto é assegurado pelo testemunho do Espírito, que testifica
com o espírito de cada um deles, e pela Palavra escrita.
Vv. 14-20. Não tendo as advertências e os juízos
produzido conserto, os pecados das nações têm enchido a medida e estão maduros
para os juízos, representados por uma colheita, simbologia usada para
significar a reunião dos justos quando estiverem maduros para o céu, pela
misericórdia de Deus. O tempo da colheita dar-se-á quando o trigo estiver
maduro, quando os crentes estiverem maduros para o céu; então o trigo da terra
será reunido no grande celeiro de Cristo por uma colheita. Os inimigos de
Cristo e de sua Igreja não serão destruídos até que, por causa de seus pecados,
estejam maduros para a destruição, e então Ele não mais os ignorará.
O lagar é a ira de
Deus, uma calamidade terrível, provavelmente a espada, que derrama o sangue dos
maus. A paciência de Deus para com os pecadores é o maior milagre do mundo;
porém, ainda que seja duradoura, não será eterna; e a maturação do pecado é uma
prova segura do juízo iminente.
CAPÍTULO
15
Versículos 1-4: A
Igreja canta um cântico de louvor; 5-8: Visão de sete anjos com sete pragas; em
seguida, um dos seres viventes dá a um deles sete taças de ouro cheias da ira
de Deus.
Vv. 1-4. Apareceram sete anjos no céu,
preparados para terminar a destruição do Anticristo. Posto que a medida dos
pecados da Babilônia estava cheia, encontra a medida cheia da ira divina.
Enquanto os crentes estiverem no mundo, em tempos de angústia, como em pé sobre
um mar de vidro misturado com fogo, podem esperar sua libertação final,
enquanto novas misericórdias pedem novos hinos de louvor.
Quanto mais
soubermos das maravilhosas obras de Deus, mais louvaremos sua grandeza como o
Senhor Deus Todo Poderoso, o Criador e Rei de todo o mundo; porém, seu título
de Emanuel, o Rei dos santos, o fará querido a nós. Quem é que, considerando o
poder da ira de Deus e o valor de seu favor, ou a glória de sua santidade, se
recusará a temer e a honrar somente a Ele? Seu louvor está acima do céu e da
terra.
Vv. 5-8. Nos juízos que Deus executa contra o
Anticristo e seus seguidores, se cumprem as profecias e as promessas de sua
Palavra. Estes anjos estão preparados para a sua obra, vestidos com linho puro
e branco; seus peitos estão cingidos com cinto de ouro, que representam a
santidade, a justiça e a excelência dos tratos com os homens. Eles são
ministros da justiça divina e fazem todas as coisas de forma santa e pura.
Estavam armados com a ira de Deus contra seus inimigos. Até a criatura mais
vil, quando está armada com a ira de Deus, será extremamente forte para
enfrentar qualquer homem do mundo.
Os anjos receberam
as taças de um dos quatro seres viventes, um dos ministros da Igreja
verdadeira, como resposta às orações dos ministros e do povo de Deus. O
Anticristo não podia ser destruído sem um grande golpe para todo o mundo, e até
o povo de Deus estaria angustiado e confundido enquanto a grande obra estivesse
sendo feita. As maiores libertações da Igreja são produzidas por terríveis atos
da providência; e o feliz estado da Igreja verdadeira não começará até que os
inimigos obstinados sejam destruídos, e os cristãos fracos ou formais sejam
purificados. Então, tudo o que estiver contra as Escrituras será purgado, toda
a Igreja será espiritual e todos serão levados à pureza, à unidade e à
espiritualidade, e todos os crentes serão firmemente estabelecidos.
CAPÍTILO
16
Versículos 1-7: A
primeira taça é lançada à terra, a segunda ao mar e a terceira aos rios e às
fontes; 8-11: A quarta ao sol, a quinta à sede da besta, 12-16: A sexta ao
grande rio Eufrates; 17-21: E a sétima ao ar, quando sobrevirá a destruição de
todos os inimigos dos cristãos.
Vv. 1-7. Temos de orar para que a vontade de
Deus seja feita na terra como é feita no céu. Aqui há uma sucessão de terríveis
juízos da providência; e parece ser uma alusão à diversas pragas do Egito. Os
pecados eram semelhantes, e assim também os castigos. As taças referem-se às
sete trombetas, que representavam o surgimento do Anticristo; e a queda dos
inimigos da Igreja será semelhante à ocasião em que se levantaram. Todas as
coisas de sua terra, seu ar, seu mar, seus rios, suas cidades, estão condenadas
à ruína; todas são malditas por causa da maldade do povo. Não vos assombreis
pelo fato dos anjos que presenciam ou executam a vingança divina nos obstinados
que odeiam a Deus, a Cristo e a santidade louvarem a sua justiça e verdade; e
adorarem os seus espantosos juízos, enquanto executam nos cruéis perseguidores
as torturas que eles fizeram os santos e os profetas sofrerem.
Vv. 8-11. O coração do homem é tão perverso que
as desgraças mais severas nunca levarão ninguém a se arrepender sem a graça especial
de Deus. O próprio inferno está cheio de blasfêmias, e os ignorantes em relação
à história humana, à Bíblia, e aos seus próprios corações não sabem que quanto
mais os homens sofrem e mais claramente vêem a mão de Deus em seus sofrimentos,
mais furiosamente se indignam contra Ele. Que os pecadores busquem agora o
arrependimento em Cristo e a graça do Espírito Santo, ou terão a angústia e o
horror de um coração não humilhado, impenitente e desesperançado, somando assim
a sua culpa e desgraça por toda a eternidade.
As trevas se opõem
à sabedoria e ao conhecimento, e prolongam a confusão e a maneira néscia de
viver dos idólatras e seguidores da besta. Se opõem ao prazer e ao gozo e
representam a angústia e a afronta do espírito.
Vv. 12-16. Provavelmente isto mostre a
destruição da potência turca e da idolatria, e que se fará um caminho para o
retorno dos judeus. Ou, como Roma, considere a Babilônia mística, o nome da
Babilônia escrito por Roma conforme assim se pensava, mas que naquela ocasião
não era abertamente nomeada. Quando Roma é destruída, seu rio e suas
mercadorias devem sofrer com ela. Talvez se abra um caminho para que as nações
orientais ingressem na Igreja de Cristo. O grande dragão reuniu todas as suas
forças para lutar em uma batalha desesperançada antes que tudo esteja perdido.
Deus adverte em relação a esta grande prova para fazer com que o seu povo se
prepare para ela. Estes serão tempos de grande tentação; portanto, Cristo, por
intermédio de seu apóstolo chama os seus servos crentes a esperarem a sua vinda
repentina e a vigiar para não serem envergonhados como apóstatas ou hipócritas.
Por mais que os cristãos difiram quanto aos seus critérios sobre os tempos e as
eras dos acontecimentos que ainda ocorrerão, neste ponto todos estão de acordo:
Jesus Cristo, o Senhor da glória, voltará subitamente para julgar o mundo. Para
aqueles que vivem perto de Cristo, isto é motivo de gloriosa esperança e
expectativa, e a demora é algo que eles não desejam.
Vv. 17-21. O sétimo
e último anjo lançam suas taças e consuma a queda da Babilônia. A Igreja
triunfante do céu contemplou isto e se regozijou; a Igreja afligida na terra
viu e sentiu-se triunfante. Deus lembrou-se da grande e malvada cidade, ainda
que por um tempo pareceu que havia se esquecido da idolatria e da crueldade
dela. Tudo o que era mais seguro foi eliminado pela ruína,
Os homens
blasfemaram: os maiores juízos que podem recair sobre os homens não produzirão
arrependimento sem a graça de Deus. Endurecer-se contra Deus por seus justos
juízos é sinal de garantida e total destruição.
CAPITULO
17
Versículos 1-6: Um
dos anjos que tinha as taças, explica o significado da visão anterior da besta
anticristã, que reinaria 1260 dias, e em seguida seria destruída; 7-18: E
interpreta o mistério da mulher e da besta que tinha sete cabeças e dez
chifres.
Vv. 1-6. Roma parece estar claramente
representada neste capítulo. A Roma pagã submeteu e governou com poderio
militar, não por arte nem adulação. Geralmente deixava que as nações
continuassem com seus antigos costumes e adorações, porém, sabe-se que por sua
astuta administração política, com toda a classe de enganos e injustiças, é que
a Roma papal tem obtido e mantido o seu governo sobre reis e nações.
Aqui existiram
seduções por meio de honras e riquezas mundanas, pompas e orgulho, apropriados
para mentes mundanas e sensuais. A prosperidade, a ostentação e o esplendor alimentaram
a soberba e as concupiscências do coração humano, mas não são uma garantia contra
a vingança divina. A taça de ouro representa as seduções e as ilusões pelas
quais esta Babilônia mística tem obtido e mantido sua influência, e seduzido a
outros para que se unam às suas abominações. E nomeada por seus costumes infames,
a mãe das prostitutas, a que educa na idolatria e em toda a classe de maldades.
Está cheia do
sangue dos santos e mártires de Cristo Jesus. Embriagava-se com ele, e isto lhe
era tão agradável que nunca estava satisfeita. Não podemos senão nos
surpreender pelos oceanos de sangue de cristãos, derramados por homens que se
dizem cristãos; porém, quando consideramos estas profecias, estes feitos espantosos
testificam da verdade do Evangelho. Guardemo-nos de uma religião esplêndida, gananciosa
ou de moda. Evitemos os mistérios da iniqüidade e estudemos com diligência o grande
mistério da piedade, para que aprendamos a ser humildes e agradecidos pelo exemplo
de Cristo. Quanto mais procurarmos nos parecer com Ele, menos comprometidos
estaremos de ser enganados pelo Anticristo.
vv. 7-14. A besta na qual a mulher estava montada
era assento de idolatria e perseguição, não na antiga forma pagã, mas a sede da
idolatria e da tirania, ainda que de outra sorte e forma. Enganaria a uma
submissão estúpida e cega todos os habitantes da terra sob sua influência,
exceto o remanescente dos escolhidos. Esta besta tem sete cabeças, sete
montanhas, as sete colinas sobre as quais Roma foi erguida; e sete reis, sete
tipos de governo. Cinco eram passados quando esta profecia foi escrita; um
estava em vigor naquele momento; o outro ainda iria chegar. A besta, dirigida
pelo papado, constitui o oitavo governante, e este volta a estabelecer a
idolatria.
Tinha dez chifres,
que dizem ser dez reis que ainda não tinham reinado; eles só apareceriam quando
o Império Romano fosse dividido, e seriam por um tempo extremamente zelosos em
relação aos seus interesses.
Cristo reinará
quando todos os seus inimigos estiverem subjugados debaixo de seus pés. A razão
da vitória, é que Ele é o Rei dos reis e o Senhor dos senhores. Ele tem o
domínio supremo e poder sobre todas as coisas; todos os poderes da terra e do
inferno estão sujeitos ao seu controle. Seus seguidores são chamados para esta
guerra, são preparados para ela e serão fiéis nela.
Vv. 15-18. Deus mandava de tal forma nos
corações destes reis, por seu poder sobre eles e por sua providência, que eles
fizeram estas coisas sem ter a intenção que Ele se propôs e anunciou. Eles
verão suas condutas néscias, como foram enfeitiçados e escravizados pela
prostituta e feitos instrumentos de sua destruição. Ela era essa grande cidade
que reinava sobre os reis da terra, quando João recebeu esta visão; e todos
sabem que Roma era esta cidade.
Os crentes serão
recebidos na glória do Senhor quando os maus serão destruídos da maneira mais
terrível; sua união em pecado será transformada em ódio e ira, e eles
assistirão anelantes as torturas uns dos outros. A porção do Senhor é o seu
povo; seu conselho permanecerá e fará todo o seu beneplácito para a sua glória
e para a felicidade de todos os seus servos.
CAPÍTULO
18
Versículos 1-3:
Outro anjo do céu proclama a queda da Babilônia mística; 4-8: Uma voz do céu
admoesta o povo de Deus, para que não participe de suas pragas; 9-19: As
lamentações por ela; 20-24: A Igreja é chamada a regozijar-se pela extrema
ruína da Babilônia.
Vv. 1-8. A queda e a destruição da Babilônia
mística estão determinadas nos conselhos de Deus. Outro anjo vem do céu. Este
parece ser o próprio Cristo, que vem destruir seus inimigos e derramar a luz do
seu Evangelho sobre todas as nações. A maldade desta Babilônia era muito
grande, pois se esquecera do Deus verdadeiro e havia estabelecido ídolos,
arrastando toda a classe de homens ao adultério espiritual, e por sua riqueza e
luxo os manteve interessados nela. Parece representar principalmente a
mercadoria espiritual, pela qual multidões têm vivido em riquezas de maldade
pelos pecados e pela conduta néscia da humanidade.
Adverte-se
justamente a todos os que esperam misericórdia de Deus a não somente saírem de
Babilônia, mas também a ajudarem na sua destruição. Deus pode ter filhos até na
Babilônia, mas será chamado a sair da Babilônia, e será eficazmente chamado,
enquanto os que participam com os ímpios em seus pecados devem receber as suas
pragas.
Vv. 9-19. Os enfermos haviam participado dos
prazeres sensuais da Babilônia e adquirido lucro com sua riqueza e comércio.
Eram os reis da terra, aos quais ela havia atraído à idolatria, permitindo que
fossem tiranos com seus súditos, mas obedientes a ela; também eram os
mercadores os que negociavam suas indulgências, perdões e honras; eles são os
que lamentam. Os amigos da Babilônia participaram de seus prazeres e benefícios
pecaminosos, mas não estão dispostos a participar de suas pestes. O espírito do
Anticristo é um espírito mundano, e o choro é uma tristeza puramente mundana;
eles não choram por causa da ira de Deus, mas pela perda de seus confortos
exteriores. A magnificência e as riquezas dos ímpios de nada lhes servirão, e
farão com que seja mais difícil suportar a vingança. Aqui se faz alusão à
mercadoria espiritual quando não só os escravos, mas também as almas de milhões
de pessoas, são mencionadas como artigos de comércio, destinadas à destruição.
Isto não tem sido peculiar somente do anticristo romano, nem a culpa tem sido
somente dele.
Que os negociantes
prósperos aprendam com todos os seus lucros a adquirir as riquezas
inescrutáveis de Cristo; caso contrário, mesmo nesta vida poderão lamentar que
as riquezas criem asas e saiam voando, e que todos os produtos pelos quais
contaminaram as suas almas com luxúrias, os abandonaram. Em todo caso, a morte
logo acabará com o seu comércio, e toda as riquezas dos ímpios serão trocadas
não somente pelo caixão e o verme, mas também pelo fogo que nunca se apaga.
Vv. 20-24. Aquilo que é motivo de gozo para os
servos de Deus na terra, é motivo de regozijo para os anjos no céu. Os
apóstolos que são honrados e diariamente adorados em Roma, de maneira idólatra,
se regozijarão com a sua queda. A queda da Babilônia foi um ato da justiça de
Deus. Como foi uma ruína final, este inimigo nunca mais os molestará novamente;
disto têm a segurança por um sinal. Recebamos a advertência das coisas que
levam os demais à destruição e coloquemos os nossos afetos nas coisas que são
de cima, ao considerarmos a natureza variável das coisas terrenas.
CAPÍTUIO
19
Versículos 1-10: A
Igreja no céu e a Igreja na terra se regozijam e louvam ao Senhor por seus
justos juízos; 11-21: Uma visão de Cristo que sai para destruir a besta e os
seus exércitos.
Vv. 1-10. Louvar a Deus pelo que possuímos é orar
por aquilo que Ele ainda fará por nós. Há harmonia entre os anjos e os santos
neste cântico triunfal.
Cristo é o esposo
de sua Igreja resgatada. Esta segunda união será completada no céu, mas o
início do milênio glorioso (o qual significa o reino de Cristo, ou o estado de
alegria por mil anos na terra) pode ser considerado como a celebração da
cerimônia pré-nupcial na terra. A Igreja de Cristo, purificada de erros,
divisões e corrupções de doutrina, disciplina, adoração e prática, estará
preparada para ser publicamente reconhecida por Ele como o seu deleite e sua
amada.
A Igreja apareceu,
não com vestes alegres e impudicas como as da mãe das prostitutas, mas com
linho fino, limpo e branco. São as vestes da justiça de Cristo, imputada para a
justificação e repartida para a santificação. As promessas do Evangelho, as
verdadeiras palavras de Deus, abertas, aplicadas e seladas pelo Espírito de
Deus em santas ordenanças, serão o festejo nupcial. Isto parece referir-se à
abundante graça e ao consolo que os cristãos receberão nos dias felizes que
virão.
O apóstolo ofereceu
honras ao anjo, que as rejeitou. Dirigiu o apóstolo ao único objeto verdadeiro
de adoração religiosa: adora a Deus, e somente a Ele. Isto claramente condena a
prática dos que adoram os elementos do pão e do vinho, e santos, e anjos e os
que não crêem que Cristo é Deus verdadeiramente e por natureza; porém, lhe
rendem um tipo de adoração. São declarados réus de idolatria por um mensageiro
do céu. Estes são os verdadeiros ditos de Deus: do que deve ser adorado como um
com o Pai e com o Espírito Santo.
Vv. 11-21. Cristo, a gloriosa Cabeça da Igreja,
apresenta-se sobre um cavalo branco, simbolizando a justiça e a santidade. Tem
muitas coroas porque é o Rei dos reis e o Senhor dos senhores. Está vestido com
uma veste salpicada com o seu próprio sangue, pelo qual comprou seu poder como
mediador; e com o sangue de seus inimigos, sobre os quais sempre prevalece.
Seu nome é “O Verbo
de Deus”; nome que ninguém conhece plenamente, senão Ele próprio; nós só
sabemos isto, que este Verbo era Deus manifestado na carne; porém, a sua
perfeição não pode ser plenamente entendida por nenhuma criatura.
Os santos e os
anjos o seguem, e são como Ele em sua armadura de pureza e justiça. Ele
executará as ameaças da Palavra escrita contra os seus inimigos. As insígnias
de sua autoridade são seu nome; Ele afirma sua autoridade e poder, e adverte os
príncipes mais poderosos a se submeterem ou cairão ante Ele.
As potestades da
terra e do inferno se esforçam ao máximo. Estes versículos declaram fatos
importantes anunciados pelos profetas. Estas pessoas não foram desculpadas
porque fizeram o que seus chefes lhes mandaram. Quão vã será a alegação de
muitos pecadores naquele grande dia, se disserem: “Nós seguimos os nossos chefes!
Fizemos o que vimos outros fazerem”! Em sua Palavra, Deus nos deu uma regra
para caminhar; nem o exemplo da maioria nem do chefe devem nos induzir ao
contrário; se fizermos como a maioria, iremos para onde a maioria irá: para o
lago de fogo.
CAPÍTULO
20
Versículos 1-3:
Satanás é amarrado por mil anos; 4-6: A primeira ressurreição; benditos os que
tiverem parte nela; 7-10: Satanás é solto: Gogue e Magogue; 11-15: A última e
geral ressurreição.
Vv. 1-3. Aqui há uma visão que mostra,
figuradamente as limitações colocadas ao próprio Satanás. Cristo, com poder
onipotente, impedirá que o Diabo engane a humanidade como tem feito até agora.
Não faltam a Ele poder, nem instrumentos para exterminar o poder de Satanás.
Cristo o prende com seu poder e o sela por sua autoridade. A Igreja terá um
tempo de paz e prosperidade, mas ainda não terão terminado todas as suas
provas.
Vv. 4-6. Aqui há um relato do reino dos santos
durante o tempo que Satanás estiver amarrado. Os que sofrem com Cristo,
reinarão com Ele em seu reino espiritual e celestial, em conformidade com Ele
em sua sabedoria, justiça e santidade: isto é chamado de primeira ressurreição,
com a qual somente serão favorecidos aqueles que servem a Cristo e sofrem por
Ele. É declarada a felicidade destes servos de Cristo. Ninguém pode ser
abençoado senão os que são santos, e todos os que são santos serão abençoados.
Sabemos algo do que é a primeira morte, e é muito espantosa, mas não sabemos o
que é a segunda. Deve ser muito mais terrível: é como se fosse a morte da alma,
a eterna separação de Deus. Que nunca saibamos o que é. Aqueles que têm sido
feitos participantes da ressurreição espiritual, serão salvos do poder da
segunda morte.
Podemos esperar que
mil anos se passem após a destruição do Anticristo, das potências idólatras e
dos perseguidores, durante os quais o cristianismo puro de doutrina, adoração e
santidade será dado a conhecer em toda a terra. Pela obra poderosa do Espírito
Santo, os homens caídos serão criados de novo; e a fé e a santidade prevalecerão
tão certamente quanto agora a incredulidade e a impiedade dominam. Podemos com
facilidade notar que cessará toda sorte de dores, enfermidades e outras
terríveis calamidades, como se todos os homens fossem cristãos verdadeiros e
coerentes. Todos os males das contendas públicas e particulares terminarão, e a
felicidade de todas as classes se generalizará.
Todo homem
procurará aliviar o sofrimento, em lugar de adicionar sofrimentos a quem os
rodeia. O nosso dever é orar pelos dias gloriosos prometidos, e fazer tudo o
que em nossos postos públicos ou privados possam servir como preparação para
eles.
Vv. 7-10. Enquanto este mundo durar, o poder de
Satanás não será totalmente destruído, mas será limitado e diminuído. Quando
Satanás for novamente solto, começará a enganar as nações e incitá-las a
pelejarem contra os santos servos de Deus. Bom seria que os servos e os
ministros de Cristo fossem ativos e perseverantes em fazer o bem, como os seus
inimigos são para fazer o mal. Deus pelejará esta última batalha decisiva por
seu povo, para que a vitória seja completa e a glória seja para Ele.
Vv. 11-15. Depois dos fatos recém anunciados,
rapidamente virá o fim e nada mais é mencionado antes da aparição de Cristo
para julgar o mundo. Este será o grande dia: o juiz, o Senhor Jesus Cristo,
vestido de majestade e terror. As pessoas que serão julgadas são os mortos,
pequenos e grandes, jovens e velhos; altos e baixos; ricos e pobres. Ninguém é
tão vil que não tenha talentos dos quais deverá prestar contas; e ninguém é tão
grande que possa se livrar da prestação de contas; não somente os que estiverem
vivos quando Cristo vier, mas todos os mortos também.
Há um livro de
memórias para o bem e para o mal; o livro da consciência dos pecadores, mesmo
que antes secreto, então será aberto. Cada homem recordará todos os seus atos
passados, ainda que muitos os tenham esquecido há muito tempo. Outro livro será
aberto, o livro das Escrituras, a regra de vida; representa o conhecimento do
Senhor sobre o seu povo e suas declarações de arrependimento, a fé e as boas
obras deles, mostrando as bênçãos do novo pacto. Os homens serão justificados
ou condenados por suas obras; Ele provará seus princípios por suas práticas.
Os justificados e
absolvidos pelo Evangelho serão justificados e absolvidos pelo Juiz, e entrarão
para o gozo da vida eterna, não tendo mais que temer a morte, o inferno ou aos
homens maus, porque todos eles serão destruídos juntamente. Esta é a segunda
morte, a separação final entre os pecadores e Deus. Que o nosso grande desejo
seja observar se as nossas Bíblias nos justificam ou nos condenam agora; Cristo
julgará os segredos de todos os homens conforme o Evangelho. Quem habitará com
as chamas devoradoras?
CAPÍTULO
21
Versículos 1-&
O novo céu e a nova terra: a nova Jerusalém onde Deus habita e onde toda a
tristeza de seu povo terá fim; 9-21: Sua origem, glória e sua defesa segura,
todas celestiais; 22-27. Sua perfeita felicidade iluminada pela presença de Deus
e do Cordeiro, e o livre acesso das multidões santificadas.
Vv. 1-8. O novo céu e a nova terra não estarão
separados entre si; na terra dos santos, seus corpos glorificados serão
celestiais. O velho mundo com todos os seus problemas e tribulações terá
passado. Não haverá mar, o que provavelmente representa de modo adequado a
libertação das paixões contraditórias, das tentações, dos problemas, das
mudanças e das apreensões; de tudo que possa interromper ou dividir a comunhão
dos santos. Esta nova Jerusalém é a Igreja de Deus, no novo estado perfeito, a
Igreja triunfante. Sua benção vem totalmente de Deus e depende dEle.
A presença de Deus
com seu povo no céu não será interrompida como é na terra. Ele habitará com
eles continuamente. Todos os efeitos de tribulações anteriores serão
eliminados. Eles muitas vezes choraram devido aos pecados, às aflições e às
calamidades da Igreja, porém, ali não restarão sinais, nem lembranças das
angústias passadas. Cristo fará novas todas as coisas. Se estamos dispostos e
desejosos que o Redentor faça novas todas as coisas em nosso coração e
natureza, Ele fará novas todas as coisas acerca de nossa situação, até que nos
leve para desfrutar a completa felicidade.
Observe a certeza
da promessa. Deus revela todos os seus títulos, Alfa e Omega, Princípio e Fim,
como sinal do pleno cumprimento de suas promessas. Os prazeres pecaminosos e
sensuais são águas envenenadas e barrentas; e os melhores consolos terrenos são
como o escasso abastecimento de uma cisterna; quando são idolatradas tornam-se
cisternas quebradas, e só produzem afrontas. Porém, os gozos que Cristo
distribui são como as águas que brotam de uma fonte; são puras, refrescantes,
abundantes e eternas. Os consolos santificadores do Espírito Santo nos preparam
para a felicidade celestial, são correntes que fluem para nós no deserto.
Os tímidos não se
atrevem a enfrentar as dificuldades da fé, pois seu medo vem de sua
incredulidade; porém, geralmente os que são tão covardes a ponto de não se
átreverem a tomar a cruz de Cristo, estão, não obstante, tão desesperados que
se precipitam em abomináveis maldades. As agonias e os terrores da primeira
morte conduzirão a terrores e agonias muito maiores na morte eterna.
Vv. 9-2 1. Deus tem várias ocupações para seus
santos anjos. Às vezes, tocam a trombeta da providência divina e advertem a um
mundo indiferente; às vezes revelam fatos de natureza celestial aos herdeiros
da salvação. Os que desejam ter uma clara visão do céu devem aproximar-se tanto
quanto puderem do céu, por meio do monte da meditação e da fé. O tema da visão
é a Igreja de Deus em estado perfeito, triunfante, reluzindo em seu brilho;
gloriosa em relação a Cristo, o qual mostra que a alegria do céu consiste no
relacionamento com Deus, e na conformidade com Ele.
A troca dos
símbolos de esposa para cidade mostra que só devemos fazer idéias gerais desta
descrição. O muro é para segurança. O céu é um lugar seguro, e os que ali se
encontram estão fora do alcance de todos os males e inimigos, e assegurados
contra eles. Esta cidade é enorme; nela há lugar para todo o povo de Deus. O
alicerce do muro; a promessa e o poder de Deus e a aquisição de Cristo são os
fortes fundamentos da segurança e da felicidade da Igreja. Estes fundamentos
eram feitos de doze tipos de pedras preciosas, o que denota a variedade e a
excelência das doutrinas do Evangelho, das virtudes do Espírito Santo ou da
excelência pessoal do Senhor Jesus Cristo.
O céu tem porta; há
entrada livre para todos os que são santificados; eles não serão excluídos.
As portas são perolas.
Cristo é a Peróla Preciosa, e Ele é o caminho que nos leva a Deus. A praça da
cidade era de ouro puro, como cristal transparente. Os santos do céu pisam em
ouro. Os santos estão em repouso ali, mas este não é um estado de sono e ócio;
eles têm comunhão não só com Deus, mas também uns com os outros. Todas essas
glórias são somente uma frágil representação do céu.
Vv. 22-27. A comunhão perfeita e direta com Deus
suprirá completamente o lugar das instituições do Evangelho. E que palavras
podem expressar mais plenamente a união de igualdade do Filho com o Pai na
divindade? Que mundo sombrio seria este nosso se não existisse a luz do sol? O
que há no céu que possa suprir o seu lugar? A glória de Deus ilumina a cidade,e
o Cordeiro é a sua luz. Deus em Cristo será uma eterna fonte de conhecimento e
gozo para os santos no céu. Lá não existe noite; portanto, não é necessário
fechar as portas; tudo está em segurança,. Tudo isto nos mostra que devemos ser
guiados mais e mais a pensar no céu coro cheio da glória de Deus, e iluminado
pela presença do Senhor Jesus.
Nenhum pecador, nem
imundo, idólatra ou falso e enganoso pode entrar ali. Todos os habitantes do
céu são aperfeiçoados em santidade. Hoje os santos sentem uma triste mistura de
corrupção que os atrapalha no serviço a Deus, e interrompe a sua comunhão com Ele,
porém, ao entrarem no Lugar Santíssimo, são lavados no sangue de Cristo e
apresentados ao Pai sem manchas. Ninguém que cometa abominações será admitido
no céu. O céu está livre de hipócritas e mentirosos. Como nada imundo pode
entrar no céu, estimulemo-nos com estas visões das coisas celestiais para que
usemos toda a diligência e a perfeita santidade no temor a Deus.
CAPÍTULO
22
Versículos 1-5: Uma
descrição da cidade celestial com as figuras da água e da árvore da vida, e do
trono de Deus e do Cordeiro; 6-19: A verdade e o garantido cumprimento de todas
as visões proféticas— O Espírito Santo e a esposa, que é a igreja, convidam e
dizem, vem; 20,21: A benção final.
Vv. 1-5. Todos os ribeiros de consolo terreno
são barrentos, porém estes são claros e refrescantes. Dão vida e preservam a
vida, para os que bebem deles, e assim fluirão para sempre. Indicam as
influências vivificantes e santificadoras do Espírito Santo, segundo são dadas
aos pecadores por meio de Cristo. O Espírito Santo, procedente do Pai e do
Filho, aplica esta salvação às nossas almas por seu amor e poder, que a tudo
criam de novo. A árvore da vida é alimentada pelas puras águas do rio que saem
do trono de Deus. A presença de Deus no céu é a saúde e a alegria dos santos.
Esta árvore simboliza Cristo e todas as bênçãos de sua salvação; e as folhas
para curar as nações significam que o seu favor e presença suprem de todos os
benefícios os habitantes deste mundo bendito.
O Diabo não tem
poder ali; não pode desviar os santos de servirem a Deus, nem pode perturbá-los
no serviço que prestam ao Senhor. Aqui se fala de Deus e do Cordeiro como sendo
um. Ali o serviço significará não somente liberdade, mas também honra e
domínio. Ali não haverá noite, nem aflição, nem tristeza, nada de pausas no
serviço ou no prazer, nenhuma espécie de diversão ou prazer de invenção humana
serão desejados ali. Quão diferente é tudo isto de todos os pontos de vista
puramente humanos e grosseiros, da felicidade celestial, dos que se referem aos
prazeres dos pensamentos humanos!
Vv. 6-19. O Senhor Jesus falou pelo anjo,
confirmando solenemente o conteúdo deste livro, particularmente desta última
visão. Ele é o Senhor Deus, fiel e verdadeiro. Além disto, falou por seus
mensageiros, os santos anjos que anunciaram estes fatos aos santos homens de
Deus. Estas coisas devem ter a sua conclusão dentro de pouco tempo.
Cristo logo virá e
tirará todas as dúvidas. E falou pela integridade do anjo que havia sido o
intérprete do apóstolo. Ele se recusou a aceitar a adoração de João e o
repreendeu por oferecê-la. Isto representa outro testemunho contra a adoração
idólatra de santos anjos. Deus chama cada um a dar testemunho das declarações
feitas aqui. Este livro, conservado aberto, produzirá efeitos nos homens: o
imundo e o injusto o serão ainda mais; porém confirmará, fortalecerá e
santificará ainda mais os que são justos para com Deus.
Nunca devemos
pensar que uma fé morta ou desobediente nos salvará, porque o Primeiro e o
Último tem declarado que somente aqueles que cumprem os seus mandamentos são
bem- aventurados. Este é um livro que exclui do céu todas as pessoas más e
injustas, particularmente aquelas que amam e cometem mentiras; portanto, este
livro em si mesmo não pode ser uma mentira. Não existem pontos nem condições
intermediárias.
Jesus, que é o
Espírito da profecia, tem dado às suas igrejas a luz matutina da profecia para
assegurar-lhes a luz do dia perfeito que se aproxima. Tudo está confirmado por
um convite geral e direto à humanidade a participar gratuitamente das promessas
e dos privilégios do Evangelho. O Espírito, pela Palavra sagrada, e através das
convicções e influências na consciência do pecador, diz; Venha a Cristo para a
salvação. E a noiva, ou toda a Igreja, na terra e no céu, diz: Vem, compartilhe
a nossa alegria. E para que ninguém duvide, acrescenta: E quem quer ou esteja
desejoso, venha e tome de graça da água da vida. Que quem ouve ou leia estas
palavras, deseje logo aceitar gratuitamente o convite. Todos os que se atrevem
a corromper ou a mudar a Palavra de Deus, seja adicionando palavras, seja
subtraindo-as, já estão condenados.
Vv. 20,21. Logo após revelar estas coisas ao seu
povo na terra, Cristo parece retirar-se deles voltando para o céu, mas
assegura-lhes que não se passará muito tempo antes que volte outra vez.
Enquanto estivermos ocupados nos deveres de nossas diferentes ocupações na
vida, não importa quais sejam os labores que nos provem, ou as dificuldades que
nos rodeiem, ou as angústias que nos oprimam; ouçamos com prazer o nosso Senhor
que proclama: “Eis que cedo venho”.
Ele virá para dar
fim ao labor e ao sofrimento dos seus servos. “E o meu galardão está comigo
para dar a cada um segundo a sua obra”; com verdadeira abundância, para
recompensar toda obra de fé e trabalho de amor. Virá para receber o seu povo
fiel e perseverante, e levá-lo para si mesmo, para habitar para sempre naquele
mundo bendito. Amém! Assim seja! Vem, Senhor Jesus.
Uma benção conclui
tudo. Pela graça de Cristo devemos ser mantidos na expectativa feliz de sua glória
e estar preparados e preservados para ela; sua manifestação gloriosa será de
regozijo para os que aqui participam de sua graça e favor. Que todos digam
Amém. Tenhamos sede das grandes medidas das influências da graça do bendito
Senhor Jesus Cristo para as nossas almas, e de sua presença de graça conosco,
até que a glória faça com que a sua graça seja perfeita em nós.
Glória seja dada ao
Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, como era no princípio, é agora e será eternamente
no mundo sem fim. Amém.
Elaboração pelo:-
Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica
Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Fonte:- Comentário Bíblico
Mathew Henry
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