A Igreja em
Sardes --- vv. 1-6
O prefácio, mostrando: 1. A quem a carta foi dirigida: “... ao
anjo que está em Sardes”, uma antiga cidade da Lídia, no pé do monte Tmolus,
que foi considerada a principal cidade da Asia Menor, e a primeira nessa parte
do mundo que foi convertida pela pregação de João; e, dizem alguns, a primeira
que se revoltou contra o cristianismo, e uma das primeiras que foi colocada em
ruínas, nas quais ainda está sem igreja ou ministério algum. 2. Por quem essa mensagem foi enviada:
o Senhor Jesus, que aqui assume o caráter daquele “... que tem os sete
Espíritos de Deus e as sete estrelas”, tomado do capítulo 1.4 , em que se diz
que “... os sete Espíritos estão diante do seu trono”. (1) Ele tem os sete
Espíritos, isto é, o Espírito Santo com sua diversidade de poderes, graças e
operações; pois Ele é pessoalmente um, embora eficazmente vários, e aqui se
pode dizer que é sete, que é o número das igrejas, e dos anjos das igrejas,
para mostrar que para cada ministro, e para cada igreja, há uma dispensação e
medida do Espírito dados para eles para que disso se beneficiem — um depósito
de influência espiritual para que aquele ministro e igreja façam progresso,
tanto para aumento quanto para continuação, cuja medida não é ordinariamente
tirada deles até que o percam por uso inadequado.
Igrejas têm o seu estoque e
fundos, assim como crentes individuais; e, por ser essa carta enviada a um
ministério e uma igreja que está definhando, eles são convenientemente
lembrados de que Cristo tem os sete espíritos, o Espírito sem medida e que é
perfeito, a quem podem recorrer para reviver a sua obra entre eles. (2) Ele tem
as sete estrelas, os anjos das igrejas; eles são estabelecidos por Ele, e
prestam contas a Ele, o que os deve tornar fiéis e zelosos. Ele tem ministros a
empregar; e influências espirituais para transmitir aos seus ministros para o
bem da sua igreja. O Espírito Santo comumente age por meio do ministério, e o
ministério não terá eficácia alguma sem o Espírito; a mesma mão divina segura a
ambos.
O corpo dessa carta. Nela podemos
observar que, ao passo que nas outras cartas Cristo começa com o elogio do que
é bom nas igrejas, e depois prossegue para lhes dizer o que está faltando, aqui
(e na carta a Laodicéia) Ele começa:
1.
Com uma repreensão, e uma repreensão muita séria: “Eu sei as tuas
obras, que tens nome de que vives e estás morto”. A hipocrisia, e um declínio
lamentável na religião, são os pecados de que essa igreja é acusada, por alguém
que a conhecia bem, como também conhecia todas as suas obras. (1) Essa igreja
tinha obtido uma grande reputação; tinha um nome, e um nome muito honroso, como
igreja florescente, um nome de religião viva, de pureza de doutrina, de unidade
entre os membros, de uniformidade na adoração, decência e ordem. Não lemos de
nenhuma divisão infeliz entre eles. Tudo parecia bem, ao menos no que concerne
à observação dos homens. (2)
Essa igreja na verdade não era o
que aparentava na sua reputação. Tinham o nome de que estavam vivos, mas
estavam mortos; havia uma forma de piedade, mas não o poder, um nome para
viver, mas não o princípio da vida. Se não havia uma privação total de vida,
mesmo assim havia um grande entorpecimento na sua alma e nos seus cultos, um
grande entorpecimento do espírito dos seus ministros, e um grande
entorpecimento nas suas ministrações, nas suas orações, nas suas pregações, nas
suas conversas, e um grande entorpecimento no povo para ouvir; em oração, e em
conversas; o pouco que ainda havia de vida entre eles estava, por assim dizer;
expirando, prestes a morrer.
2.
O nosso Senhor prossegue em dar a essa igreja em degeneração o melhor dos
conselhos:
“Sê vigilante e confirma o restante...” (v. 2). (1) Ele os aconselha a
redobrarem a guarda. A causa de seu entorpecimento pecaminoso e de seu declínio
era que tinham baixado a guarda. Sempre que baixamos a guarda, perdemos
terreno, e por isso precisamos voltar novamente à vigilância contra o pecado, e
Satanás, e contra tudo que é destrutivo para a vida e o poder da piedade. (2)
Ele os aconselha a fortalecer as coisas que restaram, e que estão prestes a
morrer. Alguns entendem isso como uma referência a pessoas; há alguns que
haviam mantido a sua integridade, mas estavam em perigo de entrar em declínio
com os outros.
E difícil manter-nos à altura da
vida e do poder da piedade quando vemos um entorpecimento e um declínio gerais
prevalecendo à nossa volta. Ou pode ser entendido acerca de práticas, como as
seguintes: “.. . não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus”, não estão à
altura; há algo que falta nelas; há a casca mas não o cerne; há o esqueleto,
mas não a alma — a sombra, mas não a substância.
Está faltando a coisa interior;
suas obras são ocas e vazias; as orações não estão repletas de desejos santos,
as esmolas e boas ações não estão repletas de verdadeira caridade; os sábados
não estão repletos de devoção adequada da alma a Deus; não há afeições
interiores correspondentes a atos e expressões exteriores.
Agora, quando falta algo ao
espírito, a forma não pode subsistir por muito tempo. (3) Ele os aconselha a
ponderar e a lembrar “.. . do que tens recebido e ouvido” (v. 3); não somente a
lembrar o que ouviram e receberam, que mensagens tinham recebido de Deus, que
sinais da sua misericórdia e favor para com eles, que sermões tinham ouvido,
mas como eles tinham recebido e ouvido, que impressões as misericórdias de Deus
haviam causado sobre a sua alma no começo, que afeições eles sentiram agindo
sob a palavra e as ordenanças, o amor dos seus casamentos, a bondade da sua
mocidade, o quanto o evangelho e a graça de Deus tinham sido bem-vindos para
eles quando os receberam no início.
Qual é a bem-aventurança de que
falavam então? (4) Ele os aconselha a guardar firmemente o que receberam, para
que não percam tudo, e a se arre penderem sinceramente porque tinham perdido
tanto da vida da religião, e tinham corrido o risco de perder tudo.
3.
Cristo reforça o seu conselho com uma ameaça terrível no caso de ser
desprezado:
rirei sobre ti como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei (v. 3).
Observe: (1) Quando Cristo abandona uma pessoa no que diz respeito à sua
presença graciosa.
Ele vem a essa pessoa em juízo; e
sua presença judicial vai ser terrível para os que pecaram e assim
desperdiçaram a sua presença benevolente. (2) O tratamento judicial que vai dar
ao seu povo decadente vai ser surpreendente; o seu entorpecimento vai mantê-los
em segurança, e, a obtenção de uma visita irada de Crista a eles vai impedir
ore- conhecimento dessa visita e o preparo para ela. (3) Uma visita de Cristo
desse tipo vai ser para o prejuízo deles; Ele virá como um ladrão, para
privá-los do que restou das suas alegrias e misericórdias, não por impostura,
mas com justiça e eqüidade. tomando para si tudo que eles desprezaram.
4.
O nosso bendito Senhor não deixa de dar a esse povo algum conforto e
encorajamento:
“No meio do juízo ele lembra da misericórdia (v. 4), e aqui: (1) Ele faz menção
honrosa do remanescente fiel de Sardes, mesmo que pequeno: ‘..tens em Sardes
algumas pessoas que não contaminaram suas vestes”; elas não tinham feito
concessões à corrupção e à dissolução prevalentes nos dias e no lugar em que
viviam. Deus nota, mesmo que seja um número pequeno, os que permanecem nele; e
quanto menor em número, mais preciosos são aos olhos dele. (2) Ele lhes faz uma
promessa muito generosa: comigo andarão de branco, porquanto são dignas disso”
— com vestes, as roupas brancas da justificação, e adoção e conforto, ou as
roupas brancas da honra e da glória no outro mundo.
Eles andarão com Cristo nos
agradáveis caminhos do paraíso celestial; e que conversa agradável vai haver
entre Cristo e eles quando estiverem assim caminhando juntos’ Essa é uma honra
adequada e apropriada à sua integridade, para a qual a sua fidelidade os
preparou, e que de forma nenhuma é inconveniente que Cristo lhes confira,
embora não seja uma dignidade legal, mas uma dignidade do evangelho que lhes é
atribuída; não mérito, mas apropriabilidade. Mas os que andam com Cristo nas
vestes puras da santidade real e prática aqui e se mantêm imaculados pelo mundo
andarão com Cristo em vestes brancas de honra e glória no outro mundo; essa é
uma recompensa adequada.
Chegamos agora à conclusão da
carta, na qual, como antes, temos: 1. Uma grande recompensa prometida ao
cristão vencedor (v. 5), e é em grande parte semelhante à que já foi
mencionada: “O que vencer será vestido de vestes brancas”. A pureza da graça
será recompensada com a pureza perfeita da glória. A santidade, quando
aperfeiçoada, será a sua própria recompensa; a glória é o aperfeiçoamento da
graça, diferente não em espécie, mas em grau. Agora, a isso é acrescentada mais
uma promessa muito apropriada ao caso: “...de maneira nenhuma ris- curei o seu
nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos
seus anjos”.
Observe: (1) Cristo tem o seu
livro da vida, um registro de todos os que herdarão a vida eterna. [11 O livro
da eleição eterna. [2] O livro da memória de todos os que viveram para Deus, e
conservaram a vida e o vigor da piedade em tempos maus. (2) Cristo não vai
apagar os nomes dos fiéis desse livro da vida; os homens podem até estar
alistados nos registros da igreja, como batizados, como os que fizeram uma
profissão, como tendo um nome pelo qual viver, e esse nome pode chegar a ser
apagado da lista, quando aparentemente não era mais que um nome, uni nome pelo
qual vivei sem vida espiritual; esses com freqüência perdem também o nome antes
de morrer, são tão abandonados por Deus a ponto de apagarem o seu próprio nome
por sua maldade franca e grosseira.
Mas os nomes dos que são
vencedores nunca serão apagados. Crista vai produzir esse livro da vida, e
confessar os nomes dos fiéis que se mantêm em pé aqui, diante de Deus., e todos
os anjos: Ele vai fazer isso como seu anjo, quando os livros forem abertos; Ele
vai fazer isso como seu comandante e cabeça, conduzindo-os com Ele em triunfo
ao céu, apresentando-os ao Pai: “Eis-me aqui, com os filhos que me deu o
Senhor”. Como será grande essa honra e recompensa!
2.
A exigência de atenção universal conclui a mensagem. Toda palavra de
Deus merece atenção dos homens; aquilo que talvez pareça mais particularmente
dirigido a um grupo de pessoas tem algo em si que é instrutivo a todos.
Elaboração pelo:- Evangelista
Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Ministério Belém Em Dourados – MS
Comentário Bíblico Mathew Henry - Novo Testamento Edição Completa
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