VIVENDO NO QUARTEL GENERAL DO INFERNO
Apocalipse 2 .12-17
A
edição especial da Time, intitulada “Além do Ano 2000 - O que esperar do
próximo milênio”, dá-nos uma amostra do futuro. Os editores da revista
americana projetaram-se no futuro, e a visão não foi das melhores.Como será o
mundo no ano 2000? Ainda nos pareceremos com uma sociedade? Qual será o nosso
estilo de vida? A família logo morrerá, predisseram. Será nada mais que uma
anomalia. Casamentos serão substituídos por monogamias sucessivas. Por ser tão
comum, o divórcio será tido como normal. Alguns contratos de casamento terão
cláusulas firmando o término automático da união em data previamente marcada. Os
casamentos entre as lésbicas tornar-se-ão mais corriqueiros.
As
crianças serão obrigadas a viver com uma complexa disposição de parentes: mães,
pais, múltiplas madrastas, padrastos, meios-irmãos, avós etc. Quanto ao
incesto, seu tabu enfraquecerá. A família dilacerada consistirá de parentes,
não-parentes e ex-parentes. As intimidades antes proibidas, hão de ser
totalmente liberadas.
O
controle de natalidade e o planejamento familiar aumentarão. Haverá mais idosos
e menos jovens como nunca antes. As crianças, rotineiramente vitimadas,
peregrinarão de casa em casa, uma vez que as famílias desfazem-se e
constituem-se noutras sucessivamente. Garotos e garotas perambularão pelas
ruas, como nas grandes cidades brasileiras. Como se não bastasse, pederastas
induzirão as crianças ao sexo sob o pretexto da educação sexual. Os estudos
teológicos logo acabarão. Os estudantes de amanhã não terão conhecimento, nem
interesse acerca de Deus e da Bíblia. O triunfo da religião feminista levará as
pessoas a deixar de se referirem a Deus como Senhor ou Pai Celeste. Pois os
pronomes femininos substituirão os masculinos no tratamento ao Todo-poderoso.
À
semelhança da China, o aborto será patrocinado pelos governos das nações com
índices populacionais explosivos. Pat Schroeder prevê: “O ideal para o século
XXI é o planejamento familiar para todos”. Assim será o futuro segundo os
sociólogos. Não é uma descrição bonita. Mas este é o mundo em que viveremos,
diz a Time. E a revista pode estar certa. Sem dúvida já entramos na era pós
cristã. Uma era na qual a cultura está tornando-se gradativamente hostil aos
valores bíblicos e morais.
A
igreja encontra-se a ministrar a uma sociedade cada vez mais ímpia. Estamos
vivendo no quartel general do inferno. A Igreja acha-se fundada nos portões do
inferno. Então, como devemos viver? Qual a estratégia em meio a estas guerras
culturais? Que conselho Jesus tem a oferecer? Mais que nunca, precisamos ouvir
o que Jesus disse à pequena igreja de Pérgamo, que também vivia no
quartel-general do inferno. Ela servia a Deus sob a sombra do trono de
Satanás.Pérgamo não era um local fácil para se viver. Mesmo assim foi lá que
Deus plantou sua igreja. Nesta carta, Cristo alerta-os a permanecer fiéis neste
ambiente infernal.
O Cenário
Localizada
a 55 milhas ao norte de Esmirna, e a 20 milhas do Mar Egeu, Pérgamo era a
capital da província romana da Asia Menor. Desta cidade, o imperador governava
o orbe levantino. Controlar Pérgamo era controlar o Oriente.
Em
29 a.C., os líderes de Pérgamo construíram o primeiro templo dedicado a César
na Asia. O louvor ao imperador tinha força aqui. Se noutras cidades,
proclamava-se uma vez por ano a deidade de César, em Pérgamo, a idolatria
imperial era cotidiana. Incenso era queimado diariamente ao imperador. Aqui
servir a outros deuses não era problema, desde que o nome de César fosse
glorificado. Quando alguém dizia: “Zeus é Senhor!”, César tinha de ser
imediatamente aclamado.
A
dificuldade para os crentes residia no fato de eles não poderem servir a dois
deuses. Se proclamassem: “César é Senhor!”, trairiam ao seu Senhor. Caso
contrário, seriam mortos por amor a Cristo. A montanha que se elevava a 1.000
acima da cidade, estava recoberta de templos pagãos, santuários e altares.
Zeus, Atenas, Dionísio e Asclépio. Cada um possuía seu templo. Um gigantesco
altar a Zeus, a maior das deidades gregas, foi construído ali em forma de
trono. Muitos acreditam que este era o trono de Satanás citado na carta. De
qualquer forma, era o altar pagão mais famoso daquela época.
A
cidade estava tão profundamente envolvida com a idolatria que possuía seu
próprio deus: Asclépio, o deus da cura. Adoradores vinham a este templo para
encontrarem o alívio de suas enfermidades.
Cobras
arrastavam-se pelo templo. Os adoradores eram encorajados a deitar-se ao chão
para que as serpentes subissem-lhes pelos corpos. Criam que o toque das víboras
tinha poder curador. De fato, o símbolo da medicina - uma serpente enrolada -
representa a Asclépio.A cidade destacava-se por sua biblioteca. Pergaminho -
novo material para a escrita feito com pele de animais - foi usado
primeiramente aqui. Pergaminho vem de Pérgamo.
A
biblioteca aumentou, já tinha 200.000 volumes quando de sua transferência para
o Egito por Cleópatra. Era neste local que a igreja se encontrava. Vivia ela no
quartel- general do inferno. Servia a Deus nas raias do trono de Satanás.
O Remetente
Como
nas outras cartas, Jesus se revela primeiramente à congregação. O alerta divino
é transmitido do anjo da igreja. Este é o papel de todo pastor. Ser o condutor
da Palavra de Deus. E ele quem entrega a carta editada por Jesus:
E ao anjo da igreja que está em Pérgamo
escreve: Isto diz aquele que tem a espada aguda de dois fios: ... (Ap 2.12).
Na
cultura romana, a espada era símbolo do poder e autoridade. Naqueles dias, Roma
tinha o poder da espada; em sua, mãos estava a vida e a morte. César tinha a
palavra final. A espada significava a punição da capital. Apropriadamente,
Paulo escreveu à igreja em Roma: “Toda alma esteja sujeita às potestades
superiores; porque não há potestade que não venha de Deus; e as potestades que
há foram ordenadas por Deus.
Por
isso, quem resiste à potestade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem
trarão sobre si mesmos a condenação. Porque os magistrados não são terror para
as boas obras, mas para as más. Queres pois tu não temer a potestade? Faze o
bem, e terás louvor dela. Por que ela é ministro de Deus para teu bem. Mas se
fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus,
e vingador para castigar o que faz o mal” (Rm 13.1-4). A espada significava a
suprema autoridade: vida ou morte. Roma era a espada que pendia absoluta sobre
o povo. A determinação de César tomava-se lei.
Eis
porque Jesus é descrito portando uma espada de dois fios. Aqui está a sua
autoridade judicial. Com a espada desembainhada, é o Guerreiro Divino. Vence os
inimigos; pronuncia julgamento sobre eles. Ele é o único Senhor da Igreja. Tem
poder sobre a morte e a vida. Sua palavra é final. Sua lei, patente. Seu
reinado, absoluto.
Por
que uma espada de dois fios? Porque corta de ambos os lados. Cristo tem poder
sobre a vida e a morte. Possui autoridade para abençoar, salvar e condenar à
eterna perdição.
Por
que Jesus revela-se à igreja desta forma? Há duas razões. A primeira é
positiva. Pérgamo achava-se sob a espada de Roma. Intimidação e medo
alastravam-se nos corações daqueles crentes. Por isto, não podiam esquecer que
havia uma autoridade mais forte que a romana. A despeito das táticas
amedrontadoras de
Roma,
Cristo controlava todo o poder. A segunda é negativa. Como esta igreja tolerava
falsos ensinadores, não podiam esquecer de que há um padrão imutável - a
Palavra de Deus. E o Senhor zela para a cumprir. Por isto, aqueles crentes
precisavam defender claramente a doutrina. Caso contrário: enfrentariam a
disciplina severa das mãos do próprio Cristo.
Esta
é a descrição soberana de Cristo, não a do bom Senhor, ou a do meigo e amoroso
Messias. Aqui vemos a Cristo com a espada de dois fios desembainhada. Ele está
prestes a derrotar seus inimigos. A igreja, hoje, é apaixonada pela imagem do
Cordeiro, mas não pela do Leão. Não mais tememos a Deus como o fogo consumidor.
Todas as igrejas precisam ver a este Cristo, pois é através dele que vencemos.
As Forças
Jesus
agora ordena à sua igreja que seja perseverante:
Eu sei as tuas obras, e onde habitas,
que é onde está o trono de Satanás; e reténs o meu nome, e não negaste a minha
fé; ainda nos dias de Antipas, minha fiel testemunha; o qual foi morto entre
vós, onde Satanás habita (Ap 2.13).
Esta
é uma palavra de encorajamento. Novamente, Jesus declara: “Sei exatamente onde
tu estás vivendo, O que estás passando. Já passei por isso. Eis porque respeito
e valorizo tua fé”.
Jesus
Cristo sabia o que significava viver no quartel-general do inferno. Desde o seu
nascimento, já enfrentava Ele as investidas de Satanás. No deserto, lutou
contra o diabo cara a cara. A artilharia toda do inferno estava apontada para
Ele. Na via dolorosa, o inimigo ainda o perseguia. No deserto, Jesus
defendeu-se do diabo com a espada de dois fios. Tentado, golpeou a Satanás:
“Está escrito, nem só de pão viverá o homem”. Novamente, desembainha a espada:
“Está escrito, não tentarás o Senhor teu Deus”. E, finalmente, Jesus assesta-
lhe este golpe:
“Está
escrito: Adorarás ao Senhor teu Deus, e só a Ele servirás”. Os crentes de
Pérgamo deveriam investir contra o adversário, empunhando a espada de dois
gumes - a Palavra de Deus.
Os
crentes em Pérgamo viviam onde se achava o trono de Satanás. Aqui estava o seu
quartel-general. Satanás visitava outras cidades, mas morava em Pérgamo. O
demônio não é onipresente. Só pode estar num lugar de cada vez. Assim, passava
a noite em Laodicéia, Sardo ou Efeso, mas depois retornava ao seu domicílio em
Pérgamo.
O
trono de Satanás assinalava o local onde sua autoridade era exercida sem
contestação. Aqui, exercia grande poder e influência. Habitar significa ocupar
uma casa e viver nela permanentemente. Mas por que Pérgamo era o trono do
adversário?
A
cidade, como já vimos, era o centro de adoração a Asclépio, o deus-serpente.
Neste templo, os adoradores misturavam-se às cobras. Satanás, a antiga
serpente, sentia-se muito bem em Pérgamo. Além disso, ficava aqui o centro
regional de adoração ao imperador. Foi a primeira cidade na Asia a ter um
templo devotado a Augusto. Havia, inclusive, um sacerdócio especial devotado a
este culto. A adoração a César era mais intensa aqui.
Jesus
parabeniza-os por haverem eles retido o seu nome e não negado a fé. Eles
permaneciam fortes em sua lealdade a Cristo como Senhor. Recusavam-se a adorar
a César. Não obstante as pressões, permaneciam fervorosos. Mantinham-se fortes
nos padrões divinos, apesar do declínio moral daqueles dias.
Entre
estes crentes, Antipas destaca-se por sua coragem e fé. Seu nome significa
“contra todos”. Para defender sua fé, colocava- se de fato contra todos.
Provavelmente pastor da igreja, recusava- se a aceitar o status político
daqueles dias. Era o líder da resistência cristã. Provavelmente opunha-se ele
ao governo, pois apenas Roma tinha o poder de aplicar a pena capital. Antipas
não podia concordar com a determinação romana de fidelidade absoluta a César.
Mas se Roma o queria morto, Jesus refere-se ele como “meu fiel”. Pode haver
maior tributo que este? O nosso testemunho tem de ser fiel.
O
que a fidelidade custou a Antipas? Ele foi morto onde Satanás habita. Qualquer
que fosse a questão, valeria a pena morrer por ela. Disse Tertuliano: “O sangue
dos mártires é a semente da Igreja”. Assim sendo, a fé que Antipas ostentava
haveria de ser proclamada aos séculos vindouros. O mundo vê a morte dos
mártires e lamenta: “Que perda”. Deus, porém, regozija-se: “Que ganho!” Que
montanhas são dignas de serem transpostas? Por quais questões vale a pena dar a
sua vida? Em que acredita tão piamente a ponto de sacrificar-se? O cristão
sábio conhece as ,tta1has nas quais vale a pena combater. DE JUS
A Falha de Pérgamo
Então
Pérgamo era a igreja perfeita? Dificilmente. Apesar de sua constância, o pecado
introduziu-se nela imperceptivelmente.O maior perigo não era a perseguição, e
sim a perversão. Se Satanás não pode derrotar a igreja, tenta ingressar nela. A
ameaça mortal vinha de dentro. Jesus continua: Mas umas poucas coisas tenho
contra ti: porque tens lá os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava
Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, para que comessem dos sacrifícios
da idolatria, e se prostituíssem. Assim tens também os que seguem a doutrina
dos nicolaítas: o que eu aborreço (Ap 2.14,15).
Esta
frase “Mas umas poucas coisas tenho contra ti” dá-me calafrios. Em Pérgamo,
havia um pequeno grupo que instigava os crentes a se comprometerem com o mundo.
Sua carnalidade prejudicava aos fiéis. Um pouco de fermento leveda toda a
massa. Este grupo achava-se envolvido com a doutrina de Balaão. A queixa de
Jesus não é dirigida ao grupo que ensinava tal heresia, mas à igreja por
tolerar a doutrina de Balaão. Mas que doutrina era esta?
Balaão
era um profeta gentio do Antigo Testamento. Chamado para ser porta-voz de Deus,
sempre falou pelo diabo. Durante a peregrinação de Israel pelo deserto,
Balaque, rei de Moabe, ouviu dizer que o povo de Deus avançava. E ele sabia que
não havia maneira de se defender dos israelitas. Desesperado, pediu ajuda a
Balaão: “Tenho para ti uma missão. Quero que amaldiçoes a este povo. E, por
isto, recompensar-te-ei.”
Vulnerável
à tentação e ao lucro, o profeta estrangeiro buscou, em três momentos
distintos, amaldiçoar o povo de Deus. Mas em lugar da maldição, a bênção. Ele
não podia amaldiçoar a Israel. Tentando servir a Deus e ao dinheiro, arquitetou
um plano engenhoso. Se não podia amaldiçoá-los, a solução era levar Deus a
fazê-lo.
O
profeta do lucro instruiu, pois, a Balaque a colocar tropeços diante dos
israelitas. Instigou a Balaque a pôr meretrizes no arraial hebreu para que
seduzissem o povo de Deus. Infelizmente, os filhos de Israel não eram páreo a
tal tentação. Caíram; divertiram- se com pagãs. Com elas, adoraram os ídolos e
comeram os alimentos oferecidos a estes.
Eles
comeram com os ídolos. Adoraram-nos em templos pagãos de Moabe. Nestes templos,
as prostitutas cultuais induziram os israelitas a cometerem todo o tipo de
torpezas. O resultado foi devastador. Entretanto em guerra contra seu povo,
Deus matou 24.000 israelitas. O que Balaão não pôde fazer, o pecado o fez. O
tropeço foi devastador! Pedra de tropeço (skandalon, no grego) é uma armadilha
feita com um chamariz. Quando este é tocado, bum! A armadilha dispara e prende
a vítima. Assim é o pecado. Parece atraente, mas tocado, captura a presa.
A
doutrina de Balaão é o compromisso com o mundo. É a mistura das coisas santas
com as profanas. E ter um pé na igreja e outro no mundo. Com semelhante ensino,
esse grupo de Pérgamo ameaçava destruir a igreja. Afinal, quebra-se um elo e
toda a corrente é inutilizada. Se apenas uma célula torna-se cancerosa todo o
corpo logo sofre.
Assim
é a igreja. Um pouco de fermento leveda toda a massa. Um pequeno foco de pecado
prejudica todo o corpo. O mal, pois, precisa ser eliminado. Agora! Jesus aponta
outro pecado oculto. Havia um segundo grupo ensinando falsas doutrinas - os
nicolaítas. Pregavam uma liberdade destrutiva muito similar à doutrina de
Balaão. Os frascos eram diferentes, o veneno porém, o mesmo. A tradição conta
que Nicolau foi um dos primeiros líderes da igreja. Mas apostatando, começou a
ensinar que o crente pode viver como quiser. Seu objetivo: achar um meio termo
entre a vida cristã e os costumes da sociedade greco-romana.
Na
realidade, os nicolaítas combinavam os ideais cristãos com a imoralidade e a
idolatria. O resultado era uma heresia devastadora que ameaçava a existência da
igreja. Eles pervertiam a graça de Deus. Com o seu antinomianismo, ensinavam
que nenhuma lei moral de Jesus está vinculada ao cristão atual. Reafirmando a
idolatria de Balaão, encorajavam os crentes a envolverem-se com todo tipo de
perversão.
O
que é a idolatria? Qualquer coisa ou pessoa mais importante do que Deus em sua
vida mar, temer, servir ou desejar
alguma coisa mais que a Deus é idolatria.
E
o que se acha entre você e o Senhor. Um ídolo pode ser uma estátua entalhada em
mármore, um talão de cheques, um carro, um barco, uma casa. Pode ser o diploma
na moldura. Uma causa, um talento dominador, ou um físico bem desenvolvido e
bronzeado. Enfim, é qualquer coisa ou pessoa que ocupe o primeiro plano em sua
vida ao invés de Jesus Cristo. João adverte: “Não ameis o mundo, nem o que no
mundo há. Se alguém ama o mundo o amor do Pai não está nele” (1 Jo 2.15).
Tiago
exorta: “Não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus?
Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus”
(Tg 4.4). Enfim, a este respeito a Bíblia é clara: “Filhinhos, guardai-vos dos
ídolos” (1 Jo 5.21).
Você
acha que temos tais ensinamento em nossas igrejas hoje? Sim! Nunca a doutrina
de Balaão esteve tão em voga. Na TV, estes mestres tentam minar-nos a carne com
suas concupiscências. Escreve Charles Calson: “Enquanto estávamos no quarto de
hotel em Los Angeles, ligamos a TV, e começamos a percorrer os canais. De
repente, um homem e uma mulher sentados num sofá em meio a um grande e
enfeitado cenário. Junto a este, uma pintura de Jesus. Mas foram as pessoas
sentadas no sofá que nos chamaram a atenção. O homem parecia um vilão do velho
oeste; a mulher era uma bela sulista. Com um vestido franzido e imensa
cabeleireira loira, achava-se sentada elegantemente, segurando a Bíblia. Mas
não foi o cenário absurdo que nos prendeu a atenção, mas a mensagem deste
programa. Você pode ter paz, prosperidade, divertir-se e alegrar-se. O
apresentador dizia: Deus não quer que ninguém seja pobre. Então peça. Ele lhe
dará abundância, abundância e abundância. Deus quer a sua prosperidade. Você
pode ter tudo o que quiser”.
Esta
é a doutrina de Balaão! A Palavra de Deus diz: “Mas buscai primeiro o reino de
Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33).
“Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra” (Cl 3.2). A
doutrina de Balaão, hoje denominada movimento da palavra da fé, evangelho da
saúde e riqueza, ou o movimento do declare, ensina exatamente o oposto: “Buscai
primeiro o reino deste mundo, e as coisas espirituais vos serão acrescentadas”.
Tal heresia alimenta a ganância, desperta o materialismo, estimula o mundanismo
e a cobiça.
Milhões
de dólares estão sendo investidos em ministérios como este, que ensinam a seus
ingênuos seguidores que podem ter tudo quanto o mundo oferece. Esta é a
doutrina de Balaão; promove a imoralidade na igreja! Assim como em Pérgamo, há
ensinadores e mestres, hoje, rebaixando o padrão de pureza. Muitas igrejas e
denominações já consentem na ordenação de homossexuais. Aliás, até fundam
igrejas para estes. Outras aprovam o divórcio e outras uniões sem o devido
respaldo bíblico. Outras ainda reintegram imorais ao santo ministério, toleram
pessoas amigadas, aprovam o aborto como forma de controlar a natalidade. Enfim,
falham na disciplina.
Esta
é a doutrina imoral de Balaão!
A
palavra imoralidade (porneia) é abrangente; inclui todas as formas de perversão
sexual: adultério, sexo pré-nupcial, homossexualidade, pornografia,
travestismo. A igreja não pode tolerar tais práticas. Precisamos desembainhara
espada de dois fios, e removê-las do meio dos santos.
Conversei,
certa vez, com um homem sobre o seu relacionamento com o Senhor. Ele estava sob
grande pressão, por haver se divorciado de sua esposa e abandonado os filhos.
E, para aumentar a sua culpa, vivia agora com outra mulher. Ele chorava
convulsivamente; queria aceitar a Cristo. Após a oração, disse- lhe: “Agora
você entende por que tem de abandonar esta mulher e voltar para a sua esposa?
Você não pode continuar com uma mulher que não é a sua esposa”.
Ele
voltou à igreja no domingo seguinte. Após o culto, fomos a meu escritório. Ele
estava alegre; parecia um garoto. Obviamente tinha uma boa notícia para dar-me:
“Steve, acabei de me mudar; estou no quarto ao lado do dela”. “Espere!”
volvi-lhe. “Isto não é suficiente. A Bíblia tem um padrão: Não cometerás
adultério! Não importa se você está dormindo na cama dela ou ela na sua. O que
você está fazendo é errado.”
Este
homem não voltou mais. Mas o fato permanece: a igreja não pode tolerar a
imoralidade. Ele voltou a sua antiga igreja, e acomodou-se àquele estilo de
vida.
A
Bíblia não mudou. Deus ordena: “Não adulterarás (Êx 20.14). “Fugi da
prostituição” (1 Co 6.18). “Porque esta é a vontade de Deus, a vossa
santificação” (1 Ts 4.3). “Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem
mácula” (Hb 13.4). “Mas a prostituição e toda a impureza ou avareza, nem ainda
se nomeie entre vós” (Ef 5.3).
A
doutrina de Balaão tinha um efeito devastador sobre a igreja. Basta uma gota de
veneno para contaminar toda a botija. Por isto, Jesus denuncia: “Há um pequeno
grupo que está induzindo meus santos a comprometerem-se com o mundo. Basta!” E
você? Está vivendo uma vida dúbia? Tem sido infiel à sua esposa? Está envolvido
com mais alguém? Ou acha-se emocionalmente comprometido?
Você
permanece puro quando numa viagem de negócios? Assiste a filmes pornográficos?
Lê revistas imorais? Está tendo um caso? Ou pensa ter um? E você, mulher? Tem
pensado noutro homem? Assiste a novelas? Cuidado! Você está flertando com o
perigo. Solteiros, vocês têm se mantido puros? Têm guardado a virgindade?
O
julgamento há de começar, mas pela casa de Deus (1 Pe 4.17).
A Solução
Após
o diagnóstico, o grande Médico prescreve a cura - uma cirurgia cardíaca:
Arrepende-te, pois, quando não em breve
virei a ti, e contra eles batalharei com a espada da minha boca (Ap 2.16).
O
arrependimento exige mudança de opinião sobre o pecado. Mudança de coração e de
vontade. Ou seja: uma mudança radical. Isto é arrependimento. Jesus recomenda:
“Endireita-te agora. Muda a tua vida. Para de olhar o mundo. Preserva a tua
fidelidade.
Conserta
tua vida. Dá-lhe nova direção.” São palavras fortes. Pois sérios perigos
aguardam os que continuam na idolatria e na imoralidade. Sérios perigos
requerem medidas urgentes e radicais. Jesus não diz: “Está certo. Tenho. graça
ilimitada e perdão sem fim. Então, viva como quer”. Pelo contrário; sua palavra
é incisiva: “Arrepende-te, pois quando não em breve virei a ti e contra eles
batalharei com a espada da minha boca”. Sua vinda, neste caso, não é um enlevo,
e, sim, um rompimento.
Não
há acordo. É um aviso a considerar. Trata-se de uma visita especial para julgar
a igreja. Semelhante julgamento caíra sobre Balaão (Nm 22.23,31; 25.5; 31.8).
Os balaamitas e nicolaítas de Pérgamo não ficariam impunes. A igreja precisa
expulsar o pecado, para que Jesus não a expulse de sua presença. Se ela não
disciplinar a seus membros, o Senhor far-lhe-á guerra com a espada de dois
gumes. Jesus lutará contra qualquer igreja que tolerar o pecado. Lutará contra
a imoralidade e a idolatria.
Este
é o alerta. Acordemos!
Ser
tolerante com tais doutrinas faz da igreja cúmplice de Balaão e Nicolau. Com
mansidão, deve ele ir até os membros tomados pelo pecado. Deve restaurar-lhes a
santidade (Gl 6.1,2). De início leve apenas uma pessoa; depois duas ou três. Se
não der resultado, que o rebelde seja excluído da igreja (Mt 18.15-17). A
mensagem é clara. Idolatria e imoralidade não serão toleradas. A Igreja de
Cristo é santa.
O Sofrimento
Jesus,
o maravilhoso conselheiro, conclui com uma palavra de conforto:
Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito
diz às igrejas (Ap 2. 17a).
Novamente,
Jesus admoesta: o que Ele diz tem de ser ouvido. A igreja precisa guardar o
alerta. Ouvir e tornar a pecar não é ouvir corretamente: “E por que me chamais
Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo” (Lc 6.46). Precisamos ouvir o que o
Espírito diz, e
seguir-lhe
o conselho.
A Promessa
E
se a igreja se arrepender? Se desfizer o compromisso com o pecado? Se banir a
idolatria e a imoralidade? Qual a promessa? Novamente, Jesus fornece um
antegozo do céu com a finalidade de motivar-nos a obedecer-lhe a Palavra. Fala
da glória futura como incentivo para um compromisso presente.
Ao que vencer darei eu a comer do maná
escondido, e dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito; o
qual ninguém conhece senão aquele que o recebe (Ap 2.17b).
Grandes
bênçãos são prometidas ao que vencer tais pecados. O que importa é como
reagimos ao receber a mensagem do Senhor. Aqueles que se arrependem, Jesus
promete o maná escondido, a pedra branca, e um novo nome.
O Maná Escondido
Jesus
promete o maná escondido. No Antigo Testamento, era a comida do céu com que
Deus alimentava o seu povo no deserto. Quando de seu encontro com Balaão,
Israel ainda alimentava-se do maná. Que contraste com o alimento oferecido aos
ídolos!
O
maná era comida santa. Cristo é o verdadeiro maná. É o pão vivo que desceu do
céu (Jo 6.35). Isto fala de nossa comunhão com Ele. Cristo convidou Laodicéia a
cear consigo (Ap 3.20). A ceia demonstra comunhão íntima. Somente os crentes
recebem a promessa da doce e eterna comunhão com Cristo.
Por
que maná escondido? Por ser a doce comunhão que o mundo não conhece. Só pode
ser conhecido através da fé. Jesus oferece o pão espiritual que não pode ser
visto pelos olhos naturais.
A Pedra Branca
A
pedra branca pode significar a prática judicial da absolvição (At 26.10). Nos
tempos antigos, o juiz dava o veredicto colocando um seixo preto ou branco numa
urna, O primeiro era condenação. E o segundo, absolvição. Se confessarmos os
nossos pecados e nos arrependermos, Cristo registrará a absolvição. A confissão
traz o perdão. Somente o arrependimento pode reverter a decisão do tribunal. As
pedras brancas eram também oferecidas como símbolo de aceitação ou admissão num
evento especial. E o que Cristo promete aos verdadeiros crentes.
Um Novo Nome
Os
vencedores recebem um novo,nome, indicando nova identidade, novo estado e novo
começo. E a nova condição em Cristo. Este novo nome acha-se oculto aos outros.
Ninguém sabe o que Cristo significa para mim. O relacionamento entre Cristo e o
crente é tão íntimo e pessoal; é uma experiência particular e mui reservada. Como
essas três promessas se encaixam? Chegará o dia em que seremos aceitos na
presença do Senhor: pedra branca; para gozar da doce comunhão: maná escondido;
de acordo com a nossa nova condição em Cristo: novo nome. O que essas imagens
nos lembram? Sem dúvida, o casamento. Um jovem casal frente ao altar.
O
brilho na face da noiva reflete profunda antecipação. Ela vai ao altar com a
pedra branca no dedo. Recebe novo nome, e adentra num relacionamento mais rico
e profundo com aquele a quem sua alma tanto ama. Deus usa a imagem do casamento
para demonstrar nossa glória futura. Um banquete nos espera (Ap 19.1-10). No
momento em que formos totalmente aceitos num relacionamento mais íntimo com
Ele, receberemos novo nome. Como a noiva no altar, nossos corações serão cheios
de gloriosa consumação. Esta antecipação motiva-nos a permanecer
espiritualmente puros e fiéis.
Enquanto
o aguardamos estamos a viver a um passo do quartel-general do inferno.
Encontramo-nos cercados pelas forças do mal. Combatamos, pois, a Satanás e as
suas hostes; a batalha prossegue à nossa volta. Nós, a Igreja, não podemos
ignorar o conflito espiritual. Penetremos nesta cultura sitiada por Satanás. Não
podemos ficar encerrados em quatro paredes.
Em
1917, a Igreja Ortodoxa Russa reuniu-se em Petrogrado para discutir, pasme
você, a cor dos trajes litúrgicos! Enquanto isto, a poucos quarteirões, a
revolução comunista cobria as ruas de sangue. Sim, o quartel-general do inferno
assumia o controle da nação. Vivemos situação bem semelhante! Satanás e suas
legiões fazem uma revolução cultural, enquanto os eclesiásticos debatem coisas
de somenos importância.
Queremos
ser igreja? Combatamos, pois, o mundo. Não importa onde vivamos: o
quartel-general do inferno está a poucos quarteirões de distância. O perigo é
grande! Maior que nunca. Em contrapartida, nunca a Igreja teve tanta
oportunidade de forçar as portas do inferno.
Elaboração
pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja
Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Livro:-
Alerta Final – Steven J. Lawson
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