A IMPRESSIONANTE VISÃO
Apocalipse 1.12-16
Enfrentamos
uma crise sem precedentes, de proporções epidêmicas. Em seu âmago, é uma crise
de autoridade. Todas as formas de autoridade, ordenadas por Deus, oscilam e
caminham para o colapso. As bases da sociedade acham-se fendidas e
desmoronam-se ruidosamente. Não há autoridade que não esteja sendo questionada.
John
Stott escreve: “Raramente em sua longa história, o mundo presenciou tamanha
revolta contra as autoridades. Toda e qualquer autoridade é contestada. Qualquer
coisa que cheire à autoridade é hostilizada”.
A autoridade divina na família está
sitiada. Homens abandonam suas
responsabilidades no lar. O feminismo radical ataca o papel tradicional da
mulher, ridicularizando a ordem e a submissão recomendadas por Deus.
A autoridade paterna é corroída por
uma cultura ímpia, fazendo surgir uma geração
indisciplinada.
A autoridade de Deus no Estado também
está sendo atacada. Músicas gritam palavras de ódio.
Comunidades amarguradas tumultuam as ruas para protestar.
A autoridade de Deus no trabalho vem
sendo, de igual modo, criticada.
Sindicatos unem-se em greve, e formam piquetes. Ex- empregados processam
ex-patrões, mesmo justamente demitidos.
A autoridade de Deus nas salas de
aula está ameaçada. Estudantes hostilizam professores,
até mesmo ameaçando-os de morte. Professores lutam contra a direção das
escolas.
Todavia,
o mais trágico são as crises que se agravam na Igreja.
A autoridade divina é vilipendiada. Martyn Lloyd-Jones escreve: “A fonte de confusão
sobre autoridade está na própria Igreja. As coisas no mundo acham-se neste
estágio, porque a Igreja abandonou sua autoridade”.
Seminários, pastores e denominações
estão abandonando a autoridade da Palavra de Deus. As inspiradas Escrituras tomam- se rapidamente,
para os tais, frágeis opiniões e místicas histórias de um livro antigo e fora
de moda. Igrejas que criam na Bíblia, começam a fincar-se em tradições
meramente humanas.
A liderança pastoral está sendo
subvertida, O senhorio de Jesus Cristo,
rejeitado. Reconhecer seu soberano domínio é tido como opcional por muitos
movimentos, O mesmo ocorre no que tange à salvação e à santificação.
O
âmago de toda esta crise, quer no Estado, família, trabalho, escola ou Igreja,
é a questão da submissão à autoridade divina- mente estabelecida. Se a
sociedade e a Igreja querem atuar corretamente, precisam submeter-se à
autoridade de Deus.
Assentado
à direita de Deus, somente Jesus Cristo tem toda autoridade. Ele mesmo o disse:
“´É me dado todo o poder no céu e na terra” (Mt 28.18). Apenas Ele é
incontestável. Apenas Ele não tem superiores. Apenas Ele tem o direito de falar
e agir como quiser. Toda criação lhe está submissa. Toda instituição humana
recebe sua autoridade, de uma maneira ou de outra, da autoridade soberana de
Cristo (Jo 19.11).
Neste
momento, precisamos recuperar nossa visão da autoridade soberana de Jesus
Cristo. A começar pela Igreja. Temos de vê-lo como Ele é: entronizado,
exaltado, soberano, dominando e reinando. Tudo deve estar sob a sua autoridade.
E, assim, o despertamento espiritual espalhar-se-á, incendiando toda a terra.
No
capítulo anterior, vimos João exilado na ilha de Patmos. Tudo por causa de sua
fé em Jesus Cristo. Era o último apóstolo vivo. O ano é 95 d.C. Enquanto
aprisionado em Patmos, foi tomado inesperadamente pelo Espírito, e ouviu uma
voz como de trombeta.
A
voz não era outra senão a de Jesus Cristo! João foi instruído a escrever num
livro o que viu e ouviu, e enviar às sete igrejas da Asia Menor.
Mas
antes de saber o que escrever às igrejas, foi-lhe mostrado quem é o Cabeça da
Igreja. Esta precisa, em primeiro lugar, divisar a autoridade soberana de
Cristo antes de ouvir o que Ele tem a lhe dizer. Nossa consciência tem de
adquirir a urgência de obedecê-lo.
Ao
voltar-se para a voz, João teve a impressionante visão de Jesus Cristo como Ele
é - Rei dos reis e Senhor dos senhores. O apóstolo contempla a irresistível
glória de Cristo!
E virei-me para ver quem falava
comigo. E, virando-me, vi sete castiçais de ouro; e no meio dos sete castiçais
um semelhante ao Filho do homem, vestido até aos pés de um vestido comprido, e
cingido pelos peitos com um cinto de ouro. E a sua cabeça e cabelos eram
brancos como lã branca, como a neve, e os seus olhos como chama de fogo; e os
seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivessem sido refinados numa
fornalha, e a sua voz como a voz de muitas águas. E ele tinha na sua destra
sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto
era como o sol, quando na sua força resplandece (Ap 1.12-16).
Esta
impressionante, transcendente e majestosa visão de Cristo revela a sua glória
com grandes e admiráveis detalhes. João não encontrou palavras para descrever a
visão. Mas o Espírito Santo avivou-lhe a imaginação para relatar-nos o que
vira. Que Deus possa, nesta hora, abrir nossos olhos para contemplarmos o
Cristo glorificado.
Sua Presença Suprema
O primeiro fato a chamar a atenção de
João é a posição de Jesus. Ele está
em pé no meio de suas igrejas. Está ocupando a suprema preeminência entre as
igrejas, movendo-se livremente entre elas. E virei para ver quem falava comigo.
E, virando-me, vi sete castiçais de ouro; e no meio dos sete castiçais um
semelhante ao Filho do Homem (Ap 1.12,13a).
Ao ouvir a voz como trombeta, João
virou-se e viu sete castiçais de ouro.
Nos tempos antigos, os castiçais eram colocados no canto do aposento com uma
pequena lamparina sobre si. O propósito do castiçal era manter a lâmpada
suspensa no lugar mais proeminente do aposento. O castiçal não era a luz; era o
suporte desta. Os sete castiçais são as sete igrejas (Ap 1.20). Somos o suporte
da luz de Cristo neste mundo que jaz em trevas. Esta é a missão da igreja.
São sete os castiçais. Este número representa totalidade; representa as
igrejas, não somente da Asia Menor, mas as de todos os tempos em todos os
lugares. O que Jesus aqui declara, servirá a todas as igrejas e crentes de
todos os tempos.
Os castiçais são feitos de ouro, o
metal mais precioso e caro. O ouro
representa o grande valor da Igreja. Seu valor é determinado por aquilo que
alguém esteja disposto a pagar. Nosso valor é inestimável. Jesus derramou seu
preciosismo sangue para resgatar a Igreja. Um preço superior ao do ouro e da
prata (1 Pe 1.18,19). Somos preciosos para Ele!
No meio dos castiçais, João vê a
figura como de um homem. Não um
homem qualquer, mas o Filho do Homem. Este é um título messiânico profundamente
enraizado no Antigo Testamento, pois fala daquEle que há de vir, ungido pelo
Espírito, para inaugurar õ reinado de Deus na terra.
O
profeta Daniel viu o Filho do Homem vindo para governar o mundo com soberana
autoridade: “Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha nas
nuvens do céu um como o filho do homem... E foi-lhe dado o domínio e a honra, e
o reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem: o seu domínio é
um domínio eterno, que não passará, e o seu reino o único que não será
destruído” (Dn 7.13,14).
O Filho do Homem é Jesus Cristo, o
Filho de Deus. Ele é tão perfeitamente Deus como
fora perfeitamente homem. E o verdadeiro homem e verdadeiro Deus.
Jesus
é o Senhor de todo o Universo. Ele possui autoridade absoluta sobre todo o
mundo. Sem exceções. E uma verdade essencial. Jesus é o soberano de cada
congregação. A cabeça de cada igreja-corpo. E a base de cada assembléia local.
Tudo precisa ser trazido diante de si.
Finalmente,
a Igreja não pode ser regida por qualquer homem ou liderança meramente humana,
nem por membros privilegiados, ou quartéis-generais denominacionais. Jesus anda
sozinho no meio dos castiçais. Apenas Ele rege sua Igreja. Quantos têm
consciência de seu governo? Quantas reuniões e conselhos estão agindo de acordo
com esta consciência? Quantos cultos de adoração são realizados segundo a sua
vontade?
Jesus
ainda está no centro de sua Igreja. Ele é o eixo; toda igreja precisa passar
por Ele. Sua supremacia é absoluta e central. Esta verdade tem de governar
nossos pensamentos e palavras em todos os momentos que nos reunimos seja para
adoração, seja para deliberar alguma coisa.
Suas Vestes Soberanas
João
observa agora as vestes de Cristo. Seus trajes suntuosos significam sua
autoridade soberana sobre a Igreja. Jesus está vestido com as vestes daquele
que domina.
...vestido
até os pés de um vestido comprido, e cingido pelos peitos com um cinto de ouro (Ap 1. l3b).
João
continua a olhar, e vê Jesus com um vestido comprido, cingido por um cinto de
ouro. Nos tempos antigos, este era um aparato de reconhecida autoridade,
dignidade e domínio. Quanto mais longo o vestido, maior a autoridade. Por isso,
na visão que Isaías teve de Jesus glorificado, as orlas de seu vestido enchiam
o templo (Is 6.1). O domínio de Cristo é infinito, não cabia no templo.
No
Antigo Testamento, o vestido longo era usado por líderes espirituais de alto
posto, como o sumo sacerdote (Ex 25.28,29,35; Zc 3.4), rei (1 Sm 24.5,11),
príncipe (Ez 26.16) ou juiz (Ez 9.1- 11). Tão majestoso vestido, comprido até
os pés, diferenciava-os como prepostos de Deus. Quer fosse rei, juiz, príncipe,
sacerdote ou profeta, o vestido era usado por aquele que governava da parte de
Deus.
Jesus é profeta, sacerdote, juiz e
rei para suas igrejas. Como
profeta, fala por Deus. Como sumo-sacerdote, intercede por nós diante de Deus.
Como rei, governa por Deus. Como juiz, preside todas as coisas. Todas estas
imagens são aqui representadas.
É
desta maneira que João vê a Cristo. Cingido de vestes majestosas. Adornado com
absoluta autoridade. Seus vereditos são incontestáveis. Sua autoridade é
ilimitada. Seu reino incomparável.
Somente Jesus pode controlar as
igrejas. Ele chama seus pastores. Acrescenta
os membros às igrejas. Ele as faz crescer. Abençoa os ministérios, purifica os
fiéis, expande suas influências, provê suas necessidades e derrota os
adversários.
...edificarei
a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mt 16.18).
Ele
é o edificador; nós, seus instrumentos.
Seu Caráter Puro
João
volta-se neste momento para a cabeça e cabelo de Cristo.
E
a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve... (Ap 1.14c).
Os cabelos de Jesus são brancos. É um branco que refulge tão brilhantemente quanto
a neve que cai num dia ensolarado. O reflexo cega. Este branco é o símbolo da
absoluta pureza e santidade de Cristo (Dn 7.9). Santidade é o atributo mais
proeminente de Cristo. O topo de seus atributos. Sua santidade está acima de
sua cabeça, onde repousa a coroa real.
Santidade significa separação. Vem de uma raiz semítica que significa cortar.
Algo era cortado pela metade, e as partes, apartadas entre si. Significa que
Cristo é separado de todos os homens. Ele está sobre nós. E o mais elevado dos
seres. E exaltado, majestoso, grandioso e transcendente. Diferentemente de nós,
é infinitamente perfeito e puro.
Cristo não se ajusta a qualquer
padrão. Ele é o padrão, é santo, nunca
erra. Nunca faz algo que não seja certo. Cristo é perfeitamente santo. Suas
palavras, juízos e decretos são santos. Ele é completamente santo!
A
Bíblia declara que Jesus não conheceu pecado (Hb 4.15). Ele é o Santo e o Justo
(At 3.14a), o Santo de Deus (Lc 4.34). Nele não há pecado (1 Jo 3.5).
A santidade de Cristo é vista em seu
ódio pelo pecado. Ele acha-se totalmente afastado do
pecado. Para que se possa estar em sua presença, é necessário ser santo. Quando
os anjos pecaram, foram imediatamente expulsos do céu, e separados da sua
presença. Por rejeitarem a Cristo Jesus, os homens serão expulsos de sua
presença no Juízo Final. Apenas a fé em Cristo, resultando na imputação da
santidade do próprio Cristo em nós, faz-nos herdeiros do céu.
É santidade que Cristo requer de sua
Igreja. Precisamos estar separados do mundo;
não podemos ser como o mundo. Pedro adverte: “Mas, como é santo aquele que vos
chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver. Porquanto
escrito está: Sede santos, porque eu sou santo” (1 Pe 1.15,16).
A
despeito da degenerescência do mundo, Jesus não enfraqueceu seus padrões. A
Igreja precisa ser a noiva imaculada. Ela é a virgem pura; não flerta com o
mundo. E inocente. Permanece santa e não se contamina. Santidade é o que nos
diferencia deste século. Sejamos diferentes se quisermos fazer a diferença.
Seu Profundo Olhar
João
contempla, neste instante, os olhos de Cristo. A visão torna-se mais terrível.
Raios de fogo saem dos olhos do Senhor Jesus.
...e
os seus olhos como chama de fogo
(Ap l: l4b).
Ele enxerga com olhar penetrante. Vê os lugares mais profundos e secretos de cada
igreja. Nada lhe está oculto. E não há criatura alguma encoberta diante dEle.
Todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquEle com quem temos de
tratar (Hb 4.13).
Jesus
conhece cada detalhe sobre cada membro em todas as igrejas. Nada escapa à sua
atenção. Ele não precisa colher informações ou fazer perguntas; não necessita
aprender alguma coisa. Quem o ensinaria? Ele vê perfeitamente cada ministro e
cada membro. Observa a tudo com uma visão mais poderosa que raios
A.W.Tozer
observa: “Porque Deus conhece todas as coisas perfeitamente. Não conhece uma
coisa melhor que a outra; todas as coisas lhe são bem conhecidas. Nunca
descobre alguma coisa, nem fica surpreso ou maravilhado. Nada o surpreende.”
Mathew
Henry faz este comentário: “Deus não apenas vê os homens; vê através deles”.
Não
há esconderijos. Nada pode obscurecer-lhe a visão. Nenhum conhecimento está
fora de seu alcance. Com discernimento e olhar penetrante, sabe completamente
cada detalhe sobre nós. Mesmo as trevas não lhe são escuras (Si 139.12). Todos
os fios de cabelo de nossa cabeça estão contados (Lucas 12.7). Nem mesmo um
pardal escapa ao seu olhar.
Jesus
conhece nossos pensamentos (Lc 6.8) e corações (Jo 2.25). Não há pensamento
secreto, palavra ou intenção que não conheça. De fato, conhece nossos
pensamentos, mesmo antes de os expressarmos (Si 139.4). Ele lê nossa
correspondência sem ter de abrir o envelope.
Com
olhos como chamas de fogo, Jesus quer ver santidade cm suas igrejas. Ele diz à
igreja em Efeso: “Eu sei as tuas obras” (2.2). À Esmirna, Ele observa: “Eu sei
tuas tribulações” (2.9). À Pérgamo: “Eu sei onde habitas” (2.13). Da mesma
forma às igrejas em Tiatira, Sardo, Filadélfia e Laodicéia: “Eu sei as tuas
obras” (2.19.3.1;8,15). Ele sabe todas as coisas.
Cristo
é inevitável. Não há lugar onde possamos nos esconder dEle. O que Jesus está
procurando?
Santidade.
Seu Juízo Final
João visualiza agora os pés de Jesus. O velho apóstolo constata que os pés de Jesus são
como o metal refinado em fornalha.
E
os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivessem sido refinados
numa fornalha (Ap
l.15a).
Demonstra-Se, aqui, o julgamento
contra o pecado. Jesus é santo, não tolera o pecado.
Ele ama a retidão, aborrece a iniqüidade. Mesmo na igreja?
Especialmente
na igreja.
Você detesta a erva daninha no jardim
do seu vizinho mais do que no seu?
E claro que você as detesta especialmente no seu jardim. Você detesta o câncer
mais na família de seu vizinho ou em sua própria família? Com certeza, em
qualquer família, mas especialmente na sua. Da mesma forma, Cristo detesta o
pecado, especialmente em sua família espiritual. Mais do que no mundo.
Considere quando Jesus limpou o
templo. Aí, mostrou sua fúria contra o
pecado. Ao ver a hipocrisia na casa de seu Pai, virou as mesas e expulsou os
vendilhões. Julgou o pecado na casa de oração, pois o nome de Deus estava sendo
desonrado.
Hoje
também Jesus responde com ira santa ao pecado. Onisciente, vê perfeitamente a
todas as igrejas. Santo, reage contra a iniqüidade no meio de seu povo. Justo,
não pode deixar de julgar o pecado.
Lamentavelmente,
muitos, até mesmo cristãos esclarecidos, têm aversão a Jesus como o Deus de julgamento.
Mas a Escritura mostra uma imagem terrível e extraordinária de sua fúria contra
o pecado na igreja (At 5.1-1 1). Hoje, as igrejas são brandas em relação a esta
severa verdade. Alguns pastores têm sido omissos neste particular. Não
obstante, Cristo é um fogo consumidor que julga seu povo (1 Co 3.13-15).
Algumas palavras hebraicas usadas na Bíblia revelam o julgamento de nossos
pecados. Charah significa tornar-se muito quente, queimar-se com fúria. A fúria
de Deus foi manifesta contra seu próprio povo por causa da sua imoralidade (Nm
25.3). Charon refere-se a uma queima impetuosa, violenta. A fúria de Deus
acendeu-se contra o seu povo por se voltar à idolatria (Ex 32.12).
Com
pés chamejantes, Jesus está diante de sua Igreja. Sua fúria, queimando com
indignação; sua impetuosidade volta-se contra o pecado. Como santo juiz, julga
o pecado na igreja.
A imagem de seus pés como latão
reluzente, refinados em fornalha, é tirada da metalurgia. Nos tempos antigos, metais preciosos eram
refinados em fornalhas até ficarem rubros e brilhantes. O calor era
insuportável. No processo de purificação, a temperatura da fornalha era
aumentada intensamente. A alta temperatura era acompanhada de aditivos para a
refinagem, criando uma reação vulcânica. As bases da fornalha começavam a
vibrar e a balançar. Uma oscilação estonteante ocorria, quando se tirava a
lava. Apenas o puro metal era deixado, O metal ficava tão reluzente que não
podia ser visto a olhos nus.
Bronze polido é brilhante, reflete
toda a luz disponível. O latão
puro era colocado em fornalha ardente, e esta aumentada até a fusão. O metal ficava
resplandecente, O brilho ofuscava, O polimento da superfície adicionado ao
metal multiplicava o efeito ofuscante.
O calor era sentido por toda sua
volta. As bases da fornalha eram agitadas.
O som do metal, ensurdecedor. A visão, tremenda. João vê a Jesus Cristo com pés
como latão reluzente, como refinado numa fornalha. A visão é terrível,
intimidadora,
Na Bíblia, bronze simboliza
julgamento. No tabernáculo, a mobília associada
ao pecado era de bronze, O fogo que queimava no altar de bronze representava a
ira consumidora de Deus contra o pecado. Foi por isto que Moisés levantou a
serpente de bronze no deserto. Era um prenúncio da cruz onde Jesus tornar-se-ia
em pecado, sob julgamento, por todos nós (João 3.14,15).
Os pés de latão de Jesus mostram que
Ele está em pé, julgando nossos pecados.
Julgará o pecado onde este estiver. Ele está constantemente pesando nossas
igrejas, medindo nossos ministérios e fazendo um balanço de nossas ações. Jesus
julga tudo o que não é santo (1 Co 3.12-15). Tudo o que não é santo queima-se
no fogo consumidor.
A Éfeso Jesus diz: “Tenho, porém, contra ti que deixaste a tua
primeira caridade” (2.4).
A Pérgamo assevera: “Mas umas poucas coisas tenho contra ti: porque
tens lá os que seguem a doutrina de Balaão, ... [e] dos Nicolaítas (2.14-15).
A Tiatira, deixa bem claro: “Mas tenho contra ti que toleras Jezabel” (2.20).
A Sardo, declara: “...estás morto” (3.1).
E a Laodicéia, alerta: “Eu sei as tuas obras, que nem és frio nem
quente... és morno” (3.15-16).
Não se engane. Jesus julgará o pecado
em suas igrejas; já é tempo que comece o julgamento
pela casa de Deus (1 Pedro 4.17).
Sua Forte Voz
A
maravilhosa visão de Cristo é direcionada para os sons. A atenção de João
move-se do que ele vê para o que ouve. O apóstolo ouve a voz de Cristo falando
às suas igrejas, poderosa e autoritariamente.
......e
a sua voz como a voz de muitas águas
(Ap 1.15b).
Jesus fala com voz de grandes ondas a
bater nas rochas de Patmos. Sua voz é
como poderosas águas caindo centenas de metros abaixo. Quando Jesus fala, abafa
qualquer outra voz.
Recentemente estive nas quedas do
Niágara, no lado canadense. O homem
que me levou até lá, tentava explicar-me algo sobre as cataratas, mas nada
podia ouvir. O barulho de milhões de litros de água rolando pelas cataratas era
ensurdecedor! A queda d’água abafava-lhe completamente a voz. Eu só conseguia
ouvir as águas. Nada mais. Durante horas, elas reverberavam-me aos ouvidos.
Assim é Cristo. Quando Ele fala, abafa toda voz humana e todas as
opiniões contrárias, O que Jesus diz às suas igrejas é a palavra final. Suas
palavras não podem ser refutadas. Suas apreciações não podem ser rebatidas.
Seus vereditos não podem ser encobertos, nem suas promessas quebradas.
Pelo
fato de ser santo, Jesus não pode mentir (Jo 14.6). O que quer que diga é
absoluta verdade. Ele sempre terá a palavra final. Sua palavra é a palavra
final. Cristo fala às suas igrejas com voz de trovão. Sua palavra chama ao
arrependimento Jesus ordena a
Éfeso: “Lembra-te pois donde caíste, e arrepende-te”
(2.5).
A Pérgamo: “Arrepende-te, pois, quando não...” (2.16).
A Tiatira: “E dei-lhe tempo para que se arrependesse da sua
prostituição; e não se arrependeu (2.21).
A Sardo: “Lembra-te pois do que tens recebido e ouvido, e
guarda-o, e arrepende-te• “(3.3).
A Laodicéia: “Aconselho-te que de mim compres ouro ... e
vestidos brancos.., e que unjas os teus olhos com colírio... sê pois zeloso, e
arrepende-te (3.18-19).
Esta
é a palavra de Deus à sua Igreja: “Arrepende-te!”
Seus Líderes Espirituais
Como
a voz de Cristo é ouvida na igreja? Como fala às igrejas nos dias de hoje? Como
podemos ouvir sua voz? Pelas sete estrelas que Jesus segura na mão direita.
E ele tinha na sua destra sete
estrelas... (Ap 1.1 6a)
Através
das sete estrelas, Cristo fala às suas igrejas. João identifica as sete
estrelas com os anjos das sete igrejas (Ap 1.20). Anjo (angelos, no grego)
significa mensageiro divinamente comissionado Algumas vezes, é um ser
angelical. Outras, um ser humano. Tudo depende do contexto. Aqui, as estrelas,
ou anjos, são mensageiros humanos. São mensageiros autorizados pelo Espírito
para pregar a Palavra às igrejas. São os pastores, ou presbíteros, das sete igrejas.
Há um mensageiro em cada igreja, cuja responsabilidade é pregar e ensinar a
Palavra de Deus (2 Tm 4.1-5).
Ao
trazer a Palavra de Deus, o pastor torna-se o porta-voz de Cristo na igreja
local. Nenhum pregador fala infalivelmente ou ex- cátedra: sua mensagem
origina-se das Sagradas Escrituras. E desta maneira que a voz de Cristo é
ouvida na igreja.
A
igreja de Tessalônica ouviu a voz de Cristo quando Paulo, seu primeiro pastor,
ministrou-lhes a Palavra de Deus. O apóstolo parabeniza-os: “Pelo que também
damos sem cessar graças a Deus, pois,havendo recebido de nós a palavra da
pregação de Deus, a recebestes, não como palavra de homens, mas (segundo é, na
verdade), como palavra de Deus” (1 Ts 2.13).
Martyn
Loyd-Jones pondera: “Qual a principal finalidade da pregação? Penso que é dar
ao homem e à mulher o senso sobre Deus e sua presença”. E precisamente isto! Os
pastores têm de declarar a mensagem de Deus à igreja. São eles, e não os
editores, que devem falar do Evangelho ao povo. Eis porque Cristo os sustém em
sua mão direita, significando proteção especial e autoridade delegada. E
através destes homens que o Senhor Jesus dirige a Igreja. E por isso que o
padrão à liderança é tão alto! Os pastores precisam ser homens espiritualmente
maduros, íntegros, humildes e puros, que sigam o comando de Deus. Ore
por seu pastor. Nenhuma igreja pode avançar sem um ministério fiel e íntegro.
Sua Disciplina Severa
A visão vai além. Observando a Cristo, João vê que, de sua boca,
saía uma arma mortal - uma espada.
...e da sua boca saía uma aguda
espada de dois fios... (Ap
1.16b).
A espada de dois fios mostra a
autoridade judicial de Cristo para administrar a disciplina na Igreja. Quando a Palavra de Deus é desobedecida, Jesus
empunha sua espada para disciplinar. Esta espada (rhomphaia) possuía lâmina
grande e afiadíssima. Mas o inimigo de Cristo não é a Igreja, e sim o pecado!
Com
esta aguda espada, Jesus remove cirurgicamente o pecado de seu corpo - a
Igreja. O pecado é um tumor maligno! Se o seu corpo fosse atingido pelo câncer,
com certeza faria o possível para recuperar a saúde. Isto requer submissão ao
bisturi do cirurgião. Não porque você odeie seu corpo, mas justamente por
amá-lo.
Como Jesus ama sua igreja, deseja-lhe
a saúde espiritual. Onde houver pecado, Ele o remove com
a sua espada aguda de dois fios. Afinal, Cristo ama a Igreja. Não é um
tratamento vão. O pecado tem de ser removido.
Na velha igreja de Éfeso, Jesus
removerá o pastor com a sua influência e poder espiritual (2.5).
Na insensível Pérgamo, virá para
discipliná-la severamente (2.16).
Na comprometida Tiatira, enviará
males físicos, tribulações e até mesmo morte (2.22,23). Na carnal Sardes, removerá todo poder espiritual
restante (3.3). Na morna
Laodicéia, vomitará os maus de sua
boca (3.15-19).
Tudo isto acontece, quando Cristo
desembainha sua espada de dois gumes.
Doenças físicas, tribulação, morte, perda de poder espiritual, privação do
favor divino e das bênçãos espirituais.
Talvez você esteja pensando: “Conheço igrejas que estão caminhando com seus
pecados”. Também já me perguntei por que Cristo tem deixado o pecado sem
disciplina em minha igreja. Por que Deus permite que o pecado fique impune?
Eis aqui o porquê. Em sua graça,
Cristo sempre contém sua disciplina para nos dar mais tempo para o
arrependimento. Ele prefere que nós tratemos o
pecado. Mas não podemos presumir que sua tardança significa que não vai nos
disciplinar. O Senhor é tardio em irar-se mas grande em força, e ao culpado não
tem por inocente (Na 1.3). Ele é tardio em irar-se, mas, sem nosso
arrependimento, desembainha sua ira contra toda a igreja que tolera o pecado.
Ainda
não chegamos a entender realmente sua indignação contra o pecado. Ficamos
facilmente chocados com a sua severa reação contra a iniqüidade. A verdadeira
questão não é porque Cristo julga o pecado tão severamente, nem tampouco porque
deixa que fique impune temporariamente. A questão primordial é:
Por
que permite que ainda continuemos vivos? É devido a sua graça que ainda não
fomos consumidos.
Seu Brilhante Esplendor
Este
é o componente final da maravilhosa visão. João vê a face de Cristo brilhando
com a glória de Deus.
....e o seu rosto era como o sol,
quando na sua força resplandece
(Ap 1.16c).
João
olha para a face brilhante de Cristo, e imediatamente fica cego. E como estar
dentro do sol. E a glória radiante de sua fisionomia divina. E a refulgente
glória de Deus na face de Cristo.
Sua
face, refulgindo como o sol, é a clara demonstração de sua soberania e
santidade.
A
palavra glória significa algo brilhante. É a demonstração de todos os atributos
divinos de Cristo; é a essência de sua divindade. E o brilho de sua perfeição.
Quando Jesus veio ao mundo pela
primeira vez, sua glória não estava tão à mostra. Ele veio em forma de homem, não de rei (Fl 2.6-8).
Sua encarnação foi como um abajur momentaneamente colocado sobre a luz,
obscurecendo-lhe a glória. Conseqüentemente, muitos não reconheceram quem Ele
era.
Sua glória só foi claramente revelada
em algumas ocasiões. Vejamos sua transfiguração. Aqui,
sua face brilhou como o sol (Mt 17.2). Os discípulos ficaram maravilhados.
Então, Deus colocou o abajur sobre a glória de seu Filho, para que Ele
cumprisse o restante de seu ministério.
Após sua morte e ressurreição, Jesus
retornou à destra do Pai. Retornou à
glória que lhe pertencia antes da fundação do mundo (Jo 17.5). Esta é a glória
divina que João agora observa sem véu, sem máscara, sem mudança.
Tão brilhante é a sua estonteante
glória que, no futuro, não mais haverá necessidade de sol. A glória de Cristo iluminará as galáxias. Olhando
para a eterna nação, João escreve: “E ali não haverá mais noite, e não
necessitarão de lâmpada nem de luz do sol, porque o Senhor Deus os alumia; e
reinarão para todo o sempre (Ap 22.5). Sua glória, mais brilhante que o sol,
iluminará todo o universo.
Que visão de Cristo!
É
este Cristo que você enxerga pela fé? Quando você ora, é diante deste Deus que
se coloca? Quando adora, é para este Jesus que canta? Ao ler a Bíblia, é este
Senhor que você ouve?
Enfrentemos os fatos. Temos nos tornado muito casuais em nosso
relacionamento com Cristo. Muito confortáveis. Muito horizontais. Não admito a
desculpa de certos crentes que alegam ser esta a razão que os levaram a
abandonar a fé: aborrecimento. Sim, eles ficaram aborrecidos!
Se
o despertamento espiritual é para ajustar a igreja, precisamos acordar para a
glória e santidade de Jesus Cristo. Antes que possamos responder a este
chamado, vejamos novamente quem nos chama.
É nosso Senhor soberano quem nos
chama. Aquele que está sobre e entre nós.
Aquele que reina exaltado nas alturas. Que vive em majestade e reina em glória
sublime.
Este
Cristo precisa ser adorado na igreja.
E
obedecido.
Elaboração
pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja
Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Livro:-
Alerta Final – Steven J. Lawson
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