domingo, 29 de abril de 2012

CARTA À IGREJA DE FILADÉLFIA


CARTA À IGREJA DE FILADÉLFIA, 3.7-13

1. Destinatário (3.7a)

Essa cidade distava de Sardes pouco menos de 50 quilômetros a sudeste. Ela recebeu o nome do seu fundador, Atalus II (Philadelphus), que reinou de 159 a
138 a.C. Muitas vezes sacudida por terremotos, ela foi destruída em 17 d.C., junto com
Sardes e dez outras cidades no vale de Lídia. O medo fez com que grande parte da população deixasse de morar no interior dos seus muros. Aparentemente, tanto a cidade quanto a igreja eram pequenas nessa época.

A adoração principal era a Dionísio (mais tarde chamado de Baco). Mas a carta indica que a principal oposição veio dos judeus e não dos pagãos. Quando os turcos conquistaram a Ásia Menor na Idade Média, Filadélfia suportou o ataque por muito mais tempo do que outras cidades. Ramsay diz: “Ela exibia todas as qualidades nobres de perseverança, verdade e constância que são atribuídas a ela na carta de João”.9° Hoje há uma cidade relativamente grande lá, com uma estação ferroviária.

2. Autor(3.7b)

Cristo se descreve como o que é santo — literalmente, “o Santo”, um nome para a divindade. Ele também é o que é verdadeiro, “o Verdadeiro”. A palavra grega para verdadeiro (alethinos) significa “verdadeiro, no sentido de real, ideal, genuíno”.
Bultmann diz: “Em relação às coisas divinas ela tem o sentido daquilo que verdadeiramente é, ou daquilo que é eterno”. Comentando a respeito desse título duplo de Jesus, Swete escreve: “O Cabeça da Igreja é descrito ao mesmo tempo como santidade absoluta e como verdade absoluta; Ele é tudo aquilo que afirma ser, cumprindo os ideais que prega e as esperanças que inspira”. Charles entende que, no Apocalipse, não temos o sentido clássico do grego alethinos (“genuíno”) como acontece no Evangelho de João. Em vez disso, é a ênfase hebraica na fidelidade de Deus. Ele diz: “Por isso, alethinos sugere que Deus ou Cristo, como verdadeiro, cumprirá a sua palavra”.

Jesus então se descreve como o que tem a chave de Davi, o que abre, e ninguém fecha, e fecha, e ninguém abre. Essas palavras são citadas de Isaías 22.22. Ali o Senhor fala de Eliaquim, servo fiel de Ezequias: “E porei a chave da casa de Davi sobre o seu ombro, e abrirá, e ninguém fechará, e fechará, e ninguém abrirá”. A chave é o símbolo de autoridade. Charles observa que a expressão a chave de Davi “evidente-
mente tem um significado messiânico [...] As palavras ensinam que a Cristo pertence completa autoridade com respeito à admissão ou exclusão da cidade de Davi, a nova
Jerusalém”.95 Mas já em 1.18, Jesus tinha declarado que Ele tinha as chaves da morte e do Hades. Assim, Ele exercita autoridade no céu, na terra, e mesmo no reino dos mortos.

3. Aprovação (3.8-10)

A igreja de Filadélfia, Cristo disse: eis que diante de ti pus uma porta aberta (8)
— literalmente: “uma porta que foi aberta e permanece aberta”.

A figura de uma porta aberta era familiar para os cristãos do primeiro século. Os missionários pioneiros, Paulo e Barnabé, relataram em Antioquia que Deus “abrira aos gentios a porta da fé” (At 14.27). Em relação à sua obra em Efeso, Paulo escreveu: “porque uma porta grande e eficaz se me abriu” (1 Co 16.9). Pouco mais tarde, ele diz: “quando cheguei a Trôade para pregar o evangelho de Cristo [...] abrindo-se-me urna porta no Senhor” (2 Co 2.12). Ele pediu aos colossenses a orarem “para que Deus nos abra a porta da palavra” em Roma (Cl 4.3). Essas passagens das epístolas de Paulo parecem indicar o que significa uma porta aberta.

Ela significa uma boa oportunidade para a obra missionária, Ramsay denomina Filadélfia “a igreja missionária”. Ele diz o seguinte dessa cidade: A intenção dos seus fundadores era torná-la um centro da civilização greco-asiática e um meio de espalhar a língua grega e seus costumes na parte oriental da Lídia e da Frígia. Ela era uma cidade missionária desde o seu princípio [...] O seu ensinamento foi bem-sucedido. Antes de 19 d.C., a língua nativa tinha deixado de ser falada na Lídia e a língua grega era a única falada nesse país.” Mas agora a igreja de Filadélfia foi chamada para um tipo de obra missionária muito mais importante, que é a de espalhar o evangelho de Jesus Cristo.

Para essa tarefa, ela estava num lugar apropriado. A estrada do esplêndido porto de Esmirna passava por Filadélfia. Além do mais, “a estrada imperial do correio de Roma até as províncias mais ao leste” passava por Trôade, Pérgamo, Tiatira, Sardes e Filadélfia. “Ao longo dessa grande rota a nova influência estava constantemente se movendo para o leste da Filadélfia, na forte corrente de comunicação que saía de Roma, passava pela Frígia e ia em direção ao Oriente distante [...] Filadélfia, portanto, era a guardiã do portão para o planalto; mas a porta tinha agora sido permanentemente aberta diante da Igreja, e a obra de Filadélfia era passar por ela e levar o evangelho para as cidades da Frígia”.’

A igreja em Filadélfia se torna um símbolo da grande iniciativa de missões mundiais, a próxima etapa na história do cristianismo depois da Reforma Protestante. Nos primeiros 150 anos depois do início de missões modernas protagonizado por William Carey em 1792, provavelmente mais obras missionárias foram desenvolvidas do que nos 1500 anos anteriores.

Acerca dessa porta aberta Jesus disse: ninguém a pode fechar. A “chave de Davi” (v. 7) tinha destrancado a porta, e nenhum humano ou força demoníaca poderia fechá-la. Nunca antes, em 1900 anos de história cristã, o desafio da porta aberta de missões mundiais foi maior do que agora.

Parece surpreendente ler: tendo pouca força. Evidentemente, a igreja de Filadélfia era pequena e talvez seus membros fossem na maioria da classe mais pobre. A declaração guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome deveria ser traduzida da seguinte forma: “E mesmo assim guardaste a Minha palavra e não negaste o meu nome”. Evidentemente, a congregação tinha passado por um tempo de provação, mas permaneceu firme.

A frase a sinagoga de Satanás já tinha aparecido em 2.9, na carta a Esmirna. Nessas duas cidades a oposição à igreja veio principalmente dos judeus. Mas eles não são verdadeiros judeus, porque não seguem os passos do Pai Abraão, nem guardam o espírito da lei de Moisés (veja comentários em 2.9).
Desses falsos judeus o Senhor diz: eis que eu farei que venham, e adorem prostrados a teus pés, e saibam que eu te amo. Isso parece indicar que alguns judeus seriam convertidos ao cristianismo. Essa interpretação é fortalecida pela primeira frase do versículo: eu farei aos da sinagoga de Satanás. O grego traz: “eu darei da sinagoga de Satanás [não eu farei]. Alguns seriam salvos.

Confirmação indireta disso é encontrada na carta de Inácio aos cristãos em Filadélfia (ca. 120 d.C.), na qual ele os adverte para não darem ouvidos aos judaizantes. Evidentemente, os judeus se tornaram influentes na congregação de Filadélfia.
Cristo elogiou a igreja porque ela tinha guardado a palavra da minha paciência (10), ou “resistência”. Erdman diz que essa frase dá a impressão de significar: “A pregação dessa imutável resistência com a qual no meio de privações Cristo deve ser servido”.

Mas é minha paciência. Trench está certo quando comenta: “Muito melhor, no entanto, é entender todo o evangelho como ‘a palavra da paciência de Cristo’, ensinando em toda parte, como está ocorrendo, a necessidade de uma espera paciente por Cristo, até que Ele, o esperado por tanto tempo, finalmente apareça”. Lenski vai mais longe e sugere que a frase deveria ser traduzida da seguinte forma: “a Palavra que trata da resistência do Senhor”.” Talvez esses dois pensamentos deveriam ser combinados: é a resistência paciente de Cristo como um exemplo para permanecermos constantes.

Uma vez que a igreja em Filadélfia tinha guardado essa palavra de Cristo, Ele, por sua vez, a guardará da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo (terra habitada), para tentar os que habitam na terra. O substantivo grego para tentação é peirasmos, e o verbo grego para tentar é peirazo. A conexão óbvia no grego também aparece na versão em português (o mesmo não ocorre na KJV). O verbo significa “testar, colocar à prova”.

Uma tradução correta seria “provação [...] prova” (NVI) ou “teste [...] testa” (NASB).
O alcance mundial dessa prova mostra que a referência principal é ao período da chamada Grande Tribulação no tempo da Segunda Vinda. Mas há talvez uma aplicação secundária às perseguições romanas ao cristianismo, que se estendiam pela terra então conhecida — o Império Romano.

Tem havido uma discussão considerável se te guardarei da hora da tentação significa isenção do tempo da provação ou ser guardado nesse tempo. A palavra da no grego não é apo, “para longe de”, mas ek, que significa “fora de”. A luz disso, Carpenter escreve: “A promessa não significa ficar guardado longe da tribulação, mas ser guardado no meio dela” — da mesma forma que a cabeça de alguém é “mantida acima da água”. Swete escreve: “Para a igreja de Filadélfia a promessa era uma garantia de proteção em qualquer prova que lhe pudesse sobrevir”. Também é uma promessa para nós de que o nosso Senhor nos manterá em segurança em qualquer época de teste.

4. Exortação (3.11)

Na carta para Filadélfia, como na carta para Esmirna, não há palavra de censura.
Assim, passamos imediatamente para a exortação. Ela começa com uma promessa misturada com advertência: Eis que venho sem demora. O significado principal de sem demora (cf. 22.20) é que o Senhor não atrasará a sua vinda além do tempo fixado.
Mas, uma vez que não sabemos quando isso acontecerá, devemos estar constantemente preparados. Além disso, para o Senhor mil anos são como um dia (2 Pe 3.8). Assim, dois mil anos ainda seriam sem demora.

A conexão próxima desse versículo com o anterior sugere que a vinda de Cristo vai livrar os seus da hora da tribulação. Alguns têm sugerido que, da mesma forma que os israelitas tiveram de tomar parte das três primeiras pragas (sangue, sapos, piolhos) com os egípcios (Ex 8.22), assim a Igreja poderá passar pela primeira parte da Grande Tribulação antes de ser levada por Cristo.

A igreja de Filadélfia é admoestada: guarda o que tens. Swete sabiamente observa: “A promessa de proteção (v. 10) traz consigo a responsabilidade de um esforço contínuo”. Coroa significa a “coroa da vitória” (veja comentários em 2.10). A advertência é contra fracassar na corrida da vida e, conseqüentemente, perder o direito à coroa da vida. Ou seja: “toma cuidado para que ninguém tome a tua coroa”. Esse objetivo é alcançado ao correr com sucesso até o fim.

5. Recompensa (3.12)

Para o vitorioso será erguida uma coluna no templo do meu Deus. Swete comenta: “Há uma dupla propriedade nessa metáfora: enquanto a coluna dá estabilidade à construção que se apóia sobre ela, ela mesma está firme e permanentemente estabelecida; e esse lado do conceito freqüentemente vem à tona [...] e é preeminente aqui”. Uma vez que ele esteja estabelecido, dele [do templo] nunca sairá. Quando o período da provação chegar ao fim e o vencedor tiver se tornado uma coluna no templo eterno de Deus, não haverá mais possibilidades de cair. O caráter dos santos glorificados será firmado para sempre.

A respeito do vencedor, Cristo disse que escreveria três nomes: o nome do meu
Deus [...] o nome da cidade do meu Deus [...] e também o meu novo nome. O nome de Deus, significando sua posse, era colocado sobre os israelitas; porque logo após a bela bênção sumo sacerdotal (Nm 6.24-26), é acrescentada: “Assim, porão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei” (Nm 6.27). A nova Jerusalém é descrita em mais detalhes nos capítulos 21—22. Aqui há apenas uma referência de passagem acerca dela.

O que significa o meu novo nome? Trench diz que é esse “nome misterioso e, na
necessidade das coisas, não comunicado e, para o tempo presente, incomunicável,
que, nessa mesma visão mais sublime, é mencionado como: ‘e tinha um nome escrito
que ninguém sabia, senão ele mesmo’ (19.12) [...] Mas o mistério desse novo nome,
que nenhum homem é capaz de descobrir, que nessa condição presente ele não é
capaz de receber, será dado aos santos e cidadãos da nova Jerusalém. Eles conhece-
rão como são conhecidos (1 Co 13.12)”. Swete sugere que o novo nome de Cristo é
“um símbolo para a glória mais completa de sua Pessoa e Caráter que aguardam
revelação na sua Vinda”.’

Três pensamentos se destacam nessa “Promessa ao Vencedor”: 1) Consagração com
pleta a Deus — o nome do meu Deus; 2) Cidadania intransferível na cidade celestial
— o nome da cidade do meu Deus; 3) Conhecimento mais completo de Cristo na
Segunda Vinda — meu novo nome.’

6. Convite (3.13)

Ouça significa “preste atenção”. E o que queremos comunicar quando dizemos: “Agora, escute-me”



Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

Comentário Bíblico Beacon

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