CARTA
À IGREJA DE ESMIRNA, 2.8-11
1. Destino (2.8a)
Esmirna concorria
com Éfeso pela honra de ser chamada “a principal cidade da Asia” e a
“metrópole”. Assim, ela logicamente vem em segundo lugar na lista aqui. A cidade,
chamada “a Beleza da Asia”, estava situada na ponta do bem protegido golfo, com
um excelente porto. Ela se aproximava de Efeso no que tange ao volume do
comércio de exportação. Ela continua sendo uma grande cidade, a única das sete
que atualmente é próspera. Hoje, “os figos de Esmirna” são vendidos em todo o
mundo.
A igreja lá foi
aparentemente fundada quando Paulo estava pregando em Éfeso (At 19. 10). Ela
continuou sendo um forte centro eclesiástico por vários séculos. A Izmir
moderna tem uma população de cerca de trezentos mil habitantes.
2. Autor (2.8b)
Cristo é aqui
identificado como o Primeiro e o Último. Já encontramos essa expressão em 1.17.
Ele então é descrito como Aquele que foi morto e reviveu, ou “que esteve morto
e tornou a viver” (ARA). Isso também lembra 1.18: “fui morto, mas eis aqui
estou vivo para todo o sempre”. A referência claramente é à crucificação e ressurreição
de Cristo.
Mas essas palavras
tinham uma relevância peculiar na carta à igreja de Esmirna.
Porque essa cidade
havia morrido e tornou a viver. Strabo diz que os lídios destruíram o lugar e
por cerca quatrocentos anos não houve cidade ali, apenas algumas vilas espalha-
das. Ramsay observa: “Todos os leitores de Esmirna certamente seriam
sensibilizados à
impressionante
analogia com a história primitiva de sua própria cidade”.
3. Aprovação (2.9)
Mais uma vez Cristo
diz: Eu sei. Essas palavras descrevem tanto conforto quanto advertência. A
palavra obras não está no melhor manuscrito grego. Duas coisas são mencionadas:
tribulação e pobreza. Aparentemente, tribulação gerou pobreza (cf. v. 10).
Hebreus 10.34 diz:
“Porque também vos compadecestes dos que estavam nas prisões
e com gozo
permitistes a espoliação dos vossos bens, sabendo que, em vós mesmos, tendes
nos céus uma possessão melhor e permanente”. Em uma situação semelhante em
Esmirna, parece que bandos judeus e pagãos estavam saqueando a propriedade dos
cristãos.
A palavra grega
para tribulação (thlipsis) é forte, significando “pressionado” ou
“espremido”.
Tribulação vem do latim tribulum, que significa uma debulhadora, usada para
debulhar os grãos. Assim, temos duas figuras. A palavra grega sugere a figura
de um lagar, no qual o suco das uvas era espremido. A palavra latina transmite
a figura do grão sendo batido com urna vara, para tirar os grãos da casca. Juntos,
eles sugerem a natureza da tribulação. E uma questão de pressão e golpes.
Embora
exteriormente a igreja em Esmirna fosse caracterizada pela pobreza, ela
era, na verdade,
rica. Materialmente pobre, espiritualmente rica — essa combinação é
observada mais de
uma vez no Novo Testamento.
Jesus também
conhecia a blasfêmia dos que se dizem judeus e não o são. Paulo escreveu aos
Romanos: “Porque não é judeu o que o é exteriormente [..] Mas é judeu o que o é
no interior” (Rm 2.28-29). Esses perseguidores em Esmirna eram judeus por raça
e religião, mas não eram verdadeiros filhos de Abraão. Que os judeus
perseguiram os cristãos é amplamente evidenciado no livro de Atos, bem como nos
escritos do segundo século de Justino, o Mártir, e Tertuliano.
Os judeus odiavam
de uma maneira especial os convertidos do judaísmo ao cristianismo. Ao se opor
ao evangelho, eles com freqüência recorriam à blasfêmia (cf. At 13.45). A
palavra grega blasphemia significava “difamação” quando dirigida aos homens,
mas blasfêmia quando dirigida a Deus. Aqui provavelmente significava as duas
coisas.
A história do
martfrio de Policarpo em Esmirna é especialmente relevante. Os judeus chegaram
a superar os pagãos em seu ódio e zelo. Eles acusaram Policarpo de hostilizar a
religião do estado. Esses inimigos, “com uma ira incontrolável gritavam em alta
voz: ‘Esse é o mestre da Asia, o pai dos cristãos, o demolidor dos nossos
deuses, que ensina a muitos que não se deve sacrificar nem adorar’“. Embora
fosse num sábado, eles juntaram madeira para queimar Policarpo vivo.
A luz dessa atitude
hostil não é de surpreender que os judeus sejam chamados de a sinagoga de
Satanás. Por causa da oposição dos judeus, os cristãos evitaram o uso da
palavra sinagogue e preferiram ecciesia (gr., assembléia) para suas
congregações. O único texto no Novo Testamento em que sinagogue é usado para
identificar uma assembléia cristã se encontra em Tiago 2.2. Isso pode ter sido
escrito antes que a perseguição judaica aos cristãos se tornasse generalizada.
E uma coincidência
interessante que a expressão sinagoga de Satanás ocorra somente aqui e na carta
à igreja de Filadélfia. Essas são as duas únicas cartas sem uma palavra de
censura. Assim, na mensagem a essa igreja passamos diretamente da aprovação
para a exortação.
4. Exortação (2.10)
A igreja em Esmirna
é admoestada: Nada temas das coisas que hás de padecer. Coisas piores
aguardavam essa congregação: Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão,
para que sejais tentados. Isso mostra que os judeus se uniriam às autoridades
pagãs na perseguição. Ambos seriam instigados pelo diabo. Era ele que, em
última análise, lançava os cristãos na prisão. Tentados significa “testados”. O
verbo grego era usado para testar metais no fogo, para certificar-se de que não
apresentavam impurezas. Da mesma maneira, as almas dos crentes seriam testadas
na fornalha da aflição.
A tribulação
(perseguição) duraria dez dias. Essa expressão indica um breve período (cf. Dn
1.12, 14). Swete comenta: “O número dez provavelmente é escolhido porque,
embora seja suficiente para sugerir a continuidade do sofrimento, ele aponta
para um final que está se aproximando”. Deus cuidaria para que não sofressem
acima do que poderiam suportar. Se fossem fiéis até à morte — provavelmente uma
alusão ao martírio — receberiam a coroa da vida.
Apalavra grega para
coroa não é diadema, significando coroa real, mas stephanos, a coroa do
vitorioso. Apropriadamente, Estêvão (gr., Stephanos), o primeiro mártir
cristão, tinha esse nome. Provavelmente, a frase coroa da vida significa que a
coroa é vida eterna (genitivo epexegético).
5. Convite (2.11a)
Aqui novamente
encontramos a exortação-convite: Quem tem ouvidos ouça o que
o Espírito diz às
igrejas. A mensagem de advertência era necessária não só para os
crentes em Esmirna,
mas para todos os cristãos em todos os lugares.
6. Recompensa (2.
11b)
A promessa para o
vencedor aqui, como no caso de todas as sete cartas, é apropriada para a
mensagem visando a uma igreja em particular. Mesmo se esses fiéis de Esmirna tivessem
de sofrer morte física por causa de Cristo, eles nunca seriam feridos pela segunda
morte — isto é, a morte espiritual. Essa expressão impressionante ocorre nova mente
em 20.6, 14 e 21.8, onde ela é identificada como o lago de fogo, o lugar do
castigo eterno. A frase também é encontrada nos Targuns judaicos (paráfrases
aramaicas do Hebraico do AT). Não receberá o dano é negativo duplo no grego:
“de modo nenhum”.
Tem sido sugerido
(Pulpit Bible) que essa carta transmite “Palavras de Regozijo de um Salvador Reinante
para uma Igreja Sofredora”: 1) Um Salvador vivo acima de todos
(v. 8); 2) Um
Salvador vivo conhecendo tudo (v. 9a); 3) Um Salvador vivo avaliando a todos:
tu és rico; 4) um Salvador vivo antevendo tudo (v. 10); 5) Um Salvador vivo
limitando tudo: dez dias; 6) Um Salvador vivo encorajando a todos (v. l0a); 7)
Um Salvador prometendo vida no fim de tudo (v. 10b).
Elaboração pelo:-
Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica
Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Comentário Bíblico
Beacon
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