DEIXASTE O TEU PRIMEIRO AMOR
Apocalipse 2.1-7
Em
todo o planeta, os olhares voltavam-se para uma história
real
de Cinderela. Era o casamento do século. A exata definição do romance. O
epítome do amor, galanteio e casamento.
Um
casamento abençoado pela aristocracia britânica, e acompanhado, via satélite,
por 750 milhões de pessoas por todo o mundo. O mais cobiçado dos solteirões,
príncipe Charles, duque de Windsor, desposaria a bela lady Diana Spencer. Era
como se ambos vivessem a fantasia do comum dos mortais. Tudo como num conto de
fadas. Um roteiro que poderia ter sido escrito em Hollywood. Havia toda a pompa
e circunstância que alguém poderia esperar de um casamento real.
A
data, 29 de julho de 1981. Como cena, a Catedral de St. Paul, em Londres. Tendo
o escol da sociedade inglesa presente, a rainha e todo o séquito, o príncipe
Charles achava-se em pé, em frente à igreja. Em seu esplendor e garbo militar,
aguarda a noiva. Pelo corredor central, desponta lady Diana num refinado,
gracioso e longo vestido. Já que a realeza já havia firmado suas promessas,
eles declarariam incondicional e resoluta lealdade um ao outro.
Ao
findar a cerimônia, os recém-casados desceram os degraus da Catedral de St.
Paul. Com todos os sinos das igrejas de Londres a repicar, eles subiram na
carruagem real, decorada com fino ouro, e seguiram em direção ao poente. As
ruas de Londres estavam tomadas por milhares de admiradores. Todos tentando ver
os pombinhos. Ao partirem para a lua- de-mel, demonstravam estar muito felizes.
Cheios de vida. De esperança.
Mas
algo trágico aconteceu.
O
relógio marcou meia-noite na história desta cinderela. Em algum lugar, suas
vidas começaram a se separar. Seu amor esfriou. Era, agora, mecânico e
rotineiro. Um conto de fadas, mas comum e ordinário. Fachadas foram erguidas.
Cordialidades trocadas. Aparições feitas em público. Mas tudo aparência. Sua
paixão era agora uma velha história. Coisa do passado.
As
reportagens dos jornais e revistas foram confirmadas quando, em 9 de dezembro
de 1992, o primeiro-ministro inglês John Major trouxe a desalentadora notícia à
Câmara dos Comuns: o conto de fadas havia chegado ao fim. A separação era
inevitável. Não um divórcio; e, sim, uma coexistência tolerada. Legalmente,
permaneceriam casados para que pudessem manter suas regalias. Ocasionalmente,
compareceriam às festas cívicas. Mas apenas para salvar as aparências.
O
fato é que a lua-de-mel acabou. A paixão chegou ao fim. O romance real já é
coisa do passado. A mais celebrada paixão tornara-se desgraça nacional. Bem
diferente do romance entre príncipe Charles e lady Di é o nosso relacionamento
com Jesus Cristo. E a maior história de amor já escrita. O Rei dos reis
cortejou-nos, simples camponeses que éramos, e fez-nos sua noiva real. Assim,
somos a perfeita definição do romance. O epítome do amor, galanteio e núpcias.
Nossos
corações estavam cheios de paixão e ansiedade. O estudo bíblico era tão ansiado
e transformador. As orações traziam-nos imenso refrigério. O louvor era
maravilhoso. Saboreávamos cada momento em sua presença.
Nosso
amor por Jesus Cristo era passional, vibrante, dinâmico, bem ajustado ao que
significa ser cristão: conhecer a Cristo é amá-lo. Nós o amamos porque Ele nos
amou primeiro. Nosso relacionamento era marcado pela intimidade, proximidade e
compartilhamento.
Mas,
como todo relacionamento, nosso amor por Cristo acha- se sujeito a flutuações.
Nalgumas vezes, há enfraquecimento de intensidade. Noutras, a paixão pelo
Senhor começa a deteriorar-se. Vem a rotina. E começamos a não dar a Ele o devido
valor.
A
brasa de nosso amor pode perder a radiante chama. Ainda somos a noiva de Jesus
Cristo. Legalmente, ainda estamos casados. Contudo, é mera coexistência.
Compartilhamos o mesmo coração, mas o relacionamento esfriou.Tudo vazio. Tudo
distante.
Seu
amor por Cristo ainda é forte? Ainda há entusiasmo? Ou já esfriou? O fulgor
todo se foi?
Era
o que havia acontecido com alguns crentes no primeiro século. Em Efeso, já não
havia o primeiro amor. Outrora incendiados por Cristo, sua paixão tornara-se
num pavio fumegante. Antes íntimos, agora distantes dele. Mas Jesus, por amor à
sua igreja, procurou restaurar-lhes o fervor espiritual. Nosso Senhor chama-os
a restaurar o relacionamento. Ele sempre dá o primeiro passo em direção a nós.
Veremos,
aqui, como recarregar nossas baterias espirituais quando estas enfraquecem.
O
Cenário
Uma
viagem à velha Éfeso era como ir hoje a Nova Iorque ou Los Angeles. Era uma
próspera metrópole, a mais proeminente cidade da Asia Menor. Localizada no Rio
Caster, a três milhas do Mar Egeu, Efeso era o maior centro comercial da Asia.
Aí, embarcavam-se as mercadorias através do Mediterrâneo, subindo o Caster,
onde eram distribuídas ao mundo todo.
Éfeso
ficava na encruzilhada do mundo. Aqui, entrelaçavam-se quatro grandes estradas,
trazendo negociantes e mercadores das mais importantes províncias romanas. Os
efésios, por isso, eram mui avançados culturalmente. Eram cosmopolitas nas
artes, dramas e urbanização.
Éfeso
era uma cidade livre. Por sua lealdade a Roma, estava autorizada a ter governo
próprio. Nela, não havia guarnição romana. Nenhuma opressão pairava sobre a
cidade. Era imune à influência e à tirania romanas.
Éfeso
era também o centro do paganismo. Uma das sete maravilhas do velho mundo estava
ali - o templo de Diana. Lugar de intensa idolatria, o templo era tão extenso
quanto dois campos de futebol. Nele, floresciam a prostituição, as bebedeiras e
as orgias. Não admira que tantos negócios viessem ao templo de Diana.
No
templo, criminosos achavam asilo. Era um céu para o perverso. Com suas
prostitutas, eunucos, dançarinas e cantores, era o esgoto da iniqüidade. Mas no
meio dessa cidade, Deus plantara uma próspera igreja. E melhor desempenhar uma
missão nas portas do inferno do que pregar ao coral dos anjos. Deus sempre constrói
sua igreja onde as circunstâncias parecem menos favoráveis. Esta é a graça de
Deus.
O Remetente
Para
esta igreja, localizada em meio a tamanha idolatria e imoralidade, Jesus
identifica-se da seguinte maneira:
Escreve ao anjo da igreja que está em
Éfeso: Isto diz aquele que tem na sua destra as sete estrelas, que anda no meio
dos sete castiçais de ouro; ...
(Ap 2.1).
O
Remetente não é nominado. Mas, obviamente, trata-se de Jesus Cristo. Ele é o
mesmo que se revelara a João na estrondosa visão de Patmos. E o próprio Senhor
ditando e elaborando a carta. Jesus dirige a carta ao anjo da igreja. A palavra
anjo significa mensageiro. Refere-se ao que tem como ministério primordial
levar a mensagem à congregação. Hoje, o chamaríamos de pastor ou ancião. E através
dele que esta mensagem é trazida à igreja.
Como
Jesus se revela a este rebanho?
Segurando Sete Estrelas
Jesus
é o que segura as sete estrelas. Ele exerce controle direto sobre os sete
corpos celestes. Estes estão firmemente seguros em sua mão direita. João já nos
declinou a identidade das sete estrelas. São os anjos das sete igrejas (Ap
1.20). Cada igreja tem um anjo ou mensageiro, cuja função primária é cuidar da
vida espiritual da congregação. Estes homens são chamados para guiar as
igrejas, comunicando-lhes a Palavra de Deus.
Eles
estão encarregados do ensino bíblico, lides pastorais e liderança espiritual.
Jesus
segura-os em sua mão direita - lugar de rigorosa responsabilidade, proteção
fortíssima e utilidade estratégica. Segurar significa deter algo nas mãos, é
como agarrar uma pequena pedra ou moeda com as mãos fechadas. Em sua destra, os
líderes espirituais são cercados pelo cuidado de Cristo. São completamente
controlados por Ele. Jesus os escolheu e usa-os como quer.
Todo
líder espiritual - seja pastor, ancião, missionário, líder de estudo bíblico ou
pai, é igualmente responsável diante de Deus. Todo aquele que comunica sua
Palavra é diretamente responsável diante de Cristo.
Inspecionando as Igrejas
Jesus
anda no meio dos sete castiçais. Como Senhor da Igreja, encontra-se entre os
candeeiros. Esta inspeção o mantém intima- mente envolvido com a vida de cada
congregação. Anda pelos corredores, examina os bancos de cada igreja. Anda
pelas salas de aula, senta-se no conselho. Não há segredos para Ele. Jesus
inspeciona, mede, avalia e observa a condição espiritual de cada rebanho. Em
Éfeso, Cristo mostra-se como aquEle que possui autoridade e controle absolutos
sobre a liderança da igreja. E mantém olhar vigilante sobre a congregação.
As Forças
Éfeso
era uma igreja extraordinária! Não nos surpreende que Jesus iniciasse a carta
elogiando-lhe os membros. Ao andar no meio dos seus castiçais, o Senhor viu
muitas qualidades pelas quais parabeniza-a.
Eu sei as tuas obras, e o teu
trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus, e pusestes à prova
os que dizem ser apóstolos e o não são, e tu os achaste mentirosos. E sofreste,
e tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome, e não te cansaste (Ap 2.2,3).
No
centro de suas virtudes, estava o ministério dinâmico. Era o trabalho pesado,
constantemente servindo a Cristo. Não um museu para santos passivos, mas uma
infantaria para trabalho ativo. Cristandade não era um esporte para aqueles
crentes. Eles não iam à igreja para se entreterem. Estavam envolvidos
ativamente no trabalho do ministério com sacrifício, desinteressadamente,
servindo, fazendo, dando, indo, labutando.
Trabalho e Paciência
Jesus
disse “Eu sei as tuas obras e o teu trabalho, e a tua paciência”. “Trabalho”
(kopas) significa que serviam a Cristo até a exaustão. Um suor santo corria de
suas testas enquanto ministravam. “Paciência” ou perseverança (hupomone)
significa que ministravam sob grande stress e pressão. Ao receber uma tarefa,
levavam-na até o fim.
Eles
eram motivados e ativos. Ensinavam a Bíblia. Ganhavam as almas. Ajudavam uns
aos outros. Alimentavam aos pobres. Executavam o ministério por todos os lados,
sem preguiça ou letargia.
Esta
qualidade é muito própria de Cristo. Jesus não veio para ser servido, mas para
servir (Mc 10.45). Ele entregou sua vida pela humanidade. Sua vida terrena era
repleta de boas obras, labuta generosa, dias longos, horas fatigadas.
Esforçava-se até a exaustão. Serviu incansavelmente durante os dias de seu
ministério.
Rigoroso e Estável
Esta
igreja não suportava o mal. Tinha alto padrão moral; não tolerava o pecado. Com
zelo santo, banira a iniqüidade violentamente. Moralidade era preto no branco,
sem nenhuma área cinzenta. Se algum de seus membros caia em pecado,
confortava-o com amor, chamando-o ao arrependimento. Se não se arrependesse, a
igreja não permitiria que o fermento se espalhasse. Como que operando um câncer
mortal, eliminava o pecado onde quer que o encontrassem. Éfeso não era um clube
de campo. Não pareciam santos no domingo, agindo como ímpios na segunda-feira.
Eram santos sempre. Sua igreja suporta o mal? Tolera a iniqüidade na vida de
seus membros? Está comprometida em exercitar a disciplina?
Jesus
parabenizou-os: “Puseste a prova os que dizem ser apóstolos e o não são, e tu
os achaste mentirosos”. Quando os itinerantes vinham a Efeso, sua doutrina era
colocada à prova antes que subissem ao púlpito. Os efésios tinham conhecimentos
sólidos da doutrina; eram teologicamente notáveis. Erros doutrinários não eram
tolerados. Para eles, as coisas tinham de ser: pão, pão, queijo, queijo. Podiam
sentir a heresia à milhas de distância. Tão logo divisavam as heresias, os
alarmes eram soados.
Com
quarenta anos de existência, a igreja em Éfeso dispunha de excelentes
ensinadores. Fundada pelo apóstolo Paulo (At 18.19- 21), os crentes foram
disciplinados por Aquila (At 18.26), doutrinados por Apoio (At 18.24,25),
pastoreados por Timóteo (lTm 1.3) e instruídos por João.
Direta
ou indiretamente, tinham sido os beneficiários de oito livros do Novo Testamento:
João, Efésios, 1 e 2 Timóteo, 1, 2 e 3 João e Apocalipse. Paulo estava em Efeso
quando escreveu 1 Coríntios.
Era
a cidadela da ortodoxia. O baluarte da verdade. A fortaleza da fé. Tudo isto é
importante. O vigor de um ministério encontra- se em sua pureza doutrinária.
Como os alicerces de uma casa, a correção teológica proporciona estabilidade,
força e longevidade.
Vivemos
dias onde as igrejas são construídas sobre desinformação teológica. Temos nos
divorciado da rainha das ciências - a teologia - por termos um caso com as
ciências comportamentais: psicologia e sociologia. Sacrificamos a pureza doutrinária
no altar de tolerância teológica. Que Deus tenha misericórdia de nós.
Firme e Forte
Jesus
disse: “E sofreste, e tens paciência, e trabalhaste pelo meu nome, e não te
cansaste” (v. 3). Não obstante à oposição crescente à Cristo, esta igreja
permaneceu como sólida rocha. Seus crentes não recuaram em sua missão. Enquanto
vivessem no esgoto do paganismo, cuidaram com tenacidade de seu testemunho cristão.
Mesmo atacados por suas convicções, não recuaram. Suportavam tudo em nome de
Jesus. Serviam pela glória do Senhor, não por sua própria reputação. Esta é uma
igreja dinâmica!
Precisamos
de congregações como esta. Rigorosa. Perseverante. Precisa. Sadia. Estável. E
forte. Tinha substância. Se você fosse a um de seus cultos, teria a impressão
de estar no corpo de fuzileiros de Deus. Os efésios sentiam-se como o mesmo
orgulho. Eles tinham suprimento para todos. Seus ministros eram copiosos. O
local era farto! O que poderia estar errado numa igreja como esta?
Muita
coisa.
Eles
tinham tudo exceto o principal.
O Pecado
Abruptamente,
Jesus muda de tom. O Mestre coloca seu dedo na ferida da igreja. Ele aponta a
falha fatal, tão sério que colocava em perigo a existência da própria igreja. O
que poderia ser?
Jesus
disse:
Tenho, porém, contra ti que deixaste
a tua primeira caridade (Ap 2.4).
Esta
repreensão - “Tenho, porém, contra ti” - causa-me calafrios todas asvezes que a
leio. Dói quando alguém tem algo contra você. E quando se trata de Jesus?
Éfeso
havia deixado o primeiro amor. Entre os seus muitos ministros, todos tenazes e
fiéis, o amor por Cristo tinha se esfriado. Quanto mais ocupados, mais se
afastavam da devoção a Cristo. O primeiro amor é fervoroso, passional e
apaixonado. É como o de recém-casados. E romântico. E uma atração mística. Os
corações se acendem. O romance inflama. As vidas se apaixonam, tornam-se uma.
Mas algo acontece.
Em
algum lugar na rotina diária do casamento, a lua-de-mel termina. Nascem as
crianças. A carreira decola. Os negócios se expandem. As atividades aumentam. O
stress se multiplica. E, repentinamente, duas pessoas acordam totalmente
estranhas.
O
gotejamento foi a causa do declínio de Éfeso. Seu amor devotado por Cristo esfriara.
Seu ministério fizera-se mecânico. O relacionamento, rotineiro. Doxologia agora
era ortodoxia. Eles ainda vinham à igreja. Ainda serviam. Sua fé ainda era
verdadeira. Mas seus corações não iam além disto. Tinham muitas atividades por
Cristo, mas pouca intimidade com Ele. Suas cabeças estavam cheias, os pés,
ocupados; mas seus corações já estavam vazios. Este esfriamento sempre ocorre
em momentos extraordinários; aponta para um afastamento gradual. Significa
deixar algo para trás. Esta separação não acontece da noite para o dia.
Acontece em algum lugar da jornada terrena.
Recordo-me
de um casal que voltava da igreja. A esposa, sentada no distante banco da
direita. O marido, atrás do volante. Aparentemente, um grande abismo os
separava.
Com
olhos solitários, ela olhou para ele, e disse: “Querido, lembra-se das
primeiras vezes em que nos encontramos, como costumávamos sentar próximos um do
outro? Você costumava colocar o seu braço ao meu redor. O que aconteceu àqueles
dias?”
Com
uma mão segurando firmemente o volante, e a outra descansando no assento vazio
do meio, ele respondeu: “Eu não mudei”. E, de fato, quem havia mudado era ela.
Aquela esposa tinha deixado o primeiro amor.
Foi
o que aconteceu à igreja em Éfeso. Com o passar dos anos, deixara o primeiro
amor. Afastara-se de Cristo. Agora, imagine se. o seu cônjuge lhe declarasse:
“Eu não amo mais você, mas nada vai mudar. Continuarei aqui, ajudando na
educação dos filhos, dormindo com você. Apenas não amo mais você. Está bem
assim?” De maneira nenhuma! Você ficaria arrasado. Contudo, é o que estamos
dizendo ao Senhor: “Jesus, eu não te amo mais como antes. Mas continuarei indo
à igreja, servindo e testemunhando. Apenas não te amo mais”.
Também
não está bem para Jesus! Ele quer um relacionamento, não uma representação. Sua
advertência é séria: “Deixaste o teu primeiro amor”. Isto é grave!
Jesus
afirmou certa vez que o maior mandamento é amar a Deus (Mt 22.37-39).
Precisamos amá-lo com todo nosso coração, alma, mente e força. O amor por
Cristo precisa preencher todas as lacunas de nosso ser. Sem amor por Ele, somos
apenas um metal que soa, um sino que tine ( I Co 13.1). Nossos corações
precisam pulsar com um estonteante, passional e vibrante amor por Cristo. Caso
contrário: nada seremos.
Se
falhamos em amá-lo, desobedecemos o maior mandamento. Não importa se guardamos
os demais mandamentos; não podemos quebrantar este. Deixar o primeiro amor é
pecado capital. Se nosso amor por Cristo é frio, de nada adianta servi-lo ou
crer nEle. A perda do primeiro amor distancia-nos de seu favor. E a sua lua-
de-mel espiritual já terminou? E a sua paixão? Se isto aconteceu, é sinal de
que você já perdeu o seu primeiro amor.
Em
meio à multidão, é fácil entrar no ritmo da igreja. Freqüentar o estudo
bíblico. Usar o jargão correto. Sair com o grupo certo. Você pode fazer tudo e,
mesmo assim, não sentir mais nada por Cristo. Mas quanto mais você o fizer,
mais vazio se sentirá. Há um sentimento que o atormenta profundamente. Você se
afastou do Senhor. E sabe disto!
Então
o que deve fazer?
Como
pode reconquistar o primeiro amor?
A Solução
Agora,
o amoroso Jesus pleiteia com a igreja de Éfeso. De braços abertos, prescreve os
passos que levam de volta à lua-de-mel. Eis como podemos nos achegar a Ele
novamente. Como reconquistar nossa paixão por Cristo.
Lembra-te pois donde caíste e
arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei e
tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres. Tens, porém, isto:
que aborreces as obras dos nicolaítas, as quais eu também aborreço (Ap 2.5,6).
Primeiro Passo: Lembrar
Em
primeiro lugar, Jesus exorta: “Lembra-te de onde caíste”. Noutras palavras,
lembre-se de quando aceitou a Jesus. Reviva aquele sentimento inicial, quando
você realmente amava a Jesus. Você pode lembrar-se de como amava a Jesus? De
como era apaixonado por Ele? Sempre que abria a Palavra, Deus lhe dizia algo.
Ao orar, o céu se abria! Por onde quer que fosse, sentia necessidade de falar
às pessoas sobre Ele. Onde houvesse necessidade, você ministrava em nome de
Jesus. Cristo lhe havia feito tanto, que não lhe restava outra alternativa
senão servi-lo.
Você
pode se recordar destes momentos?
Eu
posso. Quando estava no curso secundário, fui ao campo Young Life, no Cobrado.
Ainda posso ouvir o orador discorrendo sobre o Jesus que transforma água em
vinho. Esse mesmo Cristo transformou minha vida.
Após
ouvir a mensagem, comecei a andar pelo ar frio do Cobrado, e olhei para o céu
repleto de estrelas. Estava dominado pela majestade de Deus. Como era possível
um Deus tão grande me amar? Meu coração queria abrir-se. Eu estava maravilhado!
Falei a Cristo que queria conhecê-lo melhor, e amá-lo por toda a minha vida.
Você
pode lembrar-se de momentos como este. Mais tarde, no colégio, sentava-me em
meu dormitório, já tarde da noite, e lia a Palavra de Deus. Cristo era tão
real! Deus era tão vivo! Eu carregava minha Bíblia para a classe, e a lia nos
intervalos. Grifava os versos que falavam diretamente ao meu coração. Meu Novo
Testamento estava todo grifado! Eu era apaixonado por Cristo.
Você
pode lembrar-se de momentos como este?
Após
formar-me, filiei-me a uma dinâmica igreja em Menphis, Tenessee. Sempre que se
abriam as portas do templo, sentava-me na primeira fileira. Tudo que o pregador
falava, era para mim. Eu chorava quando o coro cantava, O Espírito tocava-me o
coração quando as pessoas eram salvas.
Você
pode lembrar-se de momentos como este?
Para
alguns de nós, tais momentos haviam ocorrido há apenas três meses. Para outros,
há três ou dez anos.
O
caminho de volta começa com tais lembranças. A memória é revivida. Lembre-se da
alegria que Cristo lhe proporcionava. Você realmente amava a Cristo. Estava
apaixonado por Ele. Consegue lembrar-se da cova de que foi tirado?
É
assim que o reavivamento começa - lembranças!
Segundo Passo: Arrepender-se
Em
segundo lugar, Jesus disse: “Arrepende-te”. Após lembrar-se, arrependa-se.
Arrependimento significa mudar a direção da vida. E uma mudança de coração,
mente e vontade. Significa voltar às coisas como eram antes. E uma volta a
Cristo.
O
fato é que alguma coisa, ou alguém, suplantou seu primeiro amor. Não significa
que não o tenha mais. A questão é que você tem um novo primeiro amor.
Qualquer
coisa que você ame mais do que a Cristo é seu novo primeiro amor. Pode ser seu
trabalho, um relacionamento, curso, casa ou família. Seja o que for, é qualquer
coisa, ou pessoa, que o estimule mais do que Cristo.
Arrependa-se!
Mude sua vida! Tom nova direção. Ajoelhe-se e confesse sua apatia espiritual.
Volte o coração a Jesus. Como ato decisivo de sua vontade, mude seu coração. Confesse
a Deus: “Pai, meu coração tem estado distante de ti. Quero mudar. Jesus, estou
mudando minha vida. Neste momento, rededico minha vida a ti. Que a paixão por
ti volte à minha vida”.
Tiago
assim recomenda: “Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós” (Tg 4.8). Se
dermos o primeiro passo, Deus achegar-se-á a nós.
Terceiro Passo: Repetir
A
exortação de Cristo é clara: “Pratica as primeiras obras”. Os efésios são
instruídos a repetir as primeiras atividades espirituais. Noutras palavras:
“Voltem às bases”. O que são estas primeiras obras? Jesus não as especifica.
Mas podemos descobri-las através de outras escrituras do Novo Testamento.
As
primeiras obras eram aquelas praticadas quando da aceitação da fé. Após a
pregação de Pedro, no Pentecostes, três mil almas foram convertidas e
batizadas, tornando-se membros da igreja. E já perseveravam na doutrina dos
apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações (At 2.42).
Estas
são as primeiras obras: o ensino, o companheirismo, o louvor e a oração.
Sua
base diária eram as verdades doutrinárias ensinadas pelos apóstolos. A verdade
bíblica é essencial à saúde espiritual. E a Palavra de Deus que estimula nossos
corações a amar a Cristo. A Palavra inflama a paixão por Cristo. “Porventura
não ardia em nós
o
nosso coração quando, pelo caminho, nos falava, e quando nos abria as
Escrituras?” (Lc 24.32)
Eles
mantinham a comunhão. Estavam continuamente encorajando uns aos outros.
Suportavam-se e confortavam-se mutuamente. Juntos partiam o pão. A igreja
primitiva adorava a Cristo regularmente, participando da Santa Ceia do Senhor.
A comunhão com o Cristo vivo mantinha acesa a lâmpada de seus corações. A mesa
do Senhor cultiva a reverência, pureza, gratidão e antecipa a volta de Cristo.
A
igreja primitiva passava muito tempo sobre os joelhos. Ajoelhar na presença de
Deus era tão necessário quanto respirar. Gozavam de íntima comunhão com Ele.
Sete dias sem orar enfraquece o crente. A oração personaliza o estudo bíblico,
transforma a verdade de Deus em devoção pessoal a Cristo. Ela mantém-nos
fervorosos em nosso primeiro amor.
Se
você deixou o primeiro amor, volte ao princípio. Volte ao estudo bíblico, à
comunhão, à adoração. Volte a orar. Estas disciplinas conduzem-nos ao perfeito
amor por Cristo. Nas Escrituras, ouvimos de Cristo. Na comunhão, partilhamos a
Cristo. Na mesa do Senhor, temos intimidade com Cristo. Orando, falamos com
Cristo. Estas bases espirituais sempre levam-nos a Cristo!
Se
os efésios não dessem estes passos em direção a Cristo, este seria o veredito:
“A ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres”. Ou
seja: “Se vocês perderam o primeiro amor por mim, conseqüentemente perderão o
castiçal”. Isto é sério! Ficariam sem amor, sem luz. Esta ainda não é a segunda
vinda de Cristo. É uma visitação especial para juízo e disciplina. Se não
voltassem ao primeiro amor, Jesus lhes tiraria a luz. Isto inclui a perda do
testemunho.
Tragicamente,
isto já tem acontecido em muitas igrejas. A congregação ainda se reúne domingo
após domingo. O comitê de finanças ainda supervisiona o orçamento mês após mês.
As pessoas ainda servem dia após dia, mas não há luz. A ordem de Cristo é
clara: “Apaguem as luzes, a festa acabou!”
Quarto Passo: Permanecer
Jesus
declara: “Tens, porém, isto: que aborreces as obras dos nicolaítas, as quais eu
também aborreço” (v. 6). Jesus conclui, instruindo-os a continuar a batalha
contra o pecado. Que a verdade prevaleça, que haja resistência aos falsos doutrinadores.
Quão
sensível éo coração de Jesus em relação à sua Igreja! Ele não a diminui.
Conclui a carta com a frase: “Aborreceis as obras dos nicolaítas, as quais eu
também aborreço”. Essencialmente, Jesus está dizendo: “Estamos no mesmo
batalhão. Não somos diferentes. Ambos detestamos as obras dos nicolaítas.
Permaneçam assim!”
O
que são as obras dos nicolaítas? Eram mestres itinerantes que ensinavam a
antinomia - uma perigosa heresia que encorajava à libertinagem. Ensinavam que o
cristão podia viver da maneira que bem entendesse, pois a graça cobre todas as
coisas. Não há conseqüências para o pecado. Examinaremos o ensino dos
nicolaítas mais profundamente num capítulo mais adiante.
Analisando
os quatro passos críticos, notamos que cada um conduz novamente a Cristo.
Lembrar... arrepender-se... repetir... permanecer! Cada passo reacende nosso
primeiro amor por Cristo.
O Alerta
Jesus
conclui com uma ordem a todos os crentes. Toda Escritura requer nossa
obediência. Mas aqui, Jesus faz um apelo especial para que se observe a sua
palavra.
Quem
tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas (Ap 2.7 a).
Webster
define alerta como a chamada para uma ação específica. Aqui, Jesus faz um
alerta a todas as igrejas - note o plural. Este alerta é para todas as igrejas
em todos os tempos. E para cada crente - note o singular. Para todos os crentes
de todas as igrejas e em todos os tempos.
O
alerta é para que seja dada atenção especial ao que Jesus acaba de dizer pelo
Espírito Santo. Convida-nos a ouvir cuidadosamente e a considerar decisivamente
a mensagem. Estas verdades são de grande importância.
Você
deixou o primeiro amor? Há muitas igrejas como a de Éfeso. São conhecidas pelo
zelo doutrinário, cultos fervorosos, pureza e segurança quanto à verdade. Mas
tal fervor é freqüentemente acompanhado pela perda do primeiro amor. Tão
freqüente, que resulta em aumento de atividades e diminuição do amor a Cristo. Você
deixou o primeiro amor? Seu coração esfriou? Tornou-se tão ocupado que não pode
passar algumas horas com Ele? Se isto acontece, dê os passos necessários para
estar a sós com o Senhor. Faça planos definidos para reconquistar o primeiro
amor.
A Promessa
Aos
que vencerem a apatia espiritual e retornarem ao primeiro amor, Jesus faz uma
grande promessa.
Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da
árvore da vida, que está no meio do paraíso de Deus (Ap 2.7b).
Especificamente,
esta promessa é endereçada ao vencedor. Todo verdadeiro cristão é vencedor. As
Escrituras dizem: “Quem é que vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o
Filho de Deus” (1 J0 5.5). Todos os que receberam a Cristo, compartilham de sua
vitória sobre o pecado, Satanás e a morte. Todos os verdadeiros crentes
vencerão em virtude do ministério perseverante do Espírito Santo (FI 1.6).
O
que reconquistar o primeiro amor, comerá da árvore da vida. Quando Adão pecou,
foi expulso do Eden. Sob o julgamento de Deus, ficou proibido de comer da
árvore da vida. Na verdade, foi um ato de misericórdia da parte de Deus. Se
Adão tomasse da árvore da vida, viveria eternamente (Gn 3.22) em pecado. Mas
quando o pecado for totalmente removido, readquiriremos tal direito.
Em
Cristo, o acesso à árvore da vida é recobrado. Em Gênesis, o Paraíso é perdido.
No Apocalipse, recuperado. Assim sendo, a árvore da vida torna-se o suporte
para a história da redenção revelada nas Escrituras. Satisfação, força e
salvação pertencem ao vencedor.
Certa
vez, achava-me tão ocupado servindo à igreja, e tão preocupado com nossos
filhos, que já negligenciava minha esposa, Anne. Levantava-me cedo, corria para
o escritório, estudava para os sermões, atendia telefone, voltava para casa,
brincava com as crianças, jantava, ajudava-as nas tarefas escolares, dava-lhes
banho, colocava-as para dormir e desmaiava. Dia após dia, semana após semana,
mês após mês.
Sentia-me
muito cansado para falar com Anne. Mesmo quando tentava conversar com ela, não
podia. O telefone tocava. Alguém batia à porta. As crianças choravam. A igreja
chamava. Eu estava sempre ocupado. Eu tinha de fazer algo. Dando um passo radical,
comprei duas passagens de trem para Dallas.
Fomos
sozinhos.
Meu
plano era passarmos sete ininterruptas horas no trem para estarmos a sós.
Apenas nós dois. Sem encontros do comitê. Sem conselheiros, crianças, telefone,
livros ou emergências. Sem interrupções.
Apenas
Anne e eu.
A
sós.
Ao
embarcarmos, havia um vagão só para nós! O trem saiu da estação. Estávamos
finalmente sozinhos, de volta um para o outro. A princípio conversamos com
dificuldade. Quase não sabíamos o que dizer um ao outro. Não havia crianças
para interromper. Olhamos a paisagem e depois, um para o outro.
Uma
pequena conversa logo tornou-se íntima. Aqui estava a mulher com quem me
casara. Fazia muito tempo que não tínhamos um momento como este. Era exatamente
o que precisávamos. Uma segunda lua-de-mel. Apenas nós dois. Você precisa fazer
o mesmo com o Senhor?
Você
precisa dar passos decisivos para estar a sós com Ele? O seu relacionamento com
Cristo está congestionado? Você está tão apressado para passar algum tempo com
Ele? Está tão ativo? Distante? Frio? Impessoal?
Dê
um passo decisivo agora. Lembre-se como era o seu relacionamento com Jesus.
Arrependa-se de sua frieza. Repita as coisas básicas. Estudo bíblico, comunhão,
adoração e oração. Permaneça na luta contra o pecado. Determine estar a sós com
Cristo.
Você
deixou seu primeiro amor?
Ele
está esperando para estar a sós com você.
Apenas
Ele e você.
Sozinhos.
Elaboração
pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja
Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Livro:-
Alerta Final – Steven J. Lawson
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