sexta-feira, 27 de abril de 2012

A Igreja em Tiatira -- vv. 18-29


A Igreja em Tiatira -- vv. 18-29

A forma de cada carta em cada caso é basicamente a mesma; e nessa, como nas outras, temos de considerar o sobrescrito, o conteúdo e a conclusão. Temos então:

O sobrescrito, contando-nos: 1. A quem é dirigida:“...ao anjo da igreja de Tiatira”, uma cidade da Asia proconsular, fazendo divisa com a Mísia ao norte e a Lídia ao sul, uma cidade de comércio de onde veio a mulher chamada Lídia, “vendedora de púrpura”, que, estando em Filipos, na Macedônia, provavelmente em virtude de seu oficio, “ouviu Paulo pregar ali”, e “o Senhor lhe abriu o coração para que estivesse atenta ao que Paulo dizia, e creu e foi batizada”, e recebeu Paulo e Silas ali. Não sabemos se foi por meio dela que o evangelho foi levado para a sua própria cidade, Tiatira; mas essa carta nos garante que estava lá, e foi bem-sucedido ao ponto de formar uma igreja do evangelho.

2. Por quem foi enviada: pelo Filho de Deus, que aqui é descrito como tendo “olhos como chama de fogo, e os pés semelhantes ao latão reluzente”. O seu título geral é Filho de Deus, isto é, o eterno e unigênito Filho de Deus, o que denota que ele tem a mesma natureza do Pai, mas com uma maneira distinta e subordinada de subsistência. A descrição que temos dele aqui está em dois aspectos: (1) Que os seus olhos são como chamas de fogo, significando o seu conhecimento agudo, penetrante e perfeito, de percepção profunda de todas as pessoas e coisas, “... aquele que sonda as mentes e os corações” (v. 23), e vai fazer com que todas as igrejas saibam que Ele o faz. (2) Que os seus pés são como latão reluzente, que as emanações da sua providência são constantes, tremendas e totalmente puras e santas. Assim como Ele julga com sabedoria perfeita, assim Ele age com força e firmeza perfeitas.

O conteúdo do tópico da sua carta, que, como nas restantes, incluem:

1. A natureza honrada e o elogio que Cristo faz a essa igreja, ministério e povo; e isso foi feito por alguém que não era desconhecido deles, mas bem familiarizado com eles e com os princípios segundo os quais eles procediam. Agora nessa igreja Cristo faz menção honrosa: (1) Da sua caridade, seja a mais geral de fazer o bem a todos os homens, seja a mais específica, de fazer bem à casa da fé; não há religião sem caridade.
(2) Do seu serviço, o seu ministério; isso diz respeito principalmente aos obreiros da igreja, que tinham trabalhado na palavra e na doutrina. (3) Da sua fé, que era a graça que estimulava todo o resto, tanto sua caridade quanto seu serviço. (4)
Da sua paciência; pois os que são os mais caridosos aos outros, os mais diligentes no seu lugar e os mais fiéis, precisam esperar deparar com o que vai exercer a sua paciência. (5) Da sua frutificação crescente: suas últimas obras são melhores do que as primeiras. Isso é um aspecto excelente; enquanto outros tinham deixado o seu primeiro amor, e perdido o seu primeiro zelo, estes estavam se tornando mais sábios e melhores.
Deveria ser a ambição e o sincero desejo de todos os cristãos que as suas últimas obras fossem as melhores, que fossem melhores a cada dia, e as melhores no final.

2. Uma censura conscienciosa do que estava faltando. Isso não é dirigido tanto contra a igreja como um todo, mas contra alguns sedutores perversos que estavam entre eles; a falha da igreja era que era muito conivente com eles. (1) Esses perversos sedutores são comparados a Jezabel, e chamados pelo seu nome. Jezabel foi uma perseguidora dos profetas do Senhor, e uma grande patrocinadora dos idólatras e falsos profetas. O pecado desses sedutores era que eles tentavam desviar os servos de Deus para a fornicação, e a sacrificarem aos ídolos; eles se autodenominavam profetas, e assim reivindicavam autoridade e consideração superiores pelos ministros da igreja.

Duas coisas agravaram os pecados desses sedutores, que, sendo eles um em seu espírito e propósito, são considerados uma pessoa: [1] Eles fizeram uso do nome de Deus para se opor à verdade da sua doutrina e adoração; isso de fato agravava bastante o seu pecado. [2] Eles abusavam da paciência de Deus para se endurecerem na sua maldade. Deus lhes deu oportunidade para o arrependimento, mas eles não se arrependeram.

Observe que, em primeiro lugar, o arrependimento é necessário para impedir a ruína do pecador. Em segundo lugar, o arrependimento exige tempo, um curso de tempo, e um tempo conveniente; é uma grande obra, e uma obra de tempo. Em terceiro lugar, sempre que Deus dá espaço para o arrependimento, Ele espera que a isso correspondam os frutos do arrependimento. Em quarto lugar, sempre que a oportunidade para o arrependimento é desperdiçada, o pecador perece com dupla destruição.

(2) Agora por que a doença dessa mulher Jezabel deveria ser atribuída à igreja de Tiatira? Porque essa igreja tolerou que ela seduzisse o povo daquela cidade. Mas o que a igreja poderia ter feito? Como igreja, eles não tinham poder civil para banir ou aprisioná-la; mas eles tinham poder ministerial para excluí-la: e é provável que ao negligenciarem o uso do poder que possuíam haviam se tornado cúmplices do pecado dela.

3. O castigo dessa sedutora, dessa Jezabel (vv. 22,23), no qual está embutida a predição da queda da Babilônia. (1) “Eis que aparei numa cama”, numa cama de dor, não de prazer, numa cama de chamas; e os que pecaram com ela sofrerão com ela; mas isso ainda pode ser impedido por seu arrependimento. (2) “E ferirei de morte a seus filhos”; isto é, com a segunda morte, que faz o serviço de forma eficaz, e não deixa esperança para a vida futura, não há ressurreição para os que são mortos pela segunda morte, mas somente para a vergonha e o desprezo eterno.


4. O propósito de Cristo na destruição desses perversos sedutores, e isso foi a instrução dos outros, especialmente de suas igrejas: ... e todas as igrejas saberão que eu sou aquele que sonda as mentes e os corações. E darei a cada um de vós segundo as vossas obras”. Deus é conhecido pelo juízo que fez; e, por meio da vingança executada contra os sedutores, Ele tornaria conhecidos: (1) Seu conhecimento infalível do coração dos homens, de seus princípios, desígnios, disposição e temperamento, de sua formalidade, sua indiferença, suas inclinações secretas para simbolizar com os idólatras. (2) Sua justiça imparcial, ao dai a cada um segundo as suas obras, para que o nome de cristão não seja nenhuma proteção, e suas igrejas não sejam um santuário, para pecados e pecadores.

5. O encorajamento dado àqueles que se mantêm puros e não se mancham: “Mas eu digo a vós e aos restantes...” (v. 24). Observe: (1) O que esses sedutores chamavam de suas doutrinas — profundezas, profundos mistérios, entretendo as pessoas, e se esforçando em convencê-las de que eles tinham uma percepção mais profunda da religião do que seus próprios ministros haviam obtido. (2) O que Cristo os chamou — “profundezas de Satanás”, desilusões e ardis satânicos, mistérios diabólicos; pois há o mistério da injustiça, como também o grande mistério da piedade.

E coisa perigosa desprezar o mistério de Deus, e tão perigoso receber os mistérios de Satanás. (3) Como Cristo é afável para com os seus servos fiéis: “Outra carga vos não porei. Mas o que tendes, retende-o até que eu venha (vv. 24,25). Eu não vou sobrecarregar vossa fé com mistérios novos, nem vossa consciência com leis novas. Somente chamo a vossa atenção para o que já recebestes. Retende-o até que eu venha, e não espero nada mais”. Cristo está vindo para pôr um fim em todas as tentações do seu povo; e, se eles se apegarem firmemente à fé e à boa consciência até que Ele venha, todas as dificuldades e o perigo passarão.

Chegamos agora à conclusão dessa mensagem (vv. 26-29). Aqui temos:

1. A promessa de uma ampla recompensa aos crentes perseverantes e vitoriosos, em duas partes: (1) Grande poder e domínio sobre o resto do mundo: “...poder sobre as nações”, o que pode ser uma referência ou ao tempo em que o império se tornaria cristão, e o mundo estaria sob o governo de um imperador cristão, como no tempo de Constantino; ou ao outro mundo, quando os crentes sentarão com Cristo no seu trono de julgamento, e se unirão a Ele ao julgar condenar e entregar ao castigo os inimigos de Cristo e sua igreja: Os retos terão domínio sobre eles na manhã. (2) Conhecimento e sabedoria adequados a esse domínio: “...dar-lhe-ei a estrela da manhã”. Cristo é a estrela da manhã.

Ele traz consigo o dia para dentro da alma, a luz da graça e da glória; e Ele dará ao seu povo a perfeição de luz e sabedoria que é necessária para o estado de dignidade e domínio que eles terão na manhã da ressurreição. 2. Essa carta conclui com a chamada comum de atenção: “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas”. Nas cartas anteriores, esse pedido de atenção vem antes da promessa final; mas nesta, e em todas que seguem, vem depois, e nos diz que todos nós deveríamos dar atenção às promessas como também aos preceitos que Cristo recomenda às igrejas.


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

Comentário Bíblico Mathew Henry  - Novo Testamento Edição Completa

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