domingo, 29 de abril de 2012

ISTO DEIXA DEUS DOENTE

ISTO DEIXA DEUS DOENTE!

Apocalipse 3.14-22

Uma dor palpitante me atinge como o trem de carga que se aproxima. Faz lembrar-me que já é segunda-feira. A cada batida do coração, a dor aguda atinge-me o cérebro. E torturante. Isto sempre acontece às segundas-feiras. Nunca às terças. Nem às quartas. Sempre às segundas. Segunda feira de manhã é quando as maiores enxaquecas me atingem e deixam-me paralisado. Fico de molho pelas próximas 24 horas. Que dia! Estas enxaquecas me dão vontade de arrancar a cabeça. Qualquer coisa que amenize a dor. Minhas têmporas latejam. A dor centraliza-se na cavidade ocular, na testa ou no pescoço.
Mas esta não é a pior parte.

O pior é o ataque de náuseas. Meu estômago vira um vulcão furioso, pronto para a erupção. Quando acordo com esta dor de cabeça, tento controlá-la com analgésicos, mas sucumbo-me eventualmente. Preso à cama, tento dormir. Mas quem pode dormir com tamanha dor? Então me levanto, mas já estou tão fraco que desfaleço de exaustão.
Em poucas horas, acordo e recobro os sentidos. Apenas para vomitar novamente. Então desfaleço até a tarde, reduzido ao estado vegetativo. O que me faz tão doente? O que sempre me atinge nas manhãs de segunda?

Não há mistérios sobre a causa da enfermidade. A segunda feira é sempre precedida pelo domingo. E domingo significa igreja. A causadora desta dor é a igreja.
A igreja aos domingos sempre me aniquila física, emocional e espiritualmente. Sair de casa às 5h45min da manhã e nunca conseguir chegar antes das nove e meia da noite, deixa-me exaurido. Pregando três vezes. Orando. Aconselhando. Visitando. Atendendo a encontros. Cumprimentando visitantes. Fazendo anúncios. Ouvindo reclamações.

Achando itens perdidos. Consertando a máquina de xerox. Reescrevendo notas para os sermões. Beijando crianças. Encontrando parentes. Permanecendo até que a última pessoa vá embora. E sem comer até às dez horas da noite. Igreja no domingo vale por um mês. Ela sempre requer de mim mais do que tenho para oferecer. Isto me deixa doente!

Você acredita que a igreja também pode deixar Deus doente? E até com náuseas? A igreja pode fazer com que Deus fique mal do estômago. Pode levá-lo inclusive a querer vomitar.

O que na igreja poderia fazer tanto mal ao estômago de Deus? O que seu povo faria para causar-lhe tamanha reação?
Um crente morno.
Indiferença espiritual na igreja faz com que Cristo queira vomitar. Apatia o deixa doente. Pregação morna. Louvor indiferente. Oração sem fé. Comunhão trivial. Evangelismo insípido. Tudo isto deixa Cristo doente! Não apenas aos domingos. Mas de segunda a sábado também. Quando nosso coração não lhe é fervoroso, torna-se morno. E, nessa condição, faz com que Jesus fique doente do estômago, tenha náuseas e vontade de vomitar.

A causa da mornidão espiritual é o pecado. Mornidão é estar meio dentro, meio fora. E bocejar à face de Cristo. E ser indiferente à sua. graça. E estar aborrecido com a vida cristã. Isto deixa Cristo doente! Ele não tem estômago para tal. Devoção pela metade é revoltante para Jesus. Esta carta é endereçada ao pecado da mornidão. Em termos contundentes, Jesus avisa que vomitará de sua boca toda a igreja morna. Este é um sério alerta ao fervor espiritual, devoção e zelo santo. Aqui está uma ordem solene para que sejamos fervorosos por Cristo, não mornos.

O Cenário

Laodicéia era notória por sua influência e prosperidade. O comércio, a manufatura e a medicina faziam dela uma cidade rica. Estrategicamente, localizava-se na conexão da rodovia mais importante da região. A Estrada Pérgamo-Sardes cruzava-a de leste a oeste. Situada no fértil Vale do Licos, formava ela um todo juntamente com Hierápoles e Colossos. Era o eixo político-judicial do continente.

Destruída em 60 d.C., Laodicéia recusou o auxílio governamental para a sua reconstrução. Além disso, muito contribuiu com as cidades adjacentes atingidas pelo cismo.

Laodicéia era o centro financeiro desta parte do mundo. Grandes somas em ouro, prata e moeda romana eram guardadas ali. Mercadores e homens de negócios de todos os lugares vinham em busca de financiamentos aos seus projetos e empreendimentos.
Laodicéia era um importante centro de produção. Suas fábricas eram famosas por sua lã preta e sofisticada. Era ela quem ditava a moda. Achavam-se também, aqui, famosos centros médicos. Sua escola de medicina era a melhor da época. Uma de suas especialidades era a oftalmologia.
Era uma florescente e próspera cidade.

O Remetente

Assim como nas outras cartas, Jesus inicia esta revelando-se à igreja. Somente essa tremenda revelação de si mesmo poderia sacudir a Laudicéia de sua letargia espiritual
E ao anjo da igreja que está em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus (Ap 3.14).

O Amém

Jesus denomina-se o Amém; Ele é a personificação da verdade. Tudo o que diz é preciso e será cumprido. Amém implica em certeza, veracidade e sinceridade. As palavras de Cristo são absolutas, são verdades imutáveis.

Esta igreja precisa compreender, em primeiro lugar, que Jesus Cristo é a personificação da verdade. A última realidade. Todas as outras verdades são avaliadas por Ele. Suas palavras são padrões divinos, O que diz é totalmente confiável, e deve ser aceito sem reservas.
O Senhor identifica-se desta forma pois o que dirá a seguir será um golpe para o sistema da igreja.


A Testemunha

Jesus revela-se como a testemunha fiel e verdadeira. Testemunha é alguém que testifica o que é verdade. Fala a verdade sobre o que ouviu ou presenciou. A testemunha fiel fala tudo o que sabe e não esconde nada. Jesus é a testemunha fiel e verdadeira: nunca esconderá a verdade, O que vê na vida desta igreja, testificar-lhe-á fielmente. Não acrescentará ou suprirá nenhuma verdade. Ele está totalmente apto a comunicar a verdade completa, e nada mais do que a verdade.

O Criador

Jesus é o Princípio da criação de Deus . Isto não significa que foi o primeiro a ser criado. Tal idéia é heresia teológica. Na verdade, Jesus é o Criador (arche) de toda a criação. E o feitor de tudo quanto existe. O líder de toda a criação. Como Criador, rege a criação, e possui o poder e a prerrogativa de soberana propriedade.
Por que Jesus se revelaria desta forma a Laudicéia? Qual o significado de tal revelação?
O que Jesus tem a dizer a esta igreja será atordoador. A avaliação de Cristo será diametralmente oposta à visão que esses crentes tinham de si mesmos. Eles vêem-se como ricos, opulentos e não necessitando coisa alguma. Mas Jesus diz: “Vocês são insignificantes pobres, miseráveis, cegos e nus”. Eles precisam lembrar-se de que em primeiro lugar Jesus é o Amém, a testemunha fiel e verdadeira; Ele não pode mentir.

A Condição de Laodicéia

Imagine a cena em Laodicéia. A carta de Éfeso é lida. Em seguida, as de Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes e Filadélfia. Todas imbuídas de congratulações aos destinatários. A essa altura, os crentes de Laodicéia já começam a antecipar os elogios que Jesus lhes faria. Seria por suas grandes contribuições? Ou por seus programas de expansão?

A expectativa cresce enquanto o pastor lê a carta que lhe é endereçada: “E ao anjo da igreja que está em Laodicéia escreve...” Mas não ouvem nenhum elogio da parte de Deus. Nenhum elogio ou afirmação. Apenas silêncio. Você pode sentir o choque deste momento? Lembre-se de que esta é uma igreja inútil. Ela é orgulhosa, confiante, enganada. Ao invés de elogios, esses crentes ouvem apenas a mais aguda e contundente reprimenda. Não havia nada a elogiar, apenas pecado.

O Pecado

A cultura mundana de Laodicéia estava moldando a igreja. E isto Jesus não podia tolerar. O que se segue é a repreensão mais forte e assustadora que Jesus até então já fizera. Suas palavras são agudas. Seu coração está mui magoado; vai direto à queixa. Qualquer outra coisa seria supérflua.

Eu sei as tuas obras, que nem és frio nem quente, oxalá foras frio ou quente! Assim, porque és morno e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca. Como dizes, rico sou, e estou enriquecido e de nada tenho falta, e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e cego e nu (Ap 3.15-17).


Ao declarar “eu sei as tuas obras”, Jesus queria dizer: “Tenho profundo conhecimento do estado desta igreja”. Externamente, parecia ela estar gozando de singular prosperidade. Muitas eram as ofertas, assistência e atividades. Mas Jesus vê com visão de raio X; vê o coração e a alma. Onisciente, tem uma visão completa e total da situação. Eis o que Cristo vê: uma igreja nem quente, nem fria. Era algo morno. Por isto, lamenta-se Ele: “Oxalá foras frio ou quente”. Qualquer coisa, menos morno. Seja frio ou quente. Morno, não!

O Significado de Morno

O que isto representa? O que é ser frio? E quente? E morno?
Frio significa estar espiritualmente indiferente ou apático. Demonstra alguém descrente, sem interesse no Reino de Deus. Tal pessoa acha-se perdida, sem salvação e separada de Deus.

Jesus adverte: “E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará (Mt 24.12). Tais corações são frios com relação ao Evangelho. Insensíveis. Endurecidos. Congelados.

Quente denota alguém fervoroso em Deus. Incendiado pelas coisas espirituais. E inflamado com o fervor espiritual pelo Reino de Deus. Alguém aquecido ao ponto de fervura. E uma testemunha viva de Jesus Cristo; consumida pela paixão carmesim. Tem zelo pelo Senhor.

Depois de sua ressurreição, Jesus apareceu a dois discípulos no caminho de Emaús. Após desfrutarem de sua íntima comunhão, disseram: “Porventura não ardia em nós o nosso coração quando pelo caminho nos falava e quando nos abria as Escrituras?” (Lc 24.32) Seus corações estavam em chamas; o amor por Cristo era intenso.

O maior problema em Laodicéia era o suprimento de água. A água potável tinha de ser trazida de Hierápoles e Colossos. A água de Colossos, que chegava por um aqueduto de seis ou sete milhas, era muito fria e boa para ser ingerida. Mas Hierápoles era famosa por suas águas quentes. Era parecida com a cidade mineira de São

Lourenço. Eram águas medicinais; traziam a cura de muitas enfermidades.
Mas havia um problema. As águas de Hierápoles, quando chegavam a Laodicéia, já estavam mornas. Já haviam perdido suas aplicações terapêuticas. O mesmo acontecia com as águas de Colossos; também chegavam mornas.

Conseqüentemente havia duas maneiras de as águas tornarem- se mornas. Ambos os suprimentos em Laudicéja, adaptavam-se à temperatura ambiente. O mesmo ocorria com a vida espiritual dessa igreja. A pessoa poderia ter sido fria ou até gelada na fé, mas em Laudicéia ficava indiferente à fé em Cristo. Ficava morna.

Alguns crentes já haviam sido fervorosos genuinamente salvos, mas tornaram-se mundanos. Esfriaram-se, adaptando-se ao meio ambiente. Devido à influência do mundo, o seu amor por Cristo enregelara-se. Embora fossem convertidos, tinham se tornado carnais. Cristãos mundanos, mornos.

Outros, porém, nunca haviam nascido de novO. Alegavam conhecer Cristo, mas seus corações não eram convertidos. Faziam parte da igreja visível, mas Cristo nunca fez parte de suas vidas. Eram indiferentes, sem salvação, e gradualmente adaptados ao ambiente. Uma vez na igreja, animavam-se e pareciam verdadeiros cristãos. Todavia, nunca foram salvos.

Este é o problema de muitas igreja hoje. Membros não regenerados. Presbíteros e diáconos não convertidos. Pastores não redimidos. Judas entre os verdadeiros discípulos. Joio no meio do trigo. O primeiro campo missionário da igreja precisa ser seus próprios membros. Muitos que dizem “Senhor, Senhor” estão n caminho largo, às portas do inferno.

Em Laudicéia, o maior seguimento da igreja era morno. Alguns já haviam sido quentes mas agora, mornos. Outros haviam sido frios, mas agora, também mornos. Alguns eram salvos, outros não. Ambos, parecidos. Alguns já haviam sido fervorosos, mas tinham esfriado. Outros haviam sido frios, mas agora acham- se mornos. Não o suficiente para serem salvos, apenas para estarem na igreja. Aos olhos humanos é impossível distinguir o joio do trigo. Assim é entre o morno e o perdido.

Tocando diretamente no problema, Jesus declara: “Eu sei as tuas obras, que nem és frio nem quente”.

A Blasfêmia do Crente Morno

Porque Jesus diz “oxalá foras frio ou quente”? Por que esta predileção? Três importantes razões precisam ser notadas.

A primeira fala sobre o nosso relacionamento com Cristo. A pessoa mais difícil de se converter é o membro da igreja que pensa ser salvo, mas nunca nasceu de novo. Ele não tem consciência de que precisa ser salvo. Por ser membro da igreja, acha que vai para o céu - mas não vai! Tem o nome no rol de membros da igreja, mas não no livro da vida do Cordeiro. Teve um encontro com o pastor ou com o evangelista, mas não com Jesus Cristo.

John Walvoord escreve: “Não há nada mais longe da verdade em Cristo do que alguém que faça uma confissão vã, sem haver fé real. Quantos membros de igrejas estão longe de Deus, mesmo sendo confessos? Falsa segurança! Não há pessoa mais difícil de ser alcançada do que o fanático. E muito mais fácil convencer as prostitutas e os publicanos do que os fariseus e saduceus”.

Na verdade, Jesus disse: “Preferia que você fosse frio! Se fosse perdido, seria melhor,
pois assim não pensaria que é salvo. Preferia ainda que você estivesse totalmente contra mim. Então não teria a falsa certeza de ir para o céu”. Quando a pessoa é gelada, sabe que esta perdida.

Ninguém pode ser salvo sem antes reconhecer que está perdido. Morno, o crente pensa estar salvo, mas não está. Seria este o seu caso? Está confiante de que ser membro de igreja ou ter boa vida o levará para o céu? Não! Jesus disse a Nicodemos, um dos homens mais corretos e religiosos em Israel: “Aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (Jo 3.3).
Tamanha falsa segurança deixa Deus doente.
A segunda razão refere-se a nossa determinação por Cristo. O efeito negativo do cristianismo morno é devastador. Um crente morno é a pior publicidade para o Cristianismo. Esta pessoa tépida atrapalha o que é frio; não deixa que este se inflame pelo evangelho de Jesus Cristo.

Quando o ímpio vê um cristão morno, pensa: “Por que preciso ser salvo? Se isto é ser crente, não preciso do cristianismo. Ele não é diferente de mim”. Por isto diz Jesus: “Ouçam, eu preferiria que fossem frios a mornos, pois vocês têm levado outros a viverem do mesmo modo”.
Crente morno deixa Deus doente!

A terceira razão trata de nossa adoração a Cristo. Jesus continua a insistir: “Preferiria que fosse contra mim a ser morno, pois o crente morno é uma blasfêmia”. G. Campbell Morgan enfatiza: “Ser crente morno é a pior forma de blasfêmia”.

Ao crente morno, Jesus diz: “Seja quente, ou frio, ou então vá embora! Como você é morno, Eu o vomitarei da minha boca”. E como se Ele dissesse: “Você me deixa doente do estômago”.
Isto choca você? Espero que sim.

Deixe esta seta atingir-lhe o coração. Deus não é nenhum escrivão que se limita a registrar, de maneira fria e calculista, os louvores que você lhe dirige. Ele possui profundas emoções, zelo ardente e coração amoroso. E deseja ter um relacionamento íntimo e pessoal conosco.

Deus nos ama de tal maneira que deu o seu Filho para morrer numa cruz em nosso lugar. Mas se lhe virarmos as costas, estaremos cuspindo-lhe na face. A tais indivíduos, Ele diz: “Você me dá vontade de vomitar!”

O crente morno provoca uma reação violenta e aguda da parte de Deus. A falta de coração é-lhe repugnante.

Quando tomamos chá, queremos que este esteja frio ou quente. Morno não é bom. Chá gelado é gostoso. Quente é ótimo. Chá morno causa náuseas.

Jesus acrescenta: “Desça do muro, achegue-se mais e mais a mim. Ou afaste-se mais e mais de mim. Apenas não seja indiferente. Seja quente, ou frio, ou então vá embora”.
Isto me deixa doente do estômago.

Palavras fortes de um Deus apaixonado. Isto descreve o seu coração? Você é morno? Indiferente? Desinteressado? A chama se apagou? Perdeu sua paixão?

O Que Faz Um Crente Ser Morno

Por que muitos em Laodicéia eram mornos? Como chegaram a este insípido estado? Jesus expõem o problema: “Como dizes rico sou, estou enriquecido e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e cego e nu” (v. 17).

Estavam infestados pelo mundanismo, materialismo e auto- suficiência. Achavam-se ali pessoas absorvidas com as coisas do mundo, preocupadas com o seu nível social, avançando em suas carreiras. Elas estavam no topo da moda, comprando coisas. Viviam em função dos seus bens.

O sucesso mundano produz uma presunçosa auto-suficiência. Arrogantemente pensavam: “Temos tudo o que necessitamos. Somos ricos e opulentos. Devemos estar fazendo tudo certo, porque Deus está nos abençoando”.
Inversamente, Jesus - o Amém, a Testemunha Fiel e Verdadeira - teve de declarar-lhes: “E não sabes que és um desgraçado, e miserável, e cego e nu”. E não era isto que esperavam ouvir da parte de Deus.

Pensavam estar certos, mas Jesus afirmou que eles estavam completamente errados. Esta igreja não sabia que não sabia. Uma coisa é ser ignorante. Outra é ignorar a sua ignorância. E um prejuízo duplo!

Já ouvimos a história do imperador que não vestia roupas. Ele pagou uma soma altíssima a dois fabricantes para que lhe confeccionassem as mais finas vestes. Mas para enganá-lo, não colocaram nada sobre ele. Mesmo assim, garantiram-lhe que vestia o mais fino robe do reino. O vaidoso rei acreditou na mentira e, orgulhosamente, desfilou nu por seu castelo, achando estar bem vestido. Todos estavam temerosos em contar-lhe a verdade. Até que um pequeno garoto notou o que todos já sabiam, mas tinham medo de dizer. O garoto gritou: “O imperador está pelado!”

Num instante, a farsa teve fim. Envergonhado, o rei correu para vestir-se.
Espiritualmente falando, é assim que os crentes de Laodicéia encontravam-se: Nus. Assim como nasceram. Contudo, pensavam estarem bem vestidos.

Cristãos desse tipo, vão à igreja usando roupas caras, e deixam grandes somas nas salvas, pensando estar espiritualmente adornados com as vestes da integridade. Por isto, Jesus lhes é tão categórico: “Vocês pensam estar bem vestidos; mas estão nus! Pensam estar à frente do mundo, mas estão quebrados! Pensam serem especiais, mas são miseráveis. Podem realmente pensar que são felizes, mas por trás de seu sorriso artificial são infelizes”.

É impressionante como podemos decepcionar-nos. É nos momentos que pensamos não ter nenhuma necessidade, que ela é maior. O que mais precisamos é enxergar nossas necessidades. Sem um auto-conhecimento, não temos fome de Deus.
Você é assim? Honestamente, diante de Deus, como você está? Morno? Quente? Frio? Ou indiferente em relação às coisas de Deus? Como você está?

Talvez esteja quente e fervoroso. Maravilha! Talvez haja zelo, paixão e quebrantamento espiritual.
Por outro lado, pode estar meio a meio. Salvo ou perdido?
Você é morno quanto às Escrituras? Ainda sente fome pela Palavra de Deus? O seu coração está incendiado pelas Escrituras? Ou lê a Palavra de maneira mecânica, acadêmica e rotineiramente? Você lê a Bíblia e permanece apático, imparcial e estéril? Você a tem lido, pelo menos?

É morno quanto à oração? Há zelo ardente e passional em seu coração para estar na presença de Deus? Há iniciativa de estar a sós com o Senhor em oração? Existe uma dinâmica transformação sobre sua vida de oração? Ou é aborrecida? Suas orações são rotineiras? Ao dobrar os joelhos ainda há emoção? Você tem orado?
Você é morno quanto a testemunhar? Gosta de compartilhar sua fé em Jesus Cristo? Procura oportunidades para falar de Cristo aos outros? Sente que não pode deixar de falar sobre Cristo? Ou é apenas morno e esquiva-se discretamente? Ah! Você não se envolve com a vida dos outros? Não sente a responsabilidade pela perda? Não se importa se pessoas estejam caminhando para o inferno?
É morno quanto a servir a Cristo? Há pulsação espiritual em sua vida para dedicar-se aos outros? Sente vitalidade em servir a Deus? Ou faz seu trabalho de maneira mecânica? Perdeu a paixão por seu ministério? Tornou-se indiferente em servir aos outros?

Qual a temperatura de seu coração? Talvez morno por nunca ter nascido de novo. Se assim for, você é indiferente, pois nunca sofreu uma cirurgia para abrir o coração. Peça a Deus que tire o seu velho e frio coração, e coloque-lhe um novo e inflamado coração que bata por Ele. Talvez seja membro da igreja. Sua pulsação espiritual acelera um pouco ao ouvir o coro cantar ou a Palavra ser pregada. Mas a verdade é que nunca entregou-se totalmente a Cristo para ser nascido de novo. Não admira que seja morno.

A Solução

Jesus agora corrige os crentes mornos. Primeiro, dirige-se aos membros da igreja que conhecem a Cristo, mas esfriaram. Depois, volta-se aos perdidos que nunca foram fervorosos. Ambos os grupos são mornos. Uns precisam de reavivamento; outros de regeneração. Ambos necessitam de fervor.

Uma Palavra aos Crentes

Jesus inicia falando aos membros da igreja que são mornos, mas verdadeiros cristãos. A estes santos auto-suficientes Ele diz: Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e vestidos brancos, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez, e que unjas os teus olhos com colírio, para que veja. Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; se pois zeloso, e arrepende-te (Ap 3.18,19).
Há, aqui, um toque de ironia. Jesus está falando deliberadamente aos materialistas. Aos que preferem sair e fazer compras do que orar e adorar a Deus. Aos que estão mais apaixonados pelas coisas do mundo que pelas espirituais. A estes Jesus diz: “Aconselho-te que de mim compres”. Noutros termos: “Vocês precisam fazer negócios comigo. Precisam somente daquilo que tenho para lhes dar. Ao invés de armazenarem coisas materiais, adquiram de mim as coisas espirituais. Não podem comprar minhas vestes nas lojas”.

Há uma profunda ironia sobre estes três produtos - ouro, vestes brancas e olhos ungidos. Laodicéia era famosa por possuí-los em abundância. Aquela parte do mundo vinha a Laodicéia comprar estes valiosos ítens. Mas Jesus diz-lhes que, antes de mais nada, precisavam comprar o mesmo dEle. Obviamente, nosso Senhor está fazendo uma referência espiritual ao que cada um destes produtos representa. Todos, pois, têm de vir e comprar dEle ouro espiritual, vestes celestiais e verdadeira unção para os olhos.
São bens inestimáveis que o dinheiro não pode comprar. Apenas o arrependimento pode completar esta transação.

Os crentes de Laodicéia precisavam comprar “ouro provado no fogo”. Ouro puro, com todas as impurezas removidas através do processo de refinamento. Ouro refere-se ao que há de mais valioso e caro. Esta é a nossa fé em Deus. Ela é constantemente comparada ao ouro refinado em fornos (Tg 1.2-4; Pv 17.3). Jesus convida tais crentes a se achegarem a uma fé profunda e pura em sua fidelidade a Ele.

Necessitavam comprar de Cristo vestes brancas. Estas roupas referem-se à justiça dos santos (Ap 19.8). A admoestação significa entregar-se novamente a Cristo para obter a justiça dos santos.

Eles também careciam comprar colírio para os olhos. Ou seja: da unção do ministério esclarecedor do Espírito Santo. Apenas o Espírito pode abrir-nos os olhos para enxergarmos a Deus, as verdades espirituais e a nós mesmos. O Espírito Santo precisa remover de nós toda a ilusão e dar-nos a real visão espiritual. Cristo está dizendo: “Você precisa da ajuda do Espírito Santo para abrir os olhos, então poderá enxergar quão nu, cego e miserável se encontra. Até que reconheça o seu pecado, nunca se arrependerá”.

O Senhor insiste: “Venha a mim e compre urgentemente o que precisaá. Entregue-me sua vida, e dê-me seu coração por completo. Receba de mim o que realmente necessita - a genuína fé em Deus, um coração renovado para obedecê-lo e discernimento das coisas espirituais”.

O que acontecerá se os crentes de Laodicéia não negociarem com Deus? Jesus alerta que os disciplinará: “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo”. Tais palavras são claramente endereçadas aos cristãos. Jesus disciplina apenas os próprios filhos (Hb 12.5-11). Como pai, não disciplino os filhos de meus vizinhos. Tampouco as crianças do outro quarteirão. Disciplino apenas meus filhos. Da mesma forma, Jesus é categórico: “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo”.

Jesus ama os seus, mesmo quando desobedientes. A palavra aqui traduzida por “amor” não é o ágape, significando a escolha volitiva do desejo de amar. Surpreendentemente, é phileo. E o amor de sentimentos, afeições e emoções. Neste contexto, esta é a palavra mais importante que Cristo poderia ter usado.

Jesus já havia aberto seu coração e revelado seu transtorno por causa deles. Era como se o Senhor dissesse: “Vocês me deixaram doente”. Ao mesmo tempo, Ele quer que saibam: ainda os ama do mais profundo do coração. Somos magoados com mais intensidade por aquele a quem mais amamos. Os mais queridos podem facilmente machucar-nos. Jesus declara: “Ainda o amo (phileo) do mais profundo do coração, da boca do estômago, do profundo do meu ser. Sinto um profundo amor por você. Ainda o amo. Volta para mim”.

A palavra zeloso (v. 19) significa estar em chamas. Demonstra algo alcançando o ponto de ebulição. Ele está dizendo: “Faça uma reviravolta em sua vida e seja fervoroso por mim novamente. Redirecione seu coração para mim, antes que eu precise discipliná-lo”.

Talvez você seja um cristão, mas sua paixão já se foi há muito tempo. Mas Jesus lhe dirige este apelo: “Venha, submeta-se novamente a mim. Deixe as coisas do mundo. Arrependa-se de sua preocupação com sua carreira, casa, família, recreação e tudo mais. Redirecione sua atenção para mim. Arrependa-se e seja zeloso”.

A Palavra para os Ímpios

Jesus agora refere-se aos membros mornos e não crentes genuínos. Este grupo confessava a Cristo, mas não o possuía. Era joio em meio ao trigo. Não andava totalmente com Cristo. Eles são mornos, estão perdidos.

Aos não regenerados Jesus diz: Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei e ele comigo (v. 20).

Que convite maravilhoso!

Esta porta é a entrada do coração. É aberta ou fechada quando Cristo se aproxima? Quando fechada, Ele bate, procurando entrar. Bate pacientemente, tentando obter-lhe a atenção. Este é o ministério persuasivo do Espírito Santo: esmurra-nos os corações, forçando a entrada para Cristo. Mas os de Laodicéia achavam-se mui preocupados com os bens materiais, nem mesmo ouviam suas persistentes batidas.

Jesus poderia derrubar a porta se o quisesse. Mas Ele deseja ser convidado a entrar. Esta é a nossa responsabilidade. Pela fé, abramos os corações para receber a Jesus. Convidemos a Cristo a que viva em nossos corações. Recebamo-lo como nosso Senhor e Salvador. “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome” (Jo 1.12).

Salvação é mais que mero conhecimento intelectual. Ela requer arrependimento e fé. Se convidarmos a Cristo, Ele promete estabelecer permanente morada em nossas vidas: “Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta do coração eu virei a ele”. Que promessa! O Deus do céu e da terra virá e viverá em nossos humildes corações.

Cristianismo é um relacionamento íntimo e pessoal com Cristo. Salvação é mais do que tirar o homem do inferno e colocá-lo no céu. É tirar Cristo do céu e colocá-lo dentro do homem. Quando Cristo entra em nossa vida, partilha a ceia conosco. Compartilhar a refeição significa íntima comunhão. Significa sentar-se à mesa com alguém e solidarizar-se com ele. Significa ainda visitar, conversar, ouvir e encorajar um ao outro. E Intima comunhão.

Assim é o relacionamento com Cristo. Podemos abrir-lhe nossos corações francamente, e contar-lhe qualquer coisa que queiramos. Podemos ainda compartilhar com Ele nossos pensamentos mais profundos e as necessidades mais pungentes. Que privilégio!
Já abriu seu coração para receber a Jesus Cristo? Se ainda não, pergunto: Por quê? Você não pode ser salvo apenas conhecendo alguns fatos sobre Cristo. Tampouco será salvo freqüentando a igreja e fazendo boas obras. Salvação significa convidar a Cristo para viver em seu coração. E experimentar um relacionamento pessoal e transformador de vida com Ele.


A Promessa

Jesus conclui com uma grande promessa aos fiéis:

Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono, assim como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono (Ap 3.21).

O vencedor não é o que não cai, nem o morno. É o que vence o pecado. O o vencedor não permanece insípido. Ele vence sua indiferença espiritual, redirecionando seu coração para Cristo.

Aos vencedores é prometido o privilégio de sentar-se com Cristo em seu trono. Se tal promessa não estivesse escrita na Bíblia, diria que é uma blasfêmia. Mas é isto que Jesus nos promete. Sentaremos com Ele em seu trono, compartilhando-lhe o eterno reinado.

Com esta promessa, Jesus olha em direção à sua segunda vinda. Quando voltar, introduzirá seu reino na terra. Naquele dia, o Senhor será rodeado pelos fiéis. Aos que têm servido a Cristo nesta vida, serão tratados com real deferência. E sentar-se-ão no trono para participar de seu reinado milenar.

Em 1993, uma nova administração mudou-se para a Casa Branca, em Washington, D.C. Adivinhem quem o presidente colocou em seu gabinete? Ele acercou-se dos que lhe haviam sido fiéis. Seus colaboradores devotos receberam cargos de confiança. Alguns de seus oficiais mais competentes, hoje, eram desconhecidos ontem. Mas agora foram elevados a importantes posições. Ocupam cargos de grande responsabilidade simplesmente porque foram fiéis ao que agora é presidente.

É exatamente o que acontecerá na volta de Cristo. Ele inaugurará seu reino, e delegará a seus vencedores posições chaves. Muitos “Joãos Ninguéns” de hoje, como você e eu, serão promovidos a posições de liderança no reino verdadeiro. Um dia, os santos reinarão com Cristo na terra (Mt 19.28; 1 Co 6.38; Ap 20.4).

Com tal futuro diante de nós, como podemos ser mornos? Se Ele sofreu e morreu na cruz para comprar-nos com o próprio sangue, como podemos lhe ser indiferentes?
Podemos vencer porque Ele venceu. Cristo venceu através de sua morte sacrificial. Por meio de sua obediência, foi ressuscitado e está sentado à destra de Deus nos céus. Nossa obediência a Deus deixa-nos aptos a vencer também. E através de nossa obediência que, um dia, seremos recompensados com o direito de sentarmo-nos nos lugares celestiais.

O Alerta

Jesus conclui esta sétima e última carta com um apelo apaixonado e pessoal para que lhe ouçamos a mensagem:

Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas (Ap 3.22).

Ouvir e não obedecer, é não ouvir completamente. Precisamos guardar a mensagem desta carta. Cristo está falando a cada um e a todos nós, coletivamente. Ouçamos o que Ele diz.
A mensagem é clara. O crente morno comete um grande pecado. Nossa apatia espiritual por Jesus, causa-lhe grande desgosto e pesar. Precisamos checar constantemente a temperatura do nosso coração. Quando nos tornamos mornos, temos de nos levantar para que a nossa paixão espiritual mantenha-se sempre ardente.

É isto que Ele diz. Precisamos reacender a paixão espiritual por Jesus em nossos corações. E assim que a igreja precisa ser. Fomos chamados para ser um corpo de crentes profundamente apaixonados por Cristo.

Quando o mundo vir a realidade de nosso amor por Cristo, a mensagem do Evangelho terá credibilidade. Uma vida inflamada por Cristo vale mais do que uma biblioteca cheia de argumentos. O mundo espera ver a realidade de nosso amor por Ele.

Certa vez, uma igreja pegou fogo. Toda a vizinhança correu para vê-la em chamas. O fogo era tão quente que não houve esperança de salvação do prédio. Entre os curiosos estava um ateu. Era conhecido por sua descrença e ataques cínicos ao povo de Deus. Ao ficar ali assistindo a igreja queimar, um dos membros disse-lhe sarcasticamente: “O que você está fazendo aqui? Nunca pensei que o veria na igreja”.

O ateu respondeu: “Você vai ter que me desculpar. Mas nunca tinha visto uma igreja em chamas antes”.

Penso que é isto que o mundo precisa ver. A Igreja em chamas.
Não morna ou indiferente. Mas cheia de crentes com amor carmesim por Jesus Cristo.
É isto que o mundo precisa ver.
A Igreja em chamas!


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

Livro:- Alerta Final – Steven J. Lawson

SÉTIMA CARTA: À IGREJA DE LAODICÉIA


SÉTIMA CARTA: À IGREJA DE LAODICÉIA

14. “E ao anjo da igreja que está em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus”

1. “...Ao anjo da igreja”. O leitor deve observar que em todas as igrejas, a mensagem inicia-se com a expressão: “...ao anjo da igreja”, e concomitantemente, já estamos familiarizados com esses seres denominados de “anjos” (mensageiros), que no contexto divino são chamados de “estrelas” (cf. 1. 20; 2. 1, 8, 12, 18; 3. 1, 7, 14). Podemos deduzir daquilo que é depreendido, de (Cl 4. 12, 13), onde lemos: “Saúda-vos Epafras, que é dos vossos, servos de Cristo, combatendo sempre por vós em oração, para que vos conserveis firmes, perfeitos e consumados em toda a vontade de Deus. Pois eu lhe dou testemunho de que tem grande zelo por vós, e pelos que estão em Laodicéia...”. Que Epafras, tenha sido pastor nesta igreja, é bem evidente, mas, não podemos afirmar que trinta anos depois, o mesmo ainda se encontrava ali.

1. LAODICEIA. O nome significa “Laodice” (em alusão a Laodice esposa de Antíoco II). Outros, porém, vêm nessa palavra grega o significado de “poko” e “juízo”, ou “costume”. Situação Geográfica: Laodicéia era uma cidade da província romana da Ásia Menor (hoje, atual porção da Turquia Asiática). A cidade recebeu este nome em alusão à esposa de Antíoco II (Theos), que tinha o nome de Laodice. “Já que Laodice era nome feminino, nos tempos do Novo Testamento, seis cidades receberam tal nome, no período helenista. Por essa razão, a Laodicéia do presente texto, era chamada de “Laodicéia do Lico”, isto é, conforme asseverava Estrabão; 578”, in loc(72). O trecho de Colossenses 4. 13-16 mostra-nos que, nos tempos de Paulo (talvez em 64 d. C.), Laodicéia já contava com uma igreja organizada e próspera.

2. Isto diz o Amém. Como já ficou demonstrado em comentário anterior a este, o Senhor Jesus, quando se apresenta a cada igreja, primeiro faz uma pequena introdução, depois prossegue. A palavra “Amém” veio sem tradução do hebraico para o grego e do grego para o português. Seu significado original traz a idéia de cuidar ou de edificar. O sentido derivado, que chegou até nós, traz a idéia de alguma coisa que é afirmada, ou confirmada positivamente; este é o seu sentido original. O termo é aplicado aqui à pessoa de Cristo, por ser Ele o sim de Deus em todas as promessas (cf. 2 Co 1. 19-20).

Neste livro do Apocalipse, o termo “Amém” envolve quatro usos distintos:

(a) O “amém” inicial, em que as palavras de quem fala são tomadas como palavras daquele que profere o “Amém” (cf. Ap 5. 14; 7. 12; 19. 4 e 22. 20). Nas páginas * do Antigo Testamento há instâncias desse uso em l Rs l.26; Jr 11.5 e 28.6,e ss.

(b) O “Amém” isolado, em que qualquer sentença suplementar fora eliminado. Talvez isso é o que se tem em Ap 5. 14, ver ainda tal uso, igualmente, em Dt 27. 15, 26 e Ne 5. 13, e ss.

(c) O “Amém” final, proferido pelo próprio orador (ver Ap 1. 6, 7; isso também se acha no Antigo Testamento, somente nas quatro divisões dos salmos, nos subtítulos, em SI 41. 14; 72. 19; 78. 52 e 106. 48, e ss.
(d) O “Amém” personificado, isto é, Cristo (Ap 3. 14), que talvez siga o mesmo, segundo se diz, fraseado de (Is 65. 16), “o Deus do Amém” ou “o Deus da Verdade”, conforme algumas traduções traduzem aquela passagem de Isaías.

15. “Eu sei as tuas obras, que nem és frio nem quente: ôxalá foras frio * ou quente!”.

1. “...nem és frio nem quente”. “Somos informados que Laodicéia não tinha suprimento de água própria, mas que tinha de ser servida por um aqueduto. Nesse caso, a água chegava morna. Os laodicenses se assemelhavam à sua água. O simbolismo fala sobre a indiferença “religiosa”, sobre a superficialidade, sobre a falta de resolução” (cf. Hb 8. 5 e 9. 23).

1. Três coisas marcantes devem ser analisadas na carta a igreja de Laodicéia: (a) O “tu és” da mornidão; (b) O “dizes” da autocomplacência (a igreja não tinha paixão nem emoção) e (c) O “és” da condenação infalível e terrível do Senhor. O Apóstolo Paulo, escrevendo aos colossenses cerca de 32 anos atrás, disse: “quero que saibais quão grande combate tenho por vós, e pelos que estão em Laodicéia...” Cl 2. la. Ele observou que o quente ali estava ficando “morno”. Cerca de trinta e dois anos mais tarde, isso se concretizou. A mensagem à igreja de Laodicéia é a última às sete igrejas da Ásia Menor. Das sete cartas, é a mais triste, sendo o contrário da carta a Filadélfia. Enquanto Filadélfia não tem coisa alguma de censura, esta não tem qualquer coisa de aprovação. Laodicéia era totalmente desagradável ao Senhor, e isso não por causa de seus pecados (tais como os repreendidos em Pérgamo e ‘Tiatira), mas por causa da sua apatia, seu indiferentismo. Deus quer que seus filhos sejam “fervorosos no espírito” (cf. Rrn 12. 11).

16. “Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te- ei da minha boca”.

1. “...és morno”. Em toda a extensão da Bíblia, a palavra “morno” é usada somente aqui. Três temperaturas são mencionadas neste versículo: “Frio”, “Quente” e “Morno”. Mas a intermediária foi considerada por Jesus Cristo a pior de todas elas, pois expressa apatia espiritual. Jesus predisse a primeira em (Mt 24. 12); Paulo falou da terceira em (Rm 12. 11), ver ainda (Sl 41. 1 e At 18. 25).

1. Vomitar-te-ei da minha boca. O estado de mornidão na criatura que aceita a Cristo e não o segue com sinceridade, é muito triste sob vários aspectos: (a) Fica “coxeando entre dois pensamentos...” (1 Rs 18. 21), à semelhança da “onda do mar”. Ver Tg 1. 6; (b) “O seu coração está dividido...”. Ver Os 10. 2a; (c) Ele serve ao Senhor: “...porém não com o coração inteiro”. Ver 2 Cr25. 2b; (d) “É um bolo que não foi virado”. Ver Os 7. 8b. São eles, em nossos dias, os que querem servir a Deus e as riquezas (Mt 6. 24), e por cuja razão ficam pendurados “entre o céu e a terra” como Absalão, o jovem ambicioso (cf. 2 Sm 18. 9). O resultado é ouvir do Senhor: “Vomitar-te-ei da minha boca”. O termo “vomitar” no grego é “emeo”, significa também “cuspir”. Desse termo é que deriva o vocábulo moderno: “emético”, um agente que causa vômito”. O organismo humano, não suporta substância morna; o Filho de Deus também não suportará crentes rotulados; só os que forem fiéis (cf. Hb 6. 4-8). Laodicéia em suma representa a igreja “morna” que Jesus “vomitará” no dia do arrebatamento. (Como contexto demonstrativo: Mt 25.10-12).

17. “Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu.

1. “...Rico sou”. O poder absoluto corrompe! Isto pode ser analisado tanto no campo secular como no espiritual. Há criaturas que não se deixam mais admoestar; e vão a perdição (cf. Ec 4. 13). A experiência do servo de Deus deve está aquém da direção divina, pois sem ela jamais atingiremos o alvo (ver. Js 9. 1-14). O pastor de Laodicéia dizia consigo mesmo (à semelhança do fariseu): “Rico sou” (Cf. Lc 18. 11 e Ap 3. 17).

1. Estou enriquecido. O orgulho cegou-lhe os olhos da alma. Isto serve de advertência para todos: o orgulho é pecado (Pv 21. 4); mas dificilmente existe algo mais importante para o indivíduo carnal. Consideremos os pontos seguintes: (a) O orgulho é odioso para Cristo. Pv 8. 13; (b) Origina-se na justiça própria. Lc 18. 11; (c) Deriva da inexperiência espiritual. 1 Tm 3. 6; (d) Contamina o homem. Mt 7. 20, 22; (e) Endurece a mente. Dn 5. 20; (f) Impede a inquirição espiritual. SI 10. 4; (g) E uma das grandes características do diabo. 1 Tm 3. 6, e também dos ímpios. Rm1. 30; (h) Impede o aprimoramento espiritual. Pv 26. 12; (i) Os orgulhosos eventualmente serão humilhados por Deus. Is
2. 12; (j) O orgulho espiritual, segundo Paulo tornar-se-á muito comum nos últimos dias (2 Tm 3. 2). O anjo dessa igreja; tinha todas essas características em grau supremo.
18. “Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e vestidos * brancos, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas”.

1. “...unjas os teus olhos”. Transcrevemos aqui a oração feita por um justo para que Deus guardasse seus olhos da cegueira espiritual: “Põe colirio nos meus olhos, Senhor (Ap 3. 18). Eles são maus; e porque são maus, expõem-me o corpo a trevas mui perigosas (Mt 6. 23). Ajuda-me, ó Deus puro e santo, a erguê-los para Cristo Jesus, autor e consumador da fé (Hb 12. 2); a pô-los na brancura virginal dos lírios (Mt 6. 28); a elevá-los para os montes e depois olhar para o alto donde vem socorro (Sl 121. 1).

Não quero apenas ouvir-te a voz, Senhor, mas verte-te (Jó 42. 5). E como te verei com estes olhos? Aponta-me o Siloé (Jo 9. 7), em cujas águas possa remover o lodo restaurador dos meus olhos enfermos. Porque hei de prender, apavorado, meus olhos às forças desta vida, se, fitando o Senhor, possa caminhar sobre ondas revoltas sem perigo de naufragar (Mt 14. 29). Que consolo há em saber que os teus olhos repousam sobre os justos (1 Pd 3. 12)”. Se o pastor de Laodicéia tivesse feito essa oração, há muito que se teria arrependido. E sabido, segundo alguns historiadores que, em Laodicéia havia uma Escola de Medicina que fabricava um pó oftálmico. Mas a “Terra Frígia” (cinza da Frígia?) não curava a cegueira espiritual da Igreja.

19. “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo: Sê pois zeloso, e arrepende.te

1. “.arrepende-te” Deus exorta através de Jesus “a todos os homens, e em todo o lugar que se arrependam; Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo...” (At 17. 30a). Sobre o “arrependimento”, o Novo Testamento usa o termo grego “metanoia” por sessenta vezes. Essa palavra tem diversos* significados e diversas aplicações, sendo, porém, seu sentido primário: “uma mudança de parecer ou pensamento” para com o pecado e para com a vontade de Deus. O “arrependimento” é o primeiro aspecto da experiência inicial da salvação experimentada pelo crente, experiência essa que é chamada de conversão.
A conversão autêntica é uma parte essencial e a prova da regeneração. A regeneração é a obra de Deus no íntimo e a conversão é a exteriorização da salvação, por parte do homem, através do arrependimento e da fé. Pendleton dar a idéia de que a palavra: “arrependimento” e a tradução que tem, no Novo Testamento, abrange também o sentido primário de “reflexão posterior”, e, com sentido secundário, “mudança de pensamento” No presente versículo a exortação de Cristo, não é dirigida àqueles que estão sem salvação, mas aos que professam seguí-lo, e são tidos como pertencentes a Ele. Jesus não lhes diz “arrepende-te e sê zeloso. E sim “sê”, pois, zeloso e arrepende-te” Isto porque até diante de si próprios passavam por se terem arrependidos.

1. Eu re5reendo e castigo. (Contexto reflexivo). “A aplicação da disciplina pode ser em forma de.advertência pessoal (Mt 18. 15); visitação acompanhada (1 Co 4. 19-21; advertência pública (1 Tm 5. 20); comunicação escrita (2 Co 7. 8-10); exortação pessoal (Gl 6. 1 ARA); suspensão (2 Ts 3. 14, 15; Tt 3. 10); exclusão do rol de membros. Mt 12. 17b”.

20. “Eis* que estou à porta, e bato: se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo”.

1. “...Eis que estou a porta, e bato”. A porta à qual Cristo bate é a porta da vida do indivíduo, da igreja, ou da comunidade.

1. “A famosa pintura de HOLMAN HUNT, em que Cristo aparece diante da porta, a bater, não mostra a maçaneta do lado de fora.

Quando Sir Noel Paton, pintou o famoso quadro representando o Rei coroado de espinho batendo à porta, foi censurado por que se esquecera de incluir a maçaneta na porta. Mas o célebre pintou de propósito omitira a maçaneta. E que só pode ser aberta pelo lado de dentro. Um homem conhecido na cidade, levou, certa feita, seu filho pequeno, para ver esse quadro. O menino ficou ali pensando, por alguns momentos, e então perguntou: “Porque não abrem a porta?”. O pai respondeu que não podiam ouvi-lo batendo. O menino considerou a resposta por mais uns momentos mas não ficou satisfeito com a mesma. “Não”, disse o garoto? “é que estão ocupados no quartinho dos fundos, fazendo outras coisas, e nem sabem que Jesus está batendo à porta”. Nesta resposta há grande discernimento! Os crentes de Laodicéia viviam atarefados com seu comércio, com seus banquetes sociais, com suas riquezas introspectivas, e nem se quer ouviram Jesus bater e falar. O bater de Cristo, na vida, se verifica de muitas maneiras: no testemunho tranqüilo da oração, no sermão do pregador, na lição da escola dominical, na leitura da Palavra de Deus, mediante alguma tragédia, enfermidade, * mediante abalo, mediante a razão, mediante a vitória, mediante a perda, mediante a alegria, mediante a felicidade, mediante a dor, mediante a morte — a última e condundente maneira de Deus falar! (cf. Hb 1. 1).

21. “Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono

1. “...no meu trono”. Até escritores pagãos e helenistas focalizaram essa idéia em seus escritos. O livro de 1 Enoque conta com certo número de referências similares a esta em foco.
O Eleito, o Messias, assentar-se-á em seu trono de Glória no porvir. Isso também pode ser comparado aos trechos de (Cl 3. 1; Hb 1. 8; ver: Fl 2. 9-11: Cristo está entronizado). E nas passagens de (Mt 19. 28; 25. 31 e Lc 22. 29) vê-se que Cristo será entronizado por ocasião de sua “Parousia” ou segunda vinda. As Escrituras nos dão a entender que, presentemente, Jesus não se encontra assentado no seu trono. Passagens como (Ap 3. 21 e 12. 5), reafirmam essa tese: “...seu filho (Jesus) foi arrebatado para Deus e para o seu trono”. Por isso, essa promessa de Jesus, é escatológica: “Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono (de Deus); assim como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono (de Deus)”. O trono de Cristo é o trono de seu Pai, Davi, durante o Milênio, em Jerusalém, Ele ocupará este trono. (2 Sm 7. 12, 13; Lc 1. 32; At 15. 14-18). Cristo não está atualmente nesse trono, mas à destra, segundo se diz, do Pai, no trono no céu, como o Grande Sumo Sacerdote de nossa confissão (cf. Mc 16. 19; Hb 4. 14).

22. “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”.

1. “...Quem tem ouvidos, ouça”. (O final). Pela última vez, no Apocalipse, temos, juntas, estas onze palavras: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”. “O ouvir dos meus ouvidos... é ouvir em meditação a voz de Deus. (Cf. Jó 42. 5 e Sl 85. 8)”. Por cuja razão, nosso Senhor diz: “Vede pois como ouvis...” (Lc 8. 18a).

1. “As igrejas. A palavra “igreja” (gr. ekklesia) nasceu pela primeira vez dos lábios de nosso Senhor Jesus Cristo (Mt 16. 18 e 18. 17, duas vezes). Nesse sentido ocorre por 119 vezes no Novo Testamento (só três vezes nos Evangelhos: Mt 16. 18 e 18. 17). Nessas 119 vezes em que o termo aparece, 109 vezes, surge no texto bíblico como igreja local, e encontramos cerca de 10 vezes no Novo Testamento a palavra Igreja com o sentido Universal. “Nestes primeiros capítulos (isto é, 1, 2 e 3) do Apocalipse encontramos a palavra “igreja” (singular) ou “igrejas” (plural) 19 vezes (cf. 1. 11, 20; 2. 1, 7, 8, 11, 12, 17, 18, 23, 29; 3. 1, 6, 7, 13, 14, 22, etc), mas agora, no presente versículo, ela desaparece, e só reaparecerá, no capítulo 22. 16. Durante o tempo da Grande Tribulação, a Igreja não estará na terra e, sim, com Cristo na recâmara celestial (cf. Ct 2. 17; Ap 3. 10).


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

Livro:- Apocalipse versículo por versículo – Severino Pedro da Silva